Academia.edu no longer supports Internet Explorer.
To browse Academia.edu and the wider internet faster and more securely, please take a few seconds to upgrade your browser.
2018
No pensamento mítico grego arcaico, a Justiça é um dos aspectos fundamentais do mundo, percebida e descrita como uma Deusa, filha de Zeus e Têmis, integrante da tríade das Horas (HES. T. 901-903). Sendo uma das Horas, a Justiça, como as duas outras irmãs da mesma tríade, se manifesta no horizonte temporal do curso dos acontecimentos como a atualização da ordem e dos desígnios de Zeus. No teatro de Eurípides, a meu ver, a questão da justiça, pensada e determinada nos termos do imaginário mítico, constitui o fio condutor da narrativa; -- e a narrativa mesma, sendo construída segundo a lógica própria do pensamento mítico, constitui, por sua vez, uma imagem verbal da noção mítica de justiça e, por conseguinte, uma demonstração da constância e inevitabilidade da Justiça de Zeus. Mediante a análise e interpretação da tragédia Medeia de Eurípides, verificaremos a seguir a demonstração dessa tese geral do teatro de Eurípides em uma de suas tragédias.
REVISTA LAMPEJO Nº 5- 05/2014, 2014
Resumo Relida ao longo dos séculos por uma gama distinta de poetas, Medeia, de Eurípides, conquistou a admiração, de um lado, e o horror, do outro, de um não menos vasto número de leitores e espectadores. Para além do bem e do mal, ela segue inspirando artistas e suscitando algumas questões: seria Medeia um monstro moral? A despeito dos crimes cometidos, ela segue incólume, à primeira vista. Não sofreria Medeia nenhum tipo de sanção, mesmo que de ordem metafísica, por seus atos? Arriscamos algumas respostas. Para tanto, iremos discutir alguns conceitos morais evocados por Nietzsche em Genealogia da moral, obra na qual critica as mais caras ideologias da tradição religiosa e filosófica ocidental – compaixão, igualdade, crença na verdade –, e Além do bem e do mal, na qual tanto abordará a vontade de poder e suas ramificações, quanto à psicologia da religião e à definição de um tipo de homem nobre. Palavras-Chaves Medeia. Moral. Nietzsche-Schopenhauer. Abstract Reinterpreted over the centuries by a distinct range of poets, Medea, by Euripides, won the admiration, on one hand, and the horror, on the other, of an equally large number of readers and viewers. Beyond good and evil, she continues to inspire artists and to pose some questions: Is Medea a moral monster? In spite of the crimes committed by her, she remains unscathed at first sight. Should not Medea suffer any penalty, even in the metaphysical order, for her actions? We tried to find some answers. To do so, we will discuss some moral concepts evoked by Nietzsche in the Genealogy of Morals, a work in which he criticizes the most important ideologies of Western religious and philosophical traditions-compassion, equality, belief in a higher truth-and Beyond Good and Evil, in which address both the will to power and its ramifications, concerning the psychology of religion and the definition of a type of noble man. Key Words Medea. Moral. Nietzsche-Schopenhauer.
A Hora da Escrita, 2020
A contextual reading of Euripedes' Medea, comparing the character's and contemporary women's socio-political situation, under migrant hermeneutics, agency, and theodicy standpoints.
Língua e literatura, 1991
R K S U M O : N c s lc breve n rlig o , reporiam-se algum as reflexões sobre n Maféia de Sêneca. En lrc la n lo , a o invés de se fo c a liza r a personalidade da protagonista em seus aspectos pessoais em sentido m ais restrito (o perfil p sico ló g ico , a co n diçã o fe m in in a , e tc .), prefere-se realçar a temática m ais geral da tra gé d ia , já em germ e n o m ito. Medéia retrataria o c o n flito entre duas instâncias inconciliáveis: a dos de sejos m ais viscerais d o in d iv íd u o e sua repressão autoritária, exacerbação de um antagonism o presente, afin al de contas, cm todo processo c iv iliza ló rio. Dc Eurípidcs a Sêneca, passando por Ovídio, de Corncillc a Anouilh, a Chico Buarquc dc Hollanda e Paulo Pontes, o mito dc Medeia conlinua a fascinar as imaginações c a receber, cm cada forma artística, uma gama dc significações mais ou menos sulilmcnlc diferenciadas. Aliás, o lema da mãe que, por extrema vingança, mata os próprios filhos, volta e meia c invocado sob a forma do mito para comentar, nos jornais modernos, a aterradora notícia (menos incomum do que se poderia pensar) de que um crime semelhante foi cometido cm nossos dias, na realidade brutal e banal, não estilizada pela estruturação da substância trágica em obra de arte. É nosso intuito, nestas breves considerações, apresentar uma leitura da Medeia de Sêneca sob enfoque diverso do que habitualmente se faz. Assim, não centraremos nossa atenção na figura da protagonista, ressaltando, por exemplo, a ideologia sobre a natureza e a condição da mulher tal como o revela o retrato de Medeia. Sabe-se que os romanos viam no "sexo frágil" um ser mais facilmente presa de seus afetós e instintos, naturalmente impulsivo, racionalmente falho, i/wpotens siti, e portanto passível de dar vazão ao irracional da alma humana, se não for devidamente governado c sofreado pela razão masculina... Certamente M e deia, cm Sêneca como em Eurípidcs, c a materialização desse potencial (visto com desconfiança quase paranóica), mas transcende essa temática ao inserir a si tuação concreta da protagonista numa reflexão mais profunda sobre o ser humano c seu destino-e c esse aspecto que deverá interessar-nos aqui, em especial. Vamos, digamo-lo desde o início, tecer uma rede de hipóteses bastante de licadas, tentativas de roçar a face oculta do mito encenado, pegunlando-nos pri
CODEX -- Revista de Estudos Clássicos
Tendo em vista que a questão da justiça é o fio condutor das tragédias de Eurípides e que o enredo (entendido como “a combinação dos fatos”, sýnthesin tôn pragmáton, Aristóteles, Poét.1450a4-5) é uma imagem diegética da noção mítica de Justiça, a leitura parte por parte da tragédia As Suplicantes de Eurípides mostra que – nomeada ou não – a Justiça, filha de Zeus, se manifesta no horizonte temporal do curso dos acontecimentos, punindo transgressões e impiedades dos mortais. Se a Justiça é divina por ser um dos aspectos fundamentais do mundo, a piedade reside nas decisões e atitudes dos mortais, que os tornam gratos aos Deuses imortais. A punição dos Deuses aos mortais tende a ser antes coletiva que individual, mas a graça dos Deuses aos mortais, antes individual que coletiva.
Revista Extensão e Debate (UFAL), 2015
Resumo: Colagem de citações teóricas sobre a tragédia grega e a personagem Medeia; descrições simples de trechos dos dois filmes; comparação entre três traduções brasileiras do texto de Eurípides. Palavras-chave: Medeia; Eurípides; Adaptação. Medea's versions Abstract: Collage of assorted excerpts of versions and adaptations of Medea. I. O filme de Von Trier Após os créditos iniciais, um texto manuscrito informa em dois quadros: "Este filme é baseado no script de Carl. T Dreyer e Preben Thomsen para o drama MEDEIA de Eurípides. Carl T. Dreyer nunca o tirou do papel. Não se pretende fazer o filme dele, mas com reverência-uma interpretação pessoal e homenagem ao mestre. (Lars Von Trier)". Rosto de Medeia deitada na areia da praia acordando angustiada. A água das ondas lembra muito as de Tarkovski, do rio de Stalker e do oceano de Solaris. A atmosfera do filme tem muito da de Stalker. A primeira fala é, ao longe, a do rei Egeu (de Atenas), em seu barco, chamando por Medeia. Ele veio para falar com o oráculo, e ela pede proteção no país dele. (No filme de Pasolini, nem há o personagem Egeu.) Surge o logotipo do filme, uma árvore desenhada em branco contra o fundo preto, cujo tronco é a haste da letra D do título do filme, e duas crianças enforcadas em seus galhos, antecipando, portanto, que os filhos não serão mortos através de espada (1), sabre (2) ou lança (3). A trilha wagneriana, enquanto escravas limpam a jovem princesa nua. O rei Creonte de Corinto, acompanhado de uma gangue de velhinhos, com voz grave agradece o trabalho que Jasão tem feito na região e oferece-lhe a filha em casamento, como símbolo da união. Creusa, a princesa, é uma bela adolescente. É a véspera da noite de núpcias. trabalho publicado na revista Extensão e Debate, da Universidade Federal de Alagoas, 2a. ed. especial-Cinema (2015)
Ainda que o mito de Medeia fosse contado em diversos textos gregos, dos que nos chegaram, são essencialmente dois os que se centram na figura da feiticeira da Cólquida: a tragédia Medeia, de Eurípides, e o poema Argonáutica, de Apolónio de Rodes. Tendo em conta a antiguidade do mito, estes são, evidentemente, textos recentes (séculos V e III a.c.) e, portanto, já razoavelmente depurados e elaborados. Vestígios de alusões ao antigo mitema, porém, podem ser encontrados em outros autores, como Hesíodo, Mimnermo, Píndaro, Íbico,
Entrelaces - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras-UFC, 2019
A partir do estudo das poéticas do exílio relacionadas ao mito de Medeia, pareceu-nos singular a presença recorrente, mas não coincidente, do par mítico Orfeu e Medeia na Argonáutica, de Apolônio de Rodes. Ambos têm poderes mágicos: ele, na arte da música; ela, na manipulação das ervas. Ambos também participam ou instituem mistérios: ela, sacerdotisa de Hécate; ele, sacerdote de Apolo. São opostos complementares, fundamentais ao sucesso da expedição dos Argonautas. Para além da leitura mítica, propomos uma leitura e análise crítico-interpretativa a partir da obra de Jacques Derrida, A farmácia de Platão (2005), que tratará da escritura e do termo a ela associado, marcadamente ambíguo: phármakon. Este advém de um mito, o mito de Theuth, tratado no diálogo Fedro, de Platão. Além de Derrida, outro autor retomará o filósofo, fundamentando nosso estudo: Alberto Bernabé com Platão e o orfismo: diálogos entre religião e filosofia. A exposição deve ainda contar com dois aparatos metodológicos: o da historiografia e o da psicologia analítica, especialmente a abordagem alquímica, a partir da leitura de O segredo da flor de ouro: um livro de vida chinês, de C. G. Jung e R. Wilhelm.
Bajo el signo de Medea = Sob o signo de Medéia, 2006
(2) O estoicismo deve o seu nome ao local onde o seu fundador, Zenão, proferia as palestras-a stoa poikile, o pórtico decorado com as pinturas de Polignoto, em Atenas, motivo pelo qual a doutrina é também designada por Escola do Pórtico. É hábito distinguir três fases na cronologia do estoicismo: o estoicismo antigo, o estoicismo médio, o neo-estoicismo ou estoicismo imperial. O estoicismo antigo abrange um período que vai dos finais do século IV a.e. até ao início do século II a.e. e engloba, entre outros, o já citado Zenão de Cício, Cleantes, sucessor de Zenão na direcção da Escola, e Crisipo, discípulo de C1eantes e também seu sucessor à cabeça da Escola. No estoicismo médio, que abrange os séculos II e I a.e., destacam-se os nomes de Panécio de Rodes e de Posidónio de Apameia. Finalmente, o neo-estoicismo ou estoicismo imperial, que se estende ao longo dos séculos I e II d.e., além de L.
Codex - Revista de Estudos Clássicos, 2019
RESUMO: Tendo em vista que a questão da justiça é o fio condutor das tragédias de Eurípides e que o enredo (entendido como "a combinação dos fatos", sýnthesin tôn pragmáton, Aristóteles, Poét. 1450a4-5) é uma imagem diegética da noção mítica de Justiça, a leitura parte por parte da tragédia As Suplicantes de Eurípides mostra que-nomeada ou não-a Justiça, filha de Zeus, se manifesta no horizonte temporal do curso dos acontecimentos, punindo transgressões e impiedades dos mortais. Se a Justiça é divina por ser um dos aspectos fundamentais do mundo, a piedade reside nas decisões e atitudes dos mortais, que os tornam gratos aos Deuses imortais. A punição dos Deuses aos mortais tende a ser antes coletiva que individual, mas a graça dos Deuses aos mortais, antes individual que coletiva. ABSTRACT : Given that the matter of justice is 3 the guiding thread of Euripidean tragedies and that the plot (understood as 'the combination of facts', sýnthesin tôn pragmáton, Aristotle, Poet. 1450a4-5) is a diegetic image of the mythical notion of Justice, the part-by-part reading of the tragedy Suppliant Women by Euripides shows that-named or not-Justice, daughter of Zeus, manifests herself in the temporal horizon of the course of events, punishing transgressions and wickedness of mortals. If Justice is divine for being one of the fundamental aspects of the world, godliness lies in the decisions and attitudes of mortals, which make them grateful to the immortal Gods. The punishment of the Gods to mortals tends to be collective before being individual, whereas the grace of the Gods to mortals tends to be individual before being collective.
Itinerarios Revista De Literatura, 1993
Dor de branco... dor de negro... ela é sempre a mesma dor.
2008
Desde os primórdios civilizacionais que o Homem sentiu a sua dependência vital desse ciclo de trevas e de luz que ilumina o mundo e faz brotar a vida, na Natureza. O tempo de trevas-tempo de inacção e de repouso-foi percebido como reino do sono e da proximidade da morte. O curso total do dia transportava para essa ausência da luz a expectativa de que o Sol, desaparecido no horizonte, a Ocidente, quiçá mergulhado no mar, garantisse uma nova aurora, reaparecendo, no seu carro, para dar início a outro dia, a Oriente. Esse Oriente significava esperança de um ciclo confirmado, de que a ordem do mundo e da vida fossem, diariamente, confirmados. Essa luz., dimanada do Sol, constituindo um meio universal de representação, abre ao homem a noção de espaço, ilumina mundo e cria laços relacionais entre quem à luz vê e aquele que à luz é visto. Este era o fulcro vital da experiência de existir, de estar vivo, para o Grego antigo. Viver e ver a luz do Sol eram sinónimos. Ver a luz do Sol implicava a reciprocidade, ilimitada, por parte do astro-deus, fonte de vida, senhor e princípio de tudo, para algumas religiões da bacia oriental do Mediterrâneo, não esquecendo a reforma da religião egípcia de Aquenaton, fugaz, mas que deixaria as marcas do seu monoteísmo. O culto de Mitra será apropriado por Roma e assimilado às suas práticas cultuais. Viver e ver a luz do Sol viabilizava, conscientemente, "ver à luz do Sol" o que se deixava ver e era marcado pelo brilho solar-a beleza e a harmonia refulgiam a essa luz, na sua dimensão estética mas também ética, pois o que é harmónico, para o Grego, é belo e bem constituído-logo, bom. Ao olho do Sol nada escapava; dele não podia o Homem esconder as suas acções. Omnividente, era invocado na fórmula dos juramentos gregos. É compreensível que esta omnividência e a força poderosa de gerar vida e manter vida o fizessem coincidir com outras divindades poderosas, o viessem, mais tarde, em Roma, por influência oriental, ou na Europa cristianizada, a converter em símbolo do próprio poder, estilizado na arte religiosa cristã. O poder régio
Phoînix, 2018
Neste artigo objetivamos analisar a vulnerabilidade do estrangeiro, com base na obra euripidiana Medeia. Assim, discutimos também a noção de etnicidade helênica e o ethos da heroína Medeia, que rompe com o modelo esperado para a mulher ideal na Grécia clássica. Apesar das versões para o mito dessa personagem, a tragédia euripidiana é a responsável por consolidar na literatura o infanticídio como vingança contra o ex-marido Jasão. Ela, que deixara sua pátria para segui-lo, foi abandonada com os filhos e estava sem família e amigos em uma terra estrangeira.
2019
O presente trabalho tem por objetivo apresentar o espetáculo “Síndrome de Medeia”, criado e encenado pelo Grupo de Diálogos e Práticas de Teatro Grego (Téspis). Pretendemos elucidar como se deu o processo de criação e concepção da montagem da representação. Isto, partindo desde a seleção da tragédia Euripidiana “Medeia”, a sua adaptação para a discussão de um tema premente na sociedade contemporânea, o aborto; perpassando pelas pesquisas efetuadas e pela experimentação de jogos teatrais até a encenação da produção, no Laboratório de Artes do Centro de Educação da UFRN, em agosto de 2018. A realização desse trabalho foi possível a partir das leituras bibliográficas sobre o teatro, encenação, feminismo e gênero no mundo antigo e na contemporaneidade. Além disso, cabe destacar as observações etnográficas e práticas teatrais executadas que serviram de base para criação dos corpos das mulheres em cena. Obtivemos como resultados a criação de um roteiro e o próprio espetáculo teatral. Por fim, concluímos que nossa pesquisa estabelece um diálogo pertinente entre a antiguidade e o hodierno. Visto que, por meio da relação entre a tragédia grega e as discussões atuais acerca do poder decisório da mulher sobre o seu próprio corpo e, mais especificamente, sobre a questão do aborto, conseguimos propor um diálogo que ultrapassou a quarta parede do teatro e reverberou na opinião pública.
2020
The solidarity is important in social relations and conflict resolution through mediation, as it influences the collective conscience and, consequently, the social group. The study aims to present important aspects about the relationship between mediation and solidarity, as it is a fundamental theme in the resolution of conflicts and the strengthening of social pacification, with emphasis on the doctrine of Emile Durkheim. The methodology used in the study is descriptive and analytical, developed through bibliographic research. It is concluded that solidarity is a relevant value in human action and, as a consequence, a means of achieving and guaranteeing more cooperative forms of conflict resolution such as mediation and restoring social relations responsibly, through dialogue, for individual and group well-being. With education, people learn to value and conduct themselves in all human activities in a peaceful and caring manner.
CODEX -- Revista de Estudos Clássicos
Partindo das considerações de Taplin acerca da encenação em The stagecraft of Aeschylus: the dramatic use of exits and entrances in Greek Tragedy (1997) e dos recursos de caracterização usados por Eurípides conforme estudados por Van Emde Boas em Characterization in Ancient Greek literature (2017), o presente trabalho analisa a tragédia Medeia, de Eurípides, e desenvolve considerações acerca da construção do caráter de Medeia enquanto personagem complexa multifacetada em razão dos encontros por que passa ao longo da trama.
Trata-se aqui da demonstração da centralidade da empatia e seu exercício diante dos conflitos humanos, a qual pode ser levada a cabo por meio de uma justiça de molde restaurativo, na busca por realizar o escopo maior da cultura de paz e dos Direitos Humanos. É preciso evidenciar a importância desta dimensão restaurativa para a sociedade, tanto quanto entender o seu fim último como sendo a consolidação da Justiça calcada na empatia antes que na dimensão apenas retributiva e vingativa.
O Que nos faz pensar, 2018
Doutor em Filosofia pela PUC-RJ, com pós-doutorados pelo IFCS (UFRJ-2014) e pela University of Kent (Inglaterra-2015). Publicou, em 2014, pela Imprensa de Coimbra, O Encheiridion de Epicteto, tradução comentada e anotada da célebre obra. É editor-responsável da revista eletrônica de filosofia PROMETEUS (Qualis CAPES B1: seer.ufs.br/prometeus). Tem mais de setenta artigos publicados em revistas científicas brasileiras. Publicou, em 2015, resenha na conceituada Classical Review, de Cambridge. É pesquisador de produtividade pelo CNPQ desde 2015. Sêneca, Epicteto, Medeia e a dissolução do trágico Seneca, Epictetus, Medea and the dissolution of the tragic Resumo Nesse artigo, partindo das reflexões de Epicteto sobre o trágico e da "Medeia" de Sêneca, veremos como as concepções estoicas desses filósofos diluem o trágico destruindo seus três princípios fundamentais: que as ações humanas sigam decretos divinos infalíveis, que a humanidade cumpra um papel especial no mundo, e que as ações humanas possam alterar o equilíbrio entre a ordem humana e a divina, provocando uma reação da justiça divina.
Um pouco antes do pôr-do-sol, na praia. MEDEIA, com a sua burca, está estendida, de olhos cerrados, numa cadeira de praia dobrável. Ao lado, um saco de praia.
Doispontos, 2019
Não é anódino que Adam Smith, em célebre carta para a Edinburgh Review, tenha ressaltado passagens relativas a problemas de filosofia moral do Discurso sobre a desigualdade. Chegando a aproximar Rousseau de Mandeville, distancia-os, contudo, por meio de um conceito fundamental: a piedade. Nesse artigo, examinaremos as consequências dessa leitura, analisando-a, no entanto, sob a luz de Emílio. Mais precisamente, pretendemos desenvolver a seguinte hipótese: enquanto o Segundo Discurso (1755) apresenta-se como um diagnóstico crítico da moral do "sistema dos políticos modernos", no Emílio (1762) encontramos uma solução possível, através da educação do homem no percurso da formação do juízo, para os problemas morais impostos aos indivíduos no "sistema político moderno", no qual se inclui a sociedade de comércio. Examinaremos detidamente esse segundo momento, ou seja, verificaremos se as noções desenvolvidas de amor de si, identificação e piedade podem indicar a posição do pensamento rousseauniano em relação ao debate filosófico-moral ligado à economia política de seu tempo.
Classica - Revista Brasileira de Estudos Clássicos
Neste artigo, discute-se o infanticídio cometido por Medeia na peça homônima de Eurípides a partir da representação das emoções da personagem ao longo da trama. Momentos antes do filicídio, Medeia profere um monólogo em que debate se deve prosseguir com o ato ou poupar a vida de seus filhos (1021-80). Esse momento crítico da peça já foi lido como o emblema da cisão entre razão (βούλευμα) e emoção (θυμός) que perpassaria a tragédia euripidiana. Entretanto, para compreender o que move Medeia a cometer infanticídio é necessário se ater aos seus discursos. Desse modo, com base na abordagem aristotélica das emoções e no trabalho de David Konstan (2006), argumenta-se que, em vez de ser tomada pela raiva, Medeia convence-se de que a morte de seus filhos é necessária a fim de reparar a injustiça e o dano que Jasão lhe inflige ao quebrar a φιλία outrora estabelecida pelo seu casamento.
Loading Preview
Sorry, preview is currently unavailable. You can download the paper by clicking the button above.