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2019, ASAS DA PALAVRA
Este trabalho tem como objetivo fazer uma leitura de “A hora e vez de Augusto Matraga”, uma novela de Sagarana (1983) de João Guimarães Rosa, assim como, por conseguinte, analisar a recepção dessa novela com base em três textos, a saber: Rolim (2005), Sousa (2014) e Oliveira (2015). Ao tomar como base a ideia de Ricoeur (2013), sobre o mundo do texto, bem como a de que o texto literário seja de natureza discursiva, concretizando-se como um evento; a ideia de Jauß (1994a/1994b) de que o texto literário não surge num vácuo, pois não é de todo estranho ao seu público, bem como sua ideia de que a experiência estética se divide em dois momentos, um de identificação e outro de crítica (JAUß, 1974); da mesma maneira como consideramos a ideia de Candido (2015) sobre a paradoxal existência do personagem; dentre outros pensamentos. Com base nessas ideias, visamos discutir a recepção da novela que apontamos como nossa base de análise e discussão.
Dispõe sobre a publicação do trabalho intitulado O Homem e o Brejo. da autorln do Eng. ALBERTO RIBWO LAMEGO. A Assembléia Geral do Conselho Nacional de Geografia, no uso das suas atribuições: Considerando que a tese O Homem e o Brejo foi pelo IX Congresso Brasileiro de Geografia aprovada com louvor em vista do seu alto valor e excelência; Considerando que o mesmo Congresso solicitou ao Conselho providências no sentido de ser a tese publicada em separado; Considerando que o Eng.O ALBERTO RIBEIRO LAMEGO, autor da tese, c membro do Conselho, como um dos elementos federais integrantes da Comissão Técnica Permanente de Fisiografia; RESOLVE : Art. 1. O -A Secretaria Geral do Conselho providenciará a publicnqio, em separado, da tese O Homem e o Brejo, da autoria do Eng.O A~n~ii1-o RIBEIRO LAMEGO, aprovada com louvor pelo IX Congresso Brasiliii,~ dc Geografia, entendendo-se para isso com a Comissão de Redaçáo dos Anais do mesmo Congresso. Art. 2.0 -Essa publicação fará parte da "Biblioteca Geográfica Brasileira", instituída pela presente Assembléia, de acordo com os ciiteiidimentos que a êsse respeito a Secretaria terá com o autor. Art. 3.0 -As despesas que ocorrerem em virtude desta Resoliiqio correrão por conta da verba para publicações consignada no Orçamento do Conselho. Rio de Janeiro, 12 de julho de 1941, ano VI do Instituto. Conferido e numeraao Visto e rubricado CHBISTOVAM LEPIF DE CASTRO Secrethrio-Geral do Conselho Publique-se JOSÉ CARLOS DE MACEDO SOARES Presidente do Instituto Setores da Evolução Fluminense "Ipsz matronz hic pro Jure pugnant" lhgenda de Campos] Tese aprovada com louvor RO 11 Congresso Brasileiro de Geografia, reunido em Florianúpoli~, de 7 a 14 de setembro de 3940. Por ALIBEATO RIBEIRO LAMEGO [LAMEGO FILHO] 1 9 4 5 Serviço Gráfico do I. B. G. E. Rio de Janeiro NOTA: Este trabalho, com exceçáo do "PrefScio", "Apresentaçáo" e "fndice Analitico". foi composto antes de ser publicado o Voca-buZ6750 da Academia Brasileira de Letras. Secret&rio-Geral do Conselho Nacional de Geografia NOTICIA SOBRE O AUTOR ALBERTO R~I I R O LAMEGO nasceu n a cidade fluminense d e Campos, a 9 de abril de 1896. Concluiu, e m 1910, seu curso primário n o ColBgio Campolide, dos jesuítas. em Lisboa, começando ali o curso secundário mais tarde concluído n o Colegio de Saint Michel, d e Bruxelas. t a m b é m dos jesuitas. E m 1913 matriculou-se n o curso de engenharia d e artes. manufaturas e minas da Universidade d e Louvain. Transferindo-se. e m 1914. para Londres. cursou a Royal School o f Mines do Imperial College 09 Science and Technology frequentando. ao m e s m o t e m p o o curso de licenciado e m engenharia d e minas d a Universidade de Londres, concluindo êsses dois cursos e m 1918. E m 1920, regrcsando ao Brasil, ingressou n.0 Serviço Geológico e Mineralógico d o MinistBrio da Agricultura empreendendo v&rios trabalhos de campo e m diversas regiões d o Brasil. 20 -~s t i u t u r a Geológica d o Páo d e Açúcar. 21 -Formação Tectdnica da Entrada d a Bafa d e Guanabara. 22 -Perfil N-S d o Pão d e Açúcar, mostrando a esfaliaçáo pela clivagem tectdnica. 23 -Bloco-diagrama, ilustrando a estratigrafia e a tectdnica, d o bordo ocidental d a entrada d a Guanabara. 24 -Secção geológica a'través dos morros d o Leme, Babilonia e São João. 25 -Estratigrafia e tectgnica d o grupo Urca-Pão d e Açucar. 26 -Sem60 d a Entrada da Baia d e Guanabara. 27 -~e c ç á o através d o grupo do Corcovado. 28. 29 e 30 -Seccóes geológicas através dos Dois Irmãos. 31 -Secção através d a ~á v e a . 32 -Idem através d o pico da T i j m a . 33 -Idem através o morro da Providência. 34 a 41 -Secções através da cidade d o Rio de Janeiro. 42 -Origem d a Escarpa da Nova Cintra. 43 -Bloco-diagrama expondo o enrugantento primitivo d a serra d a Carioca e d e seus contrafortes. 1939 -44 a 46 -Secções através dos calcáreos de São Joaquim, e m Campos. 1940 -47 -A Foz e a Barra d o rio Parafba d o S u l . IV. TRABALHOS INSDITOS E EM PREPARO . I -A Bacia d e Campos n a Geologia Litorânea d o Petróleo. 2 -Areia de Fundiçáo de Macaé. 3 -Ciclo Evolutivo das Lagunas Flumtnenses. 4 -Grafita e m Conceicáo d e Macabu. 5 -"0 ÉIomem e a ~é s t i n g a~' . 6 -"O Homem e a Baia". 7 -"0 Homem e a Cordilheira". 8 -Carta Topográfica e Geológica d o Nwta-Fluminense. 9 -Carta geológica d a regiáo a o norte d e Campos. 10 -A plataforma continental a o largo d o litoral d e leste. 11 -Geologia Regional d e Macaé. 12 -Origem d a restinga da Marambaia. 13 -Geologia d a laguna d e Maricá. i4 -Geologia d a laguna d e Saquarema. 15 -Origem d a laguna d e Araruama. 16 -Geologia d a laguna d e Araruama. 17 -Reconhecimento geológico nas fazendas d e Itaitindiba e São Jose. 18 -Esbdço geológico dos vales dos rios G u a n d u e Itaguaf. 19 -Geologia d e Niterói e São Gonçalo. 20 -Carta Geológica d o Distrito Federal. 21 -Carta Geológica da Baia de Guanabara. 22 -Mapa geológico d o Estado d o Espfrito Santo. 23 -Levantamento expedito d o rio Paraná, da foz d o Parapanema d cachoeira das 7 Quedas. 24 -Reconhecimento geológico n o Estado d e Goiás. 25 -Reconhecimento do ria Dois Irmãos, n o Estado d e Mato Grosso. 26 -Reconhecimento d e Aquidauana a serra da Cascavel, Mato GTOSSO. 27 -Idem, d e Aquidauana ao rio Tabdco, e m Mato Grossa. 28 -Idem, d e Miranda a serra da Bodoquena, M. Grosso. 29 -Secçáo geológica da Gragoatá a ilha da Boa Viagem. 30 -Pedreira de Lewtinito n o morro d a Cavaldo. 31 -S e q á o geológica d o morro d a Armação. 32 -Estrutura geológica d o m o n o da Boa Vista. 33 -Afloramento de Grafita e m Macabu. 34 -Secções geoldgicas através da serra d e Itaitindiba. 35 -Esboços tectônicos através da Baixada Fluminense. O HOMEM E O BREJO À memória de meus avós maternos e paternos, senhores de engenho e m Airises (Campos) e e m São Tom6 (Itaboraí). As heróicas gerações de vaqueiros e lavradores, que, pelas armas e com a charrua, fizeram da ferra campista o maior centro agrícola do Brasil.
O Hóspede da Caverna
Existe um predador no interior de todos nós. Ele não existe para predar outras pessoas, mas para caçar a nós mesmos, devorando nosso discernimento, afastando a sabedoria. Foi criado a partir de nossos hábitos e padrões de comportamento insalubres, de nossas vaidades e egoísmos, e se alimenta de nossa energia mental, emocional e espiritual. Como todo predador, ele não age aleatoriamente e sem estratégia; fica à espreita e somente nos domina quando estimulado pelas circunstâncias, emoções e pensamentos que excitem sua ira. E nesta hora, como afirma Thich Nhat Hanh, o grande mestre budista da tradição Tiep Hien do zen vietnamita, fazemos coisas que não queremos fazer, dizemos coisas que não queremos dizer, pensamos coisas que não gostamos de pensar. Magoamos a nós mesmos e a outros, incapazes de agir com consciência plena. Esta é a Hora do Lobo, o momento em que caímos na mais lamentável cadeia de ações inconscientes e ignorantes, fundamentadas nos vícios de atitude que desenvolvemos ao longo de nossa vida
Cadernos Cajuína, 2018
Este paper resulta de uma pesquisa qualitativa baseada em crítica bibliográfica. O texto objetiva trazer contribuições para a comunidade acadêmica e o público em geral, no intuito de melhor esclarecer a figura do Cardeal Sebastião Leme, um dos mais importantes nomes da Igreja Católica brasileira em todos os tempos, e o principal, nas primeiras décadas do século XX. Essas reflexões têm como fio condutor as relações difíceis entre o Catolicismo e a Modernidade através dos séculos. Essa oposição deixa suas marcas nas palavras e obras do prelado. Graças ao trabalho dedicado de Dom Leme, do ponto de vista organizacional e estrutural, a Igreja avançará. Todavia, apesar de suas qualidades e do papel relevante desempenhado por ele, o clérigo se mostrou incapaz de trazer o novo tão necessário à Igreja.
Revista Eletrônica Interfaces, 2023
O artigo propõe-se desvelar as origens genéticas e publicísticas do emprego do pronome "nós" na terceira e na quarta estrofe do poema "Tarde de Maio", de Carlos Drummond de Andrade. O caráter dêitico do pronome se deve ao fato de que é evocado apenas em suas formas oblíqua ("nos ungiram") e oculta ("morremos", "espectrais", "desaparecemos"). Algumas perguntas deverão ser respondidas ao longo do artigo: por que, nessas estâncias, Drummond muda o registro de voz do "eu" para o "nós"? Quem seriam, nominalmente, os sujeitos desse "nós"? Quem unge o "nós" e por quê? A conclusão a que chegamos é de que o sujeito implícito sob o "nós" designa os poetas e prosadores das gerações de 1922 e 1930, "já então espectrais", fantasmagóricos, porque recobertos pelo "aveludado da casca" mortuária que nada mais seria senão o fardão da Academia Brasileira de Letras. Assim, Drummond, nessas duas estrofes finais do poema, fala como porta-voz de sua geração e descreve o ritual de mumificação dos "velhos" que foram "ungidos" pelos "novíssimos". UNDER THE “VELVETY BARK”: DRUMMOND AND THE TRAGICOMIC “MAY AFTERNOON” In this article I tried to reveal the genetic and publicistic origins of the use of the pronoun “us” in the third and fourth stanzas of the poem “Tarde de Maio”, by Carlos Drummond de Andrade. The deictic character of the pronoun is due to the fact that it is evoked only in its oblique (“nos ungiram”) and occult (“morremos”, “espectrais”, “desaparecemos”) forms. Some questions will have to be answered throughout the article: why, in these stanzas, Drummond changes the register of voice from “I” to “we”? Who would be, nominally, the subjects of this “we”? Who anoints the “us” and why? The conclusion we reach is that the implicit subject under the “we” designates the poets and prose writers of the generations of 1922 and 1930, “already then spectral”, ghostly, because covered by the mortuary “velvety bark” that would be the uniform of the Brazilian Academy of Letters. Thus, Drummond, in these two final stanzas of the poem, speaks as a spokesperson for his generation and describes the ritual of mummification of the “old” poets who were “anointed” by the “novíssimos”.
I Madalena, ou simplesmente Magdá, como em família tratavam a filha do Sr. Conselheiro Pinto Marques, estava, havia duas horas, estendida num divã do salão de seu pai, toda vestida de preto, sozinha, muito aborrecida, a cismar em coisa nenhuma; a cabeça apoiada em um dos braços, cujo cotovelo ficava numa almofada de cetim branco bordada a ouro; e a seus pés, esquecido sobre um tapete de pelos de urso da Sibéria, um livro que ela tentara ler e sem dúvida lhe tinha escapado das mãos insensivelmente.
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Existem especificidades no atendimento psicanalítico com crianças e adolescentes. O final do tratamento, que é um dos aspectos a serem destacados quando pensamos nesta clínica, encontra-se em relevo neste artigo, que interroga os limites da psicanálise com adolescentes, através da apresentação de um caso clínico no qual a autora relata os passos da análise de um menino, dos 11 aos 15 anos, levada ao seu término. O atendimento ao jovem serve de fundamento para a discussão mais geral sobre o final de análise, a partir dos avanços de Lacan acerca da topologia, especialmente aqueles apresentados no texto do Ètourdit (1972), retornando, a seguir, a questão para a clínica de adolescentes, na medida em que, segundo Freud, a incidência da "segunda onda de investimento da libido" tem conseqüências a serem ainda pesquisadas pelos analistas em seu aspecto teórico-clínico.
O filme se passa num futuro não muito distante do nosso tempo. O local é uma cidade litorânea dos Estados Unidos, mas o nome da cidade não é revelado. Pode-se explicar esta ausência do nome da cidade devido ao fato de que em muitas obras de ficção científica, como esta, os Estados Unidos não se apresentem como nós o conhecemos, ou seja, como um grande país, formado de muitos estados e cidades. A forma como nos é mostrada é como um conglomerado de blocos urbanos unificados, formados pelas cidades que conhecemos. Esta unificação pode se dar por questões políticas, sociais, ou mesmo de ordem natural, como o caso de uma catástrofe, como um terremoto ou maremoto. Além da área litorânea da cidade, local onde importantes momentos do filme se passam, mais precisamente os da família que " adota " o robô NDR 114, conhecido por Andrew, temos também a parte urbana, caracterizada pela evolução da tecnologia, mostrada em seus grandes e modernos edifícios, nos carros voadores e nas técnicas da ciência, como a medicina e, é claro, da robótica. Alias, esta tecnologia é mostrada durante todo o filme como estando sempre em permanente evolução, afinal de contas, a história se passa durante os 200 anos de " vida " de seu personagem principal, e num tempo tão longo, é evidente que o mundo não podia ficar sempre do mesmo jeito. Outros cenários de filme também são importantes, como a empresa que cria os robôs, palco de várias visitas de Andrew e seu dono, a fim de notificar as características incomuns daquela máquina. Temos também a empresa, pequena de início e depois grandiosa, onde Andrew e seu novo amigo e cientista Rupert Burns, desenvolvem mais e mais a " humanidade " do robô. Um fator importante para tal empreendimento é o capital investido por Andrew, resultado dos muitos anos em que ajudou seu dono no conserto e confecção de relógios. Quando o robô decidiu partir, seu dono achou melhor dar a parte do dinheiro que lhe cabia pelo seu trabalho, numa atitude que valorizaria ainda mais o lado humano de Andrew. Um outro local de muito significado é a casa de Andrew, construída por ele mesmo depois que sai para viver uma liberdade só sua. É interessante notar o momento em que ele termina de construir sua morada e a evolução que ele faz nela ao longo do tempo. Representa o potencial de uma pessoa em montar uma individualidade, através de um espaço exclusivo, mesmo que esta pessoa seja um robô. Cenários de um filme são planos de fundo para as situações dos personagens, e às vezes, eles interagem com os seres vivos, tornando-se partes de suas existências. Podemos dizer, que os cenários, os objetos, enfim, tudo o que nos cerca, mesmo que não possua vida própria, é parte de nossas vidas, podendo inclusive, nos levar a escolher um ou outro caminho. O cenário é muito importante, pois representa o meio em que vivemos e construímos nossa vida, tanto para nós mesmos, como para os outros que habitam este mesmo mundo ao nosso lado. Enfim, chegamos ao tão importante bicentenário, presente no título do filme. Este período de tempo é muito importante para a compreensão da história e para que possamos identificar cada personagem, cada momento, pois é o período em que Andrew aprende tudo de possível neste mundo, e parte na sua busca de se tornar um ser humano, procurando possuir em seu ser mais do que componentes eletrônicos e um cérebro positrônico. Os duzentos anos em que a trama se desenrola vão de 2005, tempo em que se inicia a saga de Andrew chegando à casa de seu dono e desempenhando as funções pelas quais fora programado (cuidar dos afazeres domésticos), até o momento em que ele morre, ou pára de funcionar, em meados de 2225, após ter adquirido praticamente todas as características humanas, desde as chamadas biológicas até as que se
2020
Amadeu Pinto de Araujo Pimenta was born on November 29, 1943 in Ponte de Lima, district of Viana do Castelo. He was Professor of Surgery at the Faculty of Medicine of the University of Porto (FMUP), Director of the Service of General Surgery of the Hospital de Sao Joao, President of the Portuguese Society of Surgery, Senior Researcher at the Institute of Pathology and Molecular Immunology at the University of Porto (IPATIMUP) and Member of the Northern and National Disciplinary Councils of the Portuguese Medical Association. He graduated in 1968 at FMUP. A few months after starting the Surgery Complementary Internship, in 1971, he was mobilized to Angola, where he served in the Military Service as a Surgeon’s Assistant. Returning from Angola, between 1973 and 1976, he resumed and completed his internship at the Service of Surgical Propaedeutics of the Hospital de Sao Joao. In 1977, he did an internship at the Service of Surgical Clinic of the Hospital Beaujon, in Paris, where he per...
É por oposição aos homens que os deuses homéricos se definem: ao contrário dos humanos, seres terrenos, os deuses são princípios celestes; à diferença dos mortais, escapam à velhice e à morte. Escapam à morte, mas não são eternos nem estão fora do tempo: em princípio pode-se saber de quem cada divindade é filho ou filha. A imortalidade, esta sim, está indissoluvelmente ligada aos deuses que, por oposição aos humanos mortais, são freqüentemente designados de "os imortais" e constituem, em sua organização e em seu comportamento, uma sociedade imortal de nobres celestes. Em Homero, a noção de virtude (areté), ainda não atenuada por seu posterior uso puramente moral, significava o mais alto ideal cavalheiresco aliado a uma conduta cortesã e ao heroísmo guerreiro. Identificada a atributos da nobreza, a areté, em seu mais amplo sentido, designava não apenas a excelência humana, como também a superioridade de seres não-humanos, como a força dos deuses ou a rapidez dos cavalos nobres. Só algumas vezes, nos livros finais das epopéias, é que Homero identifica areté com qualidades morais ou espirituais. Em geral, significa força e destreza dos guerreiros ou dos lutadores, valor heróico intimamente vinculado à força física. A virtude em Homero é, portanto, atributo dos nobres, os aristoi. Estreitamente associada às noções de honra e de dever, representa um atributo que o indivíduo possui desde seu nascimento, a manifestar que descende de ilustres antepassados. Os heróis, quando se apresentam, fazem questão, por isso mesmo, de revelar sua ascendência genealógica, garantia de seu valor pessoal. Os aristoi — os possuidores de areté — são uma minoria que se eleva acima da multidão de homens comuns: se são dotados de virtudes legadas por seus ancestrais, por outro lado precisam dar testemunho de sua excelência, manifestando as mesmas qualidades — valentia, força, habilidade — que caracterizaram seus antepassados. Essa demonstração do valor inato ocorria sobretudo nos combates singulares, nas justas cavalheirescas: as "aristéias" dos grandes heróis épicos. Séculos mais tarde, o pensamento ético e pedagógico de Platão e de Aristóteles estará fundamentado, em grande parte, na ética aristocrática dessa Grécia arcaica expressa nas epopéias homéricas. Só que — sinal de outros tempos — naqueles pensadores a aristocracia de sangue será substituída pela "aristocracia de espírito", baseada no cultivo da investigação científica e filosófica. Homero parece participar da crença, comum a várias culturas primitivas, de que o homem vivo abriga em si um "duplo", um outro eu. A existência desse "duplo" seria atestada pelos sonhos, quando o outro eu parece sair e realizar peripécias, inclusive envolvendo outros "duplos". A essa concepção de uma dupla existência do homem — como corporeidade perceptível e como imagem a se manifestar nos sonhos — está ligada a interpretação homérica da morte e da alma (psyché). A morte não representaria um nada para o homem: a psyché ou "duplo" desprender-se-ia pela boca ou pela ferida do agonizante, descendo às sombras subterrâneas do Erebo. Desligada definitivamente do corpo (que se decompõe), a psyché passa então a integrar o sombrio cortejo de seres que povoam o reino de Hades. Permanece como uma imagem ou "ídolo", semelhante na aparência ou corpo em que esteve abrigada; mas carece de consciência própria, pois nem sequer conserva as "faculdades" espirituais (inteligência, sensibilidade etc.). Impotentes, as sombras vagantes do Hades não interferem na vida dos homens; assim, não há por que lhes render culto ou buscar seus favores. Humanizando os deuses e afastando o temor dos mortos, as epopéias homéricas descrevem um mundo luminoso no qual os valores da vida presente são exaltados. Se isso corresponde aos ideais aristocráticos da época, representa também o avanço de um processo de racionalização e laicização da cultura, que conduzirá à visão filosófica e científica de um universo governado pela razão: séculos mais tarde, o filósofo Heráclito de Éfeso fará de Zeus um dos nomes do Logos, a razão universal. Na verdade, a Homero os gregos antigos voltarão sempre, não apenas para buscar modelos poéticos: temas e personagens homéricos serão freqüentemente utilizados pelos pensadores para servir de paradigmas ou de recursos argumentativos. As aventuras e o périplo de Ulisses, por exemplo, serão tomados, sobretudo a partir do socratismo dos cínicos, como símbolos morais. O Ulisses que retorna à pátria depois de arrostar e vencer inúmeros perigos e tentações seria o próprio símbolo dos esforços que a alma humana teria de realizar para voltar à sua natureza originária, à sua essencialidade — essa
Vita Scientia, 2019
Tradução, do inglês para o português, do texto original de 1912 da descoberta feita por Charles Dawson dos primeiros fósseis do espécime conhecido como Homem de Piltdown. Acompanha artigo sobre a repercussão que esses fósseis causaram na comunidade científica da época, já que tinham dificuldades em classificar o suposto indivíduo entre os outros hominídeos conhecidos. As dúvidas perduraram por cerca de 50 anos até que os fósseis fossem confirmados como fraude. Translation, from english to portuguese language, of the original article from 1912 on the discovery , by Charles Dawson, of the first fossils of the specimen known as Piltdown Man. Followed of an article about the repercussion these fossils caused on the scientific community of that time, since it was difficult to classify this assumed individual among other known hominids. The veracity of this find was questioned over 50 years until it was confirmed as a hoax.
Anuário de Literatura
Nesse artigo, o poema em prosa "Umbra”, de João da Cruz e Sousa (2008 [1891]), é tomado como epítome do espaço urbano derruído, reportando-o a Charles Baudelaire e ao poema pós-simbolista “Sub-umbra”, de Artur de Sales (1987 [1950]), como enunciação do estranhamento saturnino (Giorgio Agamben) e da renúncia (Paul Valéry) em justaposição ao conceito de “fugacidade eterna” (BENJAMIN, 2006). Nessa dialética, a imagem do afloramento calcário descrito em Umbra encontra as relações entre memória e estratigrafia de Walter Benjamin e, tendo por objeto esse “quadro micrológico da cultura cotidiana” (BOLLE, (2006 [1994]), o poema em prosa do século XIX se desdobra em textos contemporâneos – devir-barro no romance de Itamar Vieira Júnior; geocrítica de José Miguel Wisnik; tugurização e contra-arquitetura de Antonio José Ponte e simbolismo experimental de Claudio Daniel – e no site-specific Testemunho, do artista Daniel de Paula, à procura de registrar a fugacidade urbana em seu devir-natu...
O Homem Elefante, 2015
O livro narra a vida de Joseph Carrey Merrick (1862-1890), mais conhecido como O Homem Elefante, de acordo com as reminiscências de seu médico Sir Frederick Treves, sua autobiografia, relatos epistolares e científicos. Tradução: Leandro Ayres França. Apoio: Instituto Tolerância e minima.fm
Resumo Neste estudo apresenta-se o tema das gemas e dos camafeus. Depois de uma breve descrição sobre as fontes e os métodos usados pelos gravadores de gemas e de camafeus na antiguidade, abordámos a questão da recepção e produção deste tipo de objectos em época renascentista e moderna. Abstract In this paper a study on gems and cameos is presented. After a brief description of the sources and methods used by engravers of gems and cameos in Antiquity, we address the question of reception and production of such objects in the Renaissance and in the Modern Period.
Sem controvérsia, assume-se que a problemática ambiental é acima de tudo um problema ético e que a crise e a devastação ecológicas contemporâneas se devem sobretudo à irresponsabilidade da ação e à pressuposição de que a natureza e as entidades naturais são meros recursos para satisfazer os interesses humanos.
Resumo: Neste texto, procuraremos verificar o modo como a "Mensagem" de Fernando Pessoa se contrapõe ao sentimento de decadência que, desde meados do séc. XIX, domina o imaginário europeu Palavras-chave: Fernando Pessoa, decadência, Europa. Abstract: In this paper we will try to verify how the "Message" of Fernando Pessoa is opposed to the feeling of decay that, since the mid-century. XIX, dominates the European imagination
Saberes Revista Interdisciplinar De Filosofia E Educacao, 2010
Resumo: Para o filósofo marxista tcheco Karel Kosik, o século XX foi caracterizado pela profunda alienação da humanidade, alienação engendrada pelo fisicalismo positivista, que transformou os homens em meros manipuladores de máquinas, instrumentos e mesmo de outros ...
Separata de «Almanaque de Ponte de Lima 1980», 1979
Marechal Rodrigo Luciano de Abreu de Lima, n. 13 de Dezembro de 1783, uma pequena biografia.
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