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2013, Intuitio
Resumo: O diálogo platônico Lísis apresenta uma instigante análise acerca do conceito de amizade (philía). O estudo de tal tema justifica-se mediante sua relevância tanto para o estudo da filosofia antiga, como para o estudo da ética clássica. Desenvolve-se o tema apresentando a tese de que o diálogo Lísis se constitui em oito hipóteses desenvolvidas ao longo de seu texto. Também se apresenta a hipótese, contrária de Giovanni Reale, que não é Eros, em si, que impede a philía filosófica, mas a parte da alma (psychê) que se direciona, ou não, para o Eros filosófico. Portanto, é a alma (psychê) que delibera sobre o amor pela sabedoria e lhe tem ou não a amizade. Palavras-chave: Amizade (philía). Alma (psychê). Diálogo. Platão.
Gêneros Poéticos da Grécia Antiga, 2014
No Górgias, Sócrates se desculpa antecipadamente à personagem homônima, caso ela venha a entender que sua crítica à retórica lhe pareça ser uma ridicularização de sua atividade profissional (462e-463a). A ocorrência do verbo diakōmōidein nesta passagem (literalmente, “fazer comédia de”, 462e7) não é uma escolha acidental de Platão, pois a discussão subsequente entre Sócrates e Polo é de fato permeada de elementos tipicamente cômicos. Todavia, a menção indireta à comédia neste trecho do Górgias não parece indicar apenas que o debate entre as personagens remeta o leitor aos agōnes cômicos, tais como aqueles que conhecemos por meio das peças supérstites de Aristófanes; Platão parece ter em mente aqui, no tratamento da retórica como uma espécie de “lisonja” (kolakeia), uma comédia aristofânica em específico: Os Cavaleiros, encenada no festival das Leneias em 424 a.C. Nela, Aristófanes satiriza a figura do político Cléon (sob a máscara da personagem Paflagônio) e do político democrático em geral, bem como sua relação de dominação e/ou subserviência para com o Povo, representado na peça também como personagem. O objetivo principal desta comunicação, portanto, será mostrar como em Os Cavaleiros encontram-se presentes diversos elementos de caracterização da prática oratória que serão centrais na crítica de Platão à retórica no Górgias, quando ele a define como uma espécie de lisonja (462b-466a). Serão ressaltadas nesta análise tanto as semelhanças de imagens, analogias e metáforas empregadas por ambos os autores (e, em especial, a analogia entre retórica e culinária), quanto os ecos verbais, com o intuito de mostrar como Platão parece se apropriar de elementos da sátira aristofânica na sua reflexão crítica sobre a retórica e a democracia ateniense no Górgias. Se é neste diálogo que se verifica uma das primeiras ocorrências do termo rhētorikē na história da literatura grega, então a comédia Os Cavaleiros de Aristófanes nos oferece, em contrapartida, indícios de que a caracterização da prática oratória como kolakeia precede a abordagem crítica do filósofo.
Este artigo propõe uma análise da estrutura discursiva do diálogo Lísis de Platão a fim de evidenciar o seu caráter psicagógico. Nesse diálogo, Sócrates discute com dois garotos, Lísis e Menêxeno, sobre a natureza da amizade e procura mostrar a eles como se empreende uma discussão na busca pelo conhecimento. Para tanto, Platão compõe uma intrincada argumentação da qual podemos depreender duas camadas de sentido: uma elocução que dirige-se aos interlocutores e outra aos leitores, ainda que em alguns momentos elas estejam entrelaçadas. Ademais, o presente texto apresenta também como a aporia relaciona-se com a intenção pedagógica do diálogo e está intimamente ligada ao procedimento argumentativo.
Media & Jornalismo
Esta reflexão objetiva reconhecer o trabalho jornalístico de Clarice Lispector na imprensa brasileira, ao longo de quase 40 anos, descontínuos, e sinalar sua contribuição para a conformação do campo e para a historiografia do jornalismo nacional. A atuação de Clarice Lispector é conhecida nacional e internacionalmente, contudo pouco explorada no Jornalismo, sobretudo pelos livros de História da imprensa ou mesmo pelos cursos de graduação. A partir de uma revisão bibliográfica e pesquisa biográfica percorreu-se a trajetória profissional de Clarice e mapeou o seu legado na imprensa intersectando com marcações de um período histórico do jornalismo. As referências copilam obras autorais e estudos em literatura e comunicação. Entre os resultados encontra-se a necessidade de pesquisas com viés feminista para reconhecer uma história do jornalismo inclusiva, com a participação das mulheres.
Ética e Filosofia Política, 2023
RESUMO: A pergunta sobre o " ancestral literário " do diálogo platônico não pode ser respondida sem uma remissão à comédia. Com efeito, dentre os modelos literários dos quais Platão se serviu para compor um novo gênero, a comédia assume lugar de destaque. Partindo da ideia de que o diálogo platônico constitui um gênero híbrido, que incorpora outros gêneros literários e os articula num rico diálogo, este trabalho busca estabelecer uma relação entre o estilo literário platônico e o modelo cômico de composição dramática. ABSTRACT: The issue on the "literary ancestor" of Platonic dialogue cannot be answered without a reference to comedy. Indeed, among the literary models that Plato has used to compose a new genre, the comedy is remarkable. Starting from the idea that the Platonic dialogue is a hybrid genre that incorporates other literary genres and articulates them in a rich dialogue, this study searches to establish a relationship between the literary style and the comic Platonic model of dramatic composition. Introdução Este trabalho se insere num projeto mais amplo de pesquisa, que visa analisar a importância filosófica do processo de composição dos diálogos platônicos, tendo como horizonte a questão da forma literária. Partindo da ideia de que o diálogo platônico constitui um gênero híbrido, que incorpora outros gêneros literários e
Caderno de Letras da UFF, 2018
Starting from the idea that the opening of a work plays a significant role in the economy of its composition, this article presents an analysis of the openings of the Platonic dialogues, putting in evidence the usage of the dramatic mimesis. This work highlights the mimetic character of such texts, indicates the position of the author in relation to his work, and points out the construction of the one who will be able to read the dialogues. KEYWORDS: Platonic dialogues; Plato; mimesis.
DISSERTATIO Revista de Filosofia, 2020
Nossa investigação propõe a hipótese de que os introitos dos diálogos platônicos não se esgotam enquanto mero recurso dramático para suas respectivas ambientações, mas visam, sobretudo, expor as disposições de espírito necessárias para o fazer filosófico e o método que o põe em movimento. Ante a impossibilidade de recorrer ao exame particular de cada introito, escolhemos Parmênides como diálogo exemplar a ser investigado. Os resultados obtidos apontaram que há, no introito selecionado, uma compreensão do método dialético enquanto condução fortuita, global e paradoxal que leva à rememoração e que, como tal, é acompanhado de uma disposição que se explicita enquanto um fazer-se presente no lugar do encontro e da conversa, deixando-se conduzir corajosamente à rememoração pela ausculta cuidadosa.
Resumo: Partindo da aceitação da proposta platônica de que a alma consta de três partes, procuraremos compreender o modo no qual, na interioridade da psyché de quem é "senhor de si mesmo", a razão transmite eficientemente seus conselhos e ordens aos elementos inferiores e estes, por sua vez, os recebem e reagem a eles dando origem à ação virtuosa. Revisaremos em primeiro lugar a resposta a este problema que se apoia (i) na receptividade das partes não-racionais às imagens sensíveis e (ii) na ideia de que a razão é capaz de criar imagens deste tipo, "carregadas" do conteúdo a transmitir sob a forma do sensível, e fazê-las acessíveis aos elementos inferiores no interior da própria alma, os quais, em concordância, podem ser vistos como dotados de uma cognição nãoracional que os torna receptivos a tais influxos (Lorenz). Em seguida, consideraremos o caso do acrático, tomando como linha guia o seu conflito motivacional (stasis) e considerando (iii) a terminologia platônica da domesticação como uma alternativa frente à da persuasão, investigando como o uso da força pode derivar na modificação da conduta e no controle da torrente pulsional. Observaremos aqui o conceito de hábito...
2018
O passo do Lysis que se trata de considerar neste breve estudo tem o carácter de uma "peça" de um puzzle muito mais vasto – e tudo o que veremos corresponde justamente à natureza fragmentária e unilateral que uma "peça" tem, quando arrancada ao puzzle a que pertence. Não poderemos aqui dar sequer um vislumbre da complexidade desse puzzle, mas importa ainda assim referir de passagem mais algumas das suas peças, a fim de se perceber um pouco melhor o contexto em que a "peça" do Lysis se vem inscrever e a "figura" que se desenha nela. Uma dessas peças diz respeito ao próprio campo semântico da palavra " ύ". ύ não é senão o nome de um advérbio ou de uma preposição relativa à ideia de lugar ou de tempo – e significa "apenas" qualquer coisa como "entre", "no meio de", "intervalo", "entretanto", etc. Por outras palavras: aos ouvidos dos Antigos " ύ" não soaria como algo estranho, r...
Trabalho de Conclusão de Curso para a graduação em Letras da Universidade Celso Lisboa. Pesquisa realizada nas áreas de Análise do Discurso e Literatura Comparada, com o objetivo de estabelecer uma ligação entre Platão e Clarice Lispector, através da análise e comparação entre seus textos e da relação entre os autores e suas personagens. Com base nas obras Água Viva, A Paixão Segundo GH, De Escrita e Vida, A República, Íon e Fedro, e considerando também os conceitos de dialogismo e polifonia mostrados por Mikhail Bakhtin, obteve-se uma visão dicotômica entre a introspecção clariceana e a extroversão platônica, aproximando as visões de mundo distintas através de seus textos.
ConTextura, 2017
O artigo tem por objetivo demonstrar como o diálogo Cármides é uma resposta hábil e sutil de platão às contradições e desafios do seu tempo; e não, como poderia parecer, apenas uma busca infrutífera por uma definição ou um mero exercício intelectual. Para tanto, oferecemos contextualização do diálogo através de uma reconstrução da conjuntura histórica e política dos períodos arcaico e clássicos, valendo-nos da noção de temperança (σωφροσύνη) como fio-condutor. The article attempts to show how the dialog Charmides is a skillful and subtle response by Plato to the contradictions and challenges of his time; and not, as one could assume, a fruitless search for a definition or a vain intellectual exercise. In order to do that, we’ll contextualize the dialog through a reconstruction of the historical and political conjuncture of the archaic and classical periods, using the notion of temperance (σωφροσύνη) as our guide.
Resumo: Pretende-se abordar dois temas fundamentais para qualquer estudioso da obra platônica: a forma dialogal da escrita filosófica e o aspecto erótico da filosofia. A interpretação apresentada propõe que a morte de Sócrates condenado pela democracia rompeu a possibilidade de comunicação entre o filósofo e a cidade. Sócrates, como amante que é, afirma agir em benefício da cidade que, no entanto, reconhece na atividade do filósofo a corrupção de seus costumes. A escrita platônica seria, então, a recriação da possibilidade de diálogo entre filosofia e cidade. Como Aquiles volta à batalha após a morte de Pátroclo, Platão lança-se ao obrar filosófico como amante do filósofo-amante morto. Suas armas: os diálogos.
Princípios, 2021
Por sua discussão da questão do não-ser e por sua intenção de fundamentar o discurso filosófico, o diálogo Sofista ocupa uma posição central na história da filosofia. O objetivo deste artigo é relacionar o método de definição empregado por Platão no diálogo Sofista (a diérese) com sua concepção do discurso filosófico. As diferentes definições para o sofista propostas no diálogo não são somente parte da polêmica de Platão contra a sofística, mas fundamentam a própria con-cepção platônica do filósofo e do discurso filosófico. Enquanto a dialética seria o método empre-gado pelo filósofo para chegar ao conhecimento e à sabedoria, a sofística seria apenas imitação do verdadeiro conhecimento e da verdadeira sabedoria.
2015
Pretende-se abordar dois temas fundamentais para qualquer estudioso da obra platonica: a forma dialogal da escrita filosofica e o aspecto erotico da filosofia. A interpretacao apresentada propoe que a morte de Socrates condenado pela democracia rompeu a possibilidade de comunicacao entre o filosofo e a cidade. Socrates, como amante que e, afirma agir em beneficio da cidade que, no entanto, reconhece na atividade do filosofo a corrupcao de seus costumes. A escrita platonica seria, entao, a recriacao da possibilidade de dialogo entre filosofia e cidade. Como Aquiles volta a batalha apos a morte de Patroclo, Platao lanca-se ao obrar filosofico como amante do filosofo-amante morto. Suas armas: os dialogos.
Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, 2020
Este estudo se ocupa com algumas questões do prólogo do Parmênides, que, em geral, passam desapercebidas, mas são importantes para a compreensão da arquitetônica do diálogo. Haverá de ter, por exemplo, algum significado o fato de Platão trazer para dentro do Diálogo, Céfalo de Clazômenas (da Jônia), que veio para Atenas encontrar Antífon e ouvir dele um relato de Pitodoros sobre o que Parmênides e Zenão, vindos de Eleia (da Magna Grécia), confabularam com Sócrates em Atenas. Clazômenas é a terra de Anaxágoras, daquele que, a convite de Péricles, fundou em Atenas uma escola filosófica. Do debate que ocorreu entre Parmênides, Zenão e Sócrates, na casa de Pitodoros, foi Pitodoros, quem, por primeiro, registrou de memória; depois ele passou a Antífon (irmão de Platão por parte de mãe), e, Antífon, passou a Céfalo, que, enfim, veio a ser, e não o irmão de Platão, o relator do Diálogo. Há, pois, um fluxo de personagens e de regiões que compõem o Diálogo. Há ainda algo inusitado: Zenão, pe...
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