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Aldeia e Património o caso da aldeia da luz

2023, Aldeia e Património o caso da aldeia da luz

Abstract

O planeamento de uma barragem no rio Guadiana (Alqueva) que servia para melhorar o abastecimento de água no Alentejo implicava uma escolha cuidadosa da sua localização, pois a barragem iria criar um grande lago artificial e, consequentemente, inundar uma grande porção de terras, o que mesmo numa região pouco povoada acabaria por envolver o inevitável alagamento de um povoado denominado Aldeia da Luz. Para minimizar os prejuízos dos habitantes desta aldeia o Estado propôs a transladação mesma para um novo local, tendo a população que abandonar a “velha” aldeia da Luz para se deslocar para uma “nova” aldeia da Luz, construída de raiz propositadamente para este fim. De facto, a transferência da aldeia da Luz foi um dos problemas mais cadentes a nível social, humano e infraestrutural do projeto do Alqueva. Tanto mais que na memória coletiva ainda estava presente a experiência de Vilarinho das Furnas, no Norte de Portugal, uma aldeia que também foi inundada com a construção de uma barragem, mas para cuja população não se construiu nenhuma nova aldeia. Os habitantes da Luz acabaram por ser realojados na nova aldeia no espaço de alguns meses, entre o Verão e o Outono de 2002. O velho lugar foi inundado, o rio desapareceu e a nova aldeia da Luz tem agora um enorme espelho de água em seu redor. As pequenas parcelas de terra em torno da aldeia antiga, aquilo que foi definido como “a unidade agrícola mínima”, foram replicadas por parcelas equivalentes em redor do novo aglomerado, e as propriedades de maior dimensão foram alvo de expropriação, com compensações pecuniárias para os seus donos.