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Neste artigo, o autor reflete sobre a epistemologia das representações sociais, mostrando como se dá o processo psíquico do conhecimento e do saber a partir das representações sociais. É de interesse mostrar que alguns aspectos podem ajudar a entender o que há por trás de uma representação social como um campo representacional, isto é, conjunto de saberes socialmente construídos e partilhados, que possibilitam pensar, falar e relacionar-se com os outros. O status da representação social é polivalente. Significa que as representações são construções ontológicas, epistemológicas, psicológicas, sociais, culturais e históricas. A conclusão a que chegamos é que o conceito de representação social deve desempenhar um papel essencial para explicar, no plano teórico, a organização dos comportamentos coletivos humanos.
Rafael Salatini; Marcos Del Roio, 2014
Este livro reúne textos que foram apresentados no “Seminário Maquiavel – 500 Anos de O príncipe (1513-2013)”, realizado entre os dias 06 e 08 de maio de 2013, na Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp-Marília, e outros autores convidados. O evento foi organizado pelos grupos “PACTO – Paz, Cultura e Tolerância” e “Cultura e Política do Mundo do Trabalho”, DCPE e PPGCS da Unesp-Marília, com apoio financeiro da Fapesp e da CAPES.
ÍNDICE DOS PRINCIPADOS Capítulo II. Dos principados hereditários Capítulo III. Dos principados mistos Capítulo IV. Por que o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a morte deste Capítulo V. De que modo se devam governar as cidades ou principados que, antes de serem ocupados, viviam com as suas próprias leis Capítulo VI. Dos principados novos que se conquistam com as armas próprias e virtuosamente Capítulo VII. Dos principados novos que se conquistam com as armas e fortuna dos outros Capítulo VIII. Dos que chegaram ao principado por meio de crimes Capítulo IX. Do principado civil Capítulo X. Como se devem medir as forças de todos os principados Capítulo XI. Dos principados eclesiásticos Capítulo XII. De quantas espécies são as milícias, e dos soldados mercenários Capítulo XIII. Dos soldados auxiliares, mistos e próprios Capítulo XIV. O que compete a um príncipe acerca da milícia(tropa) Capítulo XV. Daquelas coisas pelas quais os homens, e especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados . Capítulo XVI. Da liberalidade e da parcimônia Capítulo XVII. Da crueldade e da piedade; se é melhor ser amado que temido, ou antes temido que amado Capítulo XVIII. De que modo os príncipes devem manter a fé da palavra dada Capítulo XIX. De como se deva evitar o ser desprezado e odiado Capítulo XX. Se as fortalezas e muitas outras coisas que a cada dia são feitas pelos príncipes são úteis ou não Capítulo XXI. O que convém a um príncipe para ser estimado Capítulo XXII. Dos secretários que os príncipes têm junto de si Capítulo XXIII. Como se afastam os aduladores Capítulo XXIV. Por que os príncipes da Itália perderam seus estados Capítulo XXV. De quanto pode a fortuna nas coisas humanas e de que modo se lhe deva resistir Capítulo XXVI. Exortação para procurar tomar a Itália e libertá-la das mãos dos bárbaros Carta de Machiavelli a Francesco Vettori, em Roma O PRÍNCIPE Costumam, o mais das vezes, aqueles que desejam conquistar as graças de um Príncipe, trazer-lhe aquelas coisas que consideram mais caras ou nas quais o vejam encontrar deleite, donde se vê amiúde serem a ele oferecidos cavalos, armas, tecidos de ouro, pedras preciosas e outros ornamentos semelhantes, dignos de sua grandeza. Desejando eu, portanto, oferecer-me a Vossa Magnificência com um testemunho qualquer de minha submissão, não encontrei entre os meus cabedais coisa a mim mais cara ou que tanto estime, quanto o conhecimento das ações dos grandes homens apreendido através de uma longa experiência das coisas modernas e uma contínua lição das antigas as quais tendo, com grande diligência, longamente perscrutado e examinado e, agora,
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo apresentar uma síntese do pensamento político maquiaveliano. Pretende-se demonstrar e elucidar sua teoria política e sua concepção de Estado. O enfoque teórico que dá sustentação ao trabalho baseia-se na principal obra do autor, O Príncipe, além de leituras complementares de comentadores de suas obras no que tem de específico sobre o referido assunto. A análise que, em geral, se faz da teoria política de Maquiavel, é apressada e errônea por acusar o autor de ser defensor de um regime de governo despótico. Na verdade, o que ensina Maquiavel, é que um governo é sempre determinado pela realidade dos fatos. A ação política do príncipe deve basear-se na imposição dessa verdade. PALAVRAS CHAVE: Maquiavel, Estado, Poder Político.
Nicolau Maquiavel -O Príncipe Ao Magnífico Lourenço, Filho de Pedro de Médici Freqüentemente, é costume dos que desejam para si as boas graças de um Príncipe, dar-lhe as coisas que lhe são mais caras, ou com as quais o vêem agradar-se; deste
Nicolaus Maclavellus, ou Nicoló Macchiavelli foi um gênio. Ou alguém conhece escritor dos anos 1500 que seja tão atual quanto ele? Um ex-ministro, poderosíssimo, deste país confessou, publicamente, que "O Príncipe" era seu livro de cabeceira. Falo sobre Delfim Netto. O Fernando Henrique, habituado a dizer bobagens, nunca confessou, mas basta ver suas atirudes e decisões para verificar que "O Príncipe " é mais que um livro de cabeceira, é Bíblia. As pessoas, neste país não lêem, ou o fazem mal. "O príncipe" deve ser analisado com cuidado. De forma indireta, é um libelo pela democracia e libertarismo. Prestem atenção, aprenderão muito e quem sabe, encontrarão o caminho da liberdade. Infelizmente nossos políticos não entenderam, ou não querem O PRÍNCIPE Maquiavel AO MAGNÍFICO LORENZO DE MEDICI NICOLÓ MACHIAVELLI ÍNDICE DOS PRINCIPADOS Capítulo II. Dos principados hereditários Capítulo III. Dos principados mistos Capítulo IV. Por que o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a morte deste Capítulo V. De que modo se devam governar as cidades ou principados que, antes de
APRESENTAÇÃO Nicolaus Maclavellus, ou Nicoló Macchiavelli foi um gênio. Ou alguém conhece escritor dos anos 1500 que seja tão atual quanto ele? Um ex-ministro, poderosíssimo, deste país confessou, publicamente, que "O Príncipe" era seu livro de cabeceira. Falo sobre Delfim Netto. O Fernando Henrique, habituado a dizer bobagens, nunca confessou, mas basta ver suas atirudes e decisões para verificar que "O Príncipe " é mais que um livro de cabeceira, é Bíblia. As pessoas, neste país não lêem, ou o fazem mal. "O príncipe" deve ser analisado com cuidado. De forma indireta, é um libelo pela democracia e libertarismo. Prestem atenção, aprenderão muito e quem sabe, encontrarão o caminho da liberdade. Infelizmente nossos políticos não entenderam, ou não querem O PRÍNCIPE Maquiavel AO MAGNÍFICO LORENZO DE MEDICI NICOLÓ MACHIAVELLI ÍNDICE DOS PRINCIPADOS Capítulo II. Dos principados hereditários Capítulo III. Dos principados mistos Capítulo IV. Por que o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a morte deste Capítulo V. De que modo se devam governar as cidades ou principados que, antes de serem ocupados, viviam com as suas próprias leis Capítulo VI. Dos principados novos que se conquistam com as armas próprias e virtuosamente Capítulo VII. Dos principados novos que se conquistam com as armas e fortuna dos outros Capítulo VIII. Dos que chegaram ao principado por meio de crimes Capítulo IX. Do principado civil Capítulo X. Como se devem medir as forças de todos os principados Capítulo XI. Dos principados eclesiásticos Capítulo XII. De quantas espécies são as milícias, e dos soldados mercenários Capítulo XIII. Dos soldados auxiliares, mistos e próprios Capítulo XIV. O que compete a um príncipe acerca da milícia(tropa) Capítulo XV. Daquelas coisas pelas quais os homens, e especialmente os príncipes, são louvados ou vituperados . Capítulo XVI. Da liberalidade e da parcimônia Capítulo XVII. Da crueldade e da piedade; se é melhor ser amado que temido, ou antes temido que amado Capítulo XVIII. De que modo os príncipes devem manter a fé da palavra dada Capítulo XIX. De como se deva evitar o ser desprezado e odiado Capítulo XX. Se as fortalezas e muitas outras coisas que a cada dia são feitas pelos príncipes são úteis ou não Capítulo XXI. O que convém a um príncipe para ser estimado Capítulo XXII. Dos secretários que os príncipes têm junto de si Capítulo XXIII. Como se afastam os aduladores Capítulo XXIV. Por que os príncipes da Itália perderam seus estados Capítulo XXV. De quanto pode a fortuna nas coisas humanas e de que modo se lhe deva resistir Capítulo XXVI. Exortação para procurar tomar a Itália e libertá-la das mãos dos bárbaros Carta de Machiavelli a Francesco Vettori, em Roma O PRÍNCIPE Costumam, o mais das vezes, aqueles que desejam conquistar as graças de um Príncipe, trazer-lhe aquelas coisas que consideram mais caras ou nas quais o vejam encontrar deleite, donde se vê amiúde serem a ele oferecidos cavalos, armas, tecidos de ouro, pedras preciosas e outros ornamentos semelhantes, dignos de sua grandeza. Desejando eu, portanto, oferecer-me a Vossa Magnificência com um testemunho qualquer de minha submissão, não encontrei entre os meus cabedais coisa a mim mais cara ou que tanto estime, quanto o conhecimento das ações dos grandes homens apreendido através de uma longa experiência das coisas modernas e uma contínua lição das antigas as quais tendo, com grande diligência, longamente perscrutado e examinado e, agora, reduzido a um pequeno volume, envio a Vossa Magnificência.
Resenha do livro "O Príncipe", de Maquiavel
Páginas de Filosofia, 2013
Naquele tempo não havia rei em Israel, mas cada um fazia o que lhe parecia bem aos olhos" Juízes 21,25 RESUMO Este trabalho apresenta, primeiramente, várias considerações/interpretações feitas sobre a obra de Maquiavel (1469-1527), figura eminentemente polêmica, em vários tempos, para depois discutir, a partir da leitura de O Príncipe, sua obra mais conhecida, o verdadeiro sentido da ética maquiaveliana 1 , fazendo relação, quando necessário, com outras obras desse autor e buscando elementos históricos da época, por vezes, para entendê-lo. Com esse trabalho visamos contribuir para uma desmitificação da figura desse autor visto por muitos como um sujeito pérfido e imoral, visão nítida no uso feito popularmente do termo maquiavélico, sempre com uma carga semântica bastante negativa.
Mais de cinco séculos nos separam da época em que viveu Maquiavel. Muitos leram e comentaram sua obra, mas um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome ou pelo menos os termos que aí têm sua origem. Maquiavélico e maquiavelismo são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do cotidiano. Seu uso extrapola o mundo da política e habita sem nenhuma cerimônia o universo das relações privadas. Em qualquer de suas acepções, porém, o maquiavelismo está associado à ideia de perfídia, a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. Estas expressões pejorativas sobreviveram de certa forma incólumes no tempo e no espaço, apenas alastrando-se da luta política para as desavenças do cotidiano. A verdade efetiva das coisas " o destino determinou que eu não saiba discutir sobre a seda, nem sobre a lã; tampouco sobre questões de lucro ou de perda. Minha missão é falar sobre o Estado. Será preciso submeter-me à promessa de emudecer, ou terei que falar sobre ele". (Carta a F. Vettori,de 13/03/1513.) Este trecho de uma carta escrita por Maquiavel revela sua "predestinação" inarredável: falar sobre o Estado. De fato, sua preocupação em todas as suas obras é o Estado. Não o melhor Estado, aquele tantas vezes imaginado, mas que nunca existiu. Mas o Estado real, capaz de impor a ordem. Seu ponto de partida e de chegada é a realidade concreta. Daí a ênfase na verità effettuale-a verdade efetiva das coisas. Esta é sua regra metodológica: ver e examinar a realidade tal como ela é e não como se gostaria que ela fosse. A substituição do reino do dever ser, que marcara a filosofia anterior, pelo reino do ser, da realidade, leva Maquiavel a se perguntar: como fazer reinar a ordem, como instaurar um Estado estável? O problema central de sua análise política é descobrir como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos. Ao formular e buscar resolver esta questão, Maquiavel provoca uma ruptura com o saber repetido pelos séculos. Trata-se de uma indagação radical e de uma nova articulação sobre o pensar e fazer política, que põe fim à ideia de uma ordem natural e eterna. A ordem, produto necessário da política, não é natural, nem a materialização de uma vontade extraterrena, e tampouco resulta do jogo de dados do acaso. Ao contrário, a ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie, e, uma vez alcançada, ela não será definitiva, pois há sempre a ameaça de que seja desfeita. Tem-se sempre a sensação de que é necessário ler, reler, e voltar a ler a obra e que são infindáveis as suas possibilidades de formalização. Sua armadilha é atraente-fala do poder que todos sentem, mas não conhecem. Porém, para conhecê-lo é preciso suportar a ideia da incerteza, da contingência, de que nada é
Sapere Aude, 2017
Helton Adverse RESUMO O presente artigo visa examinar as relações entre poder, força e retórica no pensamento de Maquiavel. A obra do secretário florentino nos liberta da ilusão segundo a qual o poder é idêntico à força, nos mostrando que seu exercício é impossível sem a dimensão discursiva. Apenas levando esse fato em consideração, podemos apreender a realidade política em sua complexidade.
A Itália estava dividida em pequenos principados, enquanto outros países como Espanha, Inglaterra e França eram nações unificadas. Estava com o poder fragmentado; instabilidade; milícias particulares; mercenários; conflitos políticos entre as repúblicas -Florença, Milão, Veneza, Nápoles. Imperava tirania em
REVISTA INTERDISCIPLINAR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 2021
Maquiavel desenvolveu seu pensamento político no contexto do renascimento italiano, no entanto, suas ideias e perspectivas permanecem vivas ainda hoje. Tendo como fundamento o método de Maquiavel, a verdade efetiva das coisas, o presente artigo objetiva realizar uma releitura da ciência política do pensador originário de Florença, debatendo questões como a moralidade, a crueldade e a visão de natureza humana no pensamento maquiaveliano.
Revista Portuguesa de Ciência Política, 2017
Figurando entre os principais pensadores do chamado realismo político, Nicolau Maquiavel ocupa um lugar cimeiro na história do pensamento político ocidental, sendo classificado por Jaime Nogueira Pinto como um dos antecedentes do pensamento contra-revolucionário. Esta corrente de pensamento é marcada, entre outros factores, pela consciência da necessidade de decisão e esta consciência está patente no contexto que rodeia a redacção das obras de Maquiavel. Na medida em que este sugere um conjunto de recomendações quanto à actuação política assentes numa determinada concepção do político que é radicalmente diferente da que está na base da filosofia política clássica e atendendo à influência que os seus escritos tiveram e têm sobre a teoria e a praxis políticas, torna-se particularmente relevante para a teoria da decisão. O nosso objectivo geral é o de caracterizar a teoria da decisão decorrente dos contributos de Maquiavel, procedendo a uma análise da sua concepção do político e das principais componentes do seu pensamento, como sejam o pessimismo antropológico, a rejeição da tradição da filosofia política clássica, o legado da razão de Estado, a rejeição da moralidade cristã, a separação entre a moral e a política – que, ainda que seja uma interpretação generalizada da obra de Maquiavel, é alvo de uma contestação assaz pertinente por parte de Isaiah Berlin –, e o patriotismo.
This paper aims to bring together Hume and Machiavelli by taking both of them as exponents of a certain nonjusnaturalistic current, formed at the beginning of the modern age, which had its own way of thinking the nature of the law and, in a broad sense, legal-political normativity. Despite being influenced by the modern school of natural law, Hume breaks with it in a fundamental point - in the refusal of the notion of person as a starting point to think the social genesis of the legal-political order. Instead, he thought of this genesis from the game of social forces and the circulation of opinions in society, for which Machiavelli was an indispensable reference.
Filosofia, política e cosmologia: ensaios sobre o renascimento, 2017
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Resumo O texto investiga determinados aspectos do pensamento e da trajetória do pensador florentino Nicolau Maquiavel, especialmente na obra O príncipe, a partir da leitura sociológica da ambivalência na obra Modernidade e Ambivalência do sociólogo Zigmunt Bauman. O interesse da relação está em indicar como é possível detectar um caráter ambivalente em Maquiavel, considerando as ambiguidades de sua postura política e intelectual por meio de fatos de sua vida e de excertos do discurso contido na obra dedicada a Lorenzo de Médici. Para isso, são explicitadas passagens da vida e da obra de Maquiavel, procurando incorrer o mínimo em anacronismos e outros vícios da crítica textual e contextual e, no mais, cumprindo o objetivo de indicar algumas aproximações críticas preliminares que aludem à ambivalência existente nas formulações de um dos pais do pensamento político moderno. Foi possível constatar que a ambivalência se apresenta já nas raízes do pensamento político moderno, desde Maquiavel, que, no entanto, prefere jogar com sua contingência em vez de tentar suprimi-la definitivamente.
Anais do IV Encontro Internacional Evoliano, 2014
Resumo: Kauṭilya (ca. 370 – 283 a.C.) foi um pensador político da Índia Antiga. Apesar de ter escrito sua obra principal, o Arthaśāstra, acredita-se por volta de 300 a.C., ela ficou desconhecida até cerca de 1905, quando seus manuscritos foram redescobertos por R. Shamasastry, que também o traduziu pela primeira vez para o inglês dez anos depois. O achado permitiu aos estudiosos compreenderem mais sobre a cultura e vida política do passado indiano. Assim que os primeiros estudos eram feitos, começaram comparações entre a filosofia política de Kauṭilya e a de Maquiavel (1469 – 1527). Devido a elementos de autoritarismo e uso da violência comuns a ambos, Kauṭilya logo ganhou a alcunha de ‘Maquiavel da Índia’, e foi classificado na mesma tradição da escola realista de pensamento político. Mas até que ponto a comparação é permitida? Através do estudo do contexto histórico que cada autor estava inserido, das medidas políticas que defendiam a adoção, e do ideário moral de cada um, este artigo pretende elucidar as semelhanças e diferenças entre o brâmane e o florentino.
Em , na França, Maquiavel recebeu uma carta oficial de seus superiores da chancelaria de Florença. O documento reafirmava o quão obediente deveria ser o secretário aos mandos da mais alta instância da cidade, o Conselho dos Dez (I Dieci). Diziam claramente que ele deveria "fazer toda diligência e trabalhos que este Conselho [...] não faz" (MACHIAVELLI, 1999, p. 1341)[1]. O texto expressa não uma necessária subserviência do secretário aos Dieci, mas uma relação de comprometimento mútuo no exato instante de uma deliberação que ambos os lados não estavam de plenos acordos. De fato, a discordância entre o Conselho de Florença e seu legítimo representante não os tornaram menos unidos por conta disso. Embora o prenúncio de uma desgraça tenha chegado à Florença com a resposta de Maquiavel -"il futuro era la guerra" (MACHIAVELLI, 1999, p. 1346)permaneciam unidos. Esta república contava com a tenaz assiduidade de Nicolau Maquiavel e o firme pulso dos Dieci. Ainda que destoassem em suas avaliações políticas, permaneciam ambos sob a insigne da mesma república. Nos quatorze anos de serviço austero, Maquiavel aprendeu tudo aquilo que a experiência pode ensinar e, depois da derrota da república de Florença em 1512, foi banido da cidade, não antes sem ser interrogado, preso e torturado pela família principesca invasora.
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