A novelìstica portuguesa do séc. XVI

A temática do trabalho forçado e da escravatura, que constitui uma das suas formas e variantes, proporcionou nas últimas duas décadas um número sem conta de estudos. Nessa profusão, como não podia deixar de ser, alguns períodos e determinados temas concentraram as atenções e os esforços. O século XVI, quando comparado com os períodos posteriores, aparece como um dos parentes pobres ; facto que em grande parte se fica a dever tanto às dificuldades de acesso às fontes primárias de informação, como à sua complexidade e raridade. Daí que, no que respeita a Portugal, devamos salientar os estudos minuciosos e preciosos levados a cabo por A. C. de C. M. Saunders ou mais recentemente por Didier Lahon, Jorge Fonseca ou Alessandro Stella, para apenas citar alguns nomes 1 . Esses autores demonstraram bem o papel central desempenhado pelo escravo na sociedade ibérica, não só de um ponto de vista económico, como também social e religioso. Até muito recentemente, na historiografia clássica -e entre autores de peso à imagem de Charles Verlinden ou de António Brásio -, o escravo era meramente considerado como um objecto de luxo, um objecto de 1

2002

Ao longo da Idade Média as vicissitudes da comunidade judaica do Porto acompanharam fielmente a História do burgo, pelo que o seu paulatino desenvolvimento e progresso são o espelho da evolução da cidade. Assim e ultrapassando toda a problemática das várias judiarias, desde a da Cividade na rua das Aldas, à de Monchique e da Munhata, o facto é que em fins do século XIV e meados do século XV havia duas judiarias na zona do Olival, abrangendo uma área que incluiria sensivelmente as ruas de Belomonte, Taipas, S. Miguel, S. Bento da Vitória, Vitória, Viela de S. Roque, Viela do Ferraz e Escadas da Esnoga, muito embora as duas judiarias estivessem separadas pelos acessos que iam de S. Domingos a Monchique-Miragaia, e limitadas a norte pela rua da Minhata e Porta das Virtudes. Em pleno século XV a judiaria nova ou do Olival de Cima chegava à Porta do Olival' e em função desse mesmo desenvolvimento nas últimas duas décadas do século, multiplicou-se a sublocação de casas na comunidade, em simultâneo com um número crescente de judeus dispersos a habitarem em vários pontos da cidade, como junto da Ponte de S. Domingos, Cangostas e na Ribeira.

Este artigo descreve e analisa a Reforma Protestante do século XVI dentro do complexo contexto religioso, social, político e intelectual que vivia a Europa de então. O texto considera as causas desse importante movimento, suas características e personagens principais, bem como seus efeitos na igreja e na sociedade.

Journal article «A canção à Virgem na literatura portuguesa do século XVI», Quaderns d’Italià, 20, 2015 [Petrarca e el humanismo en la Península Ibérica], pp. 155-173. ISSN electrónico 2014-8828 ISSN papel 1135-9730

2005

Os estudos de História da Literatura portuguesa do século XVII, levados a cabo pela crítica literária dos finais do século XIX e grande parte do século XX, não lhe foram particularmente favoráveis 1 . Contudo, graças ao paciente trabalho de alguns académicos desenvolvidos nestas últimas décadas , é possível hoje termos uma panorâmica mais justa sobre a ficção portuguesa do período vulgarmente conhecido por "Barroco". Apesar de terem tido uma grande divulgação no século XVII, serão talvez as novelas os textos que menos interesse têm despertado (se exceptuarmos as pastoris que estão recentemente a ser objecto de estudo e de publicação ). A fortuna que esses textos tiveram então é um motivo suficientemente forte para nos debruçarmos sobre eles, dando assim seguimento ao trabalho que, como dissertação de mestrado, realizámos há alguns anos sobre os Contos e Histórias de Proveito e Exemplo de Gonçalo Fernandes Trancoso. De facto, tentaremos estabelecer pontes entre os Contos e as novelas, mas tentaremos também perceber a relação entre a fortuna que os Contos conheceram no século XVI e a fortuna obtida pelas novelas no século XVII. Obviamente que a primeira questão que se levanta prende-se com o aparecimento do termo "novela", mas também com a definição e a evolução do próprio conceito que, raramente, é definido por si, mas sim em relação ao conto e ao romance. Por uma questão metodológica só consideraremos as novelas redigidas em português, excluindo, portanto, não só as novelas escritas em castelhano por nados em

Via Spiritus 27, 2020

faculdade de Letras da universidade do porto-citcem [email protected] RESUMO: Tendo como pano de fundo a «santificação» dos leigos, em Portugal, ao longo da época Moderna, mas procurando também articular esta dimensão com outros cenários presentes em territórios de matriz católica, este artigo procura chamar a atenção para os moldes em que, na hagiografia e na biografia devota, os autores investem na construção de um retrato modelar, pautado pelo exercício das virtudes heró icas-sobretudo da caridade e do amor pelos pobres-e pelo fervor das práticas espirituais e devotas, e em que, na maior parte dos casos, a dimensão polarizada em torno dos milagres-que havia marcado a escrita dos textos daquela natureza, desde os seus tempos primitivos-, se demarca pela sua ausência. ABSTRACT: Against the background of the "sanctification" of the laity in Portugal, throughout the Modern Age, but also seeking to articulate this dimension with other scenarios present in territories of Catholic origin, this article seeks to draw attention to the molds in which, in hagiography and sacred biography, the authors invest in the construction of a model portrait, guided by the exercise of heroic virtues-above all charity and love for the poor-and by the fervor of spiritual and devout practices, and in which, in most cases , the dimension around miracles-which had marked the writing of texts of that nature, since its primitive times-is marked by its absence.

2001

1. Poderá parecer um pouco estranho que, num Simpósio de Culturas e Literaturas dedicado a «Horizontes do Novo Milénio -A Eternidade dos Instantes», venha falar de alguns aspectos da narrativa de ficção em prosa do século XVI. Todavia, não será, certamente, tão descabido fazê-lo, sobretudo se tivermos em linha de conta que a ficção em prosa destinada a narrar as aventuras de cavaleiros e as suas histórias de amor constitui, sob diversos ângulos de abordagem, uma das formas mais duradouramente enraizadas na cultura -e sobretudo naquela cultura que toma a letra impressa como meio de expressão, ou seja a literatura -dessa «Europa» que podemos denominar de «moderna» 2 , fazendo dela uma das formas mais vinculadas à história cultural desde o remoto século XII-XIII. Esse enraizamento não tomou só a forma de uma expansão geográfica «europeia» 3 , mas também de uma continuidade que resistiu à erosão dos tempos, às mudanças profundas do conceito de leitor e de público leitor ao longo dos séculos, invadindo, no séc. XIX, a expressão grandiosa da ópera e, mais próxima de nós, a linguagem da comunicação artística de massas que são o cinema e a televisão, no passado séc. XX.

2019

O manuscrito existente na Biblioteca Municipal do Porto com a cota 475 possui certamente valor que justifica ser aqui apresentado e descrito. E o que vamos fazer, limitando-nos praticamente a indicar, de forma genérica, o seu conteúdo e a analisar alguns pontos de maior importância para se poder apreciar criticamente.

Regimento dos Capitães-Mores e mais Capitães e Oficiais das Companhias da gente de cavalo e de pé e da ordem que terão em se exercitarem. In https://www. arqnet.pt/exercito/1570capitaesmores.html [consultado a 12.10.2022] 18 Projeto "De Re Militari, (re)construção da imagem da guerra no espaço português (1521-1621

República das Letras Bibliotecas Viajantes, 2020