Emil Cioran

Resumo: Estrangeiros radicados em Paris, o argelino Albert Camus e o romeno Emil Cioran possuem tantas divergências quanto afinidades intelectuais. Ambos operam uma evasão da Filosofia-entendida aqui como discursividade conceitual e abstrata-em direção a formas outras de produção do conhecimento, e o fazem como modo de participação sui generis no mundo e no contexto histórico em que se inserem. Camus se dedicaria à literatura do romance, e Cioran ao aforismo e à poética do fragmento: formas distintas que cada um deles encontrou no intuito de fazer frente à hegemonia moderna de uma racionalidade abstrata e homogeneizante, amiúde totalitária. As obras destes dois autores denotam uma tensão agônica entre a autonomia da ética e a heteronomia da moral, certa preocupação metafísica com a condição humana profunda para além de toda historicidade, certa ênfase na lucidez (lucidité, vocábulo comum a ambos) como uma disposição subjetiva necessária para a conservação de uma probidade intelectual intransigente face à absurdidade do mundo, e, por fim, a busca estética do Belo como alternativa a uma racionalidade que tende a obliterar a soberania do ser humano, em sua irredutível singularidade, em nome de ideias e ideais que tendem a anular o mesmo indivíduo em nome de causas tão abstratas quanto, muitas vezes, humanamente desastrosas. De onde o fato de terem sido, ambos, cada um à sua maneira, autores marginais e incompreendidos no contexto em que se inserem. Pretende-se problematizar, no registro de uma reflexão estético-filosófica, como suas respectivas obras, que descrevem uma evasão da Filosofia sem deixar de pressupor um espírito filosófico, se oferecem como uma possibilidade de criação alternativa capaz de elaborar uma crítica radical dos descaminhos e reveses da racionalidade europeia historicamente estabelecida.
Palavras-chave: Camus, Cioran, lucidez, absurdo, criação.

This article aims to investigate the relationship between nostalgia, solitude, and skepticism in Emil Cioran’s thought. In the first place, we will examine how the concepts of Sehnsucht, saudade and dor are interpreted by Cioran as similar forms of radical nostalgia. In the second place, we will see how the skeptical attitude of doubting reality relates to the nostalgic impossibility of belonging to reality itself. Finally, we will suppose that the metaphysical feeling of being isolated and separated from the world implies a skeptical criticism of subjectivity itself and a humoristic interpretation of existence.

Realizou-se, na Universidade Federal do ABC (UFABC), em 27 de novembro deste ano de 2019, a Jornada Acadêmica-70 anos do Précis de Décomposition (1949-2019), um mini-colóquio dedicado a debates em torno deste que é o primeiro livro escrito por Cioran em francês, e um divisor de águas no conjunto da sua obra. No âmbito da recepção lusófona, e mais especificamente brasileira, da obra de Cioran, o aniversário dos 70 anos do Précis de Décomposition, na França, coincide com o aniversário de 30 anos da primeira edição (brasileira) do livro em língua portuguesa, pelas mãos do filósofo, tradutor e amigo de Cioran: José Thomaz Brum, convidado de honra do evento...

Um texto enigmático encontra-se em meio aos escritos selecionados que compõem Contra la historia, uma coleção de aforismos e ensaios editada por Esther Seligson com o propósito de difundir os escritos de Cioran no mundo hispanófono quando seus livros estavam começando a ver a luz da tradução espanhola.

With usefulness expanding and consuming more and more areas of our lives, the useless – philosophy and the humanities in general – are fighting a losing battle and gradually becoming extinct. In order to defend them I attempt to give uselessness a positive meaning. Trying to redefine the concept of usefulness in order to make it work for the useless is a bad strategy because it endues usefulness with qualities that are considered alien to it in the modern world. For something to be useful it has to be so in an obvious way and if it is not – it’s labeled useless. In our times usefulness reigns unstoppably – universities are turning into companies, students into clients, teachers into bureaucrats and knowledge into a product whose value is equal to the profit it brings. Anything that is perceived in terms of its usefulness or end-use is consequently subjugated to that end-use and therefore has no independent existence. In our consumer society of late capitalism this brings a great burden on individuals because by commercializing themselves they also internalize usefulness as it functions in commerce. The consequence of this is unfreedom, unhappiness and inability to connect with each other on a deeper level. In order to escape the dreadful world of usefulness individuals – as suggested by George Bataille –must try to re-connect with their violent and atemporal past that would help them transgress boundaries laid down by reason and experience a sovereign moment. On a similar note Diogenes of Sinope suggest a sovereign and useless life of a beggar and philosopher. Emil Cioran contends that we should only serve eternity in idleness.

As nossas fontes gnósticas, por mais distantes que pareçam, não deixam de inspirar ainda a nossa literatura. Menos de uma maneira direta (poucos escritores de fato conhecem esse período da nossa história reservado aos eruditos) quanto de maneira inconsciente. Eu não falo de uma referência histórica, mas de uma impregnação da sensibilidade por toda uma corrente de pensamento cuja emergência periódica, em certos momentos da nossa história, não tem uma causa apenas acidental, mas se oferece como o sintoma de uma tendência recalcada, latente no fundo do homem ocidental. Uma tendência gnóstica está adormecida na nossa mentalidade, nutrida pelo sentimento de uma dualidade inerente à nossa essência, engendrada por uma civilização do logos.

Çeviren: Murat Erşen

Kitap Açıklaması
Bilgelik yaralarımızın kılığına bürünür. Bize nasıl gizlice kanayacağımızı öğretir. Delilik belki de artık değişim geçirmeyen bir acıdan başka bir şey değildir. Hangi eski yazarda okudum üzüntünün kanın yavaşlamasından ileri geldiğini? Tam da budur üzüntü: Durgunlaşan kan. İnsanı hiçbir şey, o ana kadar kendine itiraf etmeye cesaret bulamadığı, hatta bihaber olduğu kusurlarından birinin berrak görüntüsüyle uykuya dalmaktan daha iyi vicdan sahibi yapmaz. Söz ve sükût. Konuşan bir delinin yanında, ağzını açmayan bir delinin yanında olduğundan daha güvende hissederiz. Cioran, taklit edilemez yazı ustalığı ve ürkütücü zihin açıklığıyla tüm zehrini yaşamın üzerine akıtıyor. Yine de Yeni Tanrılar’ı kaplayan mutlak umutsuzluğa ve karanlık sayfalara son cümlede hayat mucizesinin zayıf ışığı sızar: "Hepimiz, her anı bir mucize olan bir cehennemin dibindeyiz."

(Tanıtım Bülteninden)





Kitap Adı: Yeni Tanrılar
Yazar: E. M. Cioran
Yayınevi: Redingot
Hamur Tipi: 2. Hamur
Sayfa Sayısı: 136
Ebat: 13 x 19,5
İlk Baskı Yılı: 2019
Baskı Sayısı: 1. Basım
Barkod: 9786056911903

Rodrigo Menezes: Estimada profesora Liliana Herrera, quiero agradecerle por la generosidad de concedernos esta entrevista. Es un privilegio acceder a la perspectiva personal y crítica de una lectora y además especialista en este autor que es un interés común de todos nosotros. Ante todo, no se podría dejar de mencionar el Encuentro Internacional Emil Cioran, organizado por usted anualmente en la ciudad colombiana de Pereira, y que ha llegado a su séptima edición en 2014. Es un evento académico muy especial, y uno de los pocos en el mundo dedicado a discutir y divulgar la obra del pensador rumano. ¿Cómo surgió el Encuentro Internacional Emil Cioran? ¿Cuál es la exacta naturaleza del evento? ¿Cómo ha sido posible realizar y mantener un evento académico sobre un pensador tan marginal y además tan antiacadémico como Cioran? ¿En su opinión, qué ha cambiado desde la primera edición? ¿Qué espera usted del futuro del Encuentro Internacional Emil Cioran? María Liliana Herrera: El Encuentro Internacional se originó en un Proyecto que el grupo de Investigación en Filosofía Contemporánea que yo dirijo presentó a la Universidad Tecnológica de Pereira. Con el profesor Alfredo Abad, desarrollamos el tema, y uno de sus resultados fue este evento. La primera edición del Encuentro se realizó en octubre del año 2007. El invitado internacional en esa ocasión fue el profesor Ger Groot de la Universidad de Rotterdam. Las primeras ediciones del evento, inicialmente, giraron en torno al pensamiento de Cioran y a las relaciones filosofíaliteratura, línea en la que bien puede ubicarse la obra de Cioran. Los objetivos, pues, eran tres: dar a conocer a la comunidad filosófica y literaria de nuestro país los trabajos que sobre el autor rumano francés estaban realizando los especialistas cioranianos, principalmente rumanos, franceses y españoles. Segundo, divulgar la cultura rumana que en nuestro medio es casi desconocida. Finalmente, plantear algunas cuestiones más amplias concernientes a la discusión filosofía y literatura, tema que viene ganando terreno académico dentro de la comunidad filosófica y literaria internacional en los últimos años. Sin embargo, y dadas ciertas características de nuestra universidad y nuestra región, el Encuentro se empezó a perfilar como un proyecto de mayor envergadura: de ser académico, se ha ido convirtiendo en un proyecto cultural de la Universidad para la ciudad y la región y que está logrando posicionarse a nivel nacional e internacional por ser uno de los pocos que tienen como tema principal a Cioran (aparte, claro está, del Coloquio Internacional Emil Cioran que se realiza anualmente en Sibiu, Rumania). Pero nuestro evento ha tenido desde sus inicios características específicas que lo diferencian del que se realiza en Sibiu y que está dirigido a los especialistas. No es una réplica suya y no puede serlo. En resumen: debido al creciente interés que en nuestro evento ha mostrado el público regional y nacional, hemos ampliado los tres objetivos mencionados antes: respecto al primero, estamos promoviendo el pensamiento de Cioran y los estudios que sobre él se están desarrollando entre un público no sólo

Dans un premier temps, nous nous attacherons à répertorier ce qu’ont pu déclarer diverses personnalités du monde littéraire, culturel et de la critique sur le rapport de Cioran au style ; puis, dans un deuxième temps, on verra ce que Cioran lui-même a pu écrire dans La tentation d’exister sur la langue et le style avant d’examiner, par une analyse plus stylistique, quelles sont réellement les caractéristiques du style cioranien.

Il linguaggio, nella storia della filosofia, non è mai un mero strumento di comunicazione, ma il corpo stesso di un pensiero. Lo scopo di questo articolo è mostrare che la scelta di uno stile, lungi dall'essere puramente casuale, implica già l'assunzione di una determinata visione della realtà. In particolare, ci concentreremo su un autore che ha elevato l'aforisma ed il frammento a cifra dell'epoca contemporanea: Emil Cioran. Il filosofo rumeno, che ha abbandonato la sua terra natale per espatriare in Francia senza prendere la cittadinanza, ha ritrovato nella sua condizione di apolide la postazione ideale per vedere la realtà storica dal più lucido punto di vista: come un'artificiosa messinscena che cela la sua profonda vacuità. La discontinuità dell'aforisma, il suo andamento frammentario, mostra il fondo reale che si cela dietro ogni forma di identità e definizione, dischiudendo il vuoto metafisico che sorregge le utopiche nozioni di assoluto e verità.

Por que reunir-se em torno do Précis de décomposition-e celebrá-lo? Alguns diriam que não há nada aí a ser celebrado, muito pelo contrário. Cioran: pró e contra... Qual a importância do Breviário de decomposição, conforme o temos, desde 1989, traduzido ao português pelo professor José Thomaz Brum? Qual sua importância hoje, para além de um mero gosto pessoal, partilhado talvez por um punhado de leitores? Qual seria o seu valor de facto (filosófico, poético, espiritual)? Há muitas maneiras de enxergar o livro em questão, e de responder a estas questões...

Nella notte fra il 31 marzo ed il 1 aprile del 1876, Philipp Mainländer (pseudonimo di Philipp Batz, 1841-1876), dopo aver ricevuto la copia fresca di stampa della sua "Filosofia della redenzione", si tolse la vita, come estremo gesto di coerenza con il suo pensiero. Si tratta di un filosofo appartenente alla cosiddetta Scuola di Schopenhauer il quale, a partire dall'affermazione della morte di Dio, radicalizzò in senso fortemente pessimistico la dottrina del maestro. Per Mainländer "Dio è morto e la sua morte fu la vita del mondo" (Philosophie der Erlösung, I, 108). Perciò, il movimento entropico - che si muove sul piano inclinato che dall'essere porta al non essere - conduce inesorabilmente Verso l'assoluto nulla. La "filosofia della redenzione" fu tra le letture di Friedrich Nietzsche ed è stata apprezzata da autori come E. M. Cioran, J. L. Borges, A. Caraco, H. Carossa.
Si tratta di un'opera filosofica che si inserisce nelle correnti del pessimismo e del nichilismo post-hegeliano, nel contesto del dibattito sull'eredità della filosofia di Arthur Schopenhauer.

2014/11 -n° 810 pages 956 à 959 Distribution électronique Cairn.info pour Editions de Minuit. © Editions de Minuit. Tous droits réservés pour tous pays. La reproduction ou représentation de cet article, notamment par photocopie, n'est autorisée que dans les limites des conditions générales d'utilisation du site ou, le cas échéant, des conditions générales de la licence souscrite par votre établissement. Toute autre reproduction ou représentation, en tout ou partie, sous quelque forme et de quelque manière que ce soit, est interdite sauf accord préalable et écrit de l'éditeur, en dehors des cas prévus par la législation en vigueur en France. Il est précisé que son stockage dans une base de données est également interdit. Document téléchargé depuis www.cairn.info -EHESS --193.48.45.27 -05/12/2014 19h29. © Editions de Minuit Document téléchargé depuis www.cairn.info -EHESS --193.48.45.27 -05/12/2014 19h29. © Editions de Minuit

We can see on many philosophers that music has always been in a special place on nihilism. There are different theories about what its psychological and theological basis are. Cioran states in his book tears and saints that;'' Pipe organ reflects creeps in God. We deify ourselves by sharing its quakes. We are overwhelmed on it.’’ We see that he attributes an deific speciality to music from this point of view
We see transparently that music was very important for the nihilist philosophers too who were affected by each other such as Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer. The common trait for all of them is their opinion of music is God’s sound/voice.
Emil Michel Cioran was affected by Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer many times when it comes to philosophic opinions. He put a connection between music and thoughts and he states.” Ideas are silent melodies.” Music is sole purpose for existing in life in cioranic thought. He states that when we are away from music even tombstones would not accept us. Music is human’s all senses’ and thoughts’ disguised confession for cioran.
In general manner, we will embrace general opinions of Michel Cioran, who refuses all values, about music by his own thoughts .

Il suicidio è per antonomasia l'atto estremo, il gesto più radicale che l'uomo possa compiere, e in quanto tale non bisogna stupirsi che molti tra filosofi e pensatori abbiano dedicato a esso le proprie riflessioni nel corso dei secoli. Togliersi la vita infatti significa per l'uomo rinunciare a tutto ciò che si ha e che si è, passare volontariamente dalla dimensione dell'essere all'ignoto e al non-essere (o essere diverso), e perciò si dimostra un'azione estremamente interessante e ricca di implicazioni sul piano etico e filosofico.

Lightly edited partial and anonymous translation of the final six pages of Albert Caraco's "Bréviaire du chaos,"  including an introductory essay by Phillipe Billé (written and translated circa 2005-2009).

Translation dates to 2011, existing only as an archived copy of a defunct blog.

This will serve as the point du départ for my own translation of the balance of Caraco's text (108/114 pages).

El Juzgado Penal Colegiado Permanente del Cono Norte ha decretado, en el marco de un repudiable y mediático caso de violencia de género, la no resarcibilidad del daño al proyecto de vida, entre otras razones, por colisionar con el derecho fundamental a la igualdad ante la ley. El autor comenta dicha sentencia, que pone punto final, por el momento, a la discusión sobre si la referida categoría, puramente doctrinaria e inflacionaria de los resarcimientos, merece ser acogida en el formante jurisprudencial.

Nella fotografia riprodotta sulla copertina di questo libro, che ritrae Mircea Eliade e
Cioran insieme a Parigi, negli anni Settanta, colpisce il contrasto tra le due fisionomie.
Un contrasto che sembra ri spec chiare la distanza che umanamente e intellettualmente separava i due grandi romeni: il fecondo e ammirato studioso, in grado di maneggiare con scioltezza le concezioni religiose di tutte le culture; e il sulfureo flâneur del pensiero, l’antiaccademico ancorato a poche e lancinanti ossessioni. Da subito, del resto, non erano mancati gli scontri visto che, al l’inizio degli anni Trenta, Eliade aveva attaccato Cioran per via della sua tanatologia, che gli faceva prediligere le tenebre e la negazione alla luce e alla creazione; e Cioran, da parte sua, aveva demolito Eliade in un articolo che sin dal titolo aveva tutto il sapore di una sentenza inappellabile: L’uomo senza destino. Ma, dietro le divergenze, si celava anche
un’intesa, una complicità che alimentò una fervida, inossidabile amicizia, come testimonia questo volume in cui sono raccolte le lettere che i due si scrissero nell’arco
di un cinquantennio, scambiando riflessioni, pareri letterari, impressioni di viaggio,
osservazioni politiche, ricordi. Lettere a volte accese da vampate di humour,
non senza contraddizioni e paradossi – ma sempre contrassegnate da quella sincerità
che spingeva Cioran a confessare: « Benché io provi per te un’infinita e non smentita
simpatia, a volte sento il desiderio di attaccarti, senza argomenti, senza prove e
senza idee. Ogniqualvolta ho avuto l’occasione di scrivere qualcosa contro di te, il
mio affetto è aumentato ».

Poder-se-ia falar em sucessivas e distintas fases do pensamento de Cioran, autor de língua francesa. Liliana Herrera discerne dois momentos temáticos na obra francesa do pensador romeno: o primeiro, voltado à empresa de negação e demolição, de crítica de todos os ideais, da história e da utopia, do sujeito moderno e dessa sua "vontade de poder", que conduz à equação "saber é poder"; o segundo, voltado à reflexão e especulação metafísica através de temas alegóricos como a Criação, a Queda, o nascimento da consciência e a perturbação, por esta, das raízes da vida. (HERRERA, Cioran: Lo Voluptuoso, Lo Insoluble, p. 18).

Independentemente do número de fases, que varia conforme o critério adotado, o fato é que o Cioran tardio, dos últimos livros, é bastante distinto do autor do Précis de décomposition, seu livro de estreia em língua francesa. Propondo, de nossa parte, uma divisão tripartite da obra francesa de Cioran, abordaremos aqui a primeira delas, compreendendo os três primeiros livros escritos e publicados por Cioran em língua francesa, todos eles pela editora Gallimard: Breviário de decomposição (1949), Silogismos da amargura (1952), A tentação de existir (1956).

Em última análise, seria necessário aplicar a cada um dos livros de Cioran, no conjunto da obra (francesa e romena), o empirismo intuitivo preconizado por Henri Bergson, com seu princípio de "auscultação espiritual" do "objeto" a ser conhecido; um empirismo sui generis que é, segundo Bergson, a "verdadeira metafísica", aquela que "só trabalha sob medida", forçada a "despender um esforço absolutamente novo para cada novo objeto que estuda." O mesmo vale para o intérprete de Cioran:

"Ele talha para o objeto um conceito apropriado somente ao objeto, conceito de que se pode dificilmente dizer que seja ainda um conceito, pois somente se aplica a uma única coisa." ~ Henri Bergson, Introdução à Metafísica (1903)

The purpose of this article is to underline the relation between Utopia and carnival imagery in More's dialogue. Additionally, we aim at clarifying Cioran's definition of Utopia as " the grotesque en rose ". Subsequently, we try to define the concepts of " seriousness " and " futility " in Cioran's interpretation of utopian literature. When Cioran says that " futility is the most difficult thing in the world " , he is actually pointing out a problem that will enable us to outline the paradoxical condition of the inhabitants of Utopia. We will see that in Cioran's writings the utopian idea of building a perfect society is necessary and ridiculous at the same time. It consists in a human attempt to renew the world, which reveals the double nature of this renovation: serious and grotesque at the same time. In fact, Utopia is a revolutionary city that looks like a carnivalesque overturning of this unrighteous reality. Thanks to the enlightening analysis of Carlo Ginzburg, we will examine the complex game that More entertains with Lucian of Samosata and the " ritual of inversion " in his Saturnalia. Finally, we will see how the concept of " inversion " operates in Cioran's reflections about history and politics, where he defines utopia as the desire " to remake Eden with the instruments of the Fall " .