2002, Revista Brasileira de História
A co l etânea or ga n i z ada por Jor ge Ferrei ra , profe s s or do Dep a rt a m en to de Hi s t ó ria da Un ivers i d ade Federal flu m i n en s e , se inscreve a meu ver em uma das mel h ores verten tes da ch a m ada "h i s t ó ria po l í tica ren ovad a", tra zendo preocupações con cei tuais como ei xo de articulação dos arti go s , con form e bem ex prime seu títu l o. Como os histori adores têm proc u rado mostra r, o s con cei to s , além de históri cos (como tu do que se refere ao hom em e sua cultu ra , i s to é, tu do que é hu m a n o) , qu a n do usados em po l í tica-em i n en tem en te uma disputa-nunca são neutro s. Também as em o ç õ e s , os sen ti m entos e insti n tos dos indiv í duos e das "m a s s a s" são hoj e , p a ra mu i to s h i s tori adore s , uma dimensão fundamental da vida po l í ti c a ; os analistas do s é c. XIX dela mu i to se oc u p a ra m , mas essa dimensão foi rel egada pelos cientistas sociais bra s i l ei ros das últimas décad a s. Ao começar seu tex to por uma bela epígrafe de Rachel de Queiroz, Jorge Ferreira indica sua intenção de lembrar a importância dessa qu e s t ã o, em bora isso só permaneça su bjacen te aos tex to s. Cita ele : "Não há povo amorfo. Não há massa bruta e indiferen te. A massa é form ada de hom ens e a natu reza de todos os hom ens é a mesma: dela é a paixão, a gratidão, a cólera, o instinto de luta e de defesa." Os autore s , em suas análises, f a zem-nos dar profícuas voltas e mais vo ltas em torno do con cei to ou categoria ex p l i c a tiva pop u l i s m o, ao qual se referem também como "n o ç ã o", "p a l avra", "ex pre s s ã o", " i m a gem", "s en ti do".. . Exploram também aqueles que são vistos como os sujeitos políticos dessa história: os líderes e seus proj eto s , as "m a s s a s" ou as classes e suas rel a ç õ e s. Na obra , o populismo su r ge absolut a m en te en red ado em outros con cei to s , como tra b al h i s m o, getu l i s m o, qu erem i s m o, sindicalismo ou pel eg u i s m o, a utori t a ri s m o, fascismo ou to t a l i t a rismo (como se fo s s em termos equ iva l en te s) , e ainda nacionalismo e estatismo. Esses são analisados em suas doutrinas e em suas práti c a s , con f i g u radas estas em noções como "m i s ti f i c a ç ã o, manipulação e demagogia".