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O que é ativismo cultural?

As estatísticas demonstram que a luta pela igualdade de gênero e racial no mundo da arte está longe de acabar. Apesar de décadas de ativismo e teorização póscolonial, feminista, anti-racista e queer, o mundo da arte continua a excluir "outros" artistas-aqueles que são mulheres, não-brancos e LGBTQ+. A discriminação contra esses artistas invade todos os aspectos do mundo da arte, da representação de galerias, diferenças de preço em leilões e cobertura da imprensa para inclusão em coleções permanentes e programas de exposições individuais. Na maioria dos museus convencionais, os visitantes ainda precisam procurar ativamente obras por eles mesmos. Houve, por exemplo, a representação lamentável de artistas mulheres e não-brancos na reabertura da Tate Modern, em Londres, em 2016-dos trezentos artistas representados no rearranjo da coleção permanente, menos de um terço eram mulheres e menos ainda eram não-brancos. 3 Estatísticas semelhantes foram registradas no ano anterior, quando o Whitney Museum of American Art abriu sua nova localização em Nova York com uma 1 Linda Nochlin, em uma entrevista com a autora, maio 2015. 2 Este título é extraído do texto apresentado na pintura de Richard Bell, Bell's Theorem (2002), que diz: " "Arte aborígine: é uma coisa de branco", uma referência à exploração de artistas aborígines por negociantes e empresários brancos. 3 Dos 300 artistas representados, apenas 32% eram mulheres e 29% eram não-brancos (estatísticas coletadas pela autora). exposição inaugural intitulada America Is Hard to See, exibindo obras de sua coleção permanente e abrangendo um período do século XX até o presente. 4 Embora esses fatos sejam desanimadores, é o Museu de Arte Moderna (MoMA), de Nova York, que obtém a pior nota em discriminação de gênero e raça. Em 2004, o Museu reabriu seus espaços de exposição, amplamente expandidos, e revelou a reinstalação de sua prestigiada coleção permanente, apresentando obras de 1880 a 1970. Das 410 obras nas galerias do quarto e do quinto andar, apenas meras 16 eram de mulheres. Havia ainda menos obras de artistas não-brancos e aqueles que receberam espaço na exposição foram segregados em uma única sala dedicada a Diego Rivera e o muralismo mexicano. Uma passada pelas mesmas galerias de exposição, em 2015 e 2016, revelaram melhorias, mas com problemas persistentes. 5 Em 2014, como prova da falta de inclusão do museu, os editores da ArtSlant começaram um boato-uma piada do dia da mentira, na realidade-que o MoMA dedicaria o ano de 2015 inteiramente às mulheres. 6 Exposições de sucesso também estão sujeitas a níveis assustadores de discriminação. A divisão de gênero e raça nas Bienais de Veneza são um exemplo disso. Na edição de 2017, intitulada Viva Arte Viva, com curadoria de Christine Macel, as artistas mulheres representavam apenas 35% dos participantes. (Em comparação, a contagem foi de 37% em 2015, 26% em 2013 e 43% em 2009). Artistas europeus e norte-americanos dominaram a edição de 2017, com 61% dos participantes vindos dos dois continentes. A demografia racial da mostra foi particularmente desanimadora, especialmente dado o amplo ativismo vocal de grupos como o Black Lives Matter: apenas 5 dos 120 artistas eram negros-apenas uma dos quais (Senga Nengudi) era mulher. Que eu saiba, nenhum crítico notou essas disparidades grosseiras. 7 No entanto, em 2014, os críticos criticaram a Whitney Biennial por seu racismo e sexismo gritantes, com protestos nas galerias-por um grupo de artistas que se autodenominavam "cliterati"-sobre a falta de mulheres artistas na exposição: dos 103 4 Das 600 obras, 31% eram de mulheres e 23% eram de artistas não-brancos (estatísticas coletadas pela autora). 5 Das obras em exposição na coleção permanente, 21% eram de mulheres e 14% de artistas não brancos. As estatísticas neste parágrafo foram coletadas pela autora. 6 Em 1º de abril de 2014, ArtSlant reportou: "Para marcar o aniversário de 30 anos do primeiro protesto das Guerrilha Girls no MoMA, o Diretor Glenn D. Lowry anunciou ontem planos para dar ao museu exclusividade para mulheres artistas durante todo o ano de 2015". Ver ArtSlant, "MoMA Plans Only Female Art". Acesso em: julho de 2017. 7 As estatísticas desse parágrafo foram coletadas pela autora.