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Santos, vadias e fetos

2017, Ponto Urbe

Este documento foi criado de forma automática no dia 1 Maio 2019. © NAU Santos, vadias e fetos Manipulações políticas de imagens religiosas no Brasil contemporâneo Renata de Castro Menezes NOTA DO AUTOR Este trabalho foi sistematizado durante um estágio sênior como Visiting Scholar no Center for Religion and Media, NYU, de 2015 a 2016, com financiamento de uma bolsa da Capes, a quem agradeço. O que foi separado ritualmente pode ser restituído, mediante o rito, à esfera profana (...). Há um contágio profano, um tocar que desencanta e devolve ao uso aquilo que o sagrado havia separado e petrificado (...). Profanar não significa simplesmente abolir e cancelar as separações mas aprender a fazer delas um uso novo, a brincar com elas (...). A profanação do improfanável é a tarefa política da geração que vem (Agamben, 2007, p. 66, 75, 79) Preâmbulo Este artigo passou por um longo processo de fermentação, no qual seus contornos e propósitos foram se redefinindo em uma sucessão de apresentações 1 , apesar de manter as características de um ensaio. O evento em que ele se baseia-a performance iconoclasta realizada por um coletivo porno-terrorista, o Coletivo Coiote, na Marcha das Vadias, em 27 de julho de 2013, no Rio de Janeiro, e suas repercussões-passou, no percurso, por diferentes apropriações. Inicialmente ele foi apresentado em diálogo com outro evento, a VI Caminhada pela Diversidade Religiosa (realizada também no Rio de Janeiro, em 08 de setembro do mesmo ano), para demonstrar como, nesses dois rituais políticos, a categoria intolerância religiosa (uma forma relativamente recente de qualificar conflitos de cunho religioso, cuja gênese precisa ser melhor compreendida), era posta em operação, sendo incorporada como mais um tema na pauta da luta por direitos. Tratava-se então de pensar os processos sociais pelos quais uma categoria política seria performada e adquiriria força e concretude.