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Família e movimento operário: A anarquia dentro de casa

1996, Estudos Ibero-Americanos

Abstract

A partir do período que poderíamos denominar tempos modernos-principalmente após a Revolução Industrial-há uma grande revolução na forma de distribuição da afetividade, e o sentimento que antes estava difuso entre vários sujeitos, naturais e sobrenaturais, passa a concentrar-se então no interior da família, correspondendo a uma supervalorização da família nuclear burguesa predominante na nova sociedade, em detrimento a outras formas de convivência. Doravante, a vida de cada trabalhador será partilhada, preferencialmente, entre dois pólos, o de seu trabalho e o de sua família, inclusive como uma forma disciplinadora de sua conduta, sendo que este trabalhador apenas eventualmente poderá escapar à regra, buscando, entre o espaço da família e o do trabalho, um lugar de encontro e animação, os bares, os cafés, a cidade. A implacável regra de conduta para aqueles que não trabalham, ou não trabalham mais (mulher, criança velho), é a Este artigo só se tornou possível graças a uma entrevista que me foi concedida pelo Sr. Marat Martins Budaszewski, filho de Zenon de Almeida (Budaszewski) e Eulina Martins Budaszewski. A ele, fonte viva e lúcida de nossa memória operária, gostaria de dedicar esse trabalho. Mestranda em História do Brasil do Curso de Pós-Graduação em História-PUCRS.