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O Mapa Como Texto: Reflexões e Sentidos No Espaço Urbano

2016, Anais do XI Seminário de Pesquisa em Ciencias Humanas

Abstract

Bem antes de servir para comunicar, a linguagem serve para viver. Se nós colocamos que à falta de linguagem não haveria nem possibilidade de sociedade, nem possibilidade de humanidade, é precisamente porque o próprio da linguagem é, antes de tudo, significar. (BENVENISTE, 1989, p. 222) RESUMO Nossa proposta centra-se na análise do mapa como texto, conforme os estudos da significação desenvolvidos por Eduardo Guimarães, os quais abordam o assunto sob uma perspectiva enunciativa. Para o linguista, autor de Semântica do Acontecimento: um estudo enunciativo da designação (2002), os mapas são assumidos como textos, ou seja, como unidades de sentido, efeitos de linguagem. Nessa perspectiva, as ruas de um bairro, por exemplo, apresentam-se como enunciados que se entrecruzam, sendo passíveis de leitura e interpretação. O processo de interpretação envolve o reconhecimento de que a linguagem não é ingênua, imparcial, sendo atravessada pela ideologia e pela memória. Por isso, mesmo que o mapa apresente-se como documento oficial, aparentemente dotado de neutralidade, sua essência-visto que é linguagemdemonstra muito mais do que o óbvio: indicar uma localização ou direção. Desse modo, nomear ruas e organizá-las dentro do mapa são ações políticas, as quais significam os sujeitos, os cidadãos dentro do espaço urbano. Neste trabalho, por meio dos pressupostos teórico-metodológicos da Semântica do Acontecimento, analisaremos a questão já apresentada, tomando a cidade de Londrina como exemplo e sugerindo, também, um trabalho interdisciplinar. Palavras-chave: mapa, texto, sentidos. INTRODUÇÃO Olhar para a produção de sentidos no espaço da cidade tem sido um dos propósitos de estudos desenvolvidos pelo semanticista Eduardo Guimarães, autor que se debruça sobre o nomear e o designar em um relação integrativa com o mapa. O mapa, na visão do teórico, é considerado como texto, linguagem. Desse modo, os nomes de ruas e avenidas que o integram são enunciados que movimentam sentidos, os quais significam a todo o momento os cidadãos que vivem na cidade. Nossa proposta de trabalho filia-se aos pressupostos teóricos da Semântica do Acontecimento, que vem sendo desenvolvida por Guimarães, desde a década de 1980, na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Sua teoria propõe caminhos para