2021, Revista Latino-Americana de História
https://doi.org/10.4013/rlah.2021.1026.13Bruno Ferreira, também conhecido como Bruno Ferreira Kaingang, é uma importante referência intelectual e científica Kanhgág. Bruno é do clã Kamé "(...) possuidor de espírito forte, facilidade para intervir junto aos espíritos nas lutas Kaingang" (Ferreira, 2020, p. 14). Segundo ele nos conta, sua trajetória de lutas inicia quando tinha 8 anos ao frequentar a primeira escola, hoje "Escola Estadual Indígena Bento Pĩ Gog", setor Pedra Lisa na Terra Indígena do Guarita, pois, lá deveria somente falar o português para "civilizar-se", sentindo-se perdido porque não entendia o português, pois, foi criado com os avós falantes de kanhgág e para ele esse foi um grande marco em sua luta por reconhecimento dos próprios processos de ensino, bem como a valorização dos saberes, cultura e principalmente da língua kanhgág. Seu grande professor foi Albino Ferreira, "(...) meu pai, mesmo não falando a língua de seus antepassados, tem muito conhecimento e muitas vivências da cultura kaingang" (Ferreira, 2014, p.19), seu pai, por conta de uma proibição de seu avô, não pode aprender a língua Kanhgág, porém, "Sozinho na mata com meu pai, além de aprender as coisas da cultura milenar de meu povo, também fui aprendendo a falar português. O mais importante de tudo isso era que ele usava a natureza como espaço de aprendizado. Seu material didático estava livre, pronto e disponível na floresta." (Ferreira, 2014, p.19). Desse modo, Bruno intercalou os ensinamentos do pai, das pessoas na comunidade e da escola, ficando seis anos na "Pĩ Gog". Posteriormente foi estudar no município de Tenente Portela, um dos municípios que estão incrustados nas fronteiras da Terra Indígena, pois a escola da comunidade só oferecia estudo até a quarta série. Entre as maiores dificuldades, novamente, a obrigatoriedade da língua portuguesa: "(...) em 1980, uma professora de história percebeu que