Militância e docência

Cultura Acadêmica, 2021

The cycle of protests initiated in Brazil in June 2013 brought to the public scene the debate on social movements and collective actions. The loss of relevance of unions and political parties in the articulation and conduction of events drew the attention of citizens and researchers. This book addresses this, and other questions, starting from the disputes of meaning involving the terms 'militância' and 'ativismo'. Through a narrative literature review of the meanings of the word militancy in scientific articles published in Brazil between 1980 and 2015, the term was defined as a methodology for interfering/intervening in social norms. This definition highlights what is common between the phenomena grouped under the two terms and makes it possible to propose investigations into what is different between them. The concepts of repertoire, strategy and institution are suggested to scrutinize the meanings present in the words. The latter is used to make explicit the relationships between macro-social changes and the subjectivity of activists and activists. The thesis answers the following question: how do the guidelines that anchor and organize militant and activist strategies modulate the processes of subjectivation of militants and activists? The investigation was carried out through the following procedures: a) guided study of the main theories on collective action in the Brazilian, European and North American sociological literature; b) proposition of a theoretical model to explore the differences in meaning between the terms; c) use of the model to investigate the differences in methodologies and their subjective implications; d) presentation, debate, validation and review of the results obtained with groups of specialists in São Paulo, New York and Toronto. The thesis consists of an introduction session, a conclusion session, and five theoretical essays. The findings indicate that different strategies create distinct environments in which subjects are socialized, this being a crucial element in explaining differences in modes of subjectivation. The militant environment tends to value discipline, centralization of organizational processes, and heteronomy, while the activist environment encourages experimentation, horizontality, and autonomy. These environmental conditions tend to produce in militants a severe morality, which often produces rigid and even intolerant behaviors, and in activists relational ethics, changeable according to local contexts and aligned with today's unstable values and lifestyles. The results obtained so far contradict the idea that militancy would be an inferior methodology to activism. Associating the former with political positions exclusively on the left and the latter with positions on the right is also not a possible conclusion. Qualifying our understanding of the methodologies used by social movements, and the subjective consequences resulting from them, is fundamental to understanding contemporary forms of juvenile collective action.

Veredas - Revista de Estudos Linguísticos

Neste estudo, revisitamos a pesquisa de Araújo (2015) sobre a relação entre as identidades que os manifestantes de junho de 2013 reivindicavam para si e os episódios de violência policial. Nosso objetivo é discutir as relações da pesquisa com a autoetnografia. Para tanto, observaremos a interação entre pesquisadora e pesquisados ao longo das entrevistas. Partindo de uma perspectiva qualitativa interpretativista (DENZIN; LINCOLN, 2006) em articulação com a Análise de Narrativa (BASTOS; BIAR, 2015), entendemos que as atividades da pesquisa de 2015 se aproximam da etnografia. As vivências da primeira autora alinham-se às dos entrevistados (VERSIANI, 2005). Além disso, a interpretação conjunta dessas experiências remete a um ‘nós’ autoetnográfico (ELLIS, 2004). É dessa forma que os participantes das manifestações de junho de 2013 significam suas atuações, movimento que se constitui em uma das questões centrais da etnografia (COELHO, 2016).

Revista Práticas de Linguagem

Meu nome é Ana Emilia Fajardo Turbin e sou professora universitária na Universidade de Brasília desde 2013. Em 2014, submeti o projeto Brincando com a Língua Inglesa: pesquisando a aprendizagem, por meio do lúdico a CAPES e, desde então, sou coordenadora junto com duas professoras da escola básica: Merilúcia e Adriana, que irão se apresentar. Nosso relato de experiência consistirá em um diálogo entre nós: três professoras envolvidas no PIBID, subprojeto Língua Inglesa, em escolas de Brasília. Falar sobre o PIBID nos leva, inicialmente, a explicar um pouco o que essa sigla significa e seu efeito na prática. P: Programa; I: Institucional; de BI: Bolsas de Iniciação; à D: Docência. É uma iniciativa do Ministério da Educação-MEC, em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-CAPES. Quando ouvi a respeito do PIBID, lecionava Inglês na graduação do curso de Letras, na Universidade Federal do Tocantins, em Porto Nacional, em 2012, e me surpreendeu ouvir a respeito de um programa em que os alunos davam aula para aprender. Senti, no relato da professora que falava a respeito do programa, que ele era sucesso na região, onde a esperança de muitos jovens é ser professor em escolas públicas, entre outras razões, pelo fato de aquela ser uma cidade cujo mercado de trabalho parece ser exíguo. Em 2013, passei no concurso público para professor adjunto na UnB e, ao saber do edital do PIBID, logo levantei a mão em reunião de professores, para nele me inscrever. Já ouvira falar e, internamente, já havia me decidido a me inscrever, se um dia surgisse a oportunidade. Uma das razões estava no meu grande interesse em conhecer melhor a escola básica pública do DF, uma vez que, como professora doutora na área de Inglês, não poderia deixar de contribuir para o sucesso do ensino-aprendizagem da Língua Inglesa nas escolas, afinal essa sempre foi a minha bandeira. O subprojeto INGLÊS na UNB denomina-se: Brincando com a língua inglesa: pesquisando a aprendizagem, por meio do lúdico e tem como objetivo levar alunos da escola pública a gostar de

2015

Escritura e Militância na Literatura Argentina dos 70' André Queiroz Resumo: Trata-se de buscar a intercessão entre literatura e militância nos anos de exceção quando do cruzamento de dois períodos de ditadura cívico-militar em Argentina: a chamada "Revolução Argentina" (1966-1973) e o "Processo de Reorganização Nacional" (1976-1983). Rodolfo Walsh, Haroldo Conti e Francisco "Paco" Urondo encarnam a materialização do intelectual engajado e comprometido (Sartre) com um processo de radical transformação do estado de coisas em América Latina, e mais especificamente, em Argentina. Palavras-chave: Literatura; militância; luta armada; Estado de exceção; terrorismo de Estado

Em 17 de janeiro de 1961, após oito anos de governo e a três dias de passar o cargo a seu sucessor, John F. Kennedy, o então presidente dos Estados Unidos da América, general Dwight D. Eisenhower fez seu discurso de despedida para a nação. Lembrou seus compatriotas que, no século em curso, os EUA estiveram envolvidos em três grandes conflitos, deles emergindo como a nação mais forte, mais influente e mais produtiva no mundo. Todavia, apontou, essa proeminência dependeria não apenas do progresso material, da riqueza e do poder militar, mas de como esse poder seria usado no interesse da paz mundial e em benefício da humanidade. O poderio militar seria um elemento vital na manutenção da paz: "Nossas armas devem ser poderosas, prontas para ação instantânea, de tal sorte que nenhum agressor potencial possa ser tentado a arriscar sua própria destruição". E prosseguiu, alertando os norte-americanos que, se no passado o país não possuíra uma indústria de armamentos, o atual momento não permitia improvisos em questões de defesa nacional, sendo necessário forjar uma permanente e poderosa indústria de defesa. O casamento dos militares e industriais norte-americanos, celebrado às vésperas da Segunda Guerra Mundial, em clima de emergência nacional e a contragosto de ambas as partes, encontrou seu caminho durante o conflito e resultou, ao final deste, em união sólida e duradoura. Eisenhower mostrou-se preocupado com a grande influência que esse complexo militar-industrial, como o chamou, passou a ter na economia do país; não obstante, o quadro já se configurava irreversível.

Mas na luta política, ideológica e filosófica, as palavras são também armas, explosivos, ou ainda calmantes ou venenos. Toda luta de classes pode, às vezes, ser resumida na luta por uma palavra, contra uma outra. Algumas palavras lutam entre si como inimigas. Outras são o lugar de um 'equívoco': a meta de uma batalha decisiva, porém indecisa. 5

2004

A literatura educacional voltada a formac˜o de professores, as discussoes em torno do mesmo assunto atualmente colocam em lugar de destaque a quest o da reflex˜o, que e uma tendöncia em ampla divulgac˜o. O presente artigo busca apresentar consideraco es sobre o conceito de reflex˜o na perspectiva de autores como Sch¨n(apud PAIVA, 2003), Nívoa(1992) e Garcıa(1992) que a apontam como necessôria e indispensôvel no campo educacional, bem como algumas crıticas que giram em torno do conceito apresentadas por Estrela(1997) entre outros autores que envolvem o conceito de forma direta ou indireta, relacionando tais consideraco es com a proposta apresentada por Tardif(2002) de elevar o professor ao status de sujeito do conhecimento. A partir da formac˜o inicial do professor, que proporciona uma base do exercıcio da atividade docente, a formac˜o pessoal e profissional do mesmo prossegue ao longo de sua vida profissional. Esta formac˜o contınua coloca em destaque a preparac˜o do professor no exercıcio de sua prôtica como ator que reflete sobre as aco es que realiza cotidianamente. Tardif(2002) aponta a necessidade do reconhecimento, pelo príprio professor e demais atores do contexto escolar, dos professores enquanto sujeitos do conhecimento. O conhecimento ao qual o autor se refere diz respeito aos saberes, as competöncias, habilidades, ao saber-fazer que sustentam o trabalho docente no contexto escolar. Considerar e assumir o professor como sujeito que possui, utiliza e produz saberes especıficos ao seu trabalho, como ator que assume sua prôtica baseado em significados que ele mesmo lhe dô, possuidor de conhecimentos e um saberfazer oriundos de sua prípria ac˜o e partindo destes, estrutura e orienta a mesma, nos leva a concluir que esse professor sujeito, ator, assim o e em func˜o de sua reflex˜o sobre e durante sua atuac˜o prôtica no cotidiano escolar.

EntreLetras, 2021

Este artigo analisa alguns aspectos da polêmica envolvendo a acusação de genocídio dirigida ao presidente da República, durante a gestão da pandemia de covid-19, no Brasil. Depois de abordar o conceito de violência verbal, explora-se como um discurso aparentemente eugenista se vale de estratégias dissimulatórias, comuns em discursos atópicos (não aceitos pela sociedade, em geral), para nublar seu potencial violento e apresentar-se como defensor do bem-estar social, ao mesmo tempo em que incita atos antidemocráticos, causa agressões e mortes.

2005

Violence is a historically constructed social phenomenon frequently observed in the contemporary world. It is a multifaceted and multi-determined phenomenon that demands interdisciplinary studies. Violence affects all populations and people of all ages alike ; however, infancy is the most unprotected population segment, during which different forms of violence can occur such as: physical ,psychological, economical, ideological and others. Violence can be present during infancy explicitly or implicitly : in the family, at school, in the mass communication media, and even in textbooks. This research was carried out in 2004, when the author decided to cast a critical look into the illustrations found in history textbooks, showing their importance to the general context of the book as information and formation means for students. The main objective of this work was to identify different forms of violence in textbooks through the analysis of the illustrations found in a collection of History books for 5 th to 8 th graders, and recommended by MEC (Federal Education and Culture Department) for the 2005 school year. The methodology adopted was based on the Socio-Historical Psychology literature related to the object of the study, and the analyses of the illustrations were done according to qualitative research criteria. Results showed that the illustrations in the textbooks contained many forms of implicit and explicit violence, including symbolic violence. Far from being neutral, the textbook is an important ideological instrument used in the classroom; it passes on an ideology not only through the written text but also through images.

ETD - Educação Temática Digital

Partindo do pressuposto que a formação das identidades docentes tem início na vida escolar, este artigo apresenta uma discussão sobre a produção de memoriais de vida escolar realizada com estudantes de Biologia e sua professora. Os relatos foram hibridizados e reorganizados em três textos, denominados “mosaicos de docência”. O artigo traz impressões sobre a escrita e o compartilhamento coletivo dos memoriais e de objetos significativos da vida escolar, bem como sobre o primeiro contato dos alunos e alunas com a escola de estágio. Conclui-se, com base em referenciais do campo da pesquisa biográfica, que memoriais da vida escolar são ferramentas potentes para pensar sobre os sentidos da escola e para o deslocamento de certezas e estereótipos sobre docência, escola e conhecimento, como fios que guiam as nossas identidades docentes.