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Professores: Sofrimento Mental Na Universidade Pública?

2021

Abstract

Este artigo discute o sofrimento mental de docentes na universidade pública brasileira contemporânea. Serão apresentados, neste texto, parte dos dados resultantes de pesquisa qualitativa exploratória, realizada em uma Instituição Federal de Ensino Superior (IFES), em parceria com o Sindicato dos Professores, resultantes da realização de entrevistas semiestruturadas e observação participante em "Rodas de Conversa" sindicais sobre o tema. Identificou-se que o assunto é invisibilizado e que aqueles professores que comunicam seu sofrimento são chamados a normalizar suas expressões, configurando-as como uma questão individual, psiquiátrica ou jurídica. Além disso, foram identificadas estratégias igualmente individualizantes para lidar com o sofrimento no cotidiano. A discussão realizada no artigo ressalta o caráter coletivo e institucional do sofrimento relatado, relacionando-o aos processos de expansão, alterações na carreira e outros relativos às condições de trabalho e às relações profissionais estabelecidas. O "produtivismo" acadêmico, o assédio entre pares e as formas de avaliação dentro da universidade se configuraram como as principais causas de sofrimento entre professores, permeadas pela competição, individualismo, e ausência de sentimento de pertença a um coletivo. Entre as principais estratégias utilizadas em resposta ao sofrimento mental vivenciado estão o isolamento, tentativa de mobilidade interna e descredenciamento da pós-graduação. Concluímos que o sofrimento mental de docentes é uma pauta que exige atenção, especialmente em função de seu impacto na vida acadêmica, que toma a forma de primeira causa nos afastamentos do trabalho.