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2020, V. 43, n.2: Comentário - Walter Benjamin, surrealismo e Zen
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Como Francisco Pinheiro Machado enfatiza, em seu artigo, o movimento surrealista se colocou num ataque frontal contra a lógica cartesiana, a moralidade burguesa e o racionalismo. Para isso, adotou determinados procedimentos, a fim de conseguir desvencilhar-se das formas de pensamento da cultura ocidental. Os ensinamentos de Freud, assim como as teorias de Einstein, ajudaram o movimento a esquivar-se das ideias de causalidade e de onipotência da consciência. Assim, os surrealistas colocaram em seu lugar, conforme consta no Manifesto de Breton, os sonhos, a loucura, a imaginação e a intuição, como caminhos para acessar os aspectos mais recônditos e sombrios da mente humana.
Trans-form-acao, 2020
Como enfatiza Machado (2020), em seu artigo, o movimento surrealista se colocou num ataque frontal contra a lógica cartesiana, a moralidade burguesa e o racionalismo. Para isso, adotou determinados procedimentos, a fim de conseguir desvencilhar-se das formas de pensamento da cultura ocidental. Os ensinamentos de Freud, assim como as teorias de Einstein, ajudaram o movimento a esquivar-se das ideias de causalidade e de onipotência da consciência. Assim, os surrealistas colocaram em seu lugar, conforme consta no Manifesto de Breton, os sonhos, a loucura, a imaginação e a intuição, como caminhos para acessar os aspectos mais recônditos e sombrios da mente humana. Da mesma forma, Benjamin buscava, com as noções como pensamento por imagem, imagens dialéticas, espaço da imagem, acessar esferas para além da consciência fornecida pela razão iluminista, não só para dissipar os aspectos sombrios da própria razão, porém também para encontrar, nesses recônditos desconhecidos, outras possibilidades de superação do mundo humano tal como ele se encontrava organizado, naquele período.
Uma parte signifi cativa da produção de Walter Benjamin pode ser reconhecida pela sua afi nidade com o surrealismo. Em sua biografi a intelectual, a recepção do movimento artístico francês ocorre num momento de transição de seu trabalho como crítico. Nessa época, por volta de meados da década de 1920, Benjamin concluía um conjunto de trabalhos sobre a fi losofi a e a literatura alemãs, dos quais se destacam sua tese de doutorado sobre o romantismo alemão, um ensaio sobre o romance As Afi nidades Eletivas de Goethe e A Origem do Drama Barroco Alemão. Este último marca o ponto mais alto desse ciclo alemão, e também o seu fi m. No ano de sua publicação, em 1928, a mesma editora publica de Benjamin Rua de Mão Única, uma coletânea de textos breves em torno da experiência intelectual e urbana na República de Weimar. Nas cartas da época, Benjamin identifi ca o livro sobre o barroco como a conclusão de um longo período de pesquisa, enquanto Rua de Mão Única corresponderia ao início de um novo ciclo de sua produção 1 . Um elemento decisivo nessa mudança de orientação é o interesse despertado em Benjamin pelo cenário artístico e intelectual francês. Em cartas a Hugo von Hofmannstahl, ele esclarece o quanto Rua de Mão Única devia a uma estadia em Paris durante o primeiro semestre de 1926, confessando que encontrara ali um clima intelectual mais favorável a ele do que aquele que havia na Alemanha. "Enquanto me sinto inteiramente isolado com minhas ocupações e interesses entre as pessoas da minha geração na Alemanha, há alguns fenômenos na França -como o escritor Giraudoux e Aragon, especialmente, ou como o movimento surrealista -em cujas obras eu vejo aquilo que também me ocupa." 2 Rua de Mão Única possui muitos pontos de contato com o movimento surrealista. O interesse pelo sonho, pela cidade, a refl exão sobre a transformação das atividades artísticas e intelectuais, a utilização de técnicas de montagem literária: todos esses elementos são facilmente reconhecíveis tanto no livro de Benjamin quanto em textos surrealistas como o Manifesto Surrealista e Nadja, ambos de André Breton, ou O Camponês de Paris de Louis Aragon, certifi cando essa afi nidade. Uma aproximação entre Rua de Mão Única e a interpretação realizada por Benjamin do movimento francês, exposta no ensaio O Surrealismo. O Último Instantâneo da Inteligência Européia (1929) pode mostrar, no entanto, que a relação de Benjamin com o surrealismo vai além desse registro de semelhanças, enraizando-se numa questão decisiva para ele nessa época: a necessidade de redefi nição do papel do intelectual. * Doutor em fi losofi a pela Unicamp. Atualmente realiza pesquisa de pós-doutorado na PUC/SP.
Art & Sensorium, 2024
A colagem representa para o Surrealismo tanto uma técnica artística, comum no contexto das vanguardas, como um elemento fundamental da sua poética para a composição das imagens, que encontram sua potência na aproximação entre duas ou mais realidades distintas e incompatíveis. Definida por Max Ernst como “alquimia da imagem visual”, o efeito visado da colagem surrealista é o curto-circuito da percepção comum, capaz de criar um estranhamento frente à vida cotidiana e habitual. O presente trabalho tem como objetivo propor uma relação da colagem surrealista com o conceito de melancolia apresentado por Walter Benjamin, compreendendo-a como procedimento alegórico, e analisar a sua conexão com a “organização do pessimismo” enquanto “melancolia revolucionária”.
Blucher Philosophy Proceedings, 2018
Resumo: Trata-se de analisar o ensaio "O Surrealismo: O último instantâneo da inteligência europeia", de Walter Benjamin, publicado em fevereiro de 1929 na revista Literarische Welt. O pensamento benjaminiano configura uma profunda análise do desenvolvimento dos princípios do surrealismo enquanto movimento estético e político. A pretensão é o estudo de alguns conceitos fundamentais sob os quais o ensaio se constrói, tal como a embriaguez, a iluminação profana e a aproximação do surrealismo com o comunismo e o anarquismo. Para uma melhor compreensão do movimento em seu desdobramento prático-teórico, serão abordados outros ensaios publicados pelos surrealistas na revista Le Libertaire (jornal da Federação Anarquista). Os ensaios contêm uma profunda análise sobre as vias políticas percorridas pelo movimento na Europa do século XX, período entre guerras caracterizado pelo nacionalismo emergente e a ascensão do nazi-fascismo. O surrealismo, contra essa onda conservadora, apresenta uma questão política e traça uma questão importante para esta pesquisa: "o que faríamos nós com uma arte que não mudasse a vida?". Para que sejam melhor compreendidos os elementos revolucionários e libertários do surrealismo, assim como os meios que esse movimento forneceu para mudar o mundo, é de grande valor interpretar os conceitos benjaminianos de embriaguez e iluminação profana; em suma, este é o foco central desta pesquisa. O ensaio refletirá o seu próprio tempo, que é um período de transição do trabalho de Benjamin como crítico, quando o filósofo irá repensar o papel do intelectual e reformular o conceito de crítica. Para compreender a politização do movimento, é fundamental esclarecer sua historicidade. Segundo Adorno, a história é inerente à teoria estética, e a teoria crítica da arte se esforça no sentido de elucidar a historicidade da teoria estética. Nesta pesquisa, pretende-se traçar o quadro histórico do surrealismo e ater-se ao caminho político que o movimento percorreu. Os surrealistas desejavam transformar a vida, e esta pesquisa busca vincular o desejo de mudar a vida com os conceitos de iluminação profana e embriaguez contidos no ensaio de Benjamin. Após esclarecer os conceitos de iluminação profana e embriaguez, em um segundo momento esta pesquisa visa estudar a aproximação do surrealismo com o comunismo e anarquismo, e para isso serão utilizados os livros: Teoria da vanguarda, mais especificamente o capítulo sobre vanguarda e engajamento; o livro Surrealismo e anarquismo; algumas das Teses sobre o conceito de história de Benjamin servirão de amparo, na medida em que apontam uma posição antifascista do autor e indicam para um horizonte libertário.
V. 43, n.2: Imagens disruptivas: elementos surrealistas na concepção de história de Walter Benjamin, 2020
In the Surrealistic manifest from 1924, Andre Breton explains the product of surrealistic action as a “light of image” resulting from an arbitrary approach of two distant realities. This double structure of surrealistic image has a disrupting character that breaks our common perception of reality. Thus can open a space for social and historical criticism as well as for an aesthetical-political intervention in a society where traditional forms of criticism seem to be neutralized. Walter Benjamin defines this surrealistic experience and its opened space respectively with the expressions “profane illumination” and “image space” (Bildraum). Both have similarities with Benjamin’s ideas of “thought image” and “dialectical image”, especially because they were elaborated amidst the cultural european crisis in the 1920ies looking to find a revolutionary way out of it. Through a comparative analysis of these notions of image, this paper proposes to investigate the influence and the relevance of surrealism for Benjamin’s dialectical-figural way of thinking and his comprehension of history.
Cadernos Walter Benjamin, 2013
Com o propósito de elucidar nexos que ligam o conceito de alegoria ao método de escrita das Passagens de Paris, farei uma breve exposição da crítica de Benjamin à historiografia romântica e positivista, comparando sua proposta de um pensamento por imagens à estética surrealista de Breton.
Revista USP, 1997
tradução anotada do alemão do primeiro ensaio de Walter Benjamin sobre o surrealismo, inédito em português. "Traumkitsch" é o título deste texto, publicado como "Glosse zum Surrealismus" (Gloss sobre o surrealismo) em Die Neue Rundschau (n º 38, 197). Em ele são examinadas três produções do movimento: o livro de Paul Éluard Répétitions (com ilustrações de Max Ernst, 1921), o Manifeste du surréalisme de André Breton (1924) e Une vague de rêves (1924) de Louis Aragon.
We analyze the essay "Surrealism: The Last Snapshot of the European Intelligentsia", by Walter Benjamin, published in February 1929 in the journal Literarische Welt. Benjamin's thought configures a deep analysis on the development of the principles of Surrealism, as an aesthetical and political movement. The intent is to study some fundamental concepts from which the essay constructs itself, such as intoxication, profane illumination and the pairing of Surrealism with Anarchism. Towards a better understanding of the movement in its practic-theoretical branch, we will approach other essays published by Surrealists in the review Le Libertaire (a journal edited by the Anarchist Federation). The essays contain a profund analysis on the political paths the movement has taken in 20th century Europe, an interwar period marked by burgeoning nationalism and the rise of nazi-fascism. Surrealism, against this conservative tide, presents a political issue and delineates an important question for this work: “what would we do with a kind of art that did not alter life?”. So that the revolutionary and libertarian elements of Surrealism are best understood, as well as the means this movement has provided to change to world, it is invaluable to interpret Benjamin's concepts of intoxication and profane illumination. The essay will reflect its own time, which is a period of transition in Benjamin's work as a critic, when the philosopher will reformulate the concept of critique. To understand the politization of the movement, it is fundamental to shed light on its historicity. According to Adorno, History is inherent to aesthetical theory, and the critical theory of art tries to enlighten the historicity of aesthetical theory. In this research, we seek to outline the historical framework of surrealism and stick to the political path that the movement has followed. The surrealists wished to change life with the concepts of profane enlightenment and inebriation contained in the essays of Benjamin. After clarifying the concepts of profane illumination and inebriation, this work aims to study the proximity of surrealism with anarchism, and to that end the following books were used: Theory of vanguard, specifically the chapter on vanguard and engagement; the book Surrealism and anarchism; some of the Theses on the concept of History, by Benjamin, aided as they show the author's antifascist viewpoint and point to a libertarian horizon. Further, we investigate Benjamin’s meaning behind “mobilizing the energies of inebriation towards revolution.” In summary, that is the central focus of this paper.
Revista Limiar, 2019
Este artigo pretende apresentar pontos de contato entre Walter Benjamin e o Expressionismo. Para isso, buscar estabelecer um trajeto que se inicia pelas “afinidades eletivas” entre Expressionismo e Barroco apontadas em seu estudo do Trauerspiel, passando pelo uso da alegoria presente tanto nas obras barrocas quanto das vanguardas históricas, até chegar ao recurso de imagem do pensamento em Benjamin. Nessa linha, sua alegoria do autômato, – em sentido mais amplo – representa uma imagem da perda da experiência na sociedade industrial. À vista disso, propomos uma aproximação dessa concepção com a tipologia e caracterização de personagens do cinema expressionista.
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CADERNOS WALTER BENJAMIN
Gewebe: Cadernos Walter Benjamin, 2019
Philosophica: International Journal for the History of Philosophy, 2015
CADERNOS WALTER BENJAMIN
Kínesis - Revista de Estudos dos Pós-Graduandos em Filosofia, 2018
Acta Scientiarum. Human and Social Sciences, 2010
Sociologia & Antropologia, 2013
Escrita na Água: Sociedade, História e Cultura, 2014