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Adunicamp produtivismo academico

Abstract

Em recente pesquisa concluída, João dos Reis da Silva Junior e Valdemar Sguissardi sustentam que o trabalho docente vem sendo objeto de uma gestão heterônoma nas instituições federais de ensino superior. Ter-se-ia produzido por meio da Capes e do CNPq, no plano do Estado, e da pós-graduação na instituição forte tendência no âmbito da gestão do trabalho do professor das IFES. Depois de 1995, ano em que se iniciou a reforma do Estado, o trabalho do professor passou a ser utilizado de acordo com os princípios do pragmatismo político e dos valores mercantis e produtivos pautados pelas reformas institucionais (do Estado, da Educação Superior) e pela reestruturação produtiva, em uma condição histórica na qual o movimento docente encontra-se desqualificado, senão desarticulado e, portanto, sem força para intervenção. Há anos atrás, a Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior e o Sindicato ANDES-SN concretizaram lutas em prol do planejamento de uma carreira docente em conformidade à natureza acadêmico-científica do trabalho docente. Em 1987, quando por meio de relevante greve política para instituir a identidade da universidade, a isonomia foi alcançada, o sindicato fortaleceu-se, de modo a possibilitar a implementação do Regime Jurídico Único (RJU) em 1990. A partir de então, aos olhos do Estado, ou dos gestores que o personificavam, o ANDES-SN passou a ser o grande vilão na esfera da educação superior. Em razão disto, desqualificar o movimento liderado por este sindicato e destruir seus avanços em benefício do professor da universidade estatal pública passou a ser a missão mais relevante do Governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). A isonomia tornou-se o alvo a ser desfeito a qualquer preço. No Ministério da Educação o escudeiro mor do presidente, o ministro Paulo Renato, lançou mão do guarda-chuva jurídico da LDB e dos mecanismos jurídicos da reforma do Estado para acabar com a isonomia e com isto desmobilizar o movimento docente. Em acréscimo, num processo a conta-gotas parece ter * Este texto busca mostrar a epifania do Produtivismo Acadêmico como ideologia para a realização da intensificação e precarização do trabalho do professor das universidades públicas brasileiras, complexo processo que tem na pós-graduação sua centralidade. É um texto ainda parcial da pesquisa Mercantilização da Esfera Pública e Universidade -Nova Identidade Universitária e Trabalho Docente das IFES da região Sudeste, empreendida pelos professores Valdemar Sguissardi e João dos Reis Silva Júnior. O resultado final da pesquisa será dado a público pela Xamã Editora em junho próximo, sob o título Trabalho Intensificado nas Federais -pós-graduação e produtivismo acadêmico.