Expiação

É com o intuito de edificar os crentes que este trabalho se detém, ainda que na menor medida. Um texto tão rico e importante à fé cristã como Romanos 3.21-26 merece uma abordagem esforçada e detida. Portanto, com base em considerável pesquisa, confrontando pensamentos, desejou-se expor alguns pontos de vistas gerais sobre aquele que alguns chamam de “coração da epístola”.

E ste artigo fará, através de uma pesquisa bibliográfica, uma apresentação panorâmica da crescente tendência na pesquisa em Hebreus de ver a expiação efetuada por Cristo como algo que acontece no céu, mais especificamente, no santuário celestial (de maneira real, não metafórica). Para isso, será provido um breve histórico desse conceito de expiação, e os autores contemporâneos serão agrupados nos dois principais modelos conceituais de expiação no céu: o Modelo 1 (a expiação começa na terra e termina no céu), e o Modelo 2 (a expiação é efetuada totalmente no céu). Esta pesquisa revela que a ideia de uma expiação ocorrendo no céu, após a cruz, não é uma invenção recente, e seus argumentos, e os desdobramentos deles, merecem ser alvo de estudos ainda mais profundos.
Palavras-chave: Epístola aos Hebreus; Expiação; Santuário celestial.

Neste trabalho é analisada a influência que a Medicina Legal
teve na delimitação do conceito de perversão, e esboçada outra
abordagem, que identifica o perverso com uma entidade do
imaginário social cuja função é promover a coesão da coletividade em torno de e contra si – um bode expiatório. Busca-se deslocar a pesquisa em direção aos mecanismos e necessidades psíquicas e sociais que fomentam a psicodinâmica da expiação, ou o engendramento de bodes expiatórios.

Os fenômenos coletivos de expiação, de eleição e vitimação de bodes expiatórios, revelam modos particulares de manejo da violência e de percepção de poder. René Girard construiu todo um entendimento desta espécie de violência coletiva, introduzindo a noção da méconnaissance, uma percepção parcial e distorcida do que ocorre em um processo expiatório por parte daqueles que o vivenciam e dele participam. A méconnaissance promove uma transfiguração da vítima coletiva e delineia deter minada tendência humana de exteriorização de causalidade que parece implicar que a identificação do agente em uma dada situação seja um trabalho psíquico. O agente, uma entidade mítica que está para além do sujeito como tal, como sujeitado, não seria dado, mas construído, negociado; este aspecto do poder, a agência, dependeria de uma atribuição. Partindo destas idéias, busca-se uma leitura psicanalítica tanto do desconhecimento do caráter recíproco da violência quanto da atribuição imaginária de poder às vítimas coletivas, típicos em fenômenos expiatórios.