Academia.edu no longer supports Internet Explorer.
To browse Academia.edu and the wider internet faster and more securely, please take a few seconds to upgrade your browser.
…
16 pages
1 file
Entre os evangélicos, assim como para todos nós, o enterro é a ocasião para dizer o último adeus àquele que partiu. Mas não só. Há outros fatores importantes na realização desses ritos no cemitério de Praia de Mauá. Ali, assim como na maior parte das pequenas cidades brasileiras, os sepultamentos acontecem em cemitérios públicos que se encontram, em geral, ao lado das Igrejas Católicas históricas que no passado eram as responsáveis pelo domínio da morte. Esse dado afetou diretamente o desenvolvimento dos “rituais de morte”. Nesta comunicação pretendo discorrer a respeito de alguns elementos que compõem os ritos de enterro evangélicos principalmente as passagens entre etapas formais nas quais é possível observar características interacionais que se marcam pela reflexividade, relacionalismo e informalidade. O exame do ritual de enterro evangélico é especialmente interessante, pois aponta para a existência de muita criatividade e inovação em seus conteúdos e oferece ao pesquisador alguns traços diferenciados em relação ao que vem sendo repetidamente discutido no campo de pesquisas dos ritos.
Resumo: A vivência da morte evangélica é reconhecida como sendo exemplo de simplicidade ritual, de afastamento da morte e de esquecimento dos mortos. Esta classificação foi construída de forma comparativa a partir do universo funerário religioso brasileiro que é reconhecido por sua exuberância ritual. Neste artigo, proponho uma interpretação para o rito de enterro evangélico conjugando o caráter dual de sua cosmologia com a ênfase na moralidade do seu sistema doutrinário. Através da observação dos movimentos de aproximação dos (corpos) vivos entre si e de afastamento destes em relação (aos corpos) dos mortos pretendo demonstrar certas especificidades dessa vivência ritual ao mesmo tempo em que proponho uma nova forma de interpretação para a dinâmica do rito. Palavras-chaves: morte; ritual; evangélicos; moralidade.
2016
Este estudo se propôs, em seus objetivos, compreender a influência das ideias neoliberais na concepção de morte de fiéis de igrejas evangélicas neopentecostais, assim como apreender as representações da morte de evangélicos desse seguimento religioso. Método: a partir do método qualitativo, foram selecionados oito sujeitos evangélicos de ambos os sexos, com idade acima de 18 anos, que frequentam igrejas do movimento neopentecostal. Foi elaborado um roteiro de entrevista com o objetivo de apreender, através do discurso, os sentidos e significados que os sujeitos atribuem a morte. Os dados foram analisados a partir do referencial metodológico proposto por John Thompson (2000), denominado hermenêutica de profundidade, ocupando-se, primordialmente, da análise histórica e discursiva. Para analisar os dados utilizou-se a análise de discurso fundamentada por Orlandi (2009). A análise de discurso prioriza os sentidos e significados contidos nas expressões, seja verbal ou gestual, nesse caso, procura apreender os elementos históricos e ideológicos presentes no discurso. Esse trabalho adotou como pressuposto teórico os estudos de dois autores que contextualizam a morte a partir das formas com que esta foi concebida no decorrer da história da humanidade. Kovács (2002) trabalha a questão da morte como parte natural do desenvolvimento humano e destaca sua negação na sociedade atual; Ariès (2007), que estudou a atitude do homem ocidental diante da morte, desde a alta idade média até os anos 1970, aproximadamente. Os sujeitos foram selecionados por uma rede social de indicações e a abordagem foi feita por meio de contato direto e pessoal. No momento da entrevista o pesquisador entregou ao sujeito a carta de informação e esclareceu os objetivos, metodologias e procedimentos adotados pela pesquisa. Resultados: os resultados mostraram que: 1) evita-se a realização do velório no templo; 2) evita-se o assunto da morte com a família; 3) as crianças não participam dos velórios e enterros; 4) a morte apenas refere-se a “salvação”, passagem; 5) dúvida na existência de vida após a morte; 6) isolamento da morte, doentes não são visitados; 7) os pastores raramente participam dos velórios; 8) morte como punição pelos pecados; 9) a morte ganha um caráter mágico e romântico, no qual as virtudes do morto são exaltadas. Conclusão: os sentidos que o fenômeno da morte possui para esses sujeitos apresentam um caráter catastrófico, em que a morte é concebida como elemento invasor que interrompe uma vida de vitórias e conquistas. Em suma, os preceitos neoliberais, que norteiam as práticas neopentecostais, são atributos centrais dessas igrejas, o que explica a falta de ritualização da morte nos templos. O estudo revelou ainda que a morte perdeu seu caráter transcendental, passando a ser concebida como falha que deve ser corrigida pela ciência médica e pelas orações no templo. Palavras Chaves: Morte; representações sociais; neopentecostalismo
Resumo: O luto evangélico foi recorrentemente compreendido como exemplo de simplicidade na vivência da morte e afastamento dos mortos. Contudo, analisando relatos de mulheres evangélicas e reconstituindo a trajetória das relações destas com parentes homens mortos é possível perceber detalhes interessantes dessa forma de ritualizar a morte, que, ao contrário de reforçar distanciamentos, evidencia um complexo trabalho de transformação do vivo em morto que se faz em convivência com aquele que partiu. Essa convivência acontece no plano dos sonhos, das profecias e das visões. Neste capítulo, reconstruindo as mortes do pai e do marido de Margarida, uma senhora evangélica da Igreja Assembléia de Deus, pretendo apontar dados indispensáveis para a compreensão dos ritos de morte entre os evangélicos pentecostais, a saber: a qualidade das relações, a conduta moral, a temporalidade progressiva do relato testemunhal, a regulação do grupo. Cada um desses elementos permite compreender a partir de que parâmetros essas pessoas compreendem, qualificam e vivem os processos de luto pelos quais precisam passar ao longo de suas vidas.
Etnografando na Pandemia, 2020
Nesse capítulo traço minha trajetória de reelaboração de pesquisa antropológica durante a pandemia do covid-19. Nesse período, o risco se apresentou como componente fundamental para reelaborações teórico-metodológicas das quais resultam a minha dissertação de mestrado.
Esboços - Revista do Programa de Pós-Graduação em História da UFSC, 2013
Resumo: Este trabalho visa analisar as práticas religiosas dos devotos de São João Maria, em uma região interiorana do sul do estado do Paraná e do planalto catarinense. A devoção e o culto ao santo são presentes na região onde, há quase um século, ocorreu a Guerra do Contestado, um movimento de cunho milenarista e messiânico. com uma proposta teórica que surge de um campo emergente na antropologia de discussões associadas aos estudos de performance. A partir dos estudos de Stanley Tambiah, intenta-se uma abordagem que privilegia os rituais das práticas de culto ao santo apoiado em um diálogo da antropologia com as perspectivas teatrais oriundas da instigante parceria de autores como Victor Turner e Richard Schechner.
N as produções brasileiras sobre o enlutamento predominam estudos de ritual que enfatizam comunicações entre vivos e mortos. De forma diferente, os evangélicos foram apresentados como tendo uma vivência do luto marcada pelo afastamento daqueles que faleceram. Neste artigo pretendo discutir essa versão interpretativa utilizando para tanto as dinâmicas relacionadas aos objetos dos mortos. No caso analisado, os objetos dos mortos são utilizados como instrumentos para a manutenção das relações entre vivos e mortos e para construção de significados relacionados à saciedade emocional dos enlutados. Meu objetivo é demonstrar possibilidades de ritualizações de luto criadas no cotidiano pelos evangélicos através das quais ocorrem reinvenções das fronteiras entre leis e práticas e o abrandamento do luto. Neste ponto, os objetos são suportes especialmente interessantes já que a multiplicidade dos seus usos e a contingência das representações associadas a eles permite re-interpretações e trânsitos entre os significados utilizados pelos atores em questão.
Professor da Universidade Vale do Rio Doce -MG Sueli Siqueira Professora da Universidade Vale do Rio Doce -MG
Nures, 2013
A vivência da morte evangélica é reconhecida como sendo exemplo de simplicidade ritual, de afastamento da morte e de esquecimento dos mortos. Neste artigo, proponho uma interpretação para o rito de enterro evangélico conjugando o caráter dual de sua cosmologia com a ênfase na moralidade do seu sistema doutrinário. Através da observação dos movimentos de aproximação dos (corpos) vivos entre si e de afastamento dos corpos dos mortos pretendo demonstrar certas especificidades dessa vivência ritual ao mesmo tempo em que proponho uma nova forma de interpretação para a dinâmica do rito.
2008
Trata-se de estudo da linha de pesquisa Comunicação, Diálogo Multicultural e Religioso do Núcleo de Estudos de Comunicação e Consciência- NETCCON.ECO.UFRJ, realizado com o então aluno Bernardo Veiga (Bolsa PIBIC) a respeito da história das estratégias de comunicação da Igreja Católica Apostólica Romana-ICAR, em especial em relação ao diálogo inter-religioso, a partir do pensamento do atual papa Bento XVI e dos documentos pontifícios após o Concílio Vaticano II. A investigação de um mapeamento possível da história das estratégias de comunicação da ICAR determinou três grandes estratégias, assim aqui propostas: 1. “seja católico...ou morra como herege”; 2. seja católico...ou vá para o inferno; e 3. “seja católico...e seja feliz”. Neste quadro são investigadas as restrições da ICAR em relação à oração inter-religiosa e sua defesa da oração multi-religiosa e discute-se a possibilidade do diálogo quando uma das partes entende deter a verdade absoluta.
Este breve ensaio está dividido em dois momentos. A primeira discussão apresenta as idéias de William James a respeito dos aspectos religiosos, sociais e psicológicos da conversão. O texto de James As Variedades da Experiência Religiosa, escrito em 1901, é ainda considerado um clássico a respeito da conversão e experiência religiosas. A segunda discussão apresenta as realidades psicológicas e sociais dos fenômenos de conversão e experiência religiosas no mundo moderno.
Loading Preview
Sorry, preview is currently unavailable. You can download the paper by clicking the button above.
Perspectiva Teológica, 2015
Religião & Sociedade, 2022
Evangélicos no Brasil: interação e homogeneização simbólica
HORIZONTE - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião - PUC Minas, 2020
HORIZONTE - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião
PLURAL, Revista do Programa de Pós‑Graduação em Sociologia da USP, 2008
Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, 2020
TRANSCENDÊNCIA IMANENTE: SOBRE A RELAÇÃO ENTRE DEUS E O MUNDO, 2007