Cap XVI Resumo: A compreensão da origem e evolução tectônica da Bacia do Paraná, assim como das bacias intracratônicas de uma maneira geral, tem representado um grande desafio à comunidade geocientífica. Essa enorme área sedimentar do Brasil meridional, com extensões no Paraguai, Uruguai e Argentina, compartilhou alguns estágios de sua história evolutiva com outras bacias no contexto do paleocontinente Gondwana, configurando um amplo golfo aberto ao Panthalassa, de tal modo que os aspectos de tectônica e sedimentação da Bacia do Paraná devem ser analisados sob uma perspectiva mais ampla, que considere os fenômenos geológicos de caráter regional durante o Paleozóico. Tal é o caso das orogenias ocorridas ao longo da margem sul-ocidental do Gondwana: o mecanismo responsável pela subsidência inicial da Bacia do Paraná no Eopaleozóico parece relacionar-se à reativação transtensiva de descontinuidades crustais sob o campo de tensões da Orogenia Oclóyica, a cuja movimentação associam-se localmente rochas básicas extrusivas. A recorrente atividade orogênica paleozóica, focalizada no interior do continente pelos lineamentos do arcabouço pré-cambriano no substrato da sinéclise, foi um fator importante na estruturação da Bacia do Paraná, expressando-se na forma de dobras abertas e falhas de naturezas variadas. O registro estratigráfico da bacia documenta uma progressiva tendência à continentalização dos sistemas deposicionais lá atuantes; estratos marinhos presentes desde a implantação da Bacia assume a fisiografia de amplo mar interior: os orógenos paleozóicos culminaram por interromper a conexão a oestesudoeste da sinéclise com o oceano. Desertos arenosos passam a dominar o cenário no Mesozóico, e a manutenção de uma ampla superfície de deflação eólica na Bacia do Paraná, com subsidência nula do substrato, seria o prenúncio dos fenômenos geotectônicos relacionados à Reativação Wealdeniana. Com a ruptura do Gondwana, o embasamento da Bacia do Paraná foi intensamente afetado pela intrusão de colossais volumes de magmatitos, que se instalaram como diques e soleiras entre as rochas sedimentares ou extravasaram-se à superfície. O último ciclo de subsidência na história evolutiva da Bacia do Paraná dar-se-ia durante o Neocretáceo, quando foram acumulados sedimentos continentais por sobre as lavas Serra Geral aproveitando o espaço flexural de acomodação originado à superfície pela sobrecarga litostática dos basaltos. Palavras-chave: