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Inter Textualidades e Narrativa

2020, REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS

Abstract

Num tempo em que a evolução tecnológica permitiu à deriva da escrita e a aproximação ao ideal de textualidade barthesiano, a metáfora da fabricação têxtil, que subjaz à etimologia da palavra 'texto', é hoje uma evidência: Neste texto ideal, abundam as redes que atuam entre si sem que nenhuma possa impor-se às demais; este texto é uma galáxia de significantes e não uma estrutura de significados; não tem princípio, mas antes diversas vias de acesso, sem que nenhuma delas possa qualificar-se de principal; os códigos que mobiliza estendem-se até onde a vista possa alcançar; são indetermináveis...; os sistemas de significados podem impor-se a este texto absolutamente plural, mas o seu número nunca é limitado, já que se baseia na pluralidade da linguagem (BARTHES, 1970, p. 11-12). Longe de o imaginar (ou talvez não), Barthes antevê, deste modo, um ideal de textualidade em que o enunciado esbate os seus limites, convida a múltiplos percursos de leitura, alimenta-se de uma pluralidade desafiante de linguagens, compõe-se polifonicamente de outros discursos, para recorrermos a um termo de Mikhail Bahktin (1984), transformando-se, em suma, no que Julia