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1996, Estudos Ibero-Americanos
A partir do período que poderíamos denominar tempos modernos-principalmente após a Revolução Industrial-há uma grande revolução na forma de distribuição da afetividade, e o sentimento que antes estava difuso entre vários sujeitos, naturais e sobrenaturais, passa a concentrar-se então no interior da família, correspondendo a uma supervalorização da família nuclear burguesa predominante na nova sociedade, em detrimento a outras formas de convivência. Doravante, a vida de cada trabalhador será partilhada, preferencialmente, entre dois pólos, o de seu trabalho e o de sua família, inclusive como uma forma disciplinadora de sua conduta, sendo que este trabalhador apenas eventualmente poderá escapar à regra, buscando, entre o espaço da família e o do trabalho, um lugar de encontro e animação, os bares, os cafés, a cidade. A implacável regra de conduta para aqueles que não trabalham, ou não trabalham mais (mulher, criança velho), é a Este artigo só se tornou possível graças a uma entrevista que me foi concedida pelo Sr. Marat Martins Budaszewski, filho de Zenon de Almeida (Budaszewski) e Eulina Martins Budaszewski. A ele, fonte viva e lúcida de nossa memória operária, gostaria de dedicar esse trabalho. Mestranda em História do Brasil do Curso de Pós-Graduação em História-PUCRS.
Análise da trajetória pessoal de criação, considerando o conjunto de trabalhos produzidos entre 2000 e 2013, em que a autorrepresentação torna-se a tônica da trajetória poética. Nestes trabalhos, o espaço doméstico assume importância fundamental, pois nele ocorre a interpenetração do fazer cotidiano (arrumar a casa) e o fazer artístico, da morada com o atelier. Dentro da casa se descortina uma "população de objetos" que traduz um sujeito. A casa se presentifica ainda como tema, pelo uso múltiplo dos seus objetos e por meio de ações, verbos escritos em textos e pensados como imagens. Tramo tal análise com questões da antropologia, filosofia e história das mentalidades.
2021
Da senzala ao quartinho dos fundos: ativismo e sindicalismo do trabalho doméstico no Brasil 383 Resumo Este trabalho analisa o processo de organização e de luta de ativistas e sindicalistas do Sindicato de Trabalhadoras Domésticas de Campinas -SP, assim como a trajetória dessas trabalhadoras domésticas como sujeitas políticas. Para tanto, por meio de entrevistas com ativistas, serão coletados relatos a respeito da jornada dessas mulheres, para testar a hipótese de que o trabalho doméstico remunerado no Brasil expressa um conflito central da sociedade brasileira, envolvendo: trabalho produtivo e reprodutivo e desigualdades de raça, gênero e classe. Aprofundando a hipótese, teríamos que a centralidade de tal conflito seria, paradoxalmente, um fator significativo para a invisibilidade dessa atividade e a ausência de direitos dessa classe trabalhadora.
N o começo dos tempos, o Cosmos estava infinitamente quente: pó, estrelas, tormentas de gravidade e explosões animavam o céu iluminado, ainda carente de escuridão. Durante esse primeiro período, as fusões nucleares cozinharam novos elementos: as compactas partículas de hi-drogênio e hélio deram vez a outras partículas mais complexas, como o ferro, o cálcio e o carbono. No entanto, pouco a pouco, aquele calor primordial foi se diluindo, detendo esse acelerado processo de expansão. A eclosão se deteve. A energia cósmica se distribuiu entre as luzes e a escuridão. Pese a isto, a expan-são, mediante choques que deram corpo aos elementos, continuou empurrando a muralha do infinito, como se se tratasse do fruto daquela diminuta eclosão cósmica.
MARTINS, Marcos Francisco (org.). Lutas sociais em Sorocaba/SP ontem e hoje: Greve Geral de 1917, embate antifascistas de 1937 e mobilizações atuais. São Paulo: Edições Hipótese, 2018
Grande parte das recentes discuss6es filosoficas sobre o anarquismo exibem uma fastidiosa falta de clareza devido ao falhanqo. por parte dos teoricos da politica, duma cuidadosa definigEo dos termos <anarquia>" <anarquista>> e <anarquismo>. Este falhango resulta. creio eu, da negligOncia havida sobre v6rios topicos relevantes para o assunto. comopara dar alguns dos exemplos mais importantesa natureza da teoria anarquista classica. a historia do movimento anarquista e numerosas tentativas de experimentar a teoria e aprhtica anarquistas na realidade contemporlnea. Neste ensaio serfi feita uma tentativa de formular uma definigio que tenha em conta todos os aspectos sigrrificantes do anarquismo:
SUMÁRIO. 1. Introdução. 2. 2. Importância da conciliação entre trabalho e família. 3. Direito ao trabalho e direito à família. 4. O conflito entre trabalho e família. 5. Políticas de conciliação. 6. Conclusão. 1. Introdução Nos últimos anos a questão relacionada à conciliação entre o trabalho e a vida familiar tem sido objeto de largos estudos e demandas, cobrando, inclusive, a implantação de programas ou políticas internacionais ou nacionais voltadas a satisfação desse objetivo, inclusive em face da inequívoca realidade social que se apresenta em relação às responsabilidades de todos os integrantes família para com si mesmos. No Brasil, infelizmente, salvo raros trabalhos, pouco se estuda e se debate sobre essa questão. E ela se revela importante, já que a conciliação entre o direito à convivência familiar e o trabalho se presta a fundamentar diversas decisões correlatas. Procurando contribuir para este debate lançamos adiante, portanto, as linhas mestras para uma política de conciliação entre o trabalho e a família 2. Importância da conciliação entre trabalho e família A conciliação entre o trabalho e a vida familiar, isto é, entre a necessidade/prazer do trabalho e os direitos e deveres que decorrem da vida no seio familiar, é de suma importância para a satisfação e realização dos desejos humanos. Tal decorre da necessidade ou prazer de se trabalhar para obtenção da renda para seu próprio sustento e de sua família, como do desejo de se realizar, em seus direitos e deveres, a partir da convivência com as pessoas que, geralmente, nos são mais caras.
MARTINS, Marcos Francisco (org.). Lutas sociais em Sorocaba/SP ontem e hoje: Greve Geral de 1917, embate antifascistas de 1937 e mobilizações atuais. São Paulo: Edições Hipótese, 2018
Revista Estudos Feministas, 2023
Modernos & Contemporâneos, 2022
Resumo: O presente artigo tem como proposta aproximar o daoísmo, tradição filosófica e religiosa chinesa que data de mais de dois mil anos, ao anarquismo. Para se atingir este fim, em um primeiro momento, será feita uma análise comparativa de conceitos base presentes nos dois sistemas de pensamento, onde procurar-se-á demonstrar algumas ideias e atitudes que são compartilhadas, em maior ou menor grau, por ambos. Em seguida, trechos dos dois livros clássicos do daoísmo serão utilizados, nomeadamente o 道德經 Dào Dé Jīng de 老子 Lǎozǐ e o 南華經 Nán Huá Jīng de 莊子 Zhuāngzǐ, para apontar e exemplificar estes conceitos em comum, partindo do pre-suposto de que os pensamentos anarquistas foram construídos ao longo da história, tendo surgido muito antes do estabelecimento do anarquismo como movimento político-social, no final do séc. XIX. Palavras-chave: Daoísmo; anarquismo chinês; Dao De Jing; Nan Hua Jing Abstract: This article proposes to bring Daoism, a Chinese philosophical and religious tradition that dates back more than two thousand years, to anarchism. To achieve this end, at first, a comparative analysis of the basic concepts present in the two systems of thought will be carried out, where some ideas and attitudes will be demonstrated that are shared, to a greater or lesser degree, by both. Then, excerpts from the two classic books of Daoism will be used, namely the 道德經 Dào Dé Jīng by 老子 Lǎozǐ and the 南華經 Nán Huá Jīng by 莊子 Zhuāngzǐ, to point out and exemplify these common concepts, starting from the assumption that Anarchist thoughts were built throughout history, having emerged long before the establishment of anarchism as a socio-political movement, at the end of the 19th century. Keywords: Daoism; Chinese anarchism; Dao De Jing; Nan Hua Jing
Este artigo analisa os processos de socialização política e politização vivenciados por famílias engajadas no MTST com ênfase sobre o papel da família na aquisição de valores; a ressignificação de valores e atitudes em função de determinadas experiências individuais e/ou conjunturas econômicas e políticas, e os processos de ressocialização vivenciados no engajamento político. Os dados foram coletados por meio de entrevistas de caráter biográfico, observações e conversas informais, e indicam que os entrevistados realizaram, ao longo de suas trajetórias, “negociações” e “acomodações” entre os valores familiares e aqueles adquiridos na militância, o que resulta em um quadro que integra valores das classes populares e alguns princípios do ideário socialista. Palavras-chave: Socialização. Socialização política. Politização. Classes populares. Movimento dos Trabalhadores sem Teto.
54.2, 2022
Neste artigo, abordamos como mobilidades de jovens se entrelaçam com redes familiares, laborais e criminais. Observamos as relações de regimes de mobilidades com tensões cotidianas atravessadas por conflitos entre polícias e facções nas periferias urbanas de Alagoas. Destacamos dois repertórios de mobilidades, expressos na forma de evacuações ou migrações, intermediados: (1) por instrumentos jurídicos e acesso da família a advogados, a partir do sistema de justiça juvenil e (2) por meio do agenciamento de relações familiares. Os garotos em questão fugiam de grupos de extermínio formados por policiais, em dois diferentes estados do Brasil. Perguntamos como redes estatais, mercantis e familiares se relacionam com movimentos de trabalhadores e bandidos entre “sertões” e “fronteiras”. Destacamos como eles moldam equilíbrios instáveis de poder, afeições e regulação de conflitos nas margens urbanas em cidades de Alagoas e outras cidades do Brasil.
Revista Estudos Feministas, 2011
Neste artigo discutimos as mudanças representadas pela entrada de mulheres no trabalho fabril numa região de industrialização recente, buscando verificar em que medida essa inserção, em um contexto de crise do emprego e em uma região marcada pela informalidade de parte significativa das atividades econômicas, tem influenciado a redefinição dos papéis familiares e acentuado conflitos geradores de violência doméstica. Foram realizadas entrevistas com 14 mulheres que denunciaram algum tipo de violência praticada por seus maridos ou companheiros na Delegacia Regional da Mulher, no município de Crato, CE. Os dados obtidos apontam, entre outros aspectos, que a entrada das mulheres na esfera pública e a autonomia financeira, propiciadas pelo trabalho fabril, tendem a provocar mudanças nos tradicionais papéis de gênero, cujas consequências tem se expressado no questionamento do lugar do homem como provedor, nos rompimentos do grupo familiar e violência doméstica contra as trabalhadoras.
O tema Família e Desenvolvimento Capitalista tem sido objeto de investigação dos cientistas sociais, economistas, historiadores e psicólogos. Numa primeira fase, teóricos da modernização, tomando como pressuposto uma concepção fictícia de estabilidade e ordem da organização familiar do passado, insistiram em caracterizar a família como uma instituição monolítica e passiva que se desintegra sob o impacto da urbanização e industrialização. Reagindo contra essa tese, especialistas em demografia histórica preocuparam-se em classificar os diferentes tipos de unidades domésticas de acordo com seu tamanho e composição a fim de desmistificar a existência da família idílica do passado. 1 Nas duas últimas décadas, historiadores e antropólogos sociais enfatizaram a complexidade do tema família e passaram a analisar o seu papel como agente ativo, capaz de promover mudança social e de facilitar a adaptação de seus membros a novas condições econômicas e sociais. 2 A partir desse enfoque, c omeçou-se a propor a necessidade de se compreender não somente como indivíduos e famílias reagem a mudanças sociais, mas também em * Esta é uma versão ligeiramente modificada da comunicação "Capitalist Development and Petty Bourgeois Families in Matriz, Brazil", apresentada no simpósio Household Structure, Class Formation and the Capitalist World System no 79° Congresso Anual da American Anthropological Association, Washington, DC, dezembro de 1980. Este simpósio visava criticar o enfoque de Immanuel Wallerstein. * * Meus agradecimentos a Guillermo Raul Rubem, que leu e comentou diferentes versões deste manuscrito, e Roberto Yutaka Sagawa, que transformou os meus anglicismos de tradução em português e fez o copidesque do texto. ***Dedico este artigo à memória de Lina Brock, amiga e interlocutora, com quem discuti extensivamente a versão original deste manuscrito.
2003
A atualidade da anarquia tensionada atravessando a permanencia de anarquismos no presente. Do vigor de Proudhon, extraem-se espacos de resistencias nos regimes da serie liberdade valorizando praticas de revolta no interior da sociedade, mesmo sob o regime democratico. Do incontivel de Stirner, acontecem atitudes insurretas para as quais a sociedade nao e meio, nem fim, mas e tambem o alvo.
Revista Aulas, 2015
Os investimentos na produtividade do corpo se aperfeiçoam e acumulam: na sociedade de soberania castiga-se, na disciplinar busca-se utilidade econômica e docilidade política, na de controle exige-se participação e fluxo inteligente. Efeitos inibidores de resistências também não cessam de trafegar entre o direito de morte, o de deixar viver e o de fazer viver. O século XIX colocou as possibilidades para a democracia e o socialismo; o seguinte se encerrou confirmando a arrogância capitalista, seus valores universais e o imperativo dever do planeta globalizado em vir a ser democrático. O socialismo de Estado, ou autoritário, tornou-se realidade no século XX, confirmando a crítica anarquista que o via como forma ditatorial de existência, solução inviável para a superação das desigualdades e, por conseguinte, com vida breve. Os anarquismos, nos últimos anos do século passado, viram-se novamente atuais e algumas partes começaram a reparar instintivamente numa filosofia procedente de autores como Deleuze e Foucault. Suas contundências e generosidades foram sendo notadas pelos anarquistas 1. Contudo, deve ser feita uma ressalva elementar. Foucault fez questão de afirmar que não se comprometia com um estado civil. Se sua obra pode ser compreendida como inventora de liberdades, Foucault não quis e não fez por ser apreciado como um anarquista, muito menos como um liberal 2. Deleuze, por sua vez, caracterizou o fim do devir revolucionário coletivo, enfrentando o equívoco socialista. Não se afastou das análises econômicas de Marx, mas como um Bakunin contemporâneo 3 , não abriu mão da liberdade em busca da 1 Em especial o pequeno dossiê composto pelos segiuintes artigos:
ufes.br
Resumo: O presente artigo tem como foco as relações de parentesco entre os cativos em Vitória, Capital da Província do Espírito Santo, durante os anos de 1800-1871. Para isso, recorremos às normas eclesiásticas, principalmente, as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. Tal documento canônico, paralelo com as normas civis contidas nas Ordenações Portuguesas, regulamentou a matéria do casamento no Brasil desde os tempos coloniais e manteve sua influência muito depois da Independência. Além disso, foram analisadas as informações coletadas em inventários postmortem, registros de casamento e batismo de escravos.
This work attempts to analyse the selection process practiced within an enterprise of chemistry area in the region of São Paulo. This research privileged the gender relations, using ethnography as a methodological approach. The ethnographic research, conducted in this entrerprise, pursuits to interpret in this relations the representations that workers, women and men, do about "female" and "male", the sexual division, the output process and work's environment. v AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, ao Rodrigo e sua família por terem, tão gentilmente, concedido a exposição de suas histórias de vidas, sem as quais teria sido impossível a concretização deste trabalho. Ao Sr. Ernani também por contribuir com seus relatos no aprofundamento e na comparação com de algumas questões discutidas pela família de Rodrigo. A minha amiga Lea Carvalho pelo incentivo, pelas críticas e sugestões que foram fundamentais para a realização desta pesquisa. Ao grupo de estudos sobre culturas empresariais pelo acolhimento e pelas discussões que proporcionaram o surgimento de muitas reflexões que deram fundamento a este trabalho. Ao professor e amigo Alcides Fernando Gussi pela leitura e sugestões de alguns capítulos deste trabalho, os quais foram de suma importância para o resultado desta tese. Ao meu orientador Prof. Dr. Guilhermo Raul Ruben pelo apoio, orientação do trabalho, discussões e sugestões relevantes para a conclusão do mesmo. Às professoras Doutoras. Suely Kofes e Ângela Araújo pelas críticas e sugestões que contribuíram para aprimorar algumas idéias e a redação deste trabalho. Ao meu companheiro José Braz de Matos Lima que esteve sempre ao meu lado, me apoiando e compreendendo as ausências e a necessidade de privilegiar a pesquisa em vários momentos. Ao CNPq pelo apoio financeiro concedido para a realização desta pesquisa. Gostaria também de ressaltar que, sem o apoio material e moral da minha família, principalmente de meus pais, este trabalho não seria realizado.
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