Academia.eduAcademia.edu

Morena

Abstract

Resumo: Como acadêmica, negra, mulher e brasileira desenvolvendo práticas etnográficas multisituadas entre Brasil, Peru e Estados Unidos, me deparo com a urgência de discutir as potencialidades, mas também os perigos deste método para minha segurança. O encontro entre diferentes universos simbólicos necessariamente provoca tensões e incômodos tanto para o antropólogo, quanto para seus interlocutores. Tal realidade se assevera quando o lugar do pesquisador, tradicionalmente ocupado por homens brancos, é ocupado por uma mulher negra. Diante de uma experiência de racismo que vivi no campo, encontrei no feminismo negro ferramentas teóricas e políticas para lidar com as emoções que senti, mudar minha prática de pesquisa, revisitar minha história pessoal e produzir esta análise, que nos permite repensar a Antropologia. Neste processo, o autocuidado assume uma papel central como critério para avaliar situações de perigo e agir sobre elas, o que implicou inclusive romper o contato com interlocutores que me discriminavam. Palavras-chave: Feminismo Negro. Etnografia. Imigração Peruana. Autocuidado. Abstract: As a black female Brazilian scholar, conducting multisitued ethnographic practices in Brazil, Peru, and the United States, I face the urgency of discussing the potential but also the dangers of this method for my safety. The encounter between different symbolic universes necessarily causes tensions and discomfort for both the anthropologist and his collaborators. This reality is aggravated when the researcher's role, traditionally played by white men, is played by a black woman. After an experience of racism I facedwhen I was conducting fieldwork, I found in black feminism theoretical and political tools to: deal with my emotions, change my research practice, revisit my personal history and produce this analysis, which allows us to rethink Anthropology. In this process, self-care assumes a central role as a criterion for assessing dangerous situations and acting on them, which implied even breaking contact with those who discriminated against me.