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TESE CRENIVALDO VELOSO (PPGH-UNIRIO, 2021)

2021, O "artesanato da produção acadêmica": histórias, coleções e saberes na trajetória de Heloisa Fénelon

Abstract

O objetivo desta tese é analisar a trajetória de Maria Heloisa Fénelon Costa no campo da antropologia do Museu Nacional. Artista e com formação universitária no Curso de Pintura pela Escola Nacional de Belas Artes (1953), Heloisa Fénelon ingressou em 1956 no Curso de Aperfeiçoamento em Antropologia Cultural, oferecido no Museu do Índio, em parceria com a CAPES. Como antropóloga, foi contratada para o Museu Nacional em 1958, desenvolvendo carreira profissional no Setor de Etnologia e Etnografia (Departamento de Antropologia) por quatro décadas. A pesquisa investiga, especificamente, as trajetórias de Heloisa Fénelon anteriores à formação acadêmica; suas experiências artísticas e a iniciação antropológica na década de 1950; histórias dos primeiros trabalhos de campo etnográfico com os Inỹ-Karajá (em 1957 e entre 1959 e 1960); as trajetórias profissionais no Museu Nacional, procurando compreendê-las em relação aos processos de reorganização das antropologias na instituição; circunstâncias de formação de duas coleções etnográficas, uma de desenhos e outra de objetos, reunidas com os Inỹ-Karajá nos primeiros trabalhos de campo; itinerários de uma ritxòkò (boneca Karajá), obra da artista Koanajiki integrada à referida coleção de objetos. A motivação inicial foi o interesse em compreender o lugar da antropologia de Heloisa Fénelon e suas relações com as antropologias de viés cultural e social no Museu Nacional. Sob o ponto de vista da história social das ciências, a pesquisa recorreu a noções de campo científico, rede de sociabilidade intelectual, trajetórias sociais, antropologia de museu, antropologia de universidade e gênero nas culturas das ciências. Como fontes de pesquisa, foram analisados diários de memória; projetos e relatórios de atividades e de pesquisas; documentos etnográficos (diários de campo, cadernetas de anotações, dados de recenseamento, dados de prestação de contas); documentos museológicos (catálogos de coleções, fichas catalográficas de objetos); relatos e entrevistas; jornais; artigos, teses. A antropóloga se dedicou a atividades de pesquisa, curadoria de coleções e docência, desenvolvendo conceitos, métodos e estratégias que podem ser considerados inovadores e pioneiros. A análise da trajetória de Heloisa Fénelon é fundamental para as reflexões sobre a complexidade e as dinâmicas das antropologias no Museu Nacional na segunda metade do século XX.