Papers by Joyce Karine de Sá Souza

sobinfluencia, 2022
I. Crítica e teologia
Em sua famosa Crítica da filosofia do direito de Hegel, Marx constata que ... more I. Crítica e teologia
Em sua famosa Crítica da filosofia do direito de Hegel, Marx constata que a crítica da religião é o pressuposto de toda a crítica. [1] Aliás, não se pode esquecer que quando Marx desenvolve a crítica do caráter fetichista da mercadoria n’O capital, afirma que ‘uma mercadoria aparenta ser, à primeira vista, uma coisa óbvia, trivial. Sua análise resulta em que ela é uma coisa muito intricada, plena de sutilezas metafísicas e melindres teológicos’. [2] Para além disso, Marx observa que o processo de mercadorização do trabalho humano atravessa, de tal forma, as relações sociais, que chegou ao ponto de transformar a relação social entre os objetos, existente à margem dos produtores, na predominante forma de socialização, sendo este o ponto inicial da crítica desenvolvida por Debord n’A Sociedade do Espetáculo. Se para Marx ‘a forma-mercadoria é apenas uma relação social determinada entre as próprias pessoas que assume, para elas, a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas’, para Debord, ‘o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens’.

sobinfluencia, 2022
Os negócios prosperam sobre ruínas.
Rosa Luxemburgo
I. Pelo fim da contrarrevolução partidária
... more Os negócios prosperam sobre ruínas.
Rosa Luxemburgo
I. Pelo fim da contrarrevolução partidária
Em 1960, Guy Debord e Pierre Canjuers (pseudônimo de Daniel Blanchard), então membros do grupo Socialismo ou Barbárie, publicaram em conjunto o texto Préliminaires pour une définition de l’unité du programme révolutionnaire marcando o desejo de Debord em tornar a Internacional Situacionista um grupo político-revolucionário. Aqui é interessante perceber a notável influência do Socialismo ou Barbárie sobre os situs. Criado em 1948 por Cornelius Castoriadis e Claude Lefort as atividades do grupo se estenderam até 1967. Além de Castoriadis e Lefort, outros membros do Socialismo ou Barbárie foram Gerard Genette, Pierre Guillaume, Ngo Van, Jean-Francois Lyotard, Henri Simon e, claro, Guy Debord, que participou entre os anos de 1960 e 1961. Entre 1949 e 1965 foram publicadas quarenta edições da revista com título homônimo ao grupo na qual os membros divulgavam suas principais ideias e estratégias de atuação.
sobinfluencia, 2022
“Agora, a internacional situacionista”
[parte II de II]
Os situacionistas compreendiam que a “l... more “Agora, a internacional situacionista”
[parte II de II]
Os situacionistas compreendiam que a “libertação” da cultura moderna numa sociedade burguesa nada mais era do que uma tática para neutralizar sua potencialidade de prática revolucionária. Enquanto a arte se limitar a ser expressão das paixões do velho mundo estará condenada a ser conservada como mercadoria de troca. E a sociedade burguesa compreendeu isso muito bem, já que a neutralização das vanguardas artísticas se tornou um dos principais objetos da propaganda burguesa.

sobinfluencia, 2022
“Agora, a internacional situacionista”
[parte I de II]
Em setembro de 1956 foi realizado o Pri... more “Agora, a internacional situacionista”
[parte I de II]
Em setembro de 1956 foi realizado o Primeiro Congresso Mundial de Artistas Livres na cidade de Alba (Itália), organizado pelo MIBI e com participação de integrantes de outros grupos artísticos que concordavam que a mera condenação do funcionalismo já não era uma crítica suficiente ao urbanismo. Era necessário desenvolver um urbanismo unitário totalmente novo, que possibilitasse a construção de uma outra atmosfera nas cidades [2]. Além do urbanismo unitário, a “experimentação para criar novos ambientes com o objetivo de suscitar novos comportamentos e abrir caminho à civilização do jogo” [3] também é um ponto em comum desses grupos. Ainda na última edição da Potlatch, é feita uma referência à conferência de Cosio d’Arroscia, ocorrida no ano subsequente, em 1957, que terminou com a decisão de unir completamente os grupos representados naquele encontro, quais sejam: a Internacional Letrista, o Movimento Internacional por uma Bauhaus Imaginista e o Comitê Psicogeográfico. Nesse dia foi fundada a Internacional Situacionista.

The InterAgency Institute, 2023
This policy brief analyzes the institution of nationality and its status as a human right to unde... more This policy brief analyzes the institution of nationality and its status as a human right to understand how a State exercises its sovereign right to define its nationals. Thus, the duty imposed on States to avoid statelessness is investigated, noting that the improvement of national legislation, as well as access to institutions responsible for analyzing statelessness situations, are fundamental to the eradication of political marginalization and social protection of stateless persons under the provisions of Sustainable Development Goal No. 10. From this perspective, the recognition of the status of stateless persons in the Brazilian Migration Law is analyzed based on the international Conventions that form part of the protection regime for stateless persons.
Portuguese version: https://zenodo.org/records/10158134
Alienocene: JOURNAL OF THE FIRST OUTERNATIONAL, 2023
In addition to providing a brief introduction to the Situationist International (SI), this text a... more In addition to providing a brief introduction to the Situationist International (SI), this text also offers a brief overview of the influence that Hegel and the young Marx had on Debord. Furthermore, it explores the concept of "spectacle" in connection with the "critique of capitalist religion", as developed by Marx, Benjamin, and Agamben.

Mediante este trabajo pretendemos presentar una nueva lectura de la desobediencia civil, con el o... more Mediante este trabajo pretendemos presentar una nueva lectura de la desobediencia civil, con el objetivo de revelar sus potencialidades de cara a la construcción de una democracia radical anticapitalista. Tras discutir las diferencias entre poder constituyente y poder desinstituyente, afirmando que la desobediencia civil se ejerce en una relación en la cual ambos están activados, el trabajo concluye con la indicación de las características y formas de acción de la desobediencia civil entendida como manifestación del poder constituyente/desinstituyente.In this paper I aim to present a new interpretation of civil disobedience with the objective of revealing its potential to construct an anticapitalist radical democracy. After discussing the differences between the constituent and the dis-instituting power, both of which activated when civil disobedience is put on march, the study concludes by indicating some characteristics and forms of action of civil disobedience understood as an im...
Lugar Comum – Estudos de mídia, cultura e democracia, Dec 21, 2020

Democracia e estado de exceção: entre o temporário e o permanente, 2020
A hipótese desta investigação é demonstrar que a construção de uma forma-de-vida democrática radi... more A hipótese desta investigação é demonstrar que a construção de uma forma-de-vida democrática radical passa pelo confronto com o poder separado, que Guy Debord chama de espetáculo. O espetáculo constitui a essencial contemplação sagrada da ordem mítica em que todo o poder se envolve desde a origem. Tal significa dizer que o espetáculo é a realização do poder separado e desativado de qualquer potencialidade revolucionária das práticas sociais: trata-se da expansão da economia capitalista que encontra prolongamento nos dispositivos político-jurídicos estatais que assumem integralmente o papel de legitimadores da ordem espetacular. Para tanto, investiga-se o paradigma oikonômico-gerencial do Estado por meio da perspectiva agambeniana, procurando demonstrar que o espetáculo é em si mesmo um dispositivo que condensa o estágio supremo da abstração alienante e separadora.

Lugar Comum: estudos de mídia, cultura e democracia, 2021
O presente trabalho propõe uma leitura ecossocialista aliada à teoria hardtnegriana do comum acer... more O presente trabalho propõe uma leitura ecossocialista aliada à teoria hardtnegriana do comum acerca dos movimentos de resistência em Rojava iniciados em 2012 no seio do Oriente Médio. Dessa forma, objetivando opor à expansão exploratória e destruidora do capitalismo e do Estado, na primeira seção, examinamos a teoria acerca do ecossocialismo proposta por Michael Löwy, destacando suas principais contribuições e limites. Verificou-se que para alcançar toda a radicalidade de uma proposta ecossocialista é necessário pensá-la contrária também a uma dimensão proprietária, aproximando-a, assim, ao conceito de “comum” de Michael Hardt e Antonio Negri. Desse modo, na segunda seção, discute-se o conceito hardtnegriano de “comum”, tensionando-o com a teoria dos comuns, consolidada por Elinor Ostrom, e com o princípio do comum proposto por Pierre Dardot e Christian Laval. Por fim, na terceira seção, demonstra-se como Rojava configura uma experiência ecossocialista, com a produção e partilha constante do comum, fundando um mundo anticapitalista e antiestatal em que os seres humanos e o meio ambiente estão integrados.
(Des)troços, 2021
O objetivo deste texto é apresentar a noção de jogo formulada pela Internacional Situacionista em... more O objetivo deste texto é apresentar a noção de jogo formulada pela Internacional Situacionista em sua fase inicial (1957-1960), marcada pela crítica à alienação na arte e na cultura assimiladas pela estrutura econômica capitalista burguesa. Vinculado à ideia de construção de situações, o jogo assume a função de unir a teoria à práxis e, para compreendê-lo, é preciso descrever o que os situacionistas entendem por decomposição na arte e a influência de Johan Huizinga quando desenvolvem a crítica contra a mercadorização da cultura, característica do capitalismo. Se, conforme defendiam os situacionistas, é necessário desenvolver uma nova maneira de viver que eleve a vida ao que a arte prometia, é por meio do jogo e da construção de situações que eles entendem que os obstáculos da alienação espetacular-mercantil podem ser aniquilados.
UFMG/Expert, 2021
Para desenvolver a proposta desta pesquisa, primeiro será elucidado o pressuposto que a perpassa,... more Para desenvolver a proposta desta pesquisa, primeiro será elucidado o pressuposto que a perpassa, isto é, de que a experiência democrática radical se dá pela relação dinâmica entre poder constituinte permanente, como proposto por Antonio Negri, e poder desinstituinte, como proposto por Andityas Matos. Então, buscar-se-á compreender e problematizar como Abdullah Öcalan desenvolve sua ideia de comuna a partir dos conceitos de confederalismo democrático e de nação democrática. Por fim, a partir das ideias de Andityas Matos, do Comitê Invisível, de exemplos das vivências da luta cotidiana em Rojava e problematizando as premissas de Öcalan, será demonstrada a possibilidade de se compreender as comunas enquanto relações afetivas entre seres viventes e entre eles e o espaço.

Comuna de Paris, Estado e Direito, 2021
A Comuna de Paris em 1871 lutou contra os mecanismos repressivos de Estado, tendo sido, ainda que... more A Comuna de Paris em 1871 lutou contra os mecanismos repressivos de Estado, tendo sido, ainda que por pouco tempo, um espaço de invenções políticas e uma experiência de autogoverno. Por seu turno, desde 2012 em Rojava, os curdos constroem diversos experimentos também de autogoverno, ao mesmo tempo em que resistem aos ataques incessantes da Turquia e do Estado Islâmico (ISIS). Como essas duas experiências de tempos tão distintos e distantes podem ser relacionadas e constituir fundamento para a compreensão de novas experiências políticas? Para responder tal pergunta, esta investigação é tecida a partir da leitura crítica de materiais e bibliografia sobre a Comuna de Paris e Rojava buscando traçar paralelos entre as instituições de ambas. Instituições que de maneira precária e temporária foram construídas nessas experiências para possibilitar um efetivo autogoverno e, ao mesmo tempo, acabaram por desinstituir os mecanismos do poder constituído. Desse modo, observamos que uma e outra se revelam enquanto verdadeiras utopias já que refundaram e refundam a sociedade por meio da abertura de práticas comunitárias. Por serem utópicas, tanto a Comuna de Paris quanto Rojava são experiências que abrem a possibilidade da construção de presentes-futuros diferentes, rompendo com a ilusão que a ordem capitalista e estatal impõe por se naturalizar e se apresentar como a-histórica, objetiva e imodificável.
Revue Lignes, 2021
"Le terme état d’exception économique a été créé dans les années 20 et 30 du siècle dernier de fa... more "Le terme état d’exception économique a été créé dans les années 20 et 30 du siècle dernier de façon à souligner les changements drastiques imposés sur l’économie et la production/distribution de biens par l’effort de guerre, indiquant la spécificité de cette situation par rapport à ce qui avait été considéré comme « normal ». Néanmoins, cette expression désigne désormais bien autre chose. Il ne s’agit plus des transformations temporaires imposées par la guerre – en tant qu’événement politique international – aux économies nationales, mais des changements que le pouvoir économique global capitaliste exige de l’État et de la société, même s’il n’y a plus de guerre déclarée."

Ed. Dialética, 2021
"É no novo mundo dos monstros que a humanidade tem de agarrar o seu futuro." Hardt & Negri
Neste... more "É no novo mundo dos monstros que a humanidade tem de agarrar o seu futuro." Hardt & Negri
Neste texto propomos a análise da ideia de biopolítica como acontecimento queer a partir dos pressupostos desenvolvidos por Michael Hardt & Antonio Negri. Os autores interpretam a distinção entre biopoder e biopolítica na obra foucaultiana de modo que biopoder é definido como “poder sobre a vida” e biopolítica como “poder da vida de resistir e determinar uma produção alternativa de subjetividade”. Hardt & Negri criticam outras interpretações do termo biopolítica como aquelas desenvolvidas por Roberto Esposito, que compreende biopolítica como governo político da vida, ou como a de Giorgio Agamben, para quem a biopolítica é o paradigma da soberania moderna que se articula sobre a vida matável, convertendo-se em tanatopolítica. Ao contrário dessas tendências, para Hardt & Negri, a biopolítica aparece como acontecimento, ou melhor, “como uma densa trama de acontecimentos de liberdade” que perturba o sistema normativo e revela o elo entre poder e liberdade. Para os autores, a biopolítica é ao mesmo tempo ruptura e produção, ou seja, nas fissuras da relação reciprocamente determinante entre as estruturas capitalistas de domínio e as lutas por libertação, a produção biopolítica aponta para um novo e expandido comum que sustenta um novo processo produtivo. A biopolítica é uma relação partisan entre subjetividade e história que abre novos espaços-tempos para acontecimentos de resistência.
(Des)troços: revista de pensamento radical, 2020
Este trabajo propone la quiebra del pensamiento dogmático acerca de la desobediencia civil. Hoy e... more Este trabajo propone la quiebra del pensamiento dogmático acerca de la desobediencia civil. Hoy el estado de excepción económico se ha hecho la regla y la emergencia cotidiana de desastre instaurada por el capitalismo únicamente puede superarse, más que por un nuevo nómos de la tierra, por la desactivación que solo el rechazo radical del desobediente puede constituir. Así, la desobediencia civil, más que un mecanismo de autocorrección o incluso de auto-integración del derecho constituido, es un modo de escapar al sometimiento total generado por el capitalismo tardío, cuando la subjetivación contempladora garantizada por la sociedad del espectáculo se justifica y se mantiene conjuntamente con la violencia legalizada e institucionalizada característica del estado de excepción económico permanente.
ALIENOCENE - Journal of the First Outernational, 2020

Anais dos V COLÓQUIO LATINO-AMERICANO DE BIOPOLÍTICA_III COLÓQUIO INTERNACIONAL DE BIOPOLÍTICA E EDUCAÇÃO_XVII SIMPÓSIO INTERNACIONAL IHU: SABERES E PRÁTICAS NA CONSTITUIÇÃO DOS SUJEITOS NA CONTEMPORANEIDADE, 2016
O termo biopolítica vem sendo trabalhado por vários autores com acepções diferentes. Tais desdobr... more O termo biopolítica vem sendo trabalhado por vários autores com acepções diferentes. Tais desdobramentos conceituais são particularmente interessantes para a presente pesquisa, em andamento, que busca examinar o problema da produção biopolítica da ordem discursiva, em especial no que diz respeito ao campo dos direitos humanos, e da sua apreensão pelos poderes político-jurídicos constituídos. Em primeiro lugar, procura-se compreender a ideia de biopolítica em FOUCAULT e AGAMBEN para então analisar o conceito na tessitura teórica desenvolvida por HARDT e NEGRI, que trazem à baila a discussão da produção biopolítica do comum. A concentração da pesquisa nestes autores visa a entender o diálogo estabelecido em torno de suas teorias, principalmente no que tange à biopolítica. Em segundo lugar, procura-se compreender como a produção discursiva sobre os direitos humanos é capturada politicamente e ganha contornos exceptivos na produção e no controle da vida humana em uma estrutura global que HARDT e NEGRI denominam de Império.
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Papers by Joyce Karine de Sá Souza
Em sua famosa Crítica da filosofia do direito de Hegel, Marx constata que a crítica da religião é o pressuposto de toda a crítica. [1] Aliás, não se pode esquecer que quando Marx desenvolve a crítica do caráter fetichista da mercadoria n’O capital, afirma que ‘uma mercadoria aparenta ser, à primeira vista, uma coisa óbvia, trivial. Sua análise resulta em que ela é uma coisa muito intricada, plena de sutilezas metafísicas e melindres teológicos’. [2] Para além disso, Marx observa que o processo de mercadorização do trabalho humano atravessa, de tal forma, as relações sociais, que chegou ao ponto de transformar a relação social entre os objetos, existente à margem dos produtores, na predominante forma de socialização, sendo este o ponto inicial da crítica desenvolvida por Debord n’A Sociedade do Espetáculo. Se para Marx ‘a forma-mercadoria é apenas uma relação social determinada entre as próprias pessoas que assume, para elas, a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas’, para Debord, ‘o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens’.
Rosa Luxemburgo
I. Pelo fim da contrarrevolução partidária
Em 1960, Guy Debord e Pierre Canjuers (pseudônimo de Daniel Blanchard), então membros do grupo Socialismo ou Barbárie, publicaram em conjunto o texto Préliminaires pour une définition de l’unité du programme révolutionnaire marcando o desejo de Debord em tornar a Internacional Situacionista um grupo político-revolucionário. Aqui é interessante perceber a notável influência do Socialismo ou Barbárie sobre os situs. Criado em 1948 por Cornelius Castoriadis e Claude Lefort as atividades do grupo se estenderam até 1967. Além de Castoriadis e Lefort, outros membros do Socialismo ou Barbárie foram Gerard Genette, Pierre Guillaume, Ngo Van, Jean-Francois Lyotard, Henri Simon e, claro, Guy Debord, que participou entre os anos de 1960 e 1961. Entre 1949 e 1965 foram publicadas quarenta edições da revista com título homônimo ao grupo na qual os membros divulgavam suas principais ideias e estratégias de atuação.
[parte II de II]
Os situacionistas compreendiam que a “libertação” da cultura moderna numa sociedade burguesa nada mais era do que uma tática para neutralizar sua potencialidade de prática revolucionária. Enquanto a arte se limitar a ser expressão das paixões do velho mundo estará condenada a ser conservada como mercadoria de troca. E a sociedade burguesa compreendeu isso muito bem, já que a neutralização das vanguardas artísticas se tornou um dos principais objetos da propaganda burguesa.
[parte I de II]
Em setembro de 1956 foi realizado o Primeiro Congresso Mundial de Artistas Livres na cidade de Alba (Itália), organizado pelo MIBI e com participação de integrantes de outros grupos artísticos que concordavam que a mera condenação do funcionalismo já não era uma crítica suficiente ao urbanismo. Era necessário desenvolver um urbanismo unitário totalmente novo, que possibilitasse a construção de uma outra atmosfera nas cidades [2]. Além do urbanismo unitário, a “experimentação para criar novos ambientes com o objetivo de suscitar novos comportamentos e abrir caminho à civilização do jogo” [3] também é um ponto em comum desses grupos. Ainda na última edição da Potlatch, é feita uma referência à conferência de Cosio d’Arroscia, ocorrida no ano subsequente, em 1957, que terminou com a decisão de unir completamente os grupos representados naquele encontro, quais sejam: a Internacional Letrista, o Movimento Internacional por uma Bauhaus Imaginista e o Comitê Psicogeográfico. Nesse dia foi fundada a Internacional Situacionista.
Portuguese version: https://zenodo.org/records/10158134
O texto completo também pode ser lido aqui: https://www.sobinfluencia.com/post/quatro-teses-sobre-o-pensamento-situacionista-de-guy-debord
Neste texto propomos a análise da ideia de biopolítica como acontecimento queer a partir dos pressupostos desenvolvidos por Michael Hardt & Antonio Negri. Os autores interpretam a distinção entre biopoder e biopolítica na obra foucaultiana de modo que biopoder é definido como “poder sobre a vida” e biopolítica como “poder da vida de resistir e determinar uma produção alternativa de subjetividade”. Hardt & Negri criticam outras interpretações do termo biopolítica como aquelas desenvolvidas por Roberto Esposito, que compreende biopolítica como governo político da vida, ou como a de Giorgio Agamben, para quem a biopolítica é o paradigma da soberania moderna que se articula sobre a vida matável, convertendo-se em tanatopolítica. Ao contrário dessas tendências, para Hardt & Negri, a biopolítica aparece como acontecimento, ou melhor, “como uma densa trama de acontecimentos de liberdade” que perturba o sistema normativo e revela o elo entre poder e liberdade. Para os autores, a biopolítica é ao mesmo tempo ruptura e produção, ou seja, nas fissuras da relação reciprocamente determinante entre as estruturas capitalistas de domínio e as lutas por libertação, a produção biopolítica aponta para um novo e expandido comum que sustenta um novo processo produtivo. A biopolítica é uma relação partisan entre subjetividade e história que abre novos espaços-tempos para acontecimentos de resistência.
II - The inheritance and the suicidal
III - The apparatus and the profane
IV - The excess and the accumulation
V - Anti-camp: democratic potlatch
I wanted to let you know that Alienocene's new "stratum" is released: https://alienocene.com/2020/12/04/stratum-8/
The journal Alienocene is exactly the alien, revolutionary and situationist locus
Em sua famosa Crítica da filosofia do direito de Hegel, Marx constata que a crítica da religião é o pressuposto de toda a crítica. [1] Aliás, não se pode esquecer que quando Marx desenvolve a crítica do caráter fetichista da mercadoria n’O capital, afirma que ‘uma mercadoria aparenta ser, à primeira vista, uma coisa óbvia, trivial. Sua análise resulta em que ela é uma coisa muito intricada, plena de sutilezas metafísicas e melindres teológicos’. [2] Para além disso, Marx observa que o processo de mercadorização do trabalho humano atravessa, de tal forma, as relações sociais, que chegou ao ponto de transformar a relação social entre os objetos, existente à margem dos produtores, na predominante forma de socialização, sendo este o ponto inicial da crítica desenvolvida por Debord n’A Sociedade do Espetáculo. Se para Marx ‘a forma-mercadoria é apenas uma relação social determinada entre as próprias pessoas que assume, para elas, a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas’, para Debord, ‘o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens’.
Rosa Luxemburgo
I. Pelo fim da contrarrevolução partidária
Em 1960, Guy Debord e Pierre Canjuers (pseudônimo de Daniel Blanchard), então membros do grupo Socialismo ou Barbárie, publicaram em conjunto o texto Préliminaires pour une définition de l’unité du programme révolutionnaire marcando o desejo de Debord em tornar a Internacional Situacionista um grupo político-revolucionário. Aqui é interessante perceber a notável influência do Socialismo ou Barbárie sobre os situs. Criado em 1948 por Cornelius Castoriadis e Claude Lefort as atividades do grupo se estenderam até 1967. Além de Castoriadis e Lefort, outros membros do Socialismo ou Barbárie foram Gerard Genette, Pierre Guillaume, Ngo Van, Jean-Francois Lyotard, Henri Simon e, claro, Guy Debord, que participou entre os anos de 1960 e 1961. Entre 1949 e 1965 foram publicadas quarenta edições da revista com título homônimo ao grupo na qual os membros divulgavam suas principais ideias e estratégias de atuação.
[parte II de II]
Os situacionistas compreendiam que a “libertação” da cultura moderna numa sociedade burguesa nada mais era do que uma tática para neutralizar sua potencialidade de prática revolucionária. Enquanto a arte se limitar a ser expressão das paixões do velho mundo estará condenada a ser conservada como mercadoria de troca. E a sociedade burguesa compreendeu isso muito bem, já que a neutralização das vanguardas artísticas se tornou um dos principais objetos da propaganda burguesa.
[parte I de II]
Em setembro de 1956 foi realizado o Primeiro Congresso Mundial de Artistas Livres na cidade de Alba (Itália), organizado pelo MIBI e com participação de integrantes de outros grupos artísticos que concordavam que a mera condenação do funcionalismo já não era uma crítica suficiente ao urbanismo. Era necessário desenvolver um urbanismo unitário totalmente novo, que possibilitasse a construção de uma outra atmosfera nas cidades [2]. Além do urbanismo unitário, a “experimentação para criar novos ambientes com o objetivo de suscitar novos comportamentos e abrir caminho à civilização do jogo” [3] também é um ponto em comum desses grupos. Ainda na última edição da Potlatch, é feita uma referência à conferência de Cosio d’Arroscia, ocorrida no ano subsequente, em 1957, que terminou com a decisão de unir completamente os grupos representados naquele encontro, quais sejam: a Internacional Letrista, o Movimento Internacional por uma Bauhaus Imaginista e o Comitê Psicogeográfico. Nesse dia foi fundada a Internacional Situacionista.
Portuguese version: https://zenodo.org/records/10158134
O texto completo também pode ser lido aqui: https://www.sobinfluencia.com/post/quatro-teses-sobre-o-pensamento-situacionista-de-guy-debord
Neste texto propomos a análise da ideia de biopolítica como acontecimento queer a partir dos pressupostos desenvolvidos por Michael Hardt & Antonio Negri. Os autores interpretam a distinção entre biopoder e biopolítica na obra foucaultiana de modo que biopoder é definido como “poder sobre a vida” e biopolítica como “poder da vida de resistir e determinar uma produção alternativa de subjetividade”. Hardt & Negri criticam outras interpretações do termo biopolítica como aquelas desenvolvidas por Roberto Esposito, que compreende biopolítica como governo político da vida, ou como a de Giorgio Agamben, para quem a biopolítica é o paradigma da soberania moderna que se articula sobre a vida matável, convertendo-se em tanatopolítica. Ao contrário dessas tendências, para Hardt & Negri, a biopolítica aparece como acontecimento, ou melhor, “como uma densa trama de acontecimentos de liberdade” que perturba o sistema normativo e revela o elo entre poder e liberdade. Para os autores, a biopolítica é ao mesmo tempo ruptura e produção, ou seja, nas fissuras da relação reciprocamente determinante entre as estruturas capitalistas de domínio e as lutas por libertação, a produção biopolítica aponta para um novo e expandido comum que sustenta um novo processo produtivo. A biopolítica é uma relação partisan entre subjetividade e história que abre novos espaços-tempos para acontecimentos de resistência.
II - The inheritance and the suicidal
III - The apparatus and the profane
IV - The excess and the accumulation
V - Anti-camp: democratic potlatch
I wanted to let you know that Alienocene's new "stratum" is released: https://alienocene.com/2020/12/04/stratum-8/
The journal Alienocene is exactly the alien, revolutionary and situationist locus
Andityas Soares de Moura Costa Matos
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