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Igrejas Sem Brilho

Abstract

Atendendo a que o título deste livro: "Igrejas sem Brilho", associa logo a idéia à pluralidade de igrejas, damos aqui uma palavra de esclarecimento: A Igreja de Cristo, composta de todos aqueles que foram salvos pela graça, é una, é indivisível. A Igreja de Cristo é um organismo perfeito e está edificada sobre a Rocha dos Séculos -Cristo. A Igreja reúne as multidões de salvos de todas as nações que formarão a esposa do Cordeiro. Ela, é claro, é a Igreja de todos os séculos, cujo fulgor aumenta como a luz da aurora até alcançar o brilho mais claro que o sol do meio-dia. Essa não é a igreja sem luz e sem brilho de que falamos, nos vários capítulos deste livro, pois à Igreja jamais faltou o fulgor da graça. O termo igreja, que empregamos aqui, corresponde ao que comumente conhecemos por igreja local, congregação, comunidade, enfim, ao ajuntamento de pessoas que são membros da igreja, no lugar em que vivem. Considerando que os leitores estão esclarecidos quanto d significação do termo "igreja", podemos então fazer uso dessa palavra para indicar a igreja local, ou comunidade (inicial minúscula). Se o assunto do livro tratasse da origem, função, missão histórica e dos múltiplos aspectos da Igreja, então a definição seria mais ampla, pois a Igreja de Cristo entra por horizontes insondáveis para o conhecimento humano. Porém, tratando-se de um tema que é comum a todos os cristãos, é apresentado sem particularizar esta ou aquela igreja, este ou aquele ramo do cristianismo, este ou aquele povo. Os conceitos aqui emitidos aplicam-se com justeza d igreja, d comunidade e ao indivíduo. Em alguns capítulos desta obra, o leitor encontrará certos comentários um tanto acres à teologia, e, por vezes, da sabedoria humana, ambas mal aplicadas na igreja. Isso não quer dizer que sejamos inimigos sistemáticos dessas ciências. Pelo contrário, favorecemos quanto estiver em nós a educação religiosa ou secular. A educação é necessária à vida e ao progresso do homem, desde que haja equilíbrio na aplicação. O que temos em vista, ao comentar a matéria, é combater o abuso e a inversão que se faz nesse sentido. Na igreja, a grande autoridade é o Espírito Santo, porém quando os teólogos e os sábios nela se instalam, o Espírito nada mais tem a fazer, porque os "poderosos" e os "infalíveis" começaram a mandar, a impor, a ditar medidas e a dar ordens. O que sucede, então, é o afastamento das forças espirituais e o florescimento de mais um sistema religioso, frio como tantos outros. A prova das nossas afirmações é o testemunho da história. Jamais a teologia ou o intelectualismo contribuíram para qualquer despertamento ou avivamento espiritual, mas têm contribuído para o arrefecimento de quase todos os movimentos. Temos observado que os despertamentos surgem espontaneamente, quando as comunidades se entregam à oração. Desenvolvem-se maravilhosamente, sem a intervenção de auxílio humano. Porém, após alguns anos, quando os "grandes" começam a introduzir inovações ou interpretações a seu modo, os despertamentos desaparecem: fica somente o formalismo. Ê contra a imposição e a ditadura da falsa ciência e da mal-aplicada teologia na igreja que nos insurgimos. A sabedoria e a teologia podem existir e ser úteis desde que não passem dos limites traçados pelo bom senso. Na igreja, a primazia e a direção suprema pertencem ao Espírito do Senhor. Usurpar esses poder es é ato ilegal e qualquer ciência que aja ilegalmente, em vez de ajudar, torna-se prejudicial. Combater ilegalidade e inversão de ordens, não é ser derrotista, é desejar cada coisa em seu lugar. É isso o que desejamos.