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2018
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Na alvorada do século xix, as revistas foram pioneiras na incorporação de iconografia à informação pela palavra escrita. Surgiu um novo segmento de imprensa: as revistas ilustradas. Nelas, as imagens-sob a forma de litografias e xilogravuras, primeiro, e fotografias, depois-constituíram-se como um elemento central de veiculação de informação. O jornalismo apercebeu-se cedo da importância informativa, explicativa e até simplesmente ilustrativa da imagem. A imprensa ilustrada permitia "ver" um mundo em violenta transformação. Mas a mirada sobre a realidade proporcionada pela incorporação da ilustração na imprensa era problemática: "quem vivia no tempo da rainha Vitória estava fascinado pelo ato de ver, pela questão da confiabilidade (...) no olho humano e pelos problemas da interpretação do que se via" 2 (Flint, 2000: 1). 1 Jorge Pedro Sousa, doutor em Ciências da Comunicação, é professor catedrático e pesquisador da Universidade Fernando Pessoa (Portugal), membro do ICNOVA (Portugal) e autor de vários livros e artigos sobre jornalismo e comunicação. 2 No original: "Victorians were fascinated with the act of seeing, with the question of the reliability (...) of the human eye, and with the problems of interpreting what they see".
Uwa’kürü - dicionário analítico, vol. 2, 2017
Redigimos esse texto na cidade de Rio Branco, no Estado do Acre, a capital mais ocidental do Brasil, situada na Região Norte. Contudo, para aproximar-nos tanto ao Ocidente quanto ao Norte globais sem ultrapassar a fronteira nacional, precisaríamos percorrer vários milhares de quilômetros em direção sul-oriental, até chegar ao Sudeste Metropolitano, centro nevrálgico do país. E depois, desde esse “embrião de uma futura megalópole”, onde “se localiza o maior parque industrial da América Latina”, teríamos a opção de viajar por 8.000 km rumo a nordeste, para finalmente chegar à Europa, cuja cultura, conforme um livro para as escolas que chegou às nossas mãos, “é ocidental, baseada no alfabeto latino, nas religiões judaico-cristãs e na idéia de progresso ou desenvolvimento material”. Por um lado, somos continuamente mobilizados para combater as guerras (simbólicas, políticas, ou até concretas) desse dito Ocidente, e por outro lado somos continuamente excluídos da superioridade moral que parece caracterizar quem consegue caber dentro dele. Antes de tentar estabelecer um diálogo, e antes de nos desencadear e de fagocitar o Ocidente, precisamos desagregá-lo, fragmentá- -lo simbolicamente. Somente a partir dos seus pedaços, das suas migalhas desvinculadas dessa ambição de normatizar e impor desejos e obrigações, confinar, policiar, domesticar e assepsiar o Outro, poderemos começar um diálogo que seja verdadeiramente decolonial.
2019
Resumo: Este texto tem por objeto a visão de Ocidente presente no pensamento do general Golbery do Couto e Silva, explicitado em suas obras Geopolítica do Brasil e Planejamento estratégico. Para analisá-la, aborda-se sua visão de homem, de história, de estado e de civilização; traz-se à luz a sua inspiração teórica para o debate sobre civilização ocidental e encerra-se com a relação de dependência mútua que percebe entre Brasil e Ocidente, além das proposições que faz a partir desse diagnóstico, da opção pelo Ocidente e da criação do Brasil-potência. Palavras-chave: Golbery do Couto e Silva; civilização ocidental; pensamento conservador. The West and History in Golbery do Couto e Silva Abstract: This text has as its object the vision of the West present in the thinking of General Golbery do Couto e Silva, explained in his works Geopolitics of Brazil and Strategic planning. To analyze it, it approaches his vision of man, history, state and civilization; and its theoretical inspiration is brought to light for the debate on civilization, ending with the relationship of mutual dependence that he perceives between Brazil and the Western civilization, besides the propositions that he makes from this diagnosis, the option for the West and the creation of Brazil-power.
Revista Sísifo, 2015
Pensar o "Ocidente" que se forja como imaginário em contraponto ao "Oriente" (ou aos orientes) e a relação de espelhamento que se produz nestas relações.
Não seria exagero acompanhar o raciocínio de Miltom Lahuerta afirmando a existência de uma certa "atmosfera social do tempo" 2 que marcou a produção intelectual de José Ortega y Gasset e Almir Bonfim de Andrade. O primeiro pós-guerra, assim como o período entre-guerras, compõem anos de radicalização dos movimentos populares na Europa 3 : o velho continente reconhecia-se em crise e "o maior pesadelo da degeneração -um levante das massas criminosas e desvalidas, o triunfo do delírio e da paixão sobre a razão -parecia em vias de se consumar" 4 . Entre as teses que propunham represar os interesses populares e as que advogavam a potencialização dos movimentos de massa no âmbito da política, os homens de cultura buscavam uma definição para a sua identidade social e um caminho para a sua atuação.
The Great Western Schism was a real mental cataclysm occurred in the late Middle Ages in Europe. Reason of deep political disagreements, this spiritual fracture of Christianity was expressed in various works of the time. In our case, Lo somni (The Dream), Bernat Metge inserts, as one of the themes of Book II, when the spirit of John I the Hunter (1350-1396), King of Aragon and Valencia, Metge regrets his luck in Hereafter: the destiny of his soul was, in large part, determined by choosing the (anti) Pope of Avignon. The proposal of our article is to analyze how the "Great Schism" was manifested literarily in Lo somni.
O Ocidente hoje está envolto num conflito violento e dilatado contra as forças do radicalismo islâmico. Esta luta é sumamente difícil, tanto pela dedicação do nosso inimigo à sua causa, como -talvez principalmente -pela enorme desconjunção cultural por que passaram Europa e América desde o fim da guerra do Vietnã. Em termos simples, os cidadãos do Ocidente perderam o seu apetite por guerras estrangeiras; perderam a esperança de conquistar qualquer vitória que não fosse temporária; perderam a confiança no seu modo de vida. De fato, não têm mais certeza sobre as exigências que esse modo de vida lhes faz.
2008
Não existe pensamento único sobre a história do jornalismo e muito menos uma opinião única sobre a sua génese. Havendo várias perspectivas admissíveis sobre esses temas, neste capítulo, como não poderia deixar de ser, desenvolvese, essencialmente, o ponto de vista do seu autor. Em concreto, o enquadramento temático aqui proposto entrecruza a história com a teoria do jornalismo e passa pelo cultivo de seis ideias fundamentais, cujas abordagens nem sempre merecem consenso entre a comunidade académica: De todas as ideias atrás referidas, a mais controversa talvez seja a primeira. De facto, tal como sistematiza Alejandro Pizarroso Quintero (1996: 8-11), há três grandes opiniões sobre a origem do fenómeno jornalístico, as duas primeiras "sócio-culturais" e a terceira "técnica": 1) O fenómeno jornalístico existe desde a Antiguidade, porque desde a Antiguidade existem dispositivos para a troca regular e organizada de informações actuais, ou seja, para a troca de notícias. 2) O fenómeno jornalístico é uma invenção da Modernidade, estando ligado à aparição da tipografia e ao surgimento, expansão e aquisição de periodicidade da imprensa na Europa, embora tenha como antecedente imediato as folhas noticiosas volantes manuscritas e impressas que surgiram entre a Baixa Idade Média e o Renascimento. 3) O fenómeno jornalístico nasce no século XIX devido quer ao aparecimento de dispositivos técnicos, designadamente impressoras e rotativas, que permitiram a massificação dos jornais, quer à invenção de dispositivos auxiliares que facultam a transmissão da informação à distância (como o telégrafo e os cabos submarinos) e a obtenção mecânica de imagens − as máquinas fotográficas. Neste quadro, a necessidade de notícias permitiu a aparição das agências noticiosas internacionais, que tornaram o jornalismo o principal dispositivo enformador da "aldeia global", segundo a metáfora de McLuhan. Neste texto assume-se, sem complexos, a primeira das opções atrás equacionadas, razão pela qual se abordará a génese do jornalismo a partir dos fenómenos pré-jornalísticos ocorridos na Antiguidade ou mesmo na pré-história. 1. Fenómenos pré-jornalísticos no mundo antigo Na sua essência, o jornalismo é uma representação discursiva de factos e ideias da vida do homem, construída para se contar ou mostrar a outrem. Por outras palavras, o jornalismo é uma representação discursiva da vida humana na sua diversidade de vivências e ideias. Assim, pode dizer-se que o jornalismo vai buscar a sua origem mais remota aos tempos imemoriais em que os seres humanos começaram a transmitir informações e novidades e a contar histórias, quer por uma questão de necessidade (nenhuma sociedade, mesmo as mais primitivas, conseguiu sobreviver sem informação), quer por entretenimento, quer ainda para preservação da sua memória para gerações futuras (o que, simbolicamente, assegura a imortalidade). Algumas pinturas rupestres, por exemplo, são testemunhos iconográficos deixados pelos nossos ancestrais de acontecimentos relevantes da sua vida quotidiana, embora possam ter tido outras finalidades, artísticas ou mesmo místicas e mágicas. A alvorada das civilizações foi um salto evolutivo da humanidade, sendo marcada por fenómenos como: 1) A sedentarização das populações nómadas, devido às práticas agrícolas e da pastorícia; 2) A fundação das primeiras cidades, como Jericó, devido à sedentarização; 3) Início das trocas regulares de bens dentro das cidades e entre as cidades, o que origina o comércio; 4) Advento da escrita, devido, provavelmente, às necessidades comerciais de registo dos bens trocados e às necessidades sociais de administração das primeiras cidades 1 ; 5) Fundação, na Mesopotâmia, dos primeiros "países", agrupando várias cidades sob uma liderança unificada, como aconteceu na Suméria, o que incentiva a escrita (registos, códigos, memórias...) e a comunicação; 6) Aparecimento dos primeiros impérios (Hitita, Egípcio, Assírio, Babilónico, Persa, Macedónio, Parto, Romano...), o que promove a comunicação e as trocas comerciais, mas também gera guerras de conquista e expansão. Surgimento da civilização helénica, determinante para a Civilização Ocidental; 7) Advento e cultivo das artes, da literatura, da filosofia, da retórica, do direito, da historiografia, da etnografia e da geografia humana, contribuindo para a fixação dos cânones expressivos e dos temas do que viria a ser o jornalismo. A humanidade entra num período de enriquecimento cultural, técnico, "científico" e cívico, nomeadamente na Grécia e em Roma; 8) Surgimento das primeiras grandes religiões, como o Judaísmo e, mais tarde, o Cristianismo, e aparecimento e desaparecimento de outras, como o Paganismo Greco-Romano. Com a invenção da escrita, várias transformações ocorreram. Uma delas diz respeito aos actos administrativos, muitos dos quais começaram a ser registados. Os escribas egípcios, por exemplo, faziam registos de actos administrativos, conforme se pode observar nos achados arqueológicos (quer de registos em si, quer de imagens em que se observam escribas a registar, por exemplo, as colheitas). No entanto, uma transformação, talvez ainda maior, gerou-se na arte de transmitir informação e novidades e de preservar a memória histórica. Quando, na Mesopotâmia, a escrita substituiu a tradição oral no registo da memória dos povos, cerca de 3500 anos a. C. 2 , a pré-história converteu-se em história. "Foi essa transmissão de dados por meios externos, não biológicos, que permitiu à espécie humana dominar o mundo e ser uma população em aumento exponencial" (Hawking, 2002: 165). Foi também o aparecimento da transmissão de dados por meios externos que veio a permitir, muito depois, o aparecimento do jornalismo como hoje o concebemos. 1.1 A invenção da literatura e os seus contributos para a génese do jornalismo Pode dizer-se que, historicamente, o primeiro grande fenómeno que contribuiu para fixar a matriz do que veio a ser o jornalismo proveio dos antigos gregos. Aliás, é graças aos gregos e, posteriormente, aos romanos, que temos hoje em dia a Civilização Ocidental (somos filhos de Atenas e de Roma!). O milénio anterior ao nascimento de Cristo foi, para os gregos, o milénio de ouro da sua civilização. A Grécia, enriquecida com o comércio, a agricultura e a pastorícia, ajudada pelo clima e por um modo de vida propiciador de vidas longas e saudáveis, gerou a filosofia, viu surgir a democracia ateniense e o primeiro sistema jurídico digno deste nome (configurador dos modernos estados de direito), cultivou a retórica, fez brotar do tronco-comum da filosofia as primeiras ciências, entre as quais a história e a geografia, e cultivou as artes (a Ilíada e a Odisseia terão sido elaboradas entre os séculos IX e VIII a. C.). A retórica, ligada à política e ao direito (vida nos tribunais), a literatura, a historiografia e os relatos geográficos e etnográficos foram, assim, alguns dos contributos dos antigos gregos para a fixação, muitos séculos depois, dos valores e formas de agir dos jornalistas, bem como para a definição dos formatos e dos conteúdos jornalísticos, ou seja, para a fixação das estruturas típicas das matérias jornalísticas e dos temas abordados pelo jornalismo. Se excluirmos obras menores 3 , as primeiras grandes manifestações literárias foram os poemas épicos Ilíada e Odisseia, de Homero 4 , que documentam a passagem de uma "literatura oral" a uma "literatura escrita". Conforme comprovam os achados arqueológicos no espaço da antiga Tróia, possivelmente ambas as obras indiciam factos reais, nomeadamente uma pequena guerra entre gregos (aqueus) e troianos. No entanto, esses factos reais indiciados quer na Ilíada quer na Odisseia estão abundantemente mascarados pelas lendas, pela religião e pelo mito. Aliás, o propósito principal de Homero (ou de quem cantou e escreveu as obras) não terá sido registar factos históricos, mas, provavelmente, divulgar uma história, exaltando a intervenção dos deuses na vida humana, e entreter públicos. A Ilíada e a Odisseia são, inclusivamente, um repositório de alguns dos mitos e lendas que terão permitido aos antigos gregos, disseminados por várias cidades-estado, darem sentido à sua existência colectiva e considerarem-se como povo possuidor de uma identidade comum. De qualquer modo, e no que respeita à influência da literatura grega fundacional na génese do jornalismo (e mesmo descontando que ambas as obras, na sua essência, relatam um facto real, propósito do jornalismo contemporâneo), é notório que na Ilíada e na Odisseia se encontram já alguns esquemas de narração e enunciação similares aos actuais modelos jornalísticos de enunciação e que os temas de que ambos os poemas tratam (vidas de heróis famosos, combates, diálogos entre pessoas famosas...) são temas igualmente presentes no jornalismo contemporâneo. A literatura clássica fixou, assim, como dissemos atrás, alguns dos cânones expressivos futuros, cânones esses que, provavelmente, reflectem, inclusivamente, os modelos de enunciação próprios da "literatura oral" anterior. Observemos, primeiro, a noção de lead e a sua concretização na Ilíada. Um lead é um parágrafo-guia, um parágrafo que, devido às suas características, está indicado para iniciar um enunciado (jornalístico ou não jornalístico). No relato homérico, a primeira frase de cada secção do relato, normalmente, é construída de maneira a ter impacto e importância, prefigurando aquilo que, três milénios mais tarde, os americanos e britânicos designaram por lead. Assim, um lead jornalístico não é mais do que uma reinvenção, readaptação e aperfeiçoamento de uma estrutura literária e retórica ancestral para fomentar o interesse por uma história. Por exemplo, começar a narração de uma história por "Este jovem morrerá ao amanhecer" (cit. in Casasús e Ladevéze, 1991: 15), como fez Homero, significa antecipar a acção, começando pelo mais importante, o que constitui um indício da utilização de uma espécie de proto-lead na literatura de há três milénios. A própria Ilíada...
Locus: Revista de História
O sentimento de rechaço ao islã tornou-se algo como um lugar-comum junto à emergência da nova direita populista em vários países e regiões do planeta. Sobretudo após os atentados de 11 de setembro de 2001, o islã ganhou um papel de protagonismo dentro daquilo que essa direita propõe combater. Todavia, os motivos do sentimento anti-islâmico tornam-se turvos, uma vez que antes do 11 de setembro vários setores da direita na Europa e nos EUA já enquadravam o imigrante não europeu, ou de países do chamado terceiro mundo como um grande problema. Quando o sentimento anti-islâmico surge nos discursos da direita em países que não se defrontam com a questão da imigração de forma tão incisiva, como no Brasil, este tema fica ainda mais problemático, tornando-se necessária uma averiguação mais detalhada da questão. Neste artigo analisa-se a abordagem do islã no contexto da nova direita no pensamento de Olavo de Carvalho, um influente formador de opinião da direita brasileira atual. Busca-se comp...
História Revista, 2011
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Pessoa Plural—A Journal of Fernando Pessoa Studies, 2022
Estudos Históricos, 2022
Revista Entre, 2011
fb.me/DerivaUnifesp, 2018
Revista Tempo e Argumento, 2016
Polifonia - Revista Internacional da Academia Paulista de Direito, 2024
2 palestras/ PDF - 14pp., 1915