Assim como quando conversei com Julio, em um restaurante, vou começar fazendo uma coisa que pode provocar uma de suas compulsões metafilosóficas (ou talvez perifilosóficas): vou iniciar com uma citação. Brandom, o inferencialista que eu tinha em mente em meu texto, comenta em uma nota que, apesar de tender a apresentar as opções, [...] em termos de uma vigorosa oposição entre duas ordens de explicação complementares -a representacionalista e a inferencialista -, essas alternativas não são exaustivas. Outras possibilidades incluem o tratamento da representação e da inferência como se não houvesse primazia explicativa de uma sobre a outra. Poder-se-ia então explicar as duas através de uma terceira noção, que seria tratada como mais fundamental. Ou poder-se-ia evitar completamente explicações redutivas em semântica e contentar-se com a descrição de relações entre uma família de conceitos que mutuamente se pressupõemuma família que inclui representação, inferência, asserção, referência e assim por diante. (BRANDOM, 1994, p. 669, n. 90; tradução minha) Brandom se interessa por determinar em que medida uma agenda inferencialista poderia ser levada a cabo, uma agenda em que referência e conteúdo representacional pudessem ser entendidos em termos de inferência. As vantagens de perseguir uma agenda