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Belas Infiéis
A proposta do presente artigo é problematizar a tradução do pronome pessoal eu, e do consequente eu subjetivo, no romance autobiográfico Une Année Studieuse, de Anne Wiazemsky. Baseando-se na noção de “pacto autobiográfico” de Philippe Lejeune, alguns fatores que podem influenciar a construção desse eu são abordados.
Um currículo expandido em uma narrativa sobre minha trajetória nas artes e na cultura. Esta revisão de 2023 reorganizou o material visual e acrescentou várias obras.
Acta Scientiarum. Language and Culture, 2008
RESUMO. Este artigo defende a hipótese de que o romance As horas nuas (1989), de Lygia Fagundes Telles, apresenta um sofisticado jogo auto-referencial da obra dentro da obra. As cenas em que Rosa, a protagonista, tenta escrever suas memórias, mas é consumida pelo alcoolismo, fortalecem as idéias de paródia e de descentramento estético, presentes nesse romance. Rosa narra e comenta a superficialidade de suas memórias até abandonar seu projeto de escrita, que pode ser lido como uma paródia das autobiografias. Essa hipótese será sustentada metodologicamente pelos conceitos pós-estruturalistas propostos por Jacques Derrida, que defende a escrita como jogo, remédio, veneno ou teatro, entre outros conceitos. A partir dos suplementos estéticos da encenação de Rosa, o leitor, preocupado com o "como" a obra foi construída, descobre novos roteiros desse romance que se autoquestiona no próprio desenrolar da narrativa. Ao final, interpreta-se o silêncio de Rosa como uma crítica à superficialidade e ao narcisismo do gênero autobiográfico.
TRADUÇÃO EM REVISTA, 2014
isso mesmo, o "alhures", para o qual eu mesmo era antecipadamente ex-portado, a saber, o "alhures" desse totalmente outro com o qual tive de preservar, para me preservar, mas também para me preservar dele, como de uma temível promessa, uma espécie de relação sem relação, um se preservando do outro na espera sem horizonte de uma língua que apenas sabe fazer-se esperar. Jacques Derrida, Le Monolinguisme de l'autre 2 A tradução, isto é, uma variedade de sentidos relacionados àquilo que se costuma designar como tradução, traz consigo implicações simultaneamente teóricas e práticas para o pensamento de Jacques Derrida. Entendida como um processo de relação entre o mesmo e o outro, tal como ela aparece na leitura de Walter Benjamin realizada por ele em Torres de Babel, onde a questão principal sublinhada na tarefa do tradutor é a sobrevida do texto original enquanto fragmento de uma unidade linguística perdidao que caracteriza esta última, no mesmo movimento, como unidade linguística por reencontrar -, ela pode ser vista ao longo de sua obra no sentido da exigência de abertura ética para o outro tragicamente ausente. 3 Este outro é o outro humano, certamente, o falante de outra língua, mas também o "totalmente outro", figura informe que remete a uma promessa tomada no contexto da estrutura aporética da justiça por vir.
Revista Araticum, 2020
O presente artigo analisa narrativas de natureza autobiográfica publicadas em língua portuguesa assinadas por autores surdos brasileiros com o objetivo de investigar os modos de autorrepresentação da diferença surda, colocando em foco a heterogeneidade de t al experiência. O referencial teórico adotado para dar materialidade ao objetivo traçado dialoga com pesquisas sobre narrativas autobiográficas e outras formas de escrita de si, além das contribuições de pesquisadores vinculados ao campo dos Estudos Cultur ais e em especial dos Estudos Surdos.
2015
Abstract: This paper presents a brief reflection on Machine Translation (MT) from a historical perspective in the context of Translation Studies. In search of a better understanding of some of the most significant aspects of MT, we consider using the "human versus automatic" dichotomy to analyze these two distinct translational processes. This analysis consists of exploring the relationship between the tripartite translation model proposed by Eugene Nida (i.e. human translation) and the three-phase approach for machine translation systems (i.e. machine translation). In this sense, we present a summary of the chronology of machine translation, relating to the evolution of language in the context of formal grammars. From the results obtained, we propose an interpretation of the influences and affinities observed between human and automatic translation processes. Key-words: Machine translation; Historiography of translation; Eugene Nida. Resumo: Este artigo apresenta uma breve reflexão sobre a Tradução Automática (T.A) a partir de uma perspectiva histórica no contexto dos Estudos da Tradução. Em busca de uma maior compreensão sobre alguns dos aspectos mais significativos da área de T.A, consideramos empregar a dicotomia “humano versus automático” para analisar esses dois processos tradutórios distintos. Esta análise consiste em explorar a relação entre o modelo de tradução tripartido de Eugene Nida (tradução humana) e a Abordagem Trifásica dos sistemas de tradução por máquina (tradução automática). Nesse sentido, apresentamos uma síntese da cronologia da Tradução Automática, relacionando-a à evolução da linguística no contexto das gramáticas formais. A partir dos resultados obtidos, propomos uma interpretação das influências e das afinidades observadas entre os processos de tradução humano e automático. Palavras-chave: Tradução automática; Historiografia da tradução; Eugene Nida.
Este artigo realiza uma discussão em torno da escrita de si, tal como é apresentada em Michel Foucault, e da autobiografia, conforme é apontado por Philippe Lejeune, buscando evidenciar suas aproximações, limites e conflitos conceituais no que concerne às pesquisas autobiográficas na modernidade. Realiza-se então uma discussão em torno da Escrita de Si em seu aspecto mais geral e a seguir em seus aspectos mais específicos, que seja a sua concepção no universo greco-romano e no universo cristão. Em seguida apontamos para uma reflexão sobre a autobiografia na modernidade, evidenciando suas conceituações e características. Para então apontarmos para uma leitura particular a respeito da relação estabelecida entre a escrita de si e a autobiografia. De modo que o artigo interrompe as discussões apontando para os equívocos e os riscos em se aproximar em uma modernidade, a perspectiva de Escrita de Si de Foucault da abordagem de Autobiografia de Lejeune.
Revista Lumen - ISSN: 2447-8717
A presente tradução do alemão para o português de um esboço autobiográfico do compositor Richard Wagner, apresenta seus primeiros passos em direção ao que seria o seu trajeto artístico e pessoal, ou seja, a música como arte fundamental e os percalços que enfrentaria ao longo de sua vida, algo já vivenciado em sua adolescência e primeiros atos artísticos. O esboço escrito por Wagner tem sua data finalidade no ano de 1842 e publicado a pedido de seu amigo Laube no jornal intitulado Zeitung für die Elegante Welt (Jornal para o mundo elegante).
2015
This paper, by means of the Sartrian autobiographic project, whose literary production proposes us several manners of “self-writing”, highlights debates on singularity and alterity, the self and the other, the “bio” and the “graph”, to exam how the scriptural trajectory of this project allows us to revisit the nuances that mark out the problematic identity of the writer.
2007
O presente artigo e uma breve analise do livro Autobiografia de um Iogue, de Paramahansa Yogananda. Atraves da leitura dessa obra, que em 2006 completa 60 anos de sua publicacao, o leitor tem acesso a uma narrativa repleta de historias onde o principal objetivo recai sobre a busca espiritual de um homem apaixonado por Deus, que desde a infância buscou atingir o seu proposito: alcancar a auto-realizacao atraves do yoga. Mais do que um simples relato de condutas e praticas espirituais, a Autobiografia e uma obra que seduz o leitor desde as primeiras linhas, devendo a isso dois fatores fundamentais: a posicao em que o autor se coloca frente a sua propria historia de vida, desnudado de qualquer manifestacao egolatra, e o modo como consegue tratar das diversas manifestacoes do fenomeno religioso, sempre com um profundo respeito a religiao e as praticas religiosas alheias. YOGANANDA, PARAMAHANSA. Autobiografia de um Iogue.Sao Paulo: Self-Realization Fellowship, 1999.
Resumo: Este artigo propõe apresentar uma reflexão em torno do manuscrito de natureza autobiográfica, deixado como espólio, de Abel/Adelaide Herculine Barbin (1838-1868), indivíduo de condição hermafrodita que se suicidou aos trinta anos de idade, no intuito de apontar nele características suficientes para se pensar em estudos comparados tanto na literatura como na história. Seguiremos a trilha do texto de Barbin considerando-o como um documento autobiográfico no qual se configuram e se preservam representações literárias e testemunhais de uma época e de uma condição humana que beira o extraordinário. O empreendimento aqui será no esforço de estabelecer característica do manuscrito de Barbin suficientes para se pensar uma ficcionalização de si. Palavras-chaves: Autobiografia; Herculine Barbin; hermafroditos. É no esteio da produção inacabada da coletânea História da Sexualidade que encontramos o interesse de Michel Foucault pelo "Diário" de Adelaide / Abel Herculine Barbin...
Este é um ensaio, sinteticamente focado (sem desvios) no trabalho de Damásio sobre o "si autobiográfico". Naturalmente, que, na abordagem de Damásio, são excluídos os processos e dinâmicas sistémicas cognitivas orgânicas reflexivas, nas quais estão incluídos os níveis quântico e sub-quântico que lhes subjazem, em termos de suporte cognitivo à unidade sistémica (e respectiva não-localidade) que determina a identidade do organismo, de cada organismo. Contudo, sinaliza-se, como relevante para o pensamento sistémico, o facto de Damásio dessubstancializar a consciência (a entidade é o organismo), abordando o organismo como uma totalidade integrada, em que se destaca a noção de fronteira. Importa, ainda, relevar o "fundo de permanência" referido por Damásio, pela aproximação que pode ser feita, em termos (onto)sistémicos, aos campos quânticos de sustentabilidade que acompanham os respectivos organismos durante todo o seu "tempo" de existência, enquanto presenças e permanências auto-sustentadas. -//-Damásio considera que "aquilo" a que chamamos identidade e pessoalidade e que inclui elementos da nossa história organísmica, disponível desde o nascimento, ou aquela adquirida posteriormente, em permanente interface com o meio, no qual crescemos e aprendemos, baseia-se na memória autobiográfica, construída por cada organismo, ao longo dos seus anos de vida, segundo os seus próprios parâmetros e desenho internos 1 . 1 Damásio, O Sentimento de Si, p.367. O si autobiográfico, descritivamente acoplado à consciência alargada, tem uma base neuroanatómica (configurada durante o processo evolutivo pelos mecanismos orgânicos) que inclui um espaço imagético, em que imagens de todo o tipo, construídas a partir de padrões neurais, ocorrem explicitamente; e um espaço disposicional que contém a base do conhecimento e os mecanismos, através dos quais: as imagens podem ser construídas durante o recordar, os movimentos podem ser gerados e o processamento de imagens facilitado 2 . Ao contrário do espaço imagético, os conteúdos do espaço disposicional são implícitos. Ambos os espaços são apoiados por distintas bases neurais que correspondem, no caso do espaço imagético, a áreas de padrões neurais, activadas nos córtices límbicos e em núcleos subcorticais, e, no caso do espaço disposicional, a zonas de convergência, localizadas nos córtices de ordem superior, e em, igualmente, núcleos subcorticais 3 . Os registos que constituem o si autobiográfico, encontram-se dispersos por várias regiões e circuitos do cérebro, eficazmente coordenados por ligações neurais de modo a que os seus conteúdos possam ser rapidamente recordados sob a forma de conjuntos 4 . Podemos dizer que o si autobiográfico não existe substancialmente, é, antes, uma propriedade organísmica dinâmica e processual de activação e exibição, coordenadas entre si, da história de cada indivíduo e das suas ocasiões de pessoalidade 5 . Os conteúdos que configuram a identidade e pessoalidade de cada um de nós e que nos permitem afirmar que somos estes organismos e que estas são as nossas histórias, resultam de um processo físico, químico e eléctrico, trabalhado no e do ponto de vista de cada organismo que inclui as sombras do si nuclear, profundamente biológico, que acompanha a consciência nuclear, a qual corresponde a uma capacidade de apreensão pouco eficaz, por parte do organismo, no sentido em que o mesmo, apenas, consegue mapear o que ocorre no instante mais próximo do agora 6 , e que inclui, igualmente, o si autobiográfico, bastante mais complexo, acompanhado por uma capacidade de apreensão, igualmente mais complexa, a que Damásio chama consciência alargada, descrita com vários níveis de organização, tais como: a memória 2 op. cit. p. 253. 3 op. cit. pp. 254, 377. 4 op. cit. pp. 255, 256. 5 op. cit. pp. 259, 268. 6 op. cit. p. 139. convencional do espaço e tempo em que nos situamos, como referência ao que ocorre dentro e fora de nós 7 e a memória de trabalho, na qual são incluídos elementos como a atenção, a aprendizagem e a linguagem, e relacionados acontecimentos, factos, situações, escolhas e decisões 8 . Ao contrário da consciência nuclear, a consciência alargada permite o acesso a superfícies de interacção temporalmente mais expandidas, que relacionam, vantajosamente, em termos de decisão estratégica, o passado longínquo com o presente e o futuro distante, antecipado. Segundo Damásio, não é possível obter um rigor descritivo dos padrões neurais, nem das imagens mentais que lhes correspondem, no sentido em que os mesmos são baseados em modificações do organismo, quando este interage com objectos que lhe são exteriores. Cada objecto, em si mesmo, não é captado pelo cérebro, não existe tal coisa como uma percepção pura do objecto 9 . O que o cérebro capta e cartografa é a interacção organismo/objecto, as reacções e os ajustamentos que ocorrem durante o processo, e isto é tudo aquilo que é registado, em conjunto, no mecanismo memória 10 . O si autobiográfico tem, pois, uma base neural que remete, permanentemente, para o que acontece dentro e fora do organismo e que com este se relaciona, do seu ponto de vista. A produção de subjectividade é mapeada e reactivada momento a momento, o que significa que a identidade e pessoalidade é reconstruída, repetidamente, a partir da base neural. A ideia de uma autobiografia, localmente substancializada, não é descritivamente verificável, o que temos é uma sucessão de momentos em constante reelaboração. O fundo de permanência que acompanha a identidade e a pessoalidade envolve o trabalho das múltiplas regiões do cérebro, topograficamente organizadas. Este fundo torna possível ao organismo apreender-se como uma unidade, ou seja, uma coincidência permanente consigo mesmo a qual lhe permite responder com maior eficácia a problemas, postos pelo meio ambiente, que 7 op. cit. p. 175. 8 Damásio, O Erro de Descartes, pp. 201-211. 9 Damásio, O Sentimento de Si, p. 177. 10 op. cit. p. 365.
Revista de Letras
Na tentativa de expandir as reflexões sobre pesquisa em Estudos da Tradução, este trabalho propõe a tradução comentada como escrita cartográfica da zona de tradução. O território é a tradução de teorias psicanalíticas. A zona de tradução segue o rasto das pistas deixadas nas situações em que o termo inmixing, referido ao sujeito do inconsciente, é apresentado na teoria de Jacques Lacan. Trabalhamos com as traduções desse termo a partir da sua introdução no título da conferência de 1966: Of structure as an inmixing of an otherness prerequisite to any subject whatever. Passamos por outros lugares das traduções de Lacan, guiados pela presença desse termo até chegar em produções de psicanalistas latino-americanos vinculados a seu ensino. Intuímos que, na época da chamada Conferência de Baltimore, o psicanalista optou por mesclar línguas apontando o potencial da tradução. Em nossas pistas, as línguas de tradução apresentam a força da multiplicidade. Esses sinais de desterritorialização, ...
Agradeço a CAPES que possibilitou a realização desse trabalho com a dedicação exclusiva que ele exigia. Agradeço ao Instituto de Letras e Lingüística da UFU na figura de seus professores, técnicos e secretários pelo auxílio durante a minha graduação em Letras e Literaturas de Língua Portuguesa. Agradeço especialmente aos professores: Aldo, Joana, Roberto, Paula, Maria Suzana, Maria Ivonete, Benice, Jackeline, Maurício, Evandro, Maura entre muitos outros. Agradeço ao DALVIM, Diretório Acadêmico do curso de Letras Vinícius de Moraes, espaço que me possibilitou, durante a graduação exercitar meus direitos de discente e trocar experiências com a comunidade do ILEEL-UFU. Agradeço à coordenação do Mestrado em Teoria Literária desse Instituto pelos dois anos de intenso trabalho e enriquecimento para a minha formação enquanto pós-graduanda, na figura de seus professores. E ao secretário deste Programa, Renato, pelos constantes auxílios. Agradeço às funcionárias da copa da Universidade pelos sete anos de café grátis. Agradeço a banca de qualificação à qual esse trabalho foi submetido quando ainda bastante incipiente. Pois foram as contribuições desses professores, Roberto Daud e Jacy A. de Seixas, que possibilitaram estabelecer os rumos seguidos nesta dissertação, sob as constantes orientações, revisões e acompanhamento da minha orientadora Joana Luíza Muylaert de Araújo. Dedico este trabalho a professora Joana Luíza Muylaert de Araújo, minha orientadora, por ter sempre se excedido nos cuidados com meu trabalho e com minha pessoa. Ao professor Roberto Daud que me tornou uma estudiosa da obra de Clarice Lispector e foi meu co-orientador nesse percurso. Ainda aos professores: Aldo Luís, Paula Arbex, Maria Suzana, Maria Ivonete, Jacy, e a todos os outros que foram responsáveis pela minha formação. Dedico este trabalho a Diego Mendonça, Marco Antônio R. Azevedo, e a minha família. Dedico este trabalho a Leon de Aguiar. E aos meus outros amigos escritores: Abraão José, Augusto Corvo S. Garcia, Danislau Tamen, Muryel de Zoppa, Tatielle C. Freitas, Dom Manoel Veronez, Aline Romani, Marillu Caixeta, Fhaêsa Nielsen, Robinson Sete, Guilherme Problema e Juliana Schorëden. Dedico este trabalho aos amigos que foram muito importantes para que eu enfim escrevesse essa dissertação de mestrado: e ainda muitos outros que não designarei nominalmente aqui. Ultimamente têm passado muitos anos. Rubem Braga Tentar possuir Ângela é como tentar desesperadamente agarrar no espelho o reflexo de uma rosa. No entanto bastava eu ficar de costas para o espelho e teria a rosa de per si. Mas aí entra o frígido medo de ser dono de uma realidade estranha e delicada de uma flor. Clarice Lispector Todos trabalharão esse eu sem carne, Sem carne não há guerra, Leon de Aguiar RESUMO O livro A descoberta do mundo (1999) reúne crônicas de Clarice Lispector publicadas no Jornal do Brasil, de 1967 a 1973, num conjunto que se configura como espaço singular na obra clariciana. A importância dessas crônicas ainda não foi devidamente reconhecida pela historiografia e crítica literária brasileiras. Essa obra faz-se importante também para o estudo das especificidades e mesmo da versatilidade da escrita clariciana. Pois Clarice transitava entre diferentes modalidades de narrativa, alternando-se na escrita de contos, romances e crônicas e mesmo republicando contos e partes de romances em sua coluna de jornal ou o contrário. Quanto às peculiaridades da escrita cronística da autora, devemos lembrar que ela não só não se enquadra nos moldes mais tradicionais do gênero em questão como também não deixa de problematizar, enquanto mote da própria criação cronística, esse seu relutante descompasso. Sendo comum em suas crônicas a presença do questionamento sobre o próprio gênero naquilo mesmo que o constituiria: "Crônica é um relato? É uma conversa? É o resumo de um estado de espírito?" (LISPECTOR, 1999, p. 112). Ainda devemos aludir àquela acentuada preocupação de Clarice, marcante nas crônicas, e que se refere ao fato do gênero implicar, ou mesmo exigir, uma pessoalidade, uma referencialidade incômoda para a escritora, que ora confessava o desejo de se revelar autobiograficamente diante de seus leitores, ora afirmava o contrário. A descoberta do mundo (1999) responde ainda ao nosso anseio de pensar aqueles escritos, no caso a crônica, que estiveram à margem das fontes tradicionalmente privilegiadas na crítica historiográfica brasileira, mas que podem mostrar-se de grande riqueza frente ao intento de se escrever em outras chaves a história de nossa literatura. Há que se dizer ainda que a leitura dessas crônicas permite-nos refletir não apenas sobre o gênero crônica e suas especificidades, mas também sobre a autobiografia e alguns conceitos relativos à escrita de si, para assim nos posicionarmos diante de outra questão que aqui se anuncia, qual seja, a da relação das crônicas de Clarice Lispector com uma escrita de caráter autobiográfico. Palavras-chave: Clarice Lispectorliteratura brasileiragêneroscrônicaautobiografia.
Revista Eletronica De Letras, 2012
O objetivo do presente trabalho é elaborar um estudo sobre os textos autobiográficos de George Orwell, o ensaio O abate de um elefante (1936) e a obra Na pior em Paris e Londres (1933), apontando as características estilísticas presentes nesta modalidade de escrita e esclarecer que o propósito e a preocupação com a totalidade política é configurado a partir de uma visão exteriorizada sobre a própria vivência. Para tanto foram utilizados os estudos teóricos bakhtinianos sobre autobiografia e a auto-contemplação.
Bakhtiniana: Revista de Estudos do Discurso
RESUMO É cada vez mais sensível a grande profusão de distintas formas de narratividade (auto) biográfica na sociedade contemporânea. A partir do que apresentam pesquisas em diferentes campos dos estudos em linguagem, faz-se incontestável a heterogenericidade com que diversas formas de narração do eu em diferentes tons de autorreferência têm insurgido numa sociedade altamente midiatizada e globalizada. Nesse entrever, ancorados no edifício teórico da análise dialógica do discurso em confluência com estudos que se debruçam sobre as escritas de si, propomo-nos a discutir a ressignificação como ato característico do movimento de autorreferência constitutivo da autobiografia e de algumas outras formas de narrativas do eu. Dentre outras observações, destacamos, na construção discursiva de textos autorreferentes, como a autobiografia, um entrecruzamento entre sentidos, memórias e vivências em uma relação de ressignificação sob a luz do que o sujeito não só foi como agora é.
2018
Revista Colóquio. Vol. 08, n. 14, 2018
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