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Em louvor à crioulização: a experiência do abismo em Abdulai Sila

2013, Reflexos : revue pluridisciplinaire du monde lusophone

Abstract

“Madjudho”, conto que integra Mistida (2002), de Abdulai Sila, contextualiza, com extrema crueza, a tensão do imaginário da cultura e da identidade num dado momento da vida social, política, econômica e psicológica de Guiné-Bissau. Embora o narrador e seus principais personagens não façam menção direta ao País, percebemos que o texto retrata a vida de dois sujeitos marcados pela guerra de libertação nacional. O narrador apresenta-se como voz aparentemente imparcial na narrativa, mas logo vemos que esse mesmo narrador conta a história sob um ponto de vista solidário a seus personagens de maior relevo: o Comandante, um ex-combatente atormentado e seu companheiro, um rapaz que, na altura da guerra, foi por ele acolhido. Nesse sentido, a partir da leitura que vamos tecer acerca desse conto, esperamos pôr em evidência as principais linhas de força do imaginário literário do autor, procurando elaborar uma análise que valorize a questão da mestiçagem cultural vista pelo viés da “crioulização”, constructo defendido tão firmemente por Édouard Glissant.