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Este trabalho investiga alguns aspectos de um repertório de obras do gênero que convencionou-se chamar nas últimas décadas de arte sonora (sound art). Será dada especial atenção às aproximações e diferenças desse repertório em relação à produção musical e analisados como os conceitos de tempo e espaço são utilizado na arte sonora. Para isso são levantados alguns exemplos de obras significativas no gênero.
Este trabalho procura aproximações entre os conceitos de som 1 e espaço na esfera da visibilidade e não-visibilidade da cena. Considerando que tanto o drama radiofônico e a performance de palco utilizam o som, proponho reflexões sobre as diferenças entre estes dois gêneros de teatro, como: a) o grau ou a maneira em que ocorre o envolvimento e a compreensão do espectador com o espetáculo; b) como podemos compreender algumas diferenças produtivas entre os dois distintos procedimentos dramatúrgicos.
O campo das expressividades musicais tem sido alvo de inúmeras discussões nos estudos da música e da estética. Sob a luz das ciências cognitivas, principalmente a partir das áreas da filosofia, da psicologia e da semiótica, propomos uma revisão de conceitos pertinentes a essa discussão. Assim, sugerimos dois tipos básicos de expressões musicais, a expressão de tempo e a expressão de espaço, as quais constituem um primeiro nível representativo dos objetos musicais, enquanto entidades passíveis de representar algo diferente do som que os produz. É através da diferença entre estes dois tipos de expressão que entendemos um objeto musical, sobretudo sua relação com o ouvinte. Desse modo poderemos classificar a experiência com o objeto musical de modo mais interiorizada ou mais exteriorizada e, assim, discutir as possibilidades representativas da música.
Anais do 27o Encontro da Anpap. São Paulo: Universidade Estadual Paulista (UNESP), Instituto de Artes, 2018. p.3053-3066., 2018
Thiago R / UNESP RESUMO O artigo propõe uma reflexão sobre o uso do som como elemento formador do trabalho artístico contemporâneo. Tal investigação relaciona os conceitos históricos da Arte Sonora (Kahn, LaBelle e Iturbide) com o percurso poético do próprio artista, a partir das obras "Escuta-ação Espiral" e "Audiotáteis". Deste modo, pretende contribuir segundo uma abordagem semiótica (Plaza) sobre o trabalho sonoro-visual híbrido (Valente)-com pesquisa na perspectiva do processo criativo com os meios eletrônicos e sua formatividade contribuinte entre autoria e recepção.
This research is a reflection on spatial-temporal relationships that emerge from media art works, mainly on the border between real and virtual reality. The investigation is based on the concept of a space-time arrangement, which we define as timescapes. Therefore we developed a cartography that combines technology development, its imbrications and relations with contemporaneity and artistic events, observing how the relationships have changed In relation to the time. The research also includes a set of analyses of media artworks like Blast Theory, Rafael Lozano-Hemmer, Jeffrey Shaw, Giselle Beiguelman and from numerous others.
O presente texto problematiza a questão da temporalidade do som em audiovisual e objetiva a reflexão acerca do uso desta variável na construção do discurso fílmico, de modo a potencializar seu emprego para além da relação básica e direta entre som e imagem. Para isso, aproxima reflexões de Andrei Tarkovski relativas à montagem e edição fílmica do livro Esculpir o Tempo com conceitos utilizados na música e possibilidades do som para audiovisual.
Este artigo trata de analisar como o compositor Roberto Victorio trata em sua música o conceito de timbre, tempo e espaço, tendo como base as abordagens do próprio compositor e as partituras de algumas de suas peças.
Caderno de Resumos Expandidos: De pesquisas em Arquitetura e Urbanismo, 2022
In: X Colóquio de Pesquisa e Desenvolvimento Científico PPGAUR-USJT, 2022, São Paulo. Caderno de Resumos Expandidos: De pesquisas em Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Ed. dos Autores, 2022. p. 161-166. ISSN 9786500592276
Revista do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação da Universidade de Brasília , 2018
O artigo discute como a categoria historiográfica do tempo se manifesta em espaços expositivos. O estudo de duas instituições - o Museu Histórico Nacional (MHN), localizado na cidade do Rio de Janeiro, e o Museu de Artes e Ofícios (MAO), em Belo Horizonte - analisa a interposição entre a concepção do desenho espacial expositivo e o conceito narrativo, focalizando a representação temporal em ambas as exposições de longa duração. Por meio do processo de espacialização de acervos orientado pelo conceito curatorial, as representações de tempo ganham materialidade como imagens e se oferecem à experiência sensível do público. O artigo é resultado da pesquisa "História, herança cultural e temporalidade: conhecimen-to e imaginário museológico", desenvolvida com o apoio da Fapemig-Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais. 2 Professora Adjunta da Escola de Ciência da Informação da UFMG, atuando especialmente no Curso de Graduação em Museologia.
Este estudo é parte de um trabalho de análise da obra "Água e Vinho" de Egberto Gismonti, segundo um aabordagem fenomenológica. Para tal, um revisão de alguns verbetes e seus conceitos foi necessária. Ei-la. O primeiro conceito a ser revisto é o de música. Segundo a definição de Clifton, traduzida por Freitas (1997:24): "Música é um arranjamento ordenado de sons e silêncios cujo sentido é presentativo ao invés de denotativo. (...) música é a realização da possibilidade de qualquer som apresentar a algum ser humano um sentido que ele experimenta em seu corpo".
2018
Resumo: Neste texto discutem-se os efeitos de sentido gerados a partir de instâncias de atravessamento em trabalhos de arte sonora em circuitos de arte contemporânea. Nas interseções entre som e imagem, operam aberturas de significado que atravessam instâncias de percepção e fruição. Como fundamento para essas reflexões, utilizou-se a série "Objetos Sonoros" (2017) de modo a estabelecer relações teóricas iniciais sobre os sentidos das mediações tecnológicas presentes em nossas interatividades cotidianas com objetos do universo semântico do som. Conclui-se apontando-se para uma dimensão poética da escuta e do discurso, nas potencialidades de uma estética relacional.
Revista Cacto, 2023
RESUMO: O Tempo é um parâmetro importantíssimo na música, seja ao pensarmos em estrutura e forma musical, andamentos, ou o próprio som de maneira mais ampla. A área de música, dada sua natureza artística, apresenta diversas concepções e formas de desenvolvimento do parâmetro Tempo por diferentes compositores, em suas obras musicais e trabalhos teóricos. Este artigo apresenta resultados de investigação acerca dessas diferentes concepções, a maneira pela qual os compositores pensam e desenvolvem o Tempo em suas peças e, também, incentivar pesquisas e experimentações que explorem novas maneiras através das quais o Tempo pode ser pensado, e utilizado, na área de música. Revista Cacto v.3, n.2, e23013
Pós. Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, 2008
pós n.23 • são paulo • junho 20 08 Resumo O presente artigo explora e discute as características mediadoras dos referenciais: espaço, tempo e lugar, assim como suas influências nos processos de construção social. Aborda a decorrência da relação homem/espaço/tecnologia na conformação da identidade dos espaços de domínio e na caracterização deles, ao mesmo tempo, como herança e patrimônio culturais de seus usuários. Explora também, de forma sucinta, a interferência do modelo capitalista vigente e sua predominância, por intermédio das classes hegemônicas, na definição das estratégias de intervenção, qualificação e apropriação dos espaços. Finalmente, aponta para a possibilidade/necessidade de buscar-se fórmulas não-excludentes para a conformação/requalificação de espaços de plena fruição como instrumentos de redução das diferenças e de reconciliação social. Palavras-chave Espaço, lugar, tempo, construção social, contradições do espaço, espaços de consumo, espaços de produção.
Semeiósis: Semiótica e Transdisciplinaridade em Revista, 2011
Neste início de século, observa-se na arte um movimento de integração envolvendo diferentes áreas de conhecimento. No fim do século anterior já se notava tal aspecto (vídeo-arte, happening, instalações). Na música, a paisagem sonora é um tipo de obra que representa tal integração. assim, este artigo apresenta a paisagem sonora como obra de uma estética que mistura aspectos auditivos e visuais em sua criação e apresentação. a primeira parte do texto aborda a relação entre artes visuais e música e as correlaciona aos diferentes modos de percepção humana. Novas ferramentas para a arte proporcionam um hibridismo no espaço de dados, de produções e percepções artísticas. a segunda parte trata da dissolução das fronteiras entre os modos de atenção ao mundo e às linguagens. a terceira etapa situa a paisagem sonora como obra híbrida, uma vez que possibilita maior integração com a adoção de procedimentos composicionais, cuja compreensão apoia-se em estudos sobre a percepção e a cognição, por meio das abordagens da semiótica peirceana e da ecologia gibsoniana. palavras-chave: paisagem sonora híbrida; paisagem sonora biocíbrida; arte contemporânea abstract In the first years of the 21st Century, it is possible to see in Arts a movement of integration involving different fields of knowledge. Some years ago, in the last times of the 20th Century, we could already notice this aspect (videoart, happenings and installations). The musical landscape (or " soundscape ") is an example of this process. Concerning to that, this article presents the soundscape as an aesthetic work of mixing visual and audial aspects in its creation and presentation. The first part of this article is about the relation between visual arts and music, and the different ways human perception can feel it. New Art tools bring hybridism to the data, the production and the artistic perception spaces. The second part of this article is about the dissolution of boundaries between the ways that world and languages are presented. The third part of this text points soundscape as a hybrid work, once its comprehension is based on studies on perception and cognition, according to Peirce's semiotics and Gibson's ecology.
Revista VIS: Revista do Programa de Pós-Graduação em Arte
No presente artigo, refletimos sobre os conceitos de Ritmo e Tempo por meio de uma ótica holística. Há muito se questiona e tenta-se entender a natureza do tempo e do ritmo no campo da filosofia, da psicologia, da história, das artes e das ciências. Utilizados de formas transversais nas diferentes culturas e atividades humanas, os termos nem sempre se apresentam em concordância nos seus significados, sendo utilizados nos mais diversificados contextos. Como percebemos o ritmo e o tempo, e como estes se inter-relacionam com as artes, conduz nossas reflexões sobre este assunto que ainda se apresenta como um tema desafiante e intrigante.
XXVI Anppom, 2016
Resumo: Dentre os vários conceitos de espaço utilizados em música, pretendemos aqui explorar um pouco as dicotomias entre o espaço interno e externo, e os espaços intrínsecos e extrínsecos, utilizados em composições acusmáticas, principalmente os abordados por Smalley, Vaggione, Chion, Barrett e Dignart. Palavras-chave: Espacialização. Espaço Sonoro. Música Eletroacústica. Composição Musical. Música Contemporânea.
Sumário: Este texto é um recorte de minha pesquisa de doutorado, intitulada RadioPaisagem (a escuta de paisagens sonoras no rádio), que trata da arte acústica no rádio. Na pesquisa, além do trabalho de criação acústicaa peça radiofônica Brasil Universo (45'09")trato dos desdobramentos desta arte de mídia no transcorrer do século XX, assim como sobre uma práxis que entendo ser de fundamental importância, dentro ou fora do âmbito radiofônico: a Poética da Escuta. Nesta exposição, proponho apresentar algumas idéias do esteta francês Réné Farabet, no que diz respeito a uma distinção entre rádio artístico e práticas radiofônicas inartísticas, baseadas em conceitos expostos por Michel Foucault em sua conferência Espaços-outros: Utopias e Heterotopias, realizada no Centre d'Études Architeturales de Paris em 1967.
(Re)existências: anais do 31º encontro nacional da ANPAP, 2022
10.29327/31ENANPAP2022.501342 Este trabalho discute a arte sonora, uma arte que se realiza geralmente em instalações e desenvolve suas práticas tornando evidentes as relações entre som e espaço-arte e arquitetura. Para tanto, a discussão é realizada principalmente a partir de autores como Campesato e Iazzetta (2006), Campesato (2007) e Blesser e Salter (2007). Trata-se de uma pesquisa inicial com objetivos exploratório e de revisão da bibliografia especializada sobre o tema. Por fim, o som é um elemento central que não pode ser separado do espaço sem destruir a obra de arte que está sendo proposta, assim, som e espaço são inseparáveis, quando nos encontramos frente a uma obra de arte sonora. As reflexões aqui apresentadas, que tratam sobre arte (instalações), arquitetura (espaço) e música (som), formam um corpo teórico preliminar que dá sustentação para ponderações mais aprofundadas. PALAVRAS-CHAVE Arquitetura aural. Arte sonora. Espacialidade sonora. Instalação sonora.
Aos meus pais, por me darem o espaço necessário às escolhas, pela disposição à dúvida nos momentos em que eu não sabia para onde ir, pelo intenso suporte e por abdicarem, em saudade, a minha presença nos seus cotidianos. Aos meus irmãos, Leíza e Gustavo, que, cada um de seu modo, meu auxiliaram durante este trajeto, seja pela troca de experiências sobre o mundo da pesquisa, pela torcida constante e pela confiança em meu potencial. Aos professores da graduação na Universidade Federal de Goiás, de Catalão, em especial à Tânia e ao Maurício por sempre me lembrarem qual era o meu lugar, à Renata e à Emilse pelo apoio e curiosidade sobre meu trabalho, à Elzilaine pela troca de saberes acerca da subjetividade e da contemporaneidade, à Karine e ao Fernando por me mostrarem o dever e a responsabilidade em desnaturalizar o mundo. Aos meus amigos de Catalão por sempre me darem apoio e por impulsionarem ainda mais os meus caminhos, pela convivência, pelas conversas sobre a vida e sobre meu tema, pela vontade em saber sobre meu trabalho. Aos amigos de Brasília, os novos e os que já estão há mais tempo, por me acolherem nesta cidade estranha de gente esquisita e por me fazerem sentir em casa. Ao meu primo Marcos por me acolher num primeiro momento durante o processo seletivo e no começo de tudo. À Cida e à Isabelle, minha segunda família, com quem dividi a vida nestes últimos tempos, por me levarem para dentro de sua casa, pelas alegrias e dificuldades, pelas novidades apresentadas e pelo companheirismo e amor. Aos professores do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura da Universidade de Brasília por compartilharem conhecimentos que eu jamais pensei que pudesse alcançar. Aos colegas do Laboratório de Psicanálise dos Processos de Subjetivação pelas discussões, pelos trabalhos compartilhados, pelas ideias e sugestões tão válidas, pelas risadas e pela ajuda mútua. À Michele e ao André, pela troca de incertezas e angústias e por estenderem nossa relação para além da universidade. À professora Terezinha de Camargo Viana por ter aceito minha proposta de pesquisa e por me fazer pensar um assunto tão vasto quanto o tempo. Obrigado por receber meus devaneios, filtrar aquilo que era importante e rir do que não fazia o menor sentido. Obrigado pelos encontros sempre divertidos, leves, requintados e singelos ao mesmo tempo. Obrigado por produzir conosco conhecimentos de forma séria, firme e também liberta, o que é uma capacidade de poucos. A admiração e o grande respeito vindo por parte de seus colegas e amigos não são em vão. À Márcia Portela por aceitar, com grande disponibilidade e entusiasmo, a coorientação deste trabalho, pelas reuniões sempre aconchegantes e produtivas, pela aposta no meu tema e objeto de estudo, por ouvir o que eu queria dizer, mesmo que nas entrelinhas ou quando eu não sabia como expressar. Me sinto muito grato e honrado em trabalhar com uma pessoa tão competente em sua escuta e interpretação das relações. Às professoras Daniela Chatelard e Priscilla Lima por aceitarem participar da banca examinadora desta dissertação. Tenho certeza que trarão sugestões e construções importantes para este trabalho, bem como para produções futuras. À Universidade de Brasília e ao Instituto de Psicologia pela possibilidade institucional de realização de minha pesquisa, no meu tema de interesse. Por misturar concreto e natureza, por trazer paz e inquietação, pela energia transmitida através de sua história e de seus corredores, pelos espaços inacreditáveis que ali se encontram, pela diversidade de seus sujeitos. Ao CNPq pelo incentivo financeiro que fez sustentar este trabalho e por me fazer reconhecer ainda mais a importância da pesquisa. Batidas na porta da frente é o tempo Eu bebo um pouquinho pra ter argumento Mas fico sem jeito, calado, ele ri Ele zomba do quanto eu chorei Porque sabe passar e eu não sei Um dia azul de verão, sinto o vento Há folhas no meu coração é o tempo Recordo um amor que perdi, ele ri Diz que somos iguais, se eu notei Pois não sabe ficar e eu também não sei E gira em volta de mim, sussurra que apaga os caminhos Que amores terminam no escuro sozinhos Respondo que ele aprisiona, eu liberto Que ele adormece as paixões, eu desperto E o tempo se rói com inveja de mim Me vigia querendo aprender Como eu morro de amor pra tentar reviver No fundo é uma eterna criança que não soube amadurecer Eu posso, ele não vai poder me esquecer Resposta ao Tempo-Aldir Blanc e Cristóvão Bastos Resumo Esta dissertação trabalha o entrelaçamento entre tempo e processos de subjetivação. O principal objetivo deste trabalho é entender e problematizar como se dá histórica, social e culturalmente as percepções temporais no sujeito, reconhecendo a vulnerabilidade humana frente ao real do tempo. Para isso, utilizou-se da Psicanálise, das Ciências Sociais, da História e da Arte, em específico as músicas da cantora baiana Pitty, para reconhecer possíveis inscrições destas percepções. Neste sentido, o tempo é entendido enquanto um símbolo social que não diz apenas de uma construção humana e nem exclusivamente de um dado do transcorrer natural. O tempo é, por isso, um processo de subjetivação, a própria subjetividade, a partir do desenvolvimento de determinados processos históricos e sociais. Num primeiro momento são resgatadas percepções acerca do assunto do tempo em alguns contextos históricos, perpassando pelas idades Antiga e Média até reconhecer o caráter disciplinatório e onipresente que o tempo adquire na vida humana a partir da Modernidade e, consequentemente, nas sociedades ocidentais mais atuais. Percebe-se a transição de um tempo externo, da natureza ou divino, para um tempo interno, a partir da emergência de um sujeito histórico dotado de interioridade. Este movimento se deu através de transformações socioeconômicas que propiciaram a configuração da existência humana como tempo. A partir disto, em uma segunda parte, buscamos entender a diferenciação do caráter social e cultural do tempo ao longo do processo civilizatório, o que permite trabalhar mais detalhadamente a constituição temporal do psiquismo e a relação entre tempo e pulsionalidade, que obedecem a formas culturais de satisfação. Neste momento, o tempo não só exige satisfação mas passa a ser confundido enquanto próprio objeto de satisfação, uma vez que as determinações sociais e culturais modelam as percepções subjetivas e as formas de existências pautadas em um tempo que deve ser buscado e que ainda não está, através da ação. O tempo entrelaçado ao desejo gera e é sintoma, já que leva o sujeito a encarar de frente não só o seu aspecto simbólico, mas também o seu real, aquilo que não se pode representar sobre o tempo, sobretudo, o encontro com o fim, reconhecendo a vulnerabilidade humana frente ao real do tempo. Estas discussões permitem, no terceiro momento deste trabalho, a aventura através da Arte como forma de dar um significado às experiências subjetivas acerca do tempo enquanto desejo e sintoma. Sendo assim, através das músicas de Pitty, reconhecemos um sujeito que sofre por um tempo que exige aproveitamento e que se entrelaça com o desejo humano, além de deixarem explícitas formas vigentes do tempo, que se alternam entre aceleração e desaceleração, pautadas pela noção do eterno presente que vangloria o agora como único momento de se fazer a vida. Reconhecemos também, através das expressões da cantora, uma necessidade de suspender o tempo para se aproveitar o momento de forma significativa e o encontro com o outro e consigo mesmo, fundamentais para se criar uma resistência às formas de vida pautadas nas políticas do tempo atuais.
Anais do IX Colóquio de Literatura, Linguística e Escrita Criativa, 2016
Entre as várias questões através das quais uma obra literária pode ser analisada, uma das mais relevantes é o estudo de como o tempo é articulado no seu interior. O tempo nunca possui um conceito único. Ao contrário, ele é maleável, dependendo mais do observador que sofre os seus efeitos do que da sua passagem. Quando o leitor se encontra diante de uma obra literária, várias noções de tempo colidem e precisam de ajuste: o tempo do leitor (o quanto ele dispõe para a leitura), o tempo da escritura (o quanto o autor levou para redigir o texto), o tempo em que a narrativa foi elaborada (pois não se pode deixar de lado o momento cronológico em que determinada obra foi concebida), o tempo em que o livro se passa (o qual não necessariamente está em consonância com o momento da sua escritura), o tempo dos acontecimentos da narrativa (algo que se relaciona de forma intrínseca com a própria noção aristotélica de verossimilhança interna da obra), o tempo das personagens (a maneira com que elas lidam com o tempo das suas existências ficcionais), entre outras modalidades temporais que podem estar presentes. Diante de tais circunstâncias, é possível afirmar que boa parte do sucesso ou fracasso da aparência de verdade articulada no interior de qualquer obra artística relaciona-se à maneira através da qual ela se relaciona com as várias modalidades de tempo. No decorrer da escritura da minha tese em Escrita Criativa pela PUCRS, provisoriamente intitulada A nota amarela, deparei-me com um dilema ligado de forma intrínseca à narrativa ainda em construção: o tempo da música. Como o romance que estou elaborando encontra-se conectado à execução do "Concerto para Violoncelo de Elgar" realizada pela musicista Jacqueline Du Pré em 1967, e sobre a qual existe um vídeo, tornou-se imprescindível conectar o tempo da narrativa ao tempo da música-e ao tempo da gravação-em uma justaposição temporal que abriu uma série de indagações e dúvidas sobre as quais uma pesquisa teórica se tornou inevitável. Toda vez que surge alguma questão nebulosa em matéria literária, é interessante ver como outros escritores lidaram com o mesmo problema.
Revista da ANPEGE
Este artigo apresenta a investigação com o objetivo de mostrar como a Cartografia pode ser abordada em sala de aula por meio de uma sequência didática, partindo do lugar de vivência dos alunos. O processo investigativo esteve integrado à cidadania, ao envelhecimento e a seus desdobramentos. Como fundamentação teórico-metodológica, utilizou-se como base a pesquisa qualitativa. Os procedimentos foram: representações elaboradas pelos alunos e por idosos de um local comum; entrevista aos idosos; diálogos dirigidos; análises de imagem de satélite e espacialização de dados em mapas. A sequência didática possibilitou a compreensão do processo de mapeamento. As abordagens educativas aplicadas possibilitaram, ainda, superar a costumeira mediação de conceitos cartográficos de forma mnemônica e sem conexão com a realidade do aluno. Conclui-se que unir os saberes de duas gerações, tendo o lugar de vivência como base, possibilita a construção de relações interpessoais empáticas e permite mediar...
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