2021, Comunicação, corpo e espaço. Arranjos Performativos
https://doi.org/10.31560/pimentacultural/2021.908A agenda urbana ganha atualidade nas insurgências populares e na luta cotidiana de populações que reivindicam a ampliação de direitos e a possibilidade de uma vida mais vivível, em todo o mundo. No terreno específico da comunicação, interessa observar os processos em que corpos e configurações urbanas se afetam e se modificam, atravessados por forças que atuam nestas relações e por estratégias de avanço e resistência aos movimentos que tensionam pela ressignificação ou pela alteração do uso dos espaços nas cidades. Para contribuir neste debate, mobilizamos o trabalho de pesquisa realizado no âmbito do programa de doutoramento em Comunicação que resultou na tese Brooklyn-Comunicação e Insurgência na Cidade de Porto Alegre (SANDRI, 2020), onde observamos três experiências distintas realizadas no vão inferior do Viaduto Imperatriz Leopoldina, na área central da capital gaúcha: uma ocupação de skatistas, uma ação assistencial para distribuição semanal de comida e uma ocupação cultural promovida por um grupo de músicos que realizavam um evento noturno semanal. Os três casos tiveram como foco a observação da relação com o espaço e a capacidade destas experiências afetarem outros cidadãos, gerarem articulações heterogêneas, associações efêmeras ou produzirem novas espacialidades. A partir do trabalho de pesquisa, verificamos que a materialidade de uma estrutura viária apresentou-se como oportunidade para o desenvolvimento de práticas socioambientais que alteraram o uso de um espaço, previamente destinado a receber um pequeno fluxo de pedestres, e produziram uma espacialidade baseada no valor de uso que acabou dando visibilidade a corpos envolvidos em distintas alianças de solidariedade. O exercício de novos usos alterou a denominação do local, incluiu novas populações em atividades autônomas e transformou, mesmo que temporariamente, aquele espaço.