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2022, Revista USP
Fornecemos, de início, estimativas do “estoque” e do “fluxo” de pessoas escravizadas no Brasil na primeira metade do século XIX, enfatizando a intensificação da entrada de cativos. Em seguida, analisamos os impactos desses números nas características da escravidão brasileira à época da Independência, privilegiando dois temas. O primeiro, o padrão da distribuição da posse de cativos, permite-nos perceber o alargamento da disseminação daquela posse. Quanto ao segundo, as famílias escravas, evidenciamos a concomitância de sua vulnerabilidade e resiliência no enfrentamento dos rigores do cativeiro. Por fim, discutimos a eventual participação direta das pessoas escravizadas no processo de emancipação política, apresentando as características do Partido Negro. Nas considerações finais, destacamos aspectos da trajetória da escravidão até sua abolição, apontando as cicatrizes profundas por ela deixadas, ainda nitidamente visíveis em nossos dias.
Revista de Administração de Empresas, 1987
Junior e Jacob Gorender. Para tanto, sua primeira parte traz a apresentação das linhas gerais do debate, ressaltando os pontos mais envolvidos na controvérsia, principalmente no que diz respeito, dentro do campo teórico de matiz marxista, a como definir os sistemas de produção da América Latina na época colonial. Essa controvérsia tem sido extensa e envolve a adequação e os limites das categorias marxistas para dar conta da análise da formação econômico-social latino-americana no período, ensejando um debate ao mesmo tempo metodológico e histórico-factual. Na segunda e na terceira parte, comparam-se as concepções de ambos os autores, enfatizando-se as críticas de Gorender ao trabalho de Prado Junior. Finalmente, procura-se mostrar que essas não são convincentes, principalmente no que tange à existência de um sistema de leis inerentes ao escravismo colonial, o que permite concluir que a interpretação de Prado Junior parece resultar mais apropriada para a reconstituição histórica da escravidão e da transição para o capitalismo no Brasil.
Depois da longa travessia atlântica e do desembarque em algum porto das grandes cidades do Brasil, ou em alguma praia deserta após a proibição, os africanos logo percebiam que sobreviver era o grande desafio que tinham pela frente. Dali por diante teriam que conviver com o trauma do desenraizamento das terras dos ancestrais e com a falta de amigos e parentes que deixaram do outro lado do Atlântico. Logo percebiam que viver sob a escravidão significava submeter-se à condição de propriedade e, portanto, passíveis de serem leiloados, vendidos, comprados, permutados por outras mercadorias, doados e legados. Significava, sobretudo, ser submetido ao domínio de seus senhores e trabalhar de sol a sol nas mais diversas ocupações. Por mais de trezentos anos a maior parte da riqueza produzida, consumida no Brasil ou exportada foi fruto da exploração do trabalho escravo. As mãos escravas extraíram ouro e diamantes das minas, plantaram e colheram cana, café, cacau, algodão e outros produtos tropicais de exportação. Os escravos também trabalhavam na agricultura de subsistência, na criação de gado, na produção de charque, nos ofícios manuais e nos serviços domésticos. Nas cidades, eram eles que se encarregavam do transporte de objetos e pessoas e constituíam a mão-de-obra mais numerosa empregada na construção de casas, pontes, fábricas, estradas e diversos serviços urbanos. Eram também os responsáveis pela distribuição de alimentos, como vendedores ambulantes e quitandeiras que povoaram as ruas das grandes e pequenas cidades brasileiras.
Revista Principia, 2023
v. 14 n. 26 (2018): Tensões Mundiais - Encontro Tensões Mundiais: Política Externa Brasileira, 2018
Uma resenha sobre a obra A Elite do Atraso de Jessé Souza. Referência: SAMPAIO, W. S. A escravidão como berço do Brasil contemporâneo. Tensões Mundiais, [S. l.], v. 14, n. 26, p. 261–267, 2019. DOI: 10.33956/tensoesmundiais.v14i26.890. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/tensoesmundiais/article/view/890.
2019
Em 2018, a movimentação política, o conflito entre os poderes, o surgimento de presidenciáveis ultraconservadores, o crescimento de manifestações e discursos de ódio e a descrença no Estado são as pautas das rodas de conversas em grupos, mídias sociais e sites de notícia que configuram a aura de inquietação que paira neste atual momento de eleições. Já expressivas no processo eleitoral de 2010, agravaram-se em 2014. Jessé Souza1 se dedica a estudar o pensamento social, a desigualdade e as classes sociais no Brasil contemporâneo. Em sua obra A Elite do Atraso, da escravidão à Lava Jato, parte do pressuposto de que a ideia dominante é a da “classe dominante” (MARX; ENGELS, 1998), e analisa a formação do senso comum que propicia o surgimento de homens “incorruptíveis”, os quais travam verdadeiras cruzadas contra a corrupção do Estado. Estes “templários” são a classe média, na posição de “exército” particular da elite financeira – a “Elite do Atraso”, segundo o autor. Munido de uma ling...
Estudos Avançados, 2019
resumo A contribuição agrupa os diferentes estudos desenvolvidos pelo autor sobre a forma de Padre Vieira entender a escravidão, organizados em cinco tópicos-chave, a saber: a adesão aos termos da Segunda Escolástica; o processo de incorporação do indígena ao corpo místico do Estado; os termos usados pelas autoridades portuguesas para definir a missão atribuída a Portugal no Novo Mundo; a natureza indissolúvel do nexo entre conveniência e consciência suposto no chamado antimaquiavelismo; e, por fim, as práticas de conversão adotadas pelos jesuítas no Brasil.
Hispanic American Historical Review, 2013
This work studies the defense of slavery and slave trade in Imperial Brazil from 1826 to 1865, since the regular workings of Parliament until the outcome of the Civil War in the United States. It focuses on political discourses such as parliamentary speeches, State Council rulings, journal articles, pamphlets, books and political petitions. These evidences have been interpreted in the field not only of discourse analysis, but also of Social and Political History, in order to verify their impact upon slave trade dynamics, party building and social relations. The first chapter approaches the effects of the Anglo-Brazilian Slave Trade Treaty over Executive and Legislative relations, as well as the widespread conviction that the odious commerce was definitely finished. Chapter two handles its reopening as an illegal activity through articulated actions of particular social groups and members of Parliament (mainly the so-called "grupo do Regresso" and "saquaremas"). The following chapter relates the proslavery strategies of imperial politicians to cope with the increasingly more aggressive British diplomacy in the 1840s. The last one shows how parliamentary leaders, even after the slave trade suppression (1850), vindicated the political existence of slavery in Brazil as a means of national development for an indeterminate period of time. Palavras-chave: escravidão, tráfico negreiro, Império do Brasil, política da escravidão, Parlamento.
À Fapesp, que me concedeu a bolsa de março de 2010 a fevereiro de 2012, pelo apoio financeiro que foi de extrema importância. Ao professor Dr. Horacio Gutiérrez, quem estimulou a curiosidade pelo tema, pela contribuição com reflexões e críticas essenciais para o desenvolvimento da pesquisa. Não sei como agradecer a paciência nesses anos de convívio. Esses anos não só ganhei com o exemplo de sua carreira acadêmica, mas também com sua amizade. Às professoras Dra. Maria Cristina Wissenbach e Dra. Suely Robles de Queiroz, pelas sugestões realizadas durante a qualificação, essenciais para o término do trabalho. À professora Vera Lúcia Amaral Ferlini, pelas reflexões realizadas na disciplina cursada da Pós-graduação em História Econômica. Ao 5º. Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, que possibilitou conhecer outros pesquisadores que se dedicam ao tema da escravidão e ampliar os conhecimentos na área. À professora Dr. Joseli Mendonça (UFPR), Dra. Beatriz Gallotti Mamigonian (UFSC) e Dr. Carlos Eduardo Moreira de Araújo (UNIABEU), com quem dividi a mesa da sessão, pelos comentários fundamentais relacionados à pesquisa. À professora Dr. Beatriz Gallotti Mamigonian, também pela presteza dada em momentos de dúvida. Aos funcionários do Arquivo Nacional, do Arquivo Público do Estado de São Paulo e da Biblioteca Nacional, pela atenção e seriedade com que trabalham. Aos meus amigos, por dividirem as aflições presentes no cotidiano de um trabalho acadêmico; em especial, à Elisa Lourenço Pupim, amiga de infância, pela sua gentileza e acolhida em São Paulo e também pela leitura atenta e pelas correções que trouxeram grande melhoria ao texto. Aos meus familiares, em especial, aos meus pais, pelo amor com que me criaram e o apoio constante nos estudos, que fizeram de mim o que eu sou hoje; ao Manoel Ilson Cordeiro Rocha, meu esposo, pelo amor incondicional e por sua compreensão e seu empenho em todas as etapas do caminho acadêmico; e, ao Pedro Peliciari Rocha, meu filho tão amado, pelo seu carinho, sua companhia e sua paciência, que sempre me fortaleceu e tornou meus dias mais felizes. Sem eles eu nunca teria chegado até aqui.
Direito Público
A trajetória da escravidão para a liberdade é geralmente contada de forma linear, mas para milhares de negros nas Américas, as últimas décadas do século XIX foram uma época de expansão da escravidão. No Brasil, o comércio interno de escravizados deslocou mais de 200.000 pessoas das plantações do nordeste para a região centro-sul, onde a agricultura comercial de café rapidamente se tornava o principal setor de exportação do país. Cada vez mais, estudiosos têm discutido os modos pelos quais descendentes de africanos se tornavam agentes de sua liberdade no mundo atlântico, no entanto, tal agência é menos visível para as vítimas do tráfico interno. PALAVRAS-CHAVE: Brasil; escravidão; abolição.
2000
A expansão e o colapso da escravidão negra nas Américas no século XIX são um dos maiores desafios interpretativos para a historiografia mundial. Ao passo que especialistas costumam abordar a questão por meio de narrativas nacionais, esta Tese apresenta uma história integrada da política da escravidão nos Estados Unidos, na monarquia espanhola e no Império do Brasil desde a Independência dos Estados Unidos até meados do século XIX. Seu principal objetivo consiste em oferecer um enquadramento analítico para a compreensão dos processos mutualmente condicionados entre as conjunturas econômicas globais e os pactos políticos nacionais que levaram à montagem, ao desenvolvimento e à crise da escravidão negra nas Américas.
Marcelo Santos Matheus, 2018
Este artigo trata da transição da escravidão para a liberdade no Brasil do século XIX. Ainda que as pesquisas historiográficas recentes tenham sublinhado características sociais dos escravos libertos, este artigo se debruça sobre os "outorgantes" de cartas de alforria. São duas as questões a guiar a análise: por que as cartas de alforria eram tão comuns no Brasil Imperial? Como essa prática se inseria nas relações sociais e conformava a sociedade em geral? Esses problemas são aproximados tomando a cidade de Bagé, na província do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, como locus de análise. Por um lado, o papel relevante das mulheres como proprietárias naquele mundo rural e escravocrata é digno de nota. Por outro, pequenos donos de escravos, que representavam a maioria do grupo, adotaram estratégias específicas na emancipação de cativos, de modo a não perder seu status hierárquico de mestres. Além disso, este trabalho mostra que a produção da liberdade no Brasil Imperial foi um processo complexo que transcende cálculos quantitativos. Entre outros aspectos, enfatizamos a relevância da influência das matrizes culturais ibéricas e africanas para entender a sociedade brasileira do século XIX.
[Artigo publicado em 2011, em co-autoria com Eni Samara] O presente trabalho propõe uma discussão acerca da listagem da população paulista produzida em 1729, por ocasião da cobrança do Donativo Real, como fonte possível para o estudo da escravidão colonial na região concernente à cidade de São Paulo e seu termo. Sem escapar do tema norteador da análise – o processo de substituição da mão de obra escrava indígena pela africana busca-se, em primeiro lugar, apontar as perspectivas de trabalho que esta fonte documental oferece e, em segundo, propor uma interpretação que considere não apenas aquelas informações inscritas em suas páginas, mas também os silêncios e as omissões produzidos por seus autores.
Esboços, 2023
APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Não se aplica. CONFLITO DE INTERESSES Nenhum conflito de interesse foi relatado. DISPONIBILIDADE DE DADOS E MATERIAIS Os conteúdos subjacentes ao artigo estão nele contidos. PREPRINT O artigo não é um preprint.
Journal of Communication and Languages, 2020
Tempo, v. 27, n. 1, p. 215 - 221, 2021
O livro coletivo tem por objetivo analisar o papel da escravidão na configuração do capitalismo no Brasil no século XIX. Para tanto, os autores utilizam o aparato fornecido pelo conceito de segunda escravidão. A resenha aponta que essa incorporação conceitual retoma tensões entre a história e as interpretações econômicas. Palavras-chave: Segunda Escravidão; Historiografia; História Econômica. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-77042021000100215&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Landing of the second slavery in Brazilian historiography Abstract: The chapters of this edited volume aim to analyze the role of slavery in shaping Brazilian capitalism in the nineteenth century. For this purpose, the authors use the analytical apparatus provided by the concept of second slavery. The review points out that this conceptual incorporation reveals tensions between history and economic interpretations.
Almanack Braziliense, 2005
com bolsa da FAPESP, sob orientação do Prof. Dr. Rafael de Bivar Marquese. Resumo Esse informe apresenta algumas das questões desenvolvidas em meu projeto de iniciação científica, sob o título de "A Defesa da Escravidão no Parlamento Imperial Brasileiro: 1831-1850", em que pesquiso os discursos sobre a escravidão, proferidos no Parlamento nas décadas de 1830 e 1840. Retomando a literatura sobre o assunto, que pouco trabalha a questão específica da defesa da escravidão no Brasil, e considerando os principais grupos políticos que emergiram na década de 1830, trato dos campos discursivos utilizados pela elite política imperial para defender a instituição do cativeiro.
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