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OPERATIVIDADE: DA FACTUALIDADE PARA A IMAGEM

2019, anais do III Seminario Internacional de Investigación en Arte y Cultura Visual (SIIACV)

Apresenta-se aqui um estudo sobre processos de criação cuja produção de sentido se deposita nas operações práticas do fazer que são anteriores às possíveis significações disparadas pelas obras e decorrentes destes procedimentos, tratando de produções que entrelaçam as artes visuais, a performance, o teatro e a arte sonora. Aproximando-se das noções de imaginação material de Gaston Bachelard, de bricolagem de Claude Lévi-Strauss e de formatividadede Luigi Pareyson, o conceito de operatividade constitui o eixo norteador das escolhas e dos procedimentos criativos desenvolvidos dentro de nossa prática artística. A operatividade refere-se justamente à valorização dos sentidos presentes na realização de tarefas e operações técnicas e físicas que constituirão as obras, anteriores ao processo da fruição dos produtos artísticos decorrentes destas práticas e aos efeitos estéticos gerados a partir deles. Como resultado da pesquisa foram criados espetáculos e performances, provocando uma modificação da noção clássica de dramaturgia, que na tradição do campo teatral privilegia o sentido proposto pelo texto anterior à realização da sua montagem ou execução. A ênfase na operatividade pressupõe que as narrativas, as imagens e as metáforas disparadas pelo trabalho não precedam o seu próprio fazer, colocando a factualidade e a tautologia, no sentido que Georges Didi-Huberman dá ao termo, no centro do processo de criação, embora sem ignorar ou explorar o conjunto de significações sensoriais e culturais potencialmente provocados pelo seu resultado.