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2020, Editora Estronho
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Este livro apresenta uma reflexão a propósito da presença e das diferentes formas de representação de grupos marginalizados, social e culturalmente, no cinema francês contemporâneo, tendo como corpus específico os filmes dos cineastas Claire Denis e Abdellatif Kechiche, e atenta para importantes questões, como a ideia de fronteira na pós-modernidade e aquelas envolvidas no processo de descolamento-ajustamento, intrínseco aos constantes trânsitos dos sujeitos que deixam seu local de origem para habitar um outro. Para tanto, procura entender as transformações sociais, políticas, culturais e estéticas do mundo contemporâneo e sua complexa conjuntura, assim como aprofundar as discussões acerca das construções históricas de suas identidades e memórias, especialmente através da perspectiva da teoria do pós-colonial. Nesse sentido, a obra propõe uma análise comparativa de quatro filmes de cada um dos diretores, observando se, e de que modo, essas imagens e suas narrativas contribuem para a construção e a consolidação da memória e da identidade francesas.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir, histeria da violência nas prisões. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1986. ^Eis como ainda no inicio do século XVII se descrevia a figura ideal do soldado. O soldado é antes de tudo alguém que se reconhece de longe; que leva os sinais naturais de seu vigor e coragem, as marcas também de seu orgulho; seu corpo é o brasão de sua força e de sua valentia; e se é verdade que deve aprender aos poucos o ofício das armas -essencialmente lutando -as manobras como a marcha, as atitudes como o porte da cabeça se originam, em boa parte, de uma retórica corporal da honra: , Os sinais para reconhecer os mais idôneos para esse ofício sáo a atitude viva e alerta, a cabeça direita, o estômago levantado, os ombros largos, os braços longos, os dedos fortes, o ventre pequeno, as coxas grossas as pernas finas e os pés secos, pois o homem desse tipo não poderia deixar de ser ágil e forte: [tornado lanceiro, o soldado] deverá ao marchar tomar a cadência do passo para ter o máximo de graça e gravidade que for possível, pois a Lança é uma arma honrada e merece ser levada com um porte grave e audaz. 1 Segunda metade do século XVIII: o soldado tornou-se algo que se fabrica; de uma massa informe, de um corpo inapto, fez-se a máquina de que se precisa; corrigiram-se aos poucos as posturas; lentamente uma coação calculada percorre cada parte do corpo, se assenhoreia dele, dobra o conjunto, torna-o perpetuamente disponível, e se prolonga, em silêncio, no automatismo dos hábitos; em resumo, foi «expulso o camponês» e lhe foi dada a «fisionomia de sohlado». 1 Os recrutas são habituados a manter a cabeça ereta e alta; a se manter direito sem curvar as costas, a fazer avançar o ventre, a salientar o peito, e encolher o dorso; e a fim de que se habituem, essa posição lhes será dada apoiando-os contra um muro, de maneira que os calcanhares, a batata da perna, os ombros e a cintura encostem nele, assim como as costas das mãos, virando os braços para fora, sem afastá-los do corpo... ser-lhes-á igualmente ensinado a nunca fixar os olhos na terra, mas a olhar com ousadia aqueles diante de quem eles passam... a ficar imóveis esperando o comando, sem mexer a cabeça, as mãos nem os pés... enfim a marchar com passo firme, com o joelho e a perna esticados, a ponta baixa e para fora...' ^Houve^durante a época clássica, fuma descoberta do corpo como objeto e alvo de poder. 1 ' Encontraríamos facilmente sinais dessa grande atenção dedicada então ao corpo -/ ao corpo que se mar.i-pula^sc_modela, se treina, que obedece, responde, se torna hábil ou cujas forças se multiplicam/O grande livro do Homem-máquina foi escrito simultaneamente em dois registros: no anàtomo-metafísico, cujas primeiras páginas haviam sido escritas por Descartes e /que os médicos, os filósofos continuaram; o outro, técnico-político, constituído por um conjunto de regulamentos militares, escolares, hospitalares e por processos empíricos e refletidos para controlar ou \ corrigir as operações do corpo. Dois registros bem distintos, pois tratava-se ora de submissão e utilização, ora de funcionamento e de /explicação: corpo útil, corpo inteligível. E entretanto, de um ao outro, pontos de cruzamento. «O Homem-màquina» de La Mettrie. é ao mesmo tempo juma redução materialista da alma_e uma teoria ^ "geral do adestramento, no centro dosjjuais reina a noção. de_«dQÇ2-/fidade» que une ao corpo analisével o corpo manipulável. Ê dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ^ser transformado e aperfeiçoado. Os famosos autômatos, por seu lado, não eram apenas uma maneira de ilustrar o organismo; eram também bonecos políticos, modelos reduzidos de poder: obsessão de Frederico II, rei minucioso das pequenas máquinas, dos regimentos bem treinados e dos longos exercícios. Nesses esquemas de docilidade, em que o século XVIII teve tanto interesse, o que há de tão novo?/ Não é a primeira vez, certamente, que o corpo é objeto de invéstimentos tão imperiosos e urgentes; em qualquer sociedade, o corpo está preso no interior de poderes muito apertados, que lhe impõem limitações, proibições 'ou obrigações. 11 Muitas,coisas entretanto são novas nessas técnicas. A escala, jgm_primeiro lugar, do controle: não se trata de cuidar do corpo, em massa, grosso modo, como se fosse uma unidade jndissociável mas de trabalhá-lo detalhadamente; de exercer sobre ele uma coerção sem folga, de mantê-lo ao nível mesmo da mecânica -_ movimentos,, gestos atitude, rapidez: poder infinitesimal sobre o corpo ativo. O objetor em seguida, do controle: não, ou não mais, os elementos significativos do comportamento ou a linguagem do corpo, mas a economia, a eficácia dos movimentos, sua organização interna; a coação se faz mais sobre as forças que sobre os sinais; a_ única cerimônia que realmente importa é a do exercício/A modalidade enfim: implica numa coerção ininterrupta, constante, que vela sobre os processos da atividade mais que sobre seu resultado e se exerce de acordo com uma codificação que esquadrinha ao máximo o tempo, o espaço, os movimentos. Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidadeutilidade, são o que. podemos chamar as «disciplinas». Muitos pro-' cessos disciplinares existiam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos, nas oficinas também. Mas as disciplinas se tornaram no decorrer dos séculos XVII e XVIII fórmulas gerais de dominaçàfly Diferentes da escravidão, pois não se fundamentam numa relação de apropriação dos corpos; é até a elegância da disciplina dispensar essa
Em Construção
Este artigo discute as relações entre ações coletivas de gênero frente às tecnologias de base biotecnológica, ressaltando algumas questões éticas, epistêmicas e políticas que permeiam a aplicabilidade dessas tecnologias e seus impactos na vida das mulheres. Para isto desenvolvemos um paralelo entre as biotecnologias na área biomédica (“vermelhas”) e agroindustrial (“verdes”), discorrendo sobre dois casos específicos envolvendo ações coletivas de mulheres no Brasil: medicalização/parto natural e agricultura industrial /camponesa. Neste texto, traremos elementos para pensar não apenas nas implicações negativas, mas principalmente para entender novas formas de reação e resistência das mulheres, mobilizando conceitos a partir das epistemologias feministas e dos estudos sociais da ciência e tecnologia, como: conhecimentos situados e corpo-território, corpo-política do conhecimento; e apontando elementos teóricos para discussão de questões referentes à ética, legitimidade, parcialidade e ...
DESIGNA 2018 Territory, Proceedings, 2018
O texto, Sobre lugares, paisagens, corpos e objetos, considerou o espaço percebido e sentido para analisar os produtos que são gerados da relação corpóreo-espacial. Através da revisão bibliográfica de quatro temáticas: paisagem, lugares, corpos e objetos, houve a interpretação das características de um objeto artesanal autóctone - as garrafas de areia -, que tradicionalmente são comercializadas como souvenir, mas que na verdade são objetos de narrativa de histórias e memórias. ISBN 978-989-654-495-9
Letra Magna, 2020
INTRODUÇÃO Michel Foucault (2013a) inicia seu Vigiar e Punir com uma descrição minuciosa do suplício de um corpo. Damiens, parricida condenado em 1757, aparece ali como marcador da ordem régia e de um poder de morte, espetacularizado no corpo do condenado esquartejado e lançado ao fogo. No entanto, o corpo de então era apenas uma marca do rei, não um problema em si mesmo. Foucault (2009 [1975]) ensinará que é apenas no século XIX que o corpo se tornará um objeto de disputa, de saber e de poder. Esse investimento do corpo, então, será uma espécie de modelo com que o filósofo enfrentará os deslocamentos do poder e suas formas cada vez menos rígidas-"[...] as sociedades industriais [a partir dos anos sessenta do século XX] poderiam se contentar com um poder muito mais tênue sobre o corpo" (FOUCAULT, 2009 [1975], p. 148). Abrimos este texto-que é também uma abertura, um mise-en-abyme-com Michel Foucault a fim de estabelecer uma relação e um deslocamento. A primeira, que diz respeito à centralidade do corpo, em suas mais diversas aparições e tratamentos teórico-metodológicos, cujo vértice é a problematização com a linguagem. A segunda, a de um deslocamento dos
Artes do Educar UERJ, 2021
Seffner. Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da Licença Creative Commons Atribuição Não Comercial-Compartilha Igual (CC BY-NC-4.0), que permite uso, distribuição e reprodução para fins não comerciais, com a citação dos autores e da fonte original e sob a mesma licença. Resumo: O objetivo deste texto é propor a possiblidade de pensarmos a sala de aula como local de produção de pedagogias, por meio de impressões e acontecimentos coletados na etnografia de cenas da cultura escolar. Desse modo, a partir de situações que envolvem a deficiência e os corpos ditos deficientes, discute-se sobre cultura escolar, currículo, escola, culturas juvenis, corpo e desejo. Outrossim, traça-se um histórico da emergência e do percurso da categoria da deficiência, especialmente articulada com os chamados modelo médico e modelo social, assim como avalia-se as principais políticas públicas que articulam o campo da educação com a deficiência. Nesse sentido, conclui-se com a análise de uma cena escolar que sintetiza a referida possibilidade. Palavras-chave: Corporalidades; Deficiência; Modelos de deficiência; Cultura escolar; Educação. MARGIN'S BODIES AND OTHERS POSSIBILITIES PEDAGOGIES Abstract: The objective of this text is to propose the possibility of thinking about the classroom as a place of production of vital pedagogies, through impressions and events collected in the ethnography of school culture scenes. From situations involving disability and so-called disabled bodies, we discuss school culture, curriculum, school, youth cultures, pedagogies, body and desire. A history of the emergency and the route of the disability category is traced, articulated with the so-called medical and social models. The main public policies that articulate the field of education with disability are evaluated, proposing the construction of vital pedagogies. In this sense, it concludes with the analysis of a school scene that synthesizes these possibilities. Da sala de aula, dos corpos e de suas pedagogias Uma sala de aula é habitada por corpos. Sem corpos, é apenas uma sala, embora móveis e arquitetura lembrem a função educativa para a qual foi desenhada. Certas visões conservadoras-quando não, autoritárias-em Educação, querem nos fazer crer que há os corpos-de alunos e de alunas, de professores e de professoras iii-e que, para além deles, existem os conteúdos-as "matérias"-que devem ser ensinados. Os conteúdos estão materializados nos livros didáticos, nas apostilas, no que se escreve no quadro negro, naquilo que a professora dita eventualmente, no que se copia nos
O presente estudo é fruto de reflexões teóricas acerca do meu próprio processo criativo e busca debruçar-se justamente sobre o processo de instauração poética nas três séries de produções: XXXMEN; O Corpo do Fim do Mundo e Corpo-plasma: percursos sobre o espaço, reconhecendo nelas, caminhos, regularidades, associações simbólicas e conceituais entremeadas pela presença do corpo em suas configurações pós-modernas. Tendo como base teórica e metodológica as particularidades da pesquisa em arte, este trabalho tece seu escopo a partir dos estudos de Rey (2002) sobre processo criativo, bem como, se utiliza de demais autores que apresentam abordagens convergentes com os conceitos apresentados em cada produção.
2021
This is a study about the female body and identity in contemporary Latin American art based on performance records. Exile, territories, displacements and body are keywords for understanding the work Silueta Series (1974), composed of 200 photographs taken in a period of approximately seven years, by the cuban artist Ana Mendieta (1948-1985). Thus, this qualitative study throughbibliographical survey, iconographic data collection and interpretative analysis of the collecteddata, taking as its starting point a historical iconographic panorama of the representation of the female body, to reflect the multiple intrinsic concepts in the artist’s work that has the female body as a central element integrated into the landscape, in addition to issues of gender, politics, identity that are subjectively established in a timeless manner. The results reveal that the poetic action of the feminine in media art can deconstruct the concepts rooted in the woman, having her own body as a support throu...
2024
De que forma a humanidade está a desbravar a última fronteira do ciberespaço. A revolução da informação criou o ciberespaço, um novo território sempre em expansão e transformação. Esta nova geografia é verdadeiramente complexa e difícil de compreender para a maioria dos habitantes do planeta Terra, o qual também já é digital. Como é que a dialética entre conflito e cooperação está a ser traduzida no ciberespaço, onde os desafios são inéditos e os inimigos invisíveis ou imaginários.
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Corporeidades no aplicativo Pou, 2018
PIXO - Revista de Arquitetura, Cidade e Contemporaneidade
Por uma vida espontânea e criadora: Psicodrama e Política-Editora Ágora, 2020
Swinburne, R. G. Tradução de Igor Neves Ferreira, 2021