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Linhagens arturianas na Península Ibérica: o tempo das origens

2011, e-Spania

Abstract

No ciclo arturiano em prosa, representado em Portugal por vestígios importantes, embora fragmentários, todos eles pertencentes ao ciclo do Pseudo-Boron, a linhagem assume uma importante função legitimadora. Entre os romances que constituem o ciclo, a Estória do Santo Graal e o Tristão em Prosa na sua parte inicial (a chamada préhistória tristaniana) remontam à origem, por um lado, das linhagens marcadas pelo carisma divino que desembocarão no herói do Graal, e por outro, da genealogia maldita de Tristão e do rei Marc, que anunciam o destino trágico dos amantes da Cornualha. Na Estória do Santo Graal, das três linhagens escolhidas, duas são herdadas de obras anteriores e passam para segundo plano face à que se inicia com o primeiro cavaleiro cristão, a linhagem cavaleiresca por excelência e a única rigorosamente agnática. Na pré -história tristaniana, pelo contrário, as aventuras dos antepassados de Tristão inauguram uma espécie de anti-linhagem que contraria os princípios da linearidade e da progressão temporal, fundando na desordem as origens do amante de Iseu.