2010
Um marco importante na história da expansão portuguesa no Oriente é o ano de 1498, quando Vasco da Gama atinge a Índia. Abriram-se então as portas para a expansão portuguesa no Oriente e para uma crescente actividade comercial. Já desde o princípio do século xv os portugueses, na sequência da crise dinástica que colocara no trono a dinastia de Avis e fortalecera a afirmação de um reino alicerçado na burguesia, se tinham virado para fora de Portugal, nomeadamente para a costa africana. O lucro do comércio africano, centrado no ouro, no marfim e na malagueta -e, claro, nos escravos -, já foi calculado em cerca de 400%. O sucesso deste empreendimento e a experiência marítima levaram ao aperfeiçoamento da construção naval, que permitiu alargar os horizontes a novas aspirações. O 'plano das Índias' constituiu-se, assim, como uma empresa de expansionismo comercial mas também guerreiro e religioso. No início do século XVI Portugal conquista Goa e Malaca e, pelos finais do século, as caravelas e naus portuguesas dominam os mares e detêm o monopólio da 'carreira da Índia'. Na primeira metade do século XVII, os portugueses tinham, a julgar pelas descrições de escritores da época, como António Bocarro (que escreve o Livro do Estado da Índia Oriental, em 1635) ou Pedro Barreto de Resende (Descrições das Cidades e Fortalezas da Índia Oriental), fortalezas na Arábia, na Pérsia, na Índia Ocidental e Oriental, em Ceilão, em Malaca, em Samatra, nas Molucas e na China. É verdade que desde 1600 holandeses e ingleses disputavam aos portugueses o domínio dos mares mas isso foi só após um longo século em que os portugueses foram senhores absolutos e, ainda assim, a influência portuguesa continuou a ser tão significativa que os próprios holandeses levavam nos seus navios intérpretes que falassem português. Se isto era sentido como necessário era porque durante todo o século XVI o português se tornou, nos portos onde os portugueses