Energia Nuclear

RESUMO O presente artigo parte das similaridades históricas e atuais existentes entre Brasil e Índia quanto aos usos não bélicos da energia nuclear. Frente às informações destacadas na análise da trajetória de cada um, o estudo investiga, então, se o Brasil poderia aprender com a experiência indiana e, se sim, quais lições seriam essas. Após a análise dos casos, a conclusão a que se chega é a de que, dadas as enormes diferenças entre os atuais programas nucleares do Brasil e da Índia, a adequação brasileira a um possível " modelo indiano " não parece exequível. Das diferenças identificadas, destaca-se a divergência referente ao interesse político em priorizar a energia nuclear, algo que a Índia faz. Sem o devido destaque de um tópico na agenda política de um país, não é possível conceber políticas públicas para o setor. No caso da agenda nuclear, a falta de tratamento do tema como uma política de Estado tem implicações profundas, já que, em última análise, compromete a formação de capital humano e o avanço tecnológico. Palavras-chave: Brasil, Índia, Programa Nuclear 1 Os autores agradecem as valiosas contribuições de Giovanni Hillebrand, isentando-o de quaisquer erros ou omissões. Eventuais imperfeições remanescentes no texto são de inteira responsabilidade dos autores.

A demanda por redução de emissões de gás carbônico nos processos de geração de eletricidade adendada da demanda por matrizes energéticas firmes colocam a energia nuclear como um elemento central da cesta energética do próximo século. A ampliação do uso de energia nuclear em diversos países em desenvolvimento terá como consequência o aumento da produção de combustível nuclear irradiado. Sendo assim, uma questão importante a ser abordada pelas comunidades de gestão ambiental e energia nuclear refere-se à destinação a ser dada ao combustível nuclear irradiado.
Nesse projeto propomo-nos a elaborar um inventário das possibilidades técnicas de tratamento ou reciclagem do combustível nuclear usado. Também esperamos compreender as condições necessárias para que a reciclagem seja economicamente atrativa em comparação com a mineração.

Resumo A expansão da oferta de energia nuclear recebeu uma nova componente: a opinião pública. A introdução dessa variável fomenta à comunidade nuclear o desafio de ampliar seus programas de formação visando atender novos setores da sociedade interessados na questão energética. Relataremos duas de nossas experiências de divulgação sobre energia nuclear. A primeira é uma descrição de nossa participação num evento organizado por estudantes de Turismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Jornalismo e outras áreas em Humanidades, ocorrido na ECA-USP quando relatamos nossa experiência de visita à Chernobyl, Ucrânia. Ademais, relatamos nosso minicurso, ministrado a estudantes de Gestão Ambiental, realizado na EACH-USP, intitulado Energia Nuclear e Proteção Ambiental. Nosso relato de viagem mostrou fotos de Prypiat, Chernobyl, uma descrição da ocupação da região por fauna e flora renovadas, manutenção da atividade humana operando reatores e construção de nova redoma e repositório de combustíveis usados. Quanto ao curso, iniciamos revisando os diversos processos de geração de eletricidade já disponíveis à sociedade, os limites termodinâmicos associados aos processos de transformação energética, conceitos básicos em energia nuclear, a importância da alta densidade energética do núcleo na redução do uso de recursos naturais, impactos de mineração e produção de rejeitos, impactos dos acidentes de Chernobyl e Fukushima e perspectivas da energia de fusão e fissão. Em ambas as oportunidades, contribuímos para desmistificar a questão nuclear perante um público cuja formação é, em geral, insuficiente à devida apreciação do tema. Todavia, esses profissionais atuarão em setores importantes do processo de formação de opinião acerca da questão energética, seja na comunicação de notícias, formulação de políticas ou licenciamentos ambientais. Destarte, ao elaborarmos um material acessível a esse público, esperamos contribuir à formação de opinião qualificada acerca da energia nuclear e, como consequência, para um maior aceite dessa matriz.

Apresentação feita no 2016 LAS/ANS Symposium, seção de aceitação pública sobre mini-curso apresentado aos estudantes de Gestão Ambiental da EACH-USP.

ENERGIA NUCLEAR E PROTEÇÃO AMBIENTAL

A despeito de a energia nuclear contribuir com 11% da eletricidade produzida no planeta, sua aceitação pela opinião pública continua controversa. Um dos motivos para tal controvérsia decorre dos tópicos de física ou engenharia nuclear serem pouco compreendidos pela população em geral, incluindo-se tomadores de decisão. Essa vacância de conhecimento dificulta uma apreciação correta dos problemas, soluções e benefícios que a energia nuclear pode trazer à humanidade. Destarte, uma fração significativa da sociedade acaba por ficar à mercê de abordagens mistificadoras sobre tópico nuclear.
Nesse minicurso, realizaremos uma introdução à energia nuclear, com intuito de proporcionar uma visão geral sobre o tema. Iniciaremos apresentando conceitos básicos sobre a geração de eletricidade. Em seguida, mostraremos como transformar a energia nuclear em eletricidade utilizando reações de fusão ou fissão nuclear. Em particular, descreveremos a utilização da fissão em reatores nucleares de tipo BWR, PWR e RBMK.
A descrição desses reatores será importante para apresentarmos as causas e consequências dos dois grandes acidentes nucleares já registrados, ocorridos em Fukushima (2011) e Chernobyl (1986). A análise das consequências desses acidentes será apresentada de acordo com relatórios produzidos por equipes de cientistas atuando pela ONU e suas agências:  por exemplo Agência Internacional de Energia Atômica e Organização Mundial da Saúde; e órgãos científicos dos governos da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia.
Uma das vantagens do uso da energia nuclear é a alta densidade energética de seu combustível. Isso implica no uso de menores quantidades de combustível nuclear na geração de energia. Essa característica garante a redução do uso de minérios e de produção de rejeitos. Essa redução possibilita amenizar tanto os impactos de mineração quanto as demandas por armazenamento de rejeitos. A redução no consumo de minerais, adicionada à baixa emissão de gás carbônico na produção de eletricidade, tornam a matriz nuclear elemento importante na composição da cesta energética mundial e nacional.
Aplicações de energia nuclear em medicina e agricultura serão abordadas, com destaque para o uso de radiação no controle de vetores, como o Aedes aegypti. Quanto às perspectivas, mostraremos um painel acerca do status da pesquisa em fusão nuclear e como esses avanços podem contribuir no equacionamento da questão dos rejeitos de fissão.
Ao final desse minicurso, esperamos contribuir para desmistificação do assunto nuclear junto aos seus participantes.

Publico-alvo: estudantes e profissionais da área ambiental; público interessado nas questões energética e ambiental; público em geral.
Equipe:
Prof. Dr. Alexandre Ferreira Ramos (coordenador);
Miguel Vasconcelos
Sophia Vergueiro
Suzylaine Lima
Caroline Lucchi