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2018, Revista Crítica de Ciências Sociais
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Neste texto, são discutidas as dinâmicas entre a literatura e a cultura conforme vêm sendo tratadas no Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, nos 40 anos que constituem a vida deste centro de pesquisa. O foco incide em artigos publicados na Revista Crítica de Ciências Sociais (RCCS), a publicação que dá voz à investigação científica do CES desde a sua fundação. A ênfase recai em textos da autoria de investigadores/as envolvidos/as na estruturação do Centro, momento em que foram definidas as linhas -mestras da sua pesquisa, as metodologias e o tipo de conhecimento a construir. O objectivo primeiro deste trabalho é dar conta do papel que a RCCS tem tido na constituição de uma ideia de comunidade científica, com um projecto comum de construção de formas de conhecimento -emancipação e o contributo dos debates em redor da literatura e da cultura na definição desse projecto.
Differences between Literature and Cultural Studies
Revista X, 2011
O ensaio discute algumas relações entre estudos culturais e literatura. Vista de uma perspectiva histórico-cultural, a literatura perdeu, na segunda metade do século XX, o seu status como mídia principal. Os estudos culturais foram uma resposta a isso, dedicando-se à produção, a circulação e ao consumo de bens simbólicos de muitas áreas culturais, em seus respectivos contextos. Para uma formação cultural na sua dimensão de formação humana, porém, a literatura continua ser indispensável.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da editora. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Elaborado por Lizandra Toscano dos Santos -CRB-7/6915 Divisão de Bibliotecas e Documentação -PUC-Rio Linguagens visuais: literatura, artes e cultura / Heidrun Krieger Olinto, Karl Erik Schøllhammer, Danusa Depes Portas, organizadores. -Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2018. 400 p.: il.; 23 cm Inclui bibliografia
Anais do II SENALIC (Seminário Nacional Literatura e Cultura), 2010, p. 1-12.
Este trabalho investiga o modo como a literatura se tornou uma instância legitimadora de noções eurocêntricas de cultura e exclusão social. Para tanto, leva em conta seu processo de constituição como instrumento político de consolidação das identidades nacionais e objeto de estudo, bem como sua configuração como disciplina escolar e acadêmica, observando os casos da Inglaterra, França, Portugal e Brasil. Servem de base para seu desenvolvimento alguns pressupostos teóricos dos estudos culturais e pós-coloniais (WILLIAMS, 1960; BHABHA, 2006; BOHEMER, 1995), da história da educação (CHERVEL, 1990; HÉBRARD, 1999) e alguns ensaios já publicados sobre o tema (DOYLE, 1989; EAGLETON, 1983; CHERVEL e COMPÈRE, 1999; OLIVEIRA, 2008; 2009). Seu objetivo, desse modo, é analisar as implicações políticas da formalização da literatura como teoria e prática cultural e pedagógica, buscando indicar em que medida ela reforça a manutenção de preconceitos e diferenças étnico-sociais.
Revista Criação & Crítica, 2021
Quanto mais a língua tende a seu limite mais se aproxima de uma notação musical e da própria música. Deleuze & Guattari, Mil platôs. Nos seus primórdios, o que hoje entendemos por literatura não apenas subordina-se à música, como estabelece com ela uma simbiose. É o que nos lembra Segismundo Spina, em Na madrugada das formas poéticas, remetendonos às origens mágicas e encantatórias da poesia, como nos griots, contadores e cantadores de histórias africanos, que nasceram, segundo o mito, da transmissão de uma "linguagem estranha, cheia de imagens e flores", incompreensível e incompreendida por muitos. Teria sido necessário que essa língua fosse encarnada no canto de um músico para poder enfim ser ouvida e ter lugar na comunidade. Falar nessa relação Literatura & música é, portanto, remeter-se a uma história longa, ancestral, dessas duas artes; a longa história de seus começos, suas interações, sua separação e seus reencontros, e que passa por muitas épocas e culturas. Uma relação que será a todo tempo retomada, refeita, repensada, dos modos os mais plurais. É essa pluralidade que o presente dossiê busca apresentar, talvez buscando acenar à região desconhecida que Rimbaud acreditava ser acessível apenas à música das palavras ou a essa língua que, dizia Novalis, compunha uma relação musical entre almas, canto e encantamento, doado pelo som, pelo ritmo. Uma das linhas de força aqui presentes é essa, que explora o potencial encantatório da palavra poética, literária, tanto na poesia quanto na prosa. Seja a partir de reflexões de cunho mais teórico-filosófico, como no caso de "Literatura e música: voz, escuta e reencantamento"; seja nas análises mais cerradas ao texto literário e seus procedimentos de escrita, na proposta de escutas no e do texto. São artigos em que a abordagem das potencialidades sonoras da palavra encontra caminhos extremamente frutíferos para aproximações à obra de autores conhecidos por sua prosa sonora. Casos como o de Thomas Mann, presente tanto em "Silenciosa música da prosa? O potencial de performatividade de A montanha mágica de Thomas Mann", como em "Un fonógrafo poderosísimo: La invención de Bioy Casares y los ecos de Thomas Mann", na relação de Casares com sua obra; Marguerite Duras, numa leitura que analisa, juntamente ao romance, as músicas aí mencionadas, "O amante da China do
Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso, 2022
Cultura, estudos literários e grande tempo / Culture, Literary Scholarship, and Great Time O autor é um prisioneiro de sua época, de sua atualidade. Os tempos posteriores o libertam dessa prisão, e os estudos literários têm a incumbência de ajudá-lo nessa libertação. Mikhail Bakhtin Num momento tão conturbado como o que estamos vivendo, Bakhtiniana destaca a importância da literatura num número em que o discurso literário está efetivamente presente em sete dos nove excelentes artigos submetidos no fluxo contínuo da revista; um oitavo texto trata do ensino da literatura e, o último, da atuação e competência dos Tilsp (Tradutores e intérpretes de libras e português). Este foco nos estudos literários lembranos palavras de Benedito Nunes sobre "a importância ética da leitura [que] está no seu valor de descoberta e de renovação para a nossa experiência intelectual e moral". Continuando, o filósofo afirma: "(...) a leitura é um exercício de conhecimento do mundo, de nós mesmos e dos outros" (1999, p. 193). Por outro lado, ao contemplarmos o conjunto desses artigos, divisamos neles certa unidade, pois todos se ancoram na cultura de nossa época, o que nos evoca um breve, mas imprescindível, texto de Mikhail Bakhtin, "Os estudos literários hoje (Resposta a uma pergunta da revista Novi Mir)" 1 . Em 1970, a revista Novi Mir solicita a Bakhtin uma avaliação a respeito da ciência da literatura naquele momento, na União Soviética. Na resposta a essa pergunta, o autor propõe questões bastante instigantes, das quais destacaremos apenas duas. Inicialmente, a necessidade de pensarmos a literatura como parte da cultura humana, não apenas no aqui e agora, mas de um modo mais amplo e complexo, parte constituinte da cultura de diferentes épocas e espaços: "A literatura é parte inseparável da cultura, não pode ser entendida fora do contexto pleno de toda a cultura de uma época" (p. 360). Tratando das 1 Na nova edição deste texto (2017), o título é "A ciência da literatura hoje (Resposta a uma pergunta da revista Novi Mir)". Paulo Bezerra, o tradutor de ambas as edições, nos explica, entre outras coisas, que o termo russo (literaturoviédenie), traduzido por ciência da literatura nesta segunda tradução, "sintetiza história da literatura, teoria da literatura e crítica literária, três áreas correlatas da investigação literária (...)". Cf. Bezerra (2017), nota de rodapé 2, p. 9.
PUCRS 1 A ascensão dos estudos culturais na pós-modernidade Até há pouco tempo, talvez até a década de 1960, " cultura " era um conceito monolítico, que abarcava apenas as mais altas realiza-ções do espírito, assim como " literatura " só se aplicava às obras de linguagem consagradas pelo tempo e incluídas nos cânones pelos críticos e historiadores literários. Esses eram os domínios a serem cultivados, expandidos e difundidos, tarefa entregue às diversas instâncias do sistema cultural, com ênfase aos vários níveis de edu-cação formal e informal. O homem culto se distinguia do inculto pela leitura volumosa, pelo conhecimento, mesmo parcial, de vá-rios campos do saber científico e humanístico, pela habilidade lingüística na fala e na escrita, e pela freqüência aos clássicos, sem desconsiderar os modernos. Nos tempos pós-modernos, essa definição da questão cultural e do status do cidadão culto sofreu profundas modificações. O esfor-ço emancipatório do conhecimento e da arte, fruto do iluminismo do século XVIII, encontra hoje a resistência de um tipo de mentali-dade à deriva, em que o comodismo e a indiferença sequer são vis-tos como desairosos. Em sociedades hiperadministradas como as dessa era pós-moderna, os cidadãos vivem muito para si, quase num marasmo, sem metas a conquistar, porque já não acreditam em pro-messas e as tentativas revolucionárias ou mesmo os atos isolados de rebeldia não têm originado mudanças. É certo que essas subjetividades mergulhadas no imediato, na busca da felicidade e do próprio prazer, sem grandes compromis
Artigo publicado na Rep. Eslovaca em 2006, uma síntese dos acontecimentos culturais marcantes do fim da ditadura aos anos 2000.
Filologia, cultura escrita e estudos culturais, 2018
Ao longo da tradição ocidental, diversos intelectuais tomaram a palavra Filologia compreendendo-a como adjetivo para significar erudição ou como uma atividade crítica e de explicação do texto e, até mesmo, ciência, como fizeram os pesquisadores nos oitocentos. Independente da perspectiva, a estratégia lançada por todos eles foi sempre produzir fissuras nas bases etimológicas da palavra Filologia, que, a depender do estudioso, passa a ser entendida como “amor pelos argumentos, pela dialética” (Platão) (CUNHA, 2004, p. 342) e/ou, como podemos ler nas páginas contemporâneas – e apaixonadas? – dos manuais de Crítica Textual em língua portuguesa, “[...] a ideia básica originalmente expressa pelo termo [Filologia] em questão seria ‘amor à palavra’” (CAMBRAIA, 2005, p.15). Aprendemos com a professora homenageada com esta publicação que Filologia é “amor às letras”. Para alguns filólogos, importa que “filo-”, na explicação etimológica – primeira parte da forma composta greco-latino de Filologia, que, por sinal, advém de um verbo (CAMBRAIA, 2005) – se traduza por uma palavra de ação “amar”, e não pela palavra “amor”. Desse modo, teríamos “amar as palavras/letras”. Esse matiz importa para esta discussão filologia, cultura escrita e estudos culturais principalmente para que entendamos que, na contemporaneidade e na interface com os Estudos Culturais, a Filologia é uma ação, uma prática que se constrói a partir da leitura crítica e material do texto, atentando-se para os usos sociais do texto: o modo de produção, circulação, recepção e transmissão histórica. A partir disso, temos uma filologia como práxis, dada a sua natureza mais material, não abstrata e, frequentemente, não oprimida por uma teoria aprioristicamente concebida, principalmente, em torno tanto das concepções de objeto e sujeito de pesquisa, quanto dos motivos tópicos da pesquisa texto, língua e cultura. Assim, ainda para reelaborar os esquemas tradicionais que explicam Filologia, desejamos aqui ampliar os limites do “amor” no étimo do termo em questão, ou seja, por amor queremos entender afeto (SACRAMENTO; SANTOS, 2017); por afeto (SODRÉ, 2012), tencionamos não apenas aquilo que diz respeito ao sentimento subjetivo ou à empatia, mas todo compromisso político, ético, estético que vise buscar uma crítica humanística democrática (SAID, 2007), empenhada em práticas de visibilização, empoderamento e combate a situações de vulnerabilidade sociais, raciais, étnicas, de gêneros e sexualidades. Por outras palavras, mais modestas, dizemos que precisamos compreender o corpo e o que nos afeta enquanto sujeitos pesquisadores preocupados com os problemas políticos e sociais. Desse modo, a intersecção proposta nos textos deste volume, por itinerários distintos, tentam encontrar pontos de leitura crítica que visam, ainda pelas palavras de Muniz Sodré (2006, p. 8), à construção do reconhecimento epistemológico do outro e à “prática ético-política de aceitar outras possibilidades humanas, de aceitar a diversidade, num espaço de convivência”. Esse tecido teórico e pragmático, que aproxima reflexões que se repeliram metodologicamente em algum momento de suas trajetórias epistemológicas, é o que diversos intelectuais (HALL, 2005) chamam de Estudos Culturais (EC). Apesar de ter ganhado fôlego nas instituições acadêmicas, os EC não são uma disciplina com procedimentos teórico-metodológicos rígidos. É, ao contrário, um ponto de articulação reflexiva que assume a rasura das perspectivas disciplinares e compreende a cultura como elemento estruturante das diversas sociabilidades, muito mais próximo ou engendrado pelas questões que foram ditas mais regularmente como importantes, a saber: a economia, a política, o social etc. Mas, como esta vertente de estudo, diversa e atravessada pela descolonialidade do pensamento, contra o epistemicídio e etnocentrismo europeu pode estabelecer relação com a Filologia, uma vez que foi a partir do terreno filológico que se assentaram narrativas de nacionalidade, purismo cultural, por meio de paradigmas que reivindicavam a reconstituição dos originais, textos fidedignos que se dirigiam a matrizes culturais puras e originais? Para responder a isso, precisamos compreender como o labor filológico se transformou com os impactos promovidos pelo que se tem chamado de pós-modernos e/ ou pós-coloniais. Nesse sentido, argumenta Warren (2003, p. 19), [...] a filologia pode atingir o próximo “pós” juntamente com “moderno” e o “colonial”? Como uma disciplina dedicada a metanarrativas sobre a linguagem pode lidar com as críticas da unidade de ambas linguagem e subjetividade? E como uma disciplina forjada no colonialismo europeu do século XIX pode tecer críticas a esse legado e a essa história? transformação dos hábitos críticos e teóricos da Filologia em direção ao reconhecimento das pluralidades textuais, a uma possibilidade de interpretação que não se estabelece em termos de unidade de sentido (fidedignidade). A leitura de Santos (2015, p. 11) sobre a pós-filologia de Warren concorre a favor desta argumentação, pois [...] uma pós-filologia é a recusa completa de qualquer intenção de resgate de uma origem: “[...] a pós-filologia vai além da questão da origem, dispersando a hierarquia valorativa segundo a qual o estudo dos “materiais originais” [...] são mais valiosos do que os estudos de edições [...]” (WARREN, 2003, p. 27, tradução minha) E mesmo o estudo das edições não está assentado no julgamento das melhores edições, mas nos investimentos ideológicos de uma edição particular: “[...] a pós-filologia exige mais do que uma crítica de aspirações positivistas [...]” (WARREN, 2003, p. 27, tradução minha). No que diz respeito ao estudo de manuscritos, a pós-filologia, aponta Warren (2003), reconfigura as hierarquias que orientavam a compreensão das relações entre textos, imagens e elementos não-linguísticos. Na classificação de manuscritos, a pós-filologia recusa o estabelecimento de relações familiares entre os vários testamentos dos textos, que servem para definir a versão mais velha de um texto. Essa outra prática filológica, que se organiza em torno da renovação epistêmica descrita por Warren, foi a proposta assumida pelos diversos autores deste volume. Por meio do manejo com um dado texto assumido como fonte, há propostas que tomam a escrita, os suportes e o texto como objeto de suas reflexões.
Resumo: Parece haver consenso quanto ao fato de que o tipo de produção escrita a que chamamos literatura é intelectualmente benéfico: ler literatura é intelectual ou cognitivamente vantajoso. Mais que isso, é difundida a opinião de que, ao lermos literatura, aprendemos algo. Mesmo que essas asserções contem com nossa anuência, restariam ainda inúmeras incertezas acerca do modo como a literatura poderia ser intelectualmente benéfica, bem como da importância que isso teria para a leitura e o estudo literários. Em vista disso, realiza-se aqui um apanha- do introdutório da relação entre literatura e conhecimento. São abordadas as seguintes questões: a literatura é uma forma de conhecimento? Pode gerar conhecimento semelhante ao científico-filosófico? Pode ensiná-lo? É possível afirmar que há conteúdos exclusivos à literatura, que não poderiam ser comunicados ou desenvolvidos de outra forma? Abstract: It seems to be of general agreement that the type of written production which we call Literature is intellectually beneficial: reading literature brings intellectual and cognitive advantages. It is also widespread the opinion that, when we read Literature, we learn something. Even if we assent to these claims, there lingers a wealth of uncertainties concerning how this may be, and why it would matter to literary studies. The present article undertakes an introductory discussion of the relation between literature and knowledge. The following issues are addressed: is literature knowledge? Can it produce knowledge akin to that of Science and Philosophy? Can it teach it? Is it possible to claim that there are contents exclusive to literary formulation, which would be neither conveyed nor developed otherwise?
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