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Nesse tempo ainda vivia, na sua solidão nas montanhas da Umbria, o divino Francisco de Assis -e já por toda a Itália se louvava a santidade de Frei Genebro, seu amigo e discípulo.
Revista Convergência Lusíada, 2003
Correspondência entre Castilho e Camilo Castelo Branco.
2013
O presente estudo apresenta uma análise das representações do Extremo Oriente nas obras do escritor português Eça de Queirós (1845-1900). Através de um estudo amplo de obras de diversos momentos da carreira do escritor português, procuramos demonstrar que o Extremo Oriente queirosiano estabelece uma representação complexa das relações Ocidente-Oriente, não se limitando às imagens cristalizadas do Oriente na literatura portuguesa, em que se destacam o exotismo e o caráter imaginário. Como principais pilares teóricos, nos apoiamos nas teorias orientalistas, principalmente as de Raymond Schwab (1950) e Edward Said (1978), e da fortuna crítica queirosiana. Realizamos uma análise comparativa de textos ficcionais e não ficcionais do autor que, nomeadamente, compreende os romances O Mistério da Estrada de Sintra (1870), escrito juntamente com Ramalho Ortigão, O Mandarim (1880) e A Correspondência de Fradique Mendes (1900); os textos de imprensa “A Marinha e as Colônias” (1871), “A Pitoresca História da Revolta da Índia” (1871), “A França e o Sião” (1893), “Chineses e Japoneses” (1894), “A Propósito da Doutrina Monroe e do Nativismo” (1896), “França e Sião” (1897); e o relatório consular A Emigração como Força Civilizadora (1979).
Portugal-China: 500 Anos, 2014
No tempo de Eça de Queirós, o Oriente estava na moda. E também na ordem do dia, do ponto de vista político, pois que por lá se decidiam questões relevantes de que dependiam poderes imperiais e interesses económicos. Mas nesse mesmo tempo, o Oriente era vastíssimo e incluía muitas terras, muitas gentes e muitas culturas. Do chamado Próximo Oriente ao Japão, dito do Sol Nascente para quem o considerava a partir de um lugar de observação eurocêntrico, iam distâncias consideráveis. Entre a Europa e o Japão estava o Império do Meio (entenda -se: no centro do planeta), ou seja, a China que resistia aos ventos da Revolução Industrial e que só pela força militar usada nas chamadas Guerras do Ópio se foi abrindo ao comércio com o Ocidente. A pouco e pouco, os estrangeiros deixaram de ser, como até então, bárbaros. Arrastam -se estas tensões e os derivados conflitos bélicos por várias décadas, ao longo do século , com consequências que o Eça da segunda metade de Oitocentos conhecia bem, sendo, como era, leitor atento da melhor imprensa de então.
Anais Leirienses - Estudos e Documentos, 2020
Corrigem-se muitos dos mitos sobre a permanência de Eça de Queirós em Leiria e apresenta.se algumas outras histórias sobre ele em Leiria
Entheoria: Cadernos de Letras e Humanas ISSN 2446-6115, 2021
RESUMO: O presente trabalho objetiva refletir sobre a presença do sagrado e do profano na obra A relíquia (1887), do escritor português Eça de Queirós. A primeira parte da pesquisa busca compreender o processo de profanação do sagrado na obra eciana em questão, cujo apogeu se dá com a morte de Cristo e a não ocorrência de sua ressurreição. No decorrer do segundo subtítulo, almeja-se desenvolver uma leitura que entenda a mesma morte como um processo com a finalidade de sacralizar por meio da dessacralização a mensagem de Cristo, visto que, embora Jesus morra (dessacralização), sua mensagem transcende a morte e transforma-se em metáfora religiosa (sacralização). Por fim, na terceira parte, tenta-se compreender como são construídos os movimentos de profanação do sagrado e de dessacralizar para sacralizar através do emprego da paródia, utilizada 1) como recurso que vê no texto parodiado um alvo a ser destruído; ou 2) como meio de transformação histórico-literária usado com vistas ao estabelecimento da distância crítica. PALAVRAS-CHAVE: O sagrado; o profano; a paródia; A relíquia; Eça de Queirós.
Anais do VIII CIEL - Ciclo de Estudos em Linguagem, 2013
I will turn my focus in this work to A relíquia, a narrative published by Eça de Queirós in 1887, in which one can notice incessant mentions of religious themes throughout the work, especially in the third chapter, when the narrator/protagonist, Teodorico Raposo, dreams of the last moments of Christ, carrying out a long parodic dialogue with the Canonical Gospels. However, in this reading I will not dwell on the characteristics of this interesting chapter, but in the investigation of the scenes of The relic that precedes and succeeds it, seeking to demonstrate that criticism religious and the revising, profaning and desacralizing character, made explicit by the narrator in a prominent way in that chapter, can already be noticed in the beginning of his memoirs, lasting until their final account. Of that In this way, I intend to propose that the criticism conveyed by Eça de Queirós, not only in the narration of the extended dream, but in all the other chapters of the fiction, points to complex elements related to an (anti) religiosity that goes beyond mere anticlericalism, commonly attributed by literary criticism of the writer in this and other narratives that convey themes religious. I also hope to reflect to what extent Eça de Queirós, sixteen years after the Casino Lisbonense Conferences, which took place in 1871, continues (or not) disseminating the proposals of the Generation of 70, regarding to Religion and religiosity. Keywords: Eça de Queirós; The relic; anticlericalism; (anti) religiosity. RESUMO: Volverei meu olhar neste trabalho para A relíquia, narrativa publicada por Eça de Queirós em 1887, na qual se pode notar incessantes menções a temas religiosos no decorrer de toda a obra, principalmente no terceiro capítulo, quando o narrador/protagonista, Teodorico Raposo, sonha com os últimos momentos de Cristo, realizando longo diálogo paródico com os Evangelhos canônicos. Entretanto, nesta leitura não me deterei sobre as características desse interessante capítulo e sim na averiguação das cenas de A relíquia que o antecedem e o sucedem, buscando demonstrar que a crítica religiosa e o caráter revisor, profanador e dessacralizador, explicitados pelo narrador de maneira avultante no referido capítulo, já podem ser notados no princípio de suas memórias, prolongando-se até o relato final delas. Dessa forma, pretendo propor que a crítica veiculada por Eça de Queirós, não somente na narração do extenso sonho, mas em todos os outros capítulos da ficção, aponta para elementos complexos relacionados a uma (anti) religiosidade que ultrapassa o mero anticlericalismo, comumente atribuído pela crítica literária ao escritor nessa e em outras narrativas que veiculam temas religiosos. Também espero refletir em que medida Eça de Queirós, dezesseis anos depois das Conferências do Casino Lisbonense, ocorridas em 1871, continua (ou não) difundindo as propostas da Geração de 70, no que se refere à Religião e à religiosidade. Palavras-chave: Eça de Queirós; A relíquia; anticlericalismo; (anti) religiosidade.
2015
A novela Sao Cristovao de Eca de Queiros, autor portugues do final do seculo XIX, traz em sua narrativa o ideal do panteismo. A construcao da historia e feita atraves do desenvolvimento da vida do protagonista Cristovao e a narrativa segue um percurso linear, que vai desde o nascimento ate sua morte. Este trabalho objetiva apresentar, ao leitor, esse percurso com vistas a identificar as marcas do panteismo.
2008
A pergunta “Quais os escritores que mais o influenciaram?”, Vergilio Ferreira respondeu: “Em primeiro lugar, o meu sempre admirado Eca. Nao o do adulterio, etc., como e obvio. Nem mesmo o da graca por mais fina. O outro. O que sobra ainda desses. O da palavra.” E sobre o signo de Vergilio Ferreira que comeco. O que faz de Eca, na apreciacao do autor de Aparicao, o seu “sempre admirado Eca”, nao sao, portanto, os enredos mais ou menos moralizadores do naturalismo, nem os vicios ironicamente retratados, ou as finas caricaturas que construiu, “pintando”, em tom sarcastico, a sociedade coeva, nem sequer sao os tipos humanos criticados em cuja imortalidade o senso comum insiste. O melhor Eca e o da palavra, pois o escritor, como observou Oscar Lopes (1999: 119), “pertence ao numero de grandes artistas que mais modelaram a lingua literaria portuguesa, [...]”. Interrogado, no centenario da morte do escritor, sobre o que faz a actualidade de Eca de Queiros, Carlos Reis escreve: “A questao e...
A Cor das Letras, 2019
Eça de Queirós (1845-1900) é muito mais conhecido pelos seus romances realistas, entretanto, o autor se dedicou a elaboração de muitos outros gêneros, como o conto e a crônica, e até mesmo reelaborou histórias de santos. Visto que são três as revisitações hagiográficas de Eça, neste estudo, averiguaremos uma delas, a que está inacabada “São Frei Gil”. Essas narrativas, escritas durante a última década de vida, vieram a público postumamente, em 1912, em Últimas páginas. Em “São Frei Gil”, Eça retoma a lenda egidiana, preexistente em Portugal, ambientando na Idade Média a história do santo que pactuou com o Diabo. Nossa proposta é a de analisar a forma como a narrativa é construída e, se é possível, com efeito, afirmar que o escritor, ao fim de sua vida, havia se acomodado e se resignado com o velho Portugal e com os poderes instituídos, deixando de lado a escrita irônica para dar vazão a uma produção de enaltecimento pátrio. Para tanto, verificaremos de que maneira se realizou o diál...
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Revista Letras, 2014
Revista de Estudos Literários, 2016
Cadernos de literatura comparada, 2021
ITINERÁRIOS – Revista de Literatura (UNESP- Araraquara), 2017
Diálogos com a literatura portuguesa II, 2023
Egitania Sciencia, 2014
Forma Breve, 2017
Anais do XXII Congresso Internacional da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa – ABRAPLIP, 2009