2017, PAINTING AND RESEARCH Reflexions beyond Thinking and Practice
Neste texto pretendemos investigar aspetos sensíveis da experiência formativa na pintura contemporânea italiana, do imaginário constituído por referências mediadas pela cultura pop, para isso escolhemos uma série de trabalhos do artista Daniele Nalin (1947), professor titular de pintura da Academia de Belas Artes de Verona. Consideramos em seu trabalho aspetos referenciais afeitos ao neobarroco (CALABRESE, 1988). Sob certas circunstâncias de aparente influência, nomeadamente aquelas advindas da indústria cultural norte-americana, e de seus polos hegemónicos, a poética circunscrita pelos trabalhos de Nalin se revela, em sua própria estratégia, como uma sobrevivência da pintura. A marca profunda, traumática, no contexto particular da ultrapassagem da última grande guerra, se contextualiza como contradição (e não como tradição) no contexto específico da realidade italiana, onde não traduz como uma decisão neutra de absorção de valores alheios, mas, ao contrário, traduz-se como uma ação poética cuja figura, a ironia, se conduz como um instrumento de resistência (tradição). As pinturas de Daniele Nalin fazem alusão ao universo dos mass media, referências que, entretanto, precisam ser consideradas no amplo contexto da cultura neobarroca italiana, de suas ações enquadradas politicamente como permanência da experiência poética. Num diálogo particular com o cinema, e com a literatura, a qualidade da pintura de Nalin não se submete aos enquadramentos dessa sua referencialidade de contorno explicitamente pop, mas na constituição de suas relações cromáticas em espaçamentos figurativos. Daniele Nalin se utiliza de todas as possibilidades que se configurem em sua necessidade, seja a colagem, a acrílica ou o pastel sobre a superfície da tela, agindo como um potencial e expressivo desenhista de formas, num equilíbrio fraterno entre as massas de cor e as linhas que marcam a sua narrativa, numa intuição espacial, ancorada potencialmente pela sensibilidade de expressão, o que permite à pintura uma liberdade que se constitui em si, como arte.