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O ensino de Filosofia e o ato de filosofar

2019, Ensino de Filosofia e o ato de Filosofar

Abstract

Resumo: Com a fundação da Universidade de São Paulo, iniciou-se, no Brasil, uma prática de leitura de textos filosóficos, já existente na França, chamada de estruturalismo. O método estrutural tornou-se a referência na abordagem filosófica no Brasil. Suas consequências foram uma crescente profissionalização do ensino de Filosofia, bem como a limitação no que se refere à formação filosófica crítica. Este artigo analisa a inserção do método estrutural na prática docente de ensino de Filosofia e suas consequências. Apresenta, ainda, o início do filosofar não como uma visão de texto, como tradicionalmente é trabalhado nas universidades, mas uma visão de mundo. Palavras-chave: Ensino de Filosofia, Método, Crítica, USP e ato de filosofar. 1. Reflexões preliminares O título parece, em princípio, contraditório, mas, na verdade, é provocativo. Ensinar Filosofia é, em geral, visto como ensinar história da Filosofia. Segundo este entendimento, dever-se-ia fornecer aos alunos conhecimentos técnicos e informações relevantes sobre temas e pensadores consagrados na história do pensamento ocidental. Nesse sentido, haveria uma cisão intransponível entre ensinar Filosofia e ensinar a filosofar. Na verdade, ensinar Filosofia, limitada à história da Filosofia, seria a forma privilegiada de tal atividade e esta mesma impossibilitaria o ato de filosofar. Assim, existiria uma disjunção necessária entre ensino de Filosofia e ato de filosofar. A pergunta que incomoda tange à origem dessa perspectiva em terras brasileiras. Respondendo a essa pergunta, estaremos aptos a responder à hipótese inicial que é a negação da cisão entre ensino de Filosofia e o ato de filosofar.