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2019, Só se perde o que realmente não se teve: leituras e diálogos com Ricardo Piglia
Como interpretar um diário que não narra propriamente os acontecimentos da vida de um autor, mas que busca, sobretudo, destiná-los a contar a obra desta vida? Quais as implicações estéticas e teóricas do movimento que um autor faz em direção à própria obra, a posteriori, tornando-se leitor e crítico de si mesmo? São essas as perguntas que motivam o presente ensaio, que toma como ponto de partida uma experiência de escrita de si problemática e indecisa do ponto de vista enunciativo e de gênero literário: Los diarios de Emilio Renzi, de Ricardo Piglia, que aqui são confrontados às obras tardias e de cunho autobiográfico de Roland Barthes.
Acta Scientiarum. Language and Culture, 2008
RESUMO. Este artigo defende a hipótese de que o romance As horas nuas (1989), de Lygia Fagundes Telles, apresenta um sofisticado jogo auto-referencial da obra dentro da obra. As cenas em que Rosa, a protagonista, tenta escrever suas memórias, mas é consumida pelo alcoolismo, fortalecem as idéias de paródia e de descentramento estético, presentes nesse romance. Rosa narra e comenta a superficialidade de suas memórias até abandonar seu projeto de escrita, que pode ser lido como uma paródia das autobiografias. Essa hipótese será sustentada metodologicamente pelos conceitos pós-estruturalistas propostos por Jacques Derrida, que defende a escrita como jogo, remédio, veneno ou teatro, entre outros conceitos. A partir dos suplementos estéticos da encenação de Rosa, o leitor, preocupado com o "como" a obra foi construída, descobre novos roteiros desse romance que se autoquestiona no próprio desenrolar da narrativa. Ao final, interpreta-se o silêncio de Rosa como uma crítica à superficialidade e ao narcisismo do gênero autobiográfico.
O texto analisa os últimos livros do escritor mexicano Sergio Pitol (1933), El arte de la fuga (1997), El viaje (2000) e El mago de Viena (2005), reunidos na Trilogía de la memoria (2007). Em conjunto estes textos conformam uma espécie de autobiografi a literária construída mediante uma mistura de crítica, relato de viagem e narração autobiográfi ca. No ensaio analiso a maneira como o escritor reconstrói sua vida por meio de suas leituras e seu processo criativo, as pistas sobre sua obra que podem ser encontradas nestes textos, assim como as principais características e antecedentes destas formas híbridas contemporâneas.
Poligrafias de Barthes, 2019
This short essay presents ways of reading the poetry of writer Roland Barthes (1915-1980) in its plurality of meaning and genres. With several headings, this fragmentary text confirms that his written production assumes varied nuances and cuttings. Between the passion of writing and the passion of text, the aesthetic-critic has made, through different lineages, a language work.
Revista Ambivalências, 2016
O presente artigo é parte da análise dos resultados da pesquisa em andamento intitulada "(Auto)biografias e subjetividades: o outro de si mesmo na Esclerose Múltipla", na qual objetiva-se analisar, a partir dos conceitos tempo e memória, os processos de subjetivação das pessoas acometidas pela doença Esclerose Múltipla. A empiria da pesquisa são os discursos (auto)biográficos organizados em redes de Histórias de Vida, visibilizando-as como patrimônios culturais. Essas narrativas fazem parte de um acervo, também em construção, que se somará às mais de 16 mil Histórias de Vida do Museu da Pessoa. São entrevistas coletadas em situação de pesquisa e delas se produzirá um acervo de textos biográficos e material audiovisual. As análises desse artigo fazem parte da elaboração desse acervo e dos procedimentos metodológicos anteriores à elaboração desses textos biográficos. O artigo analisa duas narrativas (auto)biográficas, de um homem e de uma mulher, de 41 anos e 54 anos respectivamente, que vivem com os sintomas da Esclerose Múltipla, há cerca de 20 anos. Destaca-se os processos de singularização, a partir dos fluxos de agenciamentos coletivos de enunciação em que os narradores estão implicados. Essas análises evidenciam o desejo de ser lembrado, mas também o desejo de potência nas experiências com a doença que se apresenta degenerativa com potencial incapacitante. Desejos talhados em um presente com a doença, mas a partir do medo e da insegurança do tempo futuro, das sequelas que são imprevisíveis, que mobilizam tessituras de suas memórias dos passados seguros, anteriores à doença. Em um esforço para refutar o enunciado "superação", as análises apostam nas possíveis singularizações inventadas nas vidas ordinárias, nos processos de subjetivação engendrados nos fluxos dos enunciados mais traumáticos como pode ser um diagnóstico com o da Esclerose Múltipla.
Gragoatá, 2017
* O presente artigo é resultado de pesquisa d e p ó s-d o u t o r a d o realizada no Centre de
Emblemas - Revista do Departamento de História e Ciências Sociais - UFG/CAC, 2010
Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)biográfica, 2023
Universidade Federal do Ceará O objetivo deste artigo é discutir circuitos, suportes e identidades literárias, focando na identidade de escritor(a) de jovens artistas de Fortaleza (CE) cujo trabalho literário fazem circular em circuitos e suportes que esses(as) jovens produzem e publicizam, fazendo a literatura escorrer entre becos, ruas e bocas, para além do cânone escolar. Para tanto, utilizamo-nos de abordagem (auto)biográfica de modo a produzir a encenação de si de dois artistas de Fortaleza e sua relação com a literatura acentuando sua construção de si como escritor não legitimado pelas instâncias sociais oficiais. Os resultados mostram a maneira como os dois narradores dobram, desdobram e redobram o conceito de escritor/literatura a partir de uma relação intensa, amorosa, religiosa com a arte para além das instituições legitimadoras/mercadológicas da arte, produzindo e fazendo escorrer arte pela cidade. Como conclusão, percebemos que a literatura vive em seus fazeres, é viva e pulsante não como consumo apenas, mas como produção. Palavras-chave: Escritor. Pesquisa (auto)biográfica. Literaturas subterrâneas.
FronteiraZ. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária
A autoficção redimensiona os limites da fronteira entre o real e o ficcional, por se inscrever em um entre-lugar de ambos conceitos. Este gênero, por possuir um referente no mundo real, tem fomentado a aparição de sujeitos fragmentados que são reflexos da contemporaneidade. Dito isto, este artigo busca, a partir das contribuições de Mendes (2000) sobre o estudo do “outro” na literatura, discorrer sobre as relações entre o “eu” com o “outro” e as mutuas transformações decorrentes de tal contato. Para este fim, Berkeley em Bellagio (2002) e Lorde (2004) foram eleitos para análise, sendo ambos romances autoficcionais do escritor João Gilberto Noll e ambos demonstrando uma tensão entre o narrador e sua relação com o “outro”.
2024
, pela orientação, amizade e toda ajuda durante essa pesquisa. Sua disponibilidade, conhecimento e generosidade ao compartilhá-lo foram fundamentais no desenvolvimento desta dissertação e em minha formação acadêmica como um todo. Às Profa. Carla Cavalcanti e Silva e Profa. Gisela Bergonzoni, por terem aceitado participar da Banca de Qualificação e, consequentemente, da construção deste trabalho. Agradeço pela leitura atenta e por todas as reflexões que surgiram desta troca e possibilitaram a escrita dessa dissertação. À Faculdade Filosofia, Letras e Ciências Humanas, pela oportunidade de realização desta pesquisa e por ter sido um espaço de troca e de conhecimento, onde me sinto em casa.
Revista Araticum, 2020
O presente artigo analisa narrativas de natureza autobiográfica publicadas em língua portuguesa assinadas por autores surdos brasileiros com o objetivo de investigar os modos de autorrepresentação da diferença surda, colocando em foco a heterogeneidade de t al experiência. O referencial teórico adotado para dar materialidade ao objetivo traçado dialoga com pesquisas sobre narrativas autobiográficas e outras formas de escrita de si, além das contribuições de pesquisadores vinculados ao campo dos Estudos Cultur ais e em especial dos Estudos Surdos.
Cadernos Benjaminianos
Resumo: A noção de escritura, desenvolvida por teóricos como Roland Barthes,Jacques Derrida e Maurice Blanchot, no século XX, possui um lugar medular nateoria da literatura e na crítica literária. O presente trabalho propõe um cotejamento entre a teoria de Walter Benjamin e de Roland Barthes no que concerne à escritura. Tomando alguns traços principais da escritura, analisados por Barthes, em conjunto com o pensamento de Benjamin acerca da narração, do declínio da experiencia e de algumas obras da literatura moderna – como a obra de Proust– é possível elucidar de que forma a escritura, operando como um limiar (Schwelle), escapa à rigidez das fronteiras que separam o pessoal e o histórico, a ordem comum do individualismo, a experiência da vivência.Palavras-chave: Roland Barthes; Walter Benjamin; escritura; limiar.: The notion of writing, developed by theorists such as Roland Barthes, Jacques Derrida and Maurice Blanchot, in the 20th century, has a fundamental place when it comes to l...
Passagens, 2017
Apresentamos um estudo de caso sobre as cronicas reunidas na coluna Revista da Europa, mantida pelo jornalista Berilo Wanderley no jornal potiguar Tribuna do Norte na decada de 1960. Procedemos com um levantamento de textos, coletando as 29 cronicas publicadas e, em seguida, tracamos reflexoes sobre os temas apresentados pelo escritor. Consideramos a cronica nao so como registro do momento presente, mas tambem como documento que pode delinear aspectos culturais e historicos, fatos sociais, economicos e politicos de um tempo. Alem disso, constatamos que a cronica e capaz de apresentar tracos autobiograficos do cronista a partir de suas narrativas
2015
Ao querido professor e orientador, Joca Wolff, pela orientação, pela paciência, pelo acolhimento, pelas aulas e por caminhar junto durante todo esse processo de Mestrado. Aos professores que participaram da Banca de Qualificação, Byron Vélez Escallón e Susana Scramim, agradeço muito pela troca, pelas conversas, pela generosidade e pela atenção com que leram o meu texto e por me apontarem novos caminhos e possibilidades para que eu pudesse me perder ainda mais nesses labirintos da leitura e da escrita. A cada um dos professores da Banca, por terem aceitado o convite. Ao Programa de Pós-Graduação em Literatura da UFSC, pela oportunidade de aulas inspiradoras. Ao CNPq, pelos dois anos de bolsa de pesquisa. Agradeço especialmente à minha mãe, Márcia, por todo o apoio, a amizade, as palavras de carinho e conforto e por nunca ter deixado de acreditar. Ao meu irmão Roberto pela ajuda e pelos momentos de risadas e de descontração. Aos amigos que conseguem se fazer presentes em todos os momentos: Luisa, Marcos, Paula e Patrícia. Aos amigos de São Paulo, amizades felizes e inesperadas que também ajudaram a construir este texto: Cauê Cardoso e Ilda Trigo. Ao queridíssimo amigo Gustavo Ramos, pela companhia sempre agradável nos labirintos da Universidade, pelo apoio, pelo companheirismo e pelas trocas constantes. E, finalmente, ao meu grande amor, Ricardo, por ter me ensinado tanto, e por continuar sempre ao meu lado, fazendo com que seja possível a deliciosa experiência de viver junto.
Resumo: Quando o poeta latino Horácio diz " eu " em seus textos (epodos, odes, sátiras, epístolas), podemos ver, nas diferentes instâncias desse pronome pessoal, expressões que revelam alguma faceta de um eu empírico?-eis a pergunta que nos guia nesse artigo. Não raro velado por tópoi da tradição e por alusões a outros poetas gregos, o discurso lírico costuma dificultar a construção de uma imagem pessoal do poeta. Por outro lado, a natureza peculiar do texto epistolar pode nos auxiliar a refinar os traços da persona poética rumo a uma aparência real do poeta. A fronteira entre o que é textual e o que pode ser pessoal é uma das dificuldades dessa tarefa. Palavras-chave: Horácio; fonte autobiográfica; persona poética.
Criação & Crítica, 2016
Resumo: O presente artigo pretende dar conta da noção de " biografema " , esboçada por Roland Barthes em Sade, Fourier, Loyola, que tem sido uma referência nas discussões sobre autoficção. Para isso, propo-mos uma genealogia dessa noção a partir de " A morte do autor " e um percurso pelas obras e manuscritos onde Barthes a desenvolve. Depois, a partir dos seus textos sobre Schumann, propomos uma análise do biografema em ação e suas repercussões no último projeto de Barthes, o romance Vita Nova. Com esse percurso, pretendemos mostrar como a noção de biografema não se relaciona a uma nova abordagem do eu, mas do corpo. Abstract: This article intends to explain the notion of " biographeme " , outlined by Roland Barthes in Sade, Fourier, Loyola, which has been a reference in the discussions about autofiction. For this, we propose a genealogy of this notion from " The death of the author " and a path through the works and manuscripts where Barthes develops it. Then, from his texts on Schumann, we propose an analysis of the biographeme in action and its repercussions on the latest project of Barthes, the novel Vita Nova. With this path, we intend to show how the notion of biographeme is not related to a new approach of the self, but of the body. O sentido da cadeia é colocar o infinito da linguagem erótica (não é a própria frase uma cadeia?), quebrar o espelho da enunciação, fazer com que o prazer não volte a estar no lugar onde partiu, desperdiçar a troca dissociando os parceiros, não devolver a quem lhe dá, dar a quem não lhe devolverá, deportar a causa, a origem para outro lugar, fazer terminar por um o gesto começado por outro: toda a cadeia é aberta, a saturação é apenas provisória; nela nada se produz de interno, nada de interior. (Roland Barthes, Sade, Fourier, Loyola) Roland Barthes é mundialmente conhecido – especialmente aqui no Brasil – como aquele que matou o autor. Mas seu texto-manifesto " A morte do autor " (2012) está bem longe do homi-cídio: trata-se de um discurso em homenagem à morte do autor, morto há décadas, pelas mãos de Mallarmé, Proust e, mais recentemente, pela linguística da enunciação. E, como qualquer discurso em homenagem à morte de alguém, esse texto teve de fato o efeito contrário ao do homicídio: em vez de matar a sua lembrança, ele fez o autor sair do mundo dos mortos, reviver, como um monstro. Um monstro aparentemente de duas cabeças. A primeira refere-se à sua série autobiográfi-ca, do qual fariam parte alguns de seus últimos livros publicados: Roland Barthes por Roland Bar-thes e A câmara clara, além de seu projeto de romance Vita Nova (um projeto presente em fichas e nas reflexões de seu curso A preparação do romance, sobre a feitura do livro). A segunda cabeça é bem mais misteriosa e não corresponde a nenhum livro, tendo sido apenas esboçada em no prefácio de Sade, Fourier, Loyola: refiro-me à sua tentativa de explorar a biografia, normalmente
(Pós-)Memória e transmissão na literatura contemporânea, 2018
Com o fito de compreendermos as reflexões contemporâneas sobre a controversa questão do gênero biográfico; nossa proposta é de associar a gênese da produção de (auto)biografias ao advento renascentista da arte do retrato, trazendo ao debate as formulações singulares do cogito cartesiano, o processo histórico de ascensão da burguesia e a inscrição do sujeito no conceito moderno de autonomia.
Resumo: Nosso interesse se desenvolve em torno da escrita autobiográfica. Este trabalho levanta questões teóricas necessárias ao campo historiográfico acerca do " historiador de si mesmo " , termo cunhado por Pierre Nora quando fala de um processo " psicologização da memória ". Levamos em consideração em como o sujeito autobiógrafo articula enquanto elemento essencial á sua narrativa autobiográfica uma relação com a memória. Quando faz usos do passado, quando " escreve " a si mesmo do passado por sua narrativa, não deixa de manter uma relação com uma noção temporal ficcional na qual articula temporalmente suas experiências narrativas a ponto de se fazer compreensível diante de outros. A escrita autobiográfica está ponderada na relação como passado na experiência de narrar a própria experiência pela relação entre memória, um " si mesmo " e narrativa. Palavras-chave: autobiografia; memória; narrativa. Abstract: Our interest is developed around the autobiographical writing. This work raises theoretical questions necessary to historiography about the "historian of himself," a term coined by Pierre Nora when he speaks of a process "memory psychologizing." We take into account how the subject autobiographer articulated as an essential element to his autobiographical narrative a relationship with the memory. When you use the past, when "write" yourself from the past by his narrative, does not cease to maintain a relationship with a fictional temporal notion in which temporally articulates his narrative experiences about to make understandable before others. Autobiographical writing is weighted in relation to past experience to narrate their experience in the relationship between memory, one "himself" and narrative.
Resumo: O texto que ora exponho tem como pretensão apresentar o processo metodológico desenvolvido na pesquisa de mestrado intitulada, Narrativas autobiográficas de escritoras de Alagoinhas: Processos de (auto)formação e (re)significação. Este estudo foi desenvolvido na perspectiva da pesquisaação e do mé todo (auto)biográfico para a coleta e análise de dados. Para tanto, nos inspiramos, em parte, no projeto desenvolvido pela pesquisadora Christine DeloryMomberger (2006), com os ateliês autobiográficos, que podem ser entendido como um espaço de formabilidade onde se “registram a ‘história de vida’ em uma dimensão prospectiva, unindo as três dimensões da temporalidade, e visa a dar as bases para o futuro do sujeito e fazer emergir seu projeto pessoal” (DELORY, 2006, p. 99). Assim, colhemos os escritos autobiográficos, produzidos nos ateliês autobiográficos, das escritoras de Alagoinhas, Luzia Senna e Margarida Souza, que participaram desta pesquisa, bem como fizemos as entrevistas narrativas
Palimpsesto - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, 2018
Com base na autoficção como recurso artístico-literário para a ficcionalização de si e no conceito de biografema, propomos neste trabalho uma leitura da narrativa buarquiana O irmão alemão publicada em 2014. Através dos rastros de leituras identificados no decorrer da narrativa, e do modo como a literatura funciona como mediadora entre o protagonista, o Ciccio, e os demais personagens do romance referido, objetivamos mostrar que as problematizações manifestadas em O irmão alemão ultrapassam o acontecimento tido como principal do enredo: a descoberta de e a busca por um meio-irmão alemão de Ciccio. Sendo assim, ficção, realidade e autor, por exemplo, são instâncias colocadas sob reflexão na escritura de Chico Buarque.
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