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O mito de Fausto no homem de agora

2006

(orient.) (UFRGS). O mito de Fausto, o homem que vende sua alma ao diabo, no afã de tudo dominar, serviu de fonte a muitos romancistas, dramaturgos, cineastas e encenadores. Abordar este mito, contudo, é se colocar face à difícil questão do trágico no contexto contemporâneo, já que o modelo do trágico grego, sob o qual o gênero teve origem, não pode mais ser reproduzido. Esse é na realidade o propósito de nossa investigação: repensar o trágico na perspectiva da sua genética cênica. Para tal, cotejando Fausto de Goethe com outras obras sobre o mesmo mito, investigaram-se procedimentos que favorecessem a atualização da tragédia, considerando que os questionamentos postos pelo autor alemão refletem valores culturais, políticos, religiosos e científicos da sociedade do séc. XVIII, diferente então da realidade do homem contemporâneo. Após estudo teórico sobre o mito, inicou-se o trabalho prático pautado pelo exercício de improvisações realizadas no cumprimento de uma tarefa física (de diferentes 033 naturezas) associada a fragmentos de texto. Dessa forma, a intervenção física do ator sobre a cena desvenda novas possibilidades para as condições de enunciação entre interlocutores, bem como re-significa a palavra do autor. O processo visa favorecer o surgimento de um texto-performance que, tal um "palimpsesto", segundo definição de G. GENETTE, constitua uma inscrição traçada sobre um pergaminho onde uma primeira inscrição foi raspada, mas cujos vestígios ali ainda permanecem: no caso, os valores míticos, a dimensão humana e a qualidade trágica. (PIBIC).