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Arte e Atos Institucionais

2008, Revista de Direito da FGV

Abstract

Sobre a volta do figurativismo na obra de alguns artistas brasileiros, depois do golpe de 1964, e as consequências da repressão política no cenário artístico-cultural.

Key takeaways

  • Não se pretende articular um discurso definitivo nem tampouco unívoco sobre alguns dos processos artísticos da década de 1960 no Brasil.
  • Os dois ministros do primeiro governo militar limitaram as restrições às compras por crediário para esses bens, mas não incentivaram a produção e o consumo de outros bens que pudessem ser destinados às classes de baixa renda, que tinham seu poder aquisitivo despencando a cada dia, como roupas, bicicletas, fogões e televisores.
  • Para Schwarz, tal situação coadunava-se com uma nova fase do desenvolvimento capitalista no País em que a produção ideológica não interessava de perto ao Estado.
  • A técnica, de tinta industrial sobre madeira, usada para tratar de fotos jornalísticas, criou uma espécie de painel warholiano de uma celebridade da época, Che Guevara, mas em vez de uma estetização inofensiva ou de um conteudismo de esquerda mais raso, como certas canções de protesto do período, o significado da luta de Guevara e de sua perseguição não aparece como ponto de chegada de discussões políticas, mas de partida.
  • Cláudio Tozzi, em entrevista recente, afirmou que "depois do Ato 5 e na década de 1970, meu trabalho passou a ser mais reflexivo" (MAGALHÃES, 2007, p. 37), um índice de como, na pintura, uma arte aparentemente reservada à círculos de elite, tornou-se impossível um discurso que unisse estética e política.