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2020, Letrônica
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O romantismo e o modernismo na literatura brasileira procuraram trabalhar com o tema de nossa nacionalidade como meio de nos autorreconhecermos, uma busca por uma identidade nacional. Com o advento do pós-modernismo e, principalmente, dos estudos culturais, a questão da identidade nacional e da representação da nação voltou à carga; historiadores, cientistas sociais e críticos literários e das artes visuais vêm debatendo acerca do tema e, portanto, vemos análises de romances, contos, poemas, pinturas, instalações, filmes e séries de TV, entre outros, que tratam de como esses meios procuram representar a nação – ou se ainda é possível falar de modo totalizante de narrativas da nação e de identidade nacional. Entretanto, esse ponto não parece tão premente nos estudos teatrais. Embora haja peças que procuram narrar o meio, o espaço e a sociedade, seja a nação ou a cidade – essa às vezes como representativa de uma ideia de nação –, o debate sobre o que seria essa ideia de nação e identi...
Letrônica, 2020
O romantismo e o modernismo na literatura brasileira procuraram trabalhar com o tema de nossa nacionalidade como meio de nos autorreconhecermos, uma busca por uma identidade nacional. Com o advento do pós-modernismo e, principalmente, dos estudos culturais, a questão da identidade nacional e da representação da nação voltou à carga; historiadores, cientistas sociais e críticos literários e das artes visuais vêm debatendo acerca do tema e, portanto, vemos análises de romances, contos, poemas, pinturas, instalações, filmes e séries de TV, entre outros, que tratam de como esses meios procuram representar a nação –ou se ainda é possível falar de modo totalizante de narrativas da nação e deidentidade nacional. Entretanto, esse ponto não parece tão premente nos estudosteatrais. Embora haja peças que procuram narrar o meio, o espaço e a sociedade,seja a nação ou a cidade – essa às vezes como representativa de uma ideia denação –, o debate sobre o que seria essa ideia de nação e identidade nacional é,na crítica teatral, escasso. Esse artigo tem, portanto, o objetivo de analisar comoa nação foi imaginada e o entendimento de identidade nacional na peça BR3,assinada por Bernardo Carvalho e encenada pela companhia Teatro da Vertigem.
Introdução O teatro de grupo é uma tradição das grandes cidades da América Latina, que vem desde os anos 60 [Flávio Aguiar, «Teatro», Raymond Williams, Palavras-chave: um vocabulário de cultura e sociedade, São Paulo: Boitempo, 2007; Emir Sader, Ivana Jinkings, Carlos Eduardo Martins e Rodrigo Nobile (coords.), Latinoamericana: enciclopédia contemporânea da América Latina e do Caribe, São Paulo: Boitempo, 2006]. Nesta comunicação pretendo falar de alguns grupos de São Paulo fundados nos anos noventa do século vinte (Teatro da Vertigem, Companhia do Latão, Companhia São Jorge de Variedades, Núcleo Bartolomeu de Depoimentos), cujos espectáculos e reflexão tenho vindo a acompanhar desde 2004, no decorrer de várias estadias, de alguns meses por ano, no Brasil, e em particular um deles, o Folias, sobre o qual escrevi uma monografia publicada em 2008. Um dos pressupostos básicos desta comunicação é que o teatro contribui para a imaginação da nação brasileira por parte duma comunidade (de artistas, espectadores e público em geral) identificável no tempo e no espaço, tal como o fazem a imprensa e a literatura, os media e a ficção audiovisual, seja pelo âmbito desses meios seja pelos conteúdos que reproduzem [Benedict Anderson, Imagined Communities: Reflections on the Origin and Spread of Nationalism, London, New York, 1991]. Decorre daí que a estrutura de cada espectáculo reproduz uma visão de mundo, e reflecte o real de acordo com o olhar dos criadores, num mundo de panoramas alternativos sobre o mesmo real, uns capilares e minoritários, às vezes meramente domésticos e amadores, como o teatro de grupo, outros de escala mundial, para as massas, altamente profissionalizados, comerciais. Essas visões de mundo socorrem-se de modelos dramatúrgicos variados. No caso do teatro de grupo, o modelo da cena de rua, de Brecht, transformado para dar conta das contradições da república brasileira, opõe-se aos modelos de ficção televisiva e cinematográfica, bem como aos modelos de cena do teatro comercial (as mais das vezes associados à indústria audiovisual). [Existe uma continuidade entre o mercado de trabalho dos criadores de teatro de São Paulo e o mercado de trabalho audiovisual, no entanto.] Podemos dizer que a cena de rua de São Paulo se opõe aos modelos dominantes tal como a cena de rua de Brecht se opunha à máquina de propaganda (e sua espectacularidade) e à estética oficial do regime nazi [Helga Finter, «A teatralidade e o teatro: espetáculo do real ou realidade do espetáculo? Notas sobre a teatralidade e o teatro recente na Alemanha», Camarim, originalmente publicado em Teatro Al Sur, nº 25, Out. 2003; Peter Pál Pelbart, «Mutações contemporâneas», Estéticas da Biopolítica, www.revistacinetica.com.br]. A comparação entre o regime nazi e o regime democrático brasileiro pode chocar, mas peço a vossa complacência para a força de expressão. A pertinência e relevância da discussão decorre do diagnóstico de falência do projecto nacional -que estará em desmanche [Sérgio de Carvalho, «A politização do movimento teatral em São Paulo», Camarim, 43, 1.º sem. 2009, São Paulo: Cooperativa Paulista de Teatro; Paulo Arantes, «Paulo Arantes: um pensador na cena paulistana», entrevista a Beth Néspoli, O Estado de S. Paulo -Caderno 2, 16 Jul. 2007] -sem que se vislumbre uma alternativa de organização social. Finalmente, é também um pressuposto que a comunidade imaginária nacional (ainda que complementar, transversal, concorrente e/ou articulada com comunidades de identidade étnica, continental, regional, provincial, local, urbana, bairrista, etc.; discussão que não tem lugar aqui) assenta numa série de lugares de memória que constitui património identitário, bem como numa série de práticas mais ou menos emblematizadas e objectos mais ou
Comunidades imaginadas tornou-se leitura obrigatória para os estudiosos do nacionalismo, desde a sua publicação, em 1983, o que confere a Benedict O’Gorman Anderson (1936) uma posição de destaque no universo teórico e acadêmico do século XX. Anderson é de nacionalidade chinesa e filho de pais britânicos. Estudou em Cambridge e é, nos tempos hodiernos, professor emérito do Centro de Estudos Internacionais da Universidade de Cornell, na qual também se graduou. Nessa obra, o autor analisa e problematiza a origem e difusão do nacionalismo, e utiliza-se do seu conhecimento acerca do Sudeste Asiático a fim de refletir sobre as imbricações sociais dos movimentos nacionalistas. Quem assina a versão traduzida, de 2008, é Denise Bottman, com prefácio de Lilia Moritz Schwarcz, professora do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo.
Revista do Centro de Estudos Portugueses, 1999
Discute-se a relação entre literatura e nação, tomando-se como referência tendências literárias expressivas das literaturas africanas de língua portuguesa. Salientam-se aspectos dessas literaturas que exibem, no trabalho com a linguagem, intensos conflitos entre projetos de nação e manifestações da tradição ancestral. This paper discusses the relationship between Literature and Nation taking as reference the impressing literary tendences from African Portuguese language literature. Aspects from this Literature are brought up showing at the work with language the intense conflicts between the Nation projects and the manifestations of ancestral tradition.
Aniki : Revista Portuguesa da Imagem em Movimento, 2014
Com a publicação dos dois volumes de Cinema Português: Um País Imaginado (Lisboa: Edições 70, 2011), Leonor Areal inscreve-se, com louvor, no rol dos investigadores que se têm debruçado sobre a evolução do cinema português, o que vem comprovar o interesse que este domínio do saber tem despertado na academia portuguesa nos últimos anos e que se reflete nos inúmeros ensaios publicados e congressos realizados em várias partes do país. Os dois volumes correspondem à publicação em forma de livro da dissertação de doutoramento da autora, discutida em provas públicas, em 2009, na Universidade Nova de Lisboa, no quadro do Doutoramento em Ciências da Comunicação (Cinema).
2022
Dlllll bom oumero delas, va�oa encontrar o dialogo aberto, engraçado e cbistoso com o "seguodo outro º. Ele está presente nos estrangeiros (particularmente os ingleses) que aqui van especular, e gu�aparece.n , tanto oas comenias de Martins Peca co�o, por exe�plo, e11 Oaiu o miaistério, de França JÚcior. ' t t sr 1111, � e li! � •-•-• @____ \.J Ll. .&. t s ti S f • Bo final do se , culo o teatro musicado brasileiro, apogeu d� dr�aturg1a nacional do século XU, sairá de um casaaecto, por muits denunci�do como espúrio, eotre o "eu oacional" e o "outro afrancesado", ou melhor, a.s-"outras•, as da.Dçarina.s importadas da França. Exemplo Já citado de diálogo e conflito aberto com este ' 1 outro", é o Azevedo, de O demônio fallliliar. Tao to Al!redo como Sduardo, o protagonista, encarnam a! o "eu aacio03.l", defendendo o prLDeiro nossas artes e o segundo a iategridade da fa.mÍlia brasileira. De tod.os, o terceiro "outr!>" era o que :nais empanava a atirma. i;a.o do "eu na.e iooal". Pois o pr1.neiro 0 out ro", s. opressão portuguesa, o .se�� lh• dava a necessária aura do s�crif{c10,rném de modelos a seguir, lhe fornecia contrapontos se�pre alegres e divertidos para as peças. Mas o terceiro, era "outro" e era "nosso". Co;no já disse, era pa.rte do "ea". t difícil traç�-lo, co� exatidàoi às vêzes será necessário decifrá-lo. Uma de suas preaeoças mais explícitas está em redro, e moleqlle-t ! tulo A , � de O d001onio f�iliar. Ele e o proprio "outro" QUe persegua, COill a. 1n2 cência das perv0rsidades infantis, a 1'B.1J1Ília do protagonista Eduardo. � escravo, 0 coJ10 leva-e-traz da casa., tem acesso às iatiaiidad.es de ta dos, e assim os manipula a seu bel prazer. Ta�bém ve�os uma versão deste terceiro "outro" ao teatro aboliciocista, embora a! venha um tanto def arma.do nas suas di.neasôes pelas iat enções l ibertár1as e oratórias. Gonzgga ou a Rev�lucão de Mioas, de Castro Alves, é bO!Il exemplo desta vertente, cede os conjura.dos mineiros aparecea1 inexplicavelmente (para a história) envolvidos com escravos, nas intimidades da sua coospira çlo. Este terceiro "outro" se fará presente também através da mediocri dade generalizada das personagens de Martins Penatodas, mesmo • seus heróis, desenhados como espÍr1tns tacaohos,proviocianoa, atrapalhaaos dt mais com a própria vida para penss.rem 8Jl outras coisas. Estará presente também guaado, Dll!Da ccxnédia como Os ciÚiDeS de U;n pedestre, Martins Pena. faz que seu protagonista, o pedestre, ma�bro de força policial en carregada da captura de escravos fugidos, transforme a própria casa nu ma espécie de senzala, guardando sua mul�er e sua filha em quartos escg roa e cba veados. q_ O que i�porta frisar aqui é que nossos autores dramáticos, ao ª! sum. ire11 o ponto de vista da afii:wa�ào do "eu nacional", contra todos os "outros" imagináveis, preocupava�-3e-ou mesmo iocooscieatemeate se predispunham a tanto-eJl pintar COJI cores bastante favoráveis os con tornos deste ,.protagonista". Não que deixassem de fazer cr{t iaas à soei! dade; ou que Dela cada vissem a ser corrigido; pelo contrário. Uas se� mui to marcado o fato de que para. este "eu nacional" Se1Dpre restará a. posa1b111dade de um novo tempo, de u,aa oova oportunidade, de ser o meri sagelro de redenção da civilizaçao e dt:,s seus J1a.les. Nossos heróis sao mais heróis; ooasos vilões são mais vilões; resultado:s ooesas nistÓrias ' d • ... icçoes n.ao-.. ea.1.1ra1.s, o a o e ,1ue a ... rage,• ia e a co:::ie 1.a. co:isa-gr�i.ram, ao lon&o J.a :história, e na tradição ., os respectivos tipos de enredo. Diz 3.in: la. Frye: "O tem.a do cômico é a integração da sociedade: to ma urmalmente a forma da incorporação, nela, de• uma personagem fund.,J..-nen-tal'' (.!}. ,t9). Depois, ao asaociar as ficções ao ciclo dqs estações, (Primavera, Verão ., Outono e Inverno), Fry-a dirá: "Os quatro mythoi de que esta"los nos ocupando, comédia, estó ria romanesca, traeédia e ironia, podem agora ser visto� como quatro aspectos de lli� mi�o unificador fundaoental. o aeon ou conflito é a base ou tema arq_uct!pico da estó1.•ia ro!llanesca, sendo o fund�nento da es�Ória romanesca uma série de maravi lhosas aventuras. O Eáthos ou catástrofe, g_uer no triunfo, quer na derrota, é o tema arquet!:pico da trasédia. O s p ara g mós. ou senso de que o heroísmo e a ação eficaz estão ausente� desorganiza.d.os ou �retleatin�dos à derrota, e de que a con:f'u são e a anarquia. reinam sobre o JIJ.u.ndo, é o tema arq_ uet!pico. da ironia e da sátira. Aana g nÓrieis, ou reconhecimento de um.a
A Revista Contracampo é uma revista eletrônica do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense e tem como objetivo contribuir para a refl exão crítica em torno do campo midiático, atuando como espaço de circulação da pesquisa e do pensamento acadêmico.
Revista Brasileira de Ciências Sociais, 2013
2013
The practice of the Group Province synthesized a series of procedures and ways that many theater’s nuclei in Porto Alegre would have from then on, towards settling their work. Created in 1970, was part of teachers and students of the Department of Dramatic Arts at UFRGS and printed in an experimental stage production of their proposals.
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Perspectivas Revista De Ciencias Sociais, 2010
Arq.urb. Revista eletrônica de arquitetura, 2015
Manzuá: Revista de Pesquisa em Artes Cênicas
Monografia de fim de curso, Campinas, Unicamp, 1996
Religião & Sociedade
Latin American Theatre Review, 1984
PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG
Anais ABRACE, 2019
Dito Efeito - Revista de Comunicação da UTFPR, 2014
O teatro invadindo a cidade, 2012