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MFLambert. RUI MATOS

2018, Espaço T/ MNSR

RUI MATOS-As figuras dos sonhos estão mais próximo de mim [parafraseando Bernardo Soares, o desassossegado] "Nós não vemos a vida-vemos um instante da vida. Atrás de nós a vida é infinita, adiante de nós a vida é infinita. A primavera está aqui, mas atrás deste ramo em flor houve camadas de primaveras de ouro, imensas primaveras extasiadas, e flores desmedidas por trás desta flor minúscula. O tempo não existe. O que eu chamo a vida é um elo, e o que aí vem um tropel, um sonho desmedido que há de realizar-se." Raul Brandão, "Húmus". Hoje as figuras reuniram-se. Logo se dispersam, deixando intrigados os transeuntes dentro da Sala de Exposições. As personagens são languidas, esticadas numa transmutação entre o expressionístico e o abstrato, como se Giacometti e Domingos Alvarez se encontrassem na esquina da rua e caminhassem, um ao lado do outro, numa coreografia acromática e muda, onde o pensamento substitui a palavra ouvida. Um sussurra ao outro: "…És a figura que se transforma, que emerge solitária do destino, nunca festejada, nunca lamentada..." 1 O conjunto de esculturas-que reúne estas figuras imaginadas-não invalida a atenção despendida isoladamente. Num olhar distanciado a lisibilidade incide nas linhas que se 1