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Falando sobre seu pensamento, Foucault disse que o alvo dos seus trabalhos não era o fenômeno do poder, mas criar uma história dos diferentes modos pelos quais os seres humanos tornam-se sujeitos. Podemos dizer que o que ele pretendia era estudar as formas de constituição do indivíduo moderno. Em sua obra, Foucault se refere a mecanismos de objetivação e de subjetivação que concorreriam como processos de constituição do indivíduo. Os primeiros são os mecanismos que tendem a fazer do homem um objeto, ou seja, se referem aos processos disciplinares que tendem a tornar o homem dócil politicamente e útil economicamente. Os segundos se referem aos processos que em nossa sociedade fazem do homem um sujeito preso a uma identidade que lhe é atribuída como sua. 1 É necessário cautela quando pensamos o significado dos conceitos de indivíduo e sujeito na obra de Foucault. Quando dizemos que os mecanismos de objetivação e subjetivação produzem o indivíduo moderno, pode-se afirmar que o termo sujeito serve para designar o indivíduo preso a uma identidade que reconhece enquanto sua. É nesse sentido, que podemos dizer que a análise de Foucault não começa pelo Sujeito, mas consiste em pensar os processos de objetivação e subjetivação que antecedem à constituição deles. Fazendo a Genealogia desses processos Foucault "explicita a identidade do individuo moderno: objeto dócil-e-útil e sujeito". Nesse sentido, sua análise também vai corroer mais um dos grandes pilares da filosofia ocidental: o sujeito do conhecimento. 1 O uso que Foucault faz dos conceitos de objetivação e subjetivação em sua obra não tem um sentido único. Por vezes parecem designar fenômenos semelhantes, por vezes diferentes aspectos de um mesmo fenômeno e, por vezes, ainda, fenômenos distintos. 2 Em consonância com o pensamento de Nietzsche, Foucault anunciou em As palavras e as Coisas "a morte do homem". Por causa disso foi "tachado" de antihumanista, só para citar um dos adjetivos que lhe foram aplicados depois de tais palavras. Mas, o que ele queria afirmar com tal anúncio? Queria mostrar que não coloca o homem como base, ponto central, ponto de partida do seu pensamento e nem o concebe como uma -"[...] realidade plena, o ser concreto que vive, luta, trabalha, fala, e que conquistou a natureza, subjugou suas forças e sobre ela estabeleceu um império[...]" (Bruni, 1989, p. 199-200). Foucault não toma o sujeito como uma essência pré-histórica, ou a-histórica, nem como condição primeira de todas as coisas. Ele também não tem o sujeito como núcleo central, a partir do qual seriam construídos todos os outros conceitos que formariam seu pensamento que, assim, seria um projeto para mostrar o homem construindo sua própria libertação do jugo do poder. Nas palavras de Bruni: "Ponto de partida do saber moderno, o Homem é concebido como sujeito ativo, autor de seu próprio ser, seja destinado à revolução, à liberdade ou à conquista da natureza. È no interior de um projeto em que seu ser deve se realizar que o Homem se revela como sujeito, construindo-se a si próprio. É no interior do projeto que os obstáculos à realização do Homem deverão sr analisados, como outras tantas figuras de sua finitude: a alienação, a morte, o inconsciente..." (Bruni, 1989, p. 200). Percebe-se que não existe em Foucault um sujeito pré-estabelecido do qual emanaria as relações de poder. O sujeito do conhecimento é constituído, produzido dentro de uma conjunção de estratégias de poder. Ou seja, o sujeito é um produto das relações de poder, não seu produtor. Não há um sujeito essencial que estaria alienado por ideologias, por relações de poder que encobririam sua visão da realidade. O sujeito do conhecimento é produzido pelas relações de poder, ou melhor, o que chamamos sujeito é um enunciado social. Dessa forma podemos chamar os indivíduos de loucos, normais, gordos, revolucionários, sujeito deste ou daquele discurso que será reclamado pela medicina, pela psicologia, pelas ciências sociais. De acordo com Nalli "(...) antes o indivíduo é compreendido como o efeito de uma conjugação estratégica de forças, pelas mais diversas tecnologias de constituição dos indivíduos, gerando delinqüentes, desviantes sexuais... que propiciam o surgimento mas que atrai os seres para jogá-los uns em direção aos outros, segundo seus corpos ou segundo seu coração e seu pensamento, arrebatando-os à sociedade ordinária".
Operando uma disjunção entre instituição e poder, Foucault forja novos instrumentos conceituais para uma analítica do poder nas sociedades contemporâneas. Gestada durante os “anos rebeldes”, esse poderoso arsenal teórico – e político – permite-nos compreender os principais aspectos da crise da chamada sociedade disciplinar, que se expressa pela crise das grandes instituições tais como o Estado, o sistema prisional e a escola, com o advento de uma nova tecnologia de poder que vem presidindo, desde os anos de 1970, as chamadas reformas neoliberais, responsável por novas formas de subjetivação presentes na sociedade atual, onde a liberdade parece constituir o elemento central. O presente artigo procura demonstrar os principais deslocamentos efetuados pelo autor em relação ao aparelho conceitual disponível em seu tempo – ao analisar as transformações que se operaram na transição da prática punitiva do antigo regime para a modernidade na França – e demonstrar, a partir de um novo regime de visibilidade, a existência de uma estratégia geral de poder em nossas sociedades, a despeito da crise se manifestar num determinado momento em uma instituição particular – como atesta o surgimento da prisão no sistema punitivo moderno – , bem como lançar luz sobre a dificuldade do enfrentamento das crises institucionais apartando-as do caráter geral da tecnologia política. De maneira geral, podemos dizer que a crítica foucaultiana atesta, de um lado, a ineficácia do aparato conceitual tradicional para a compreensão das mudanças recentes na alta modernidade, e de outro, a necessidade de uma revisão epistemológica como condição de possibilidade para a transformação social tendo em vista a descoberta da íntima relação entre saber, poder e subjetivação na cultura ocidental.
2022
LORENA MARTONI DE FREITAS drenadas superficialmente ou se infiltravam no solo, formando lençóis freáticos e novas nascentes. Concomitantemente a toda essa empreitada de navegação fluvial no continente Foucault, outra experiência se constituía na política brasileira que, por sua vez, parecia tomar cada vez mais a forma de um imprevisto tsunami. Após nos lançarmos vitalmente em mar aberto no Junho de 2013, fomos arrebatados por sua ressaca nos Movimentos Contra a Corrupção de 2014, até naufragarmos em uma ilha deserta, depostos em 2016 1. Em seguida vieram o sal e a sede: o desmonte, o desamparo, o desespero, os delírios negacionistas, a milícia armada e os falsos profetas, o fogo, a praga, o isolamento, o sufoco, o genocídio... Esse encontro de águas foi, portanto, crucial para o desenvolvimento deste trabalho, inclusive, para a inflexão que se impôs nos caminhos da pesquisa. E isso porque, inicialmente, esta 1 Refiro-me aqui à tomada massiva das ruas brasileiras em Junho de 2013, inicialmente encabeçada pelo Movimento Passe livre-ligado a pautas urbanas por melhorias no transporte público-, mas que com o decurso dos dias se expandiu vertiginosamenteem especial, após demonstrações violentas de repressão policial-, passando a incluir uma miríade de demandas e manifestações. Já em 2014, outros movimentos como o "Vem pra rua" e o "Movimento Brasil Livre"-com um alinhamento ideológico bastante distinto da esquerda radical que marcou o início dos protestos de Junho de 2012são formados sob a bandeira de "combate à corrupção", e assumiram um importante protagonismo na deposição da presidenta Dilma Rousseff em 2016. Há hoje uma vasta bibliografia voltada a discutir a complexidade dos movimentos de Junho de 2013, seu campo de formação e desdobramentos. Dentre elas, destaco algumas que me parecem fundamentais para a compreensão desse complexo acontecimento: ALBAGLI, Sarita;
Este ensaio tem por objetivo apresentar algumas reflexões acerca do conceito de sujeito. Recorreu-se ao debate realizado entre Michel Foucault e Noam Chomsky no International Philosophers' Project em 1971 e ao curso A coragem da Verdade, ministrado por Foucault no Collège de France em 1984. O conceito de sujeito, na perspectiva foucaultiana, move-se em direção à relação com o outro, por meio da fala, da escrita, dos exercícios de cada um para consigo e com os demais, na tentativa de constituir-se. Por meio da contextualização histórica, da descrição das relações sociais, de poder e de saber é possível pensar em um sujeito fruto das experiências, que cuida e governa de si. Dessa forma, suspendem- se alguns modos de pensar o humano, vislumbrando-se outras problematizações, que não somente as transcendentais.
A investigação dos vínculos entre liberdade e verdade nas práticas de governo segundo o estudo do filósofo francês Michel Foucault da noção de parresía, um estudo efetuado por meio de duas séries de análises de três cartas do filósofo grego Platão. A primeira série é a análise da atividade de conselheiro político de Platão, e seu objetivo é detectar o aparecimento de três condições de realidade que a filosofia tira de sua relação com a política. A segunda série é a análise dos conselhos políticos de Platão, e cujo objetivo é detectar a parresía na raiz do conselho político de Platão. Tal investigação firma o estabelecimento de três pontos principais que se podem depreender da relação entre filosofia e política nas Cartas de Platão e que culminam na afirmação do caráter totalmente prático da filosofia antiga, uma filosofia cuja realidade e tarefa é a definição do modo de ser do homem político.
O livro A verdade e as formas jurídicas traz por escrito o teor de cinco conferências proferidas por Michel Foucault na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro entre 21 e 25 de janeiro de 1973. Nestas conferências são antecipados os desenvolvimentos contidos no livro Vigiar e Punir (1975) e pode-se observar a demonstração do vínculo entre os sistemas de verdade, bem como de onde provêm e onde se investem as práticas sociais e políticas.
Neste artigo são apresentados e discutidos alguns importantes conceitos da teoria do discurso de Michel Foucault, especialmente os conceitos de enunciado, prática discursiva, sujeito e heterogeneidade do discurso. A partir do referencial foucaultiano, explicita-se a íntima relação entre discurso e poder, bem como as várias e complexas formas de investigar as coisas ditas. O objetivo é mostrar a produtiva contribuição desse referencial teórico e metodológico para as pesquisas em educação, nas quais que se pretende analisar discursos. FOUCAULT, M. PESQUISA EDUCACIONAL DISCURSO ABSTRACT FOUCAULT AND ANALYSIS OF DISCOURSE ON EDUCATIONAL RESEARCHES. In this paper, I present and discuss some important concepts from Michel Foucaults theory of discourse, specially the concepts of statement, discoursive practice, subject and discoursive heterogeneity. From this theoretical reference, I explain the intimate relation between discourse and power, as well as several and complex forms to investigate expressed things. The aim is to indicate productive contribution of this theoretical and methodological reference to educacional researches which intend to analyze discourses.
IX ENCONTRO DA ABCP. Área Temática: Teoria Política. Brasília, DF 04 a 07 de agosto de 2014.
Resumo Este artigo tem o objetivo de analisar como Foucault utilizava documentos históricos a respeito da geografia política nos entremeios do biopoder, que se constituiu como uma composição entre disciplina e biopolítica. O controle dos corpos, a produção de subjetividades e as relações de poder-saber, na sociedade contemporânea, em uma perspectiva histórica ganharam ênfase nos estudos a respeito da governamentalidade para o autor supracitado. Busca-se, assim, assinalar como Foucault analisava os documentos tais como as plantas arquitetônicas. Finaliza-se o texto com a afirmação que a arquitetura das instituições, a gestão da sociedade e a disciplina dos corpos visavam a uma sujeição em nome da segurança concomitantemente à tentativa de expandir a vida de maneira a torná-la útil e saudável. Palavras-chave: Biopoder. Geopolítica. Michel Foucault. Introdução O intenso trabalho com documentos, em uma perspectiva histórico-genealógica era um minucioso e paciente ofício para o filósofo Michel Foucault, que afirmava fazer estudos históricos, ou seja; tratava-se de outro modo de escrever a filosofia e a história, no tempo presente e com temas e maneiras de abordagem diferentes das utilizadas até então. Em meio a muitos artefatos culturais analisados, havia os que apontavam para as questões ligadas à geopolítica que eram privilegiados por Foucault, que o articulava ao governo da vida, dos corpos, da cidade, das famílias, da organização de instituições e da produção das subjetividades.
RESUMO: Pretende-se analisar como, no pensamento de Michel Foucault, a investigação em torno da ética do cuidado de si pode ser lida como desdobramento da ideia de governamentalidade, problematizada a partir de 1978; procura-se indicar, ainda, que essa ética do cuidado de si é a condição do governo político dos outros, na leitura da tradição socrática, o que possibilita uma revisitação da política. Mas, desde a avaliação que Foucault faz da figura de Sócrates em relação à política ateniense até seu diagnóstico da política contemporânea, essa revisitação tem sido conflitante, pelo menos quando se trata da constatação da maneira como as instituições políticas cuidam dos cidadãos. Esse conflito beira ao paradoxo, posto que, ao mesmo tempo em que a biopolítica afirma uma política da vida, no sentido de proporcionar seu cuidado, preservação, longevidade, observa-se também a atuação de uma política sobre a vida, enquanto vida controlada e submetida ao biopoder. Essa discrepância entre dispositivos discursivos e práticas efetivas demonstra uma ausência do cuidado da verdade, entendido aqui como coerência entre o que se diz e o que se faz. Enquanto desdobramento do cuidado de si, o cuidado da verdade pode ser interpretado como uma chave de leitura fundamental para o diagnóstico dos riscos e perigos que ameaçam recorrentemente a vida humana.
A partir da idéia que o indivíduo não nos é dado, acho que há apenas uma conseqüência prática: temos que criar a nós mesmos como uma obra de arte."
MICHEL FOUCAULT: reflexões acerca dos saberes e dos sujeitos, 2019
A oposição razão e sentidos é um dos marcos da Filosofia desde os gregos. No período medieval a dimensão do sentimento se reportou à uma estrutura além mundo, a um sentimento e aos desejos voltados para algo sublime, supremo e intangível como o divino. A própria modernidade flertou com essa sensibilidade e o século XVIII vai ser o locus de um retorno à um certo tipo de sensibilidade. Entretanto, somente em Foucault essa sensibilidade atinge uma reflexão sobre a sexualidade. Foucault identifica na arte erótica relações de poder que não somente conduzem e dirigem a alma, mas se ampliam a outros modos e condições de relacionamentos. Na erótica ele apresenta relações sociais diversas que se desenvolvem por intermédio do Eros, que desempenha um papel fundamental. Entretanto, Eros e Ethos coincidem e se encontram no interior das próprias experiências nas relações de poder. Nas relações afetivas movidas por ele – Eros –, há uma ligação íntima entre os sujeitos que as vivenciam. Estão presentes em uma só experiência aspectos relacionados com amizade, sabedoria, afetividade e o que movimenta esses aspectos é o Ethos.
O presente texto é um resumo de outros textos do mesmo autor sobre o filósofo Michel Foucault. O texto tem por objetivo transmitir de forma didática as principais ideias das diferentes fases de Foucault, introduzindo e orientando assim seu leitor à leitura dos originais dentro de uma perspectiva mais ampla.
psicanaliseefilosofia.com.br, 1982
Michel Foucault pode ser definido como o filósofo das visibilidades ao considerarmos que ele atribuía à filosofia não a tarefa de desvelar o que está oculto, mas tornar perceptível aquilo que de tão próximo e tão intimamente ligado a nós, nos parece invisível. É no exercício dessa tarefa que Foucault diagnosticou o mundo ocidental como "confessante", ao denunciar uma sociedade na qual falamos a verdade àqueles cuja autoridade nos libertará. Em suas incursões arqueogenealógicas, ele argumenta que as práticas hermenêuticas originadas da confissão cristã, são hoje os instrumentos dos quais formas complexas de poder lançam mão para nos dizer quem somos e o que devemos fazer, em outras palavras, são usadas para nos conduzir. Para Foucault, portanto, somos sujeitos hermenêuticos constituídos nas tramas de estruturas de poder. Assim, através do olhar desse filósofo, este artigo busca o conceito de hermenêutica na obra de Michel Foucault. Nesse processo apresentamos a origem de suas práticas na antiguidade e sua face moderna a partir dos mestres da suspeita Nietzsche, Marx e Freud, bem como o seu papel na constituição ética do sujeito. Para tal empresa levamos em consideração as transcrições do curso A Hermenêutica do Sujeito proferido pelo filósofo em 1982 no Collège de France em Paris e outros textos seletos, assim como entrevistas do mesmo filósofo em Ditos e Escritos, volumes I, II, IV e V.
Neste artigo procura-se pensar a relação, complexa, e mesmo ambígua, de Foucault com a filosofia. Com a filosofia e, neste caso, com Kant e Nietzsche, sendo talvez mais kantiano do que nietzscheano.
Tópicos Especiais em Estudos do Campo Discursivo I, 2024
Este artigo analisa a concepção de poder em Michel Foucault, comparando-a com a visão marxista e destacando suas contribuições e limitações. Foucault apresenta o poder como difuso e capilar, rejeitando a centralidade da economia e da luta de classes. Apesar de oferecer insights valiosos sobre as relações de poder modernas, sua abordagem é criticada pela falta de um quadro normativo claro e de um projeto político definido, limitando sua aplicabilidade prática na busca por transformações sociais efetivas.
Goes, 2018
Este trabalho tem como objetivo refletir a construção discursiva do homossexual, partindo da produção de Michel Foucault, especificamente, nas obras Os Anormais (1975) e História da Sexualidade I (1976), bem como, analisar o papel da psicologia na formação desses discursos. Os conhecimentos psicológico, jurídico e psiquiátrico foram atravessados por rupturas em seu cenário epistemológico, do modelo clássico de pensamento, representativo e idealizado, para analisar o sujeito pela sua concretude e natureza. Desse modo, Foucault sinaliza as nuances desse saber e denota a existência de relações de um poder, biopolítico e microfísico. O arcabouço desses saberes permitiu a passagem da concepção canônica de sodomia para uma natureza do homossexual, não se tratando mais de uma falta religiosa, transgressão moral ou um ato jurídico passível de punição, mas de uma condição singular, uma espécie. A homossexualidade foi elaborada e disseminada pelo saber médico a partir de uma concepção imaginária de anormalidade que permeia o corpo social, caracterizando-se como uma patologia médica, uma disfunção passível de tratamento. Com isso, sinaliza-se uma correlação entre esses campos de saber, que se fundamentam e formam uma unidade em torno de uma produção de dispositivos de controle social e coerção dos sujeitos. Nesse sentido, a construção desse saber relaciona-se com as formas contemporâneas de pensar, as quais buscam respaldo por meio do discurso científico, aceito por grande parte da sociedade. Destarte, os estudos foucaultianos trazem à tona um questionamento da psicologia já esquecido por longo tempo e possui consequências atuais: para quê e quem serve esse saber?
No final dos anos 1960, havia a análise de Conteúdo como prática norteadora de interpretação de textos. Era papel do analista “decifrar” o texto e extrair dele o sentido oculto, atingindo sua “real” profundidade. Havia a certeza de uma verdade a ser desvendada, desarmando um projeto de significação do texto, revelando aquilo que estava escondido em matéria de significação. Foucault combate esta naturalização de saberes, se opondo às interpretações “evidentes” e contra os essencialismos possibilitados pelo método interpretativo da Análise de Conteúdo. Seus estudos tornaram-se frutíferos com o passar do tempo para a análise dos discursos partindo dos textos para os discursos que constituem textos e sujeitos no decorrer da história, revelada enquanto terreno de descontinuidades.
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