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A leitura na primeira infância

leitura na primeira infância

Abstract

Patrícia-O que é uma conversa? Sou mineira e me lembrei de uma expressão que usamos em Minas quando queremos conversar, que é assim: 'Eu estava ali proseando com fulano' ou 'vamos ali trocar dois dedos de prosa'. Essas expressões transformam a conversa em um gênero literário-a prosa-e sugerem uma medida de quantidade, como quando falamos em duas xícaras de café, duas colheres de açúcar. Assim como a conversa, a leitura desliza entre o íntimo, o privado e o público. Em uma conversa íntima, desabafamos, contamos segredos, sussurramos. A conversa privada, que pode ser uma entrevista, um telefonema, é o que fa-zemos a maior parte do tempo. Agora, como se faz uma conversa pública? Não apenas uma conversa em público, mas uma conversa pública. Isto é um experimento, estamos todos aqui experimentando e vamos ver o que conseguimos fazer. é a quinta vez que Evélio vem ao Brasil e Yolanda, a terceira, logo são pessoas que têm alguma familiaridade na interlocução conosco. Quero passar a palavra para Yolanda, para ela começar nossa conversa, cujo tema é a leitura na primeira infância. YolanDa-Obrigada, Patrícia. é a segunda vez que estou neste auditório, o que é muito prazeroso, principalmente pela oportunidade de conversar, de ter uma conversa pública (que não saiam daqui, por favor, todos os segredos que vou lhes contar). Trabalho em dois campos muito diferentes, porém muito parecidos: um, a literatura, escrevo-mas nunca conseguiria escrever se não fosse toda minha experiência de vida. E a experiência mais maravilhosa como escritora tem sido estar com as crianças pequenas, pois creio que para um escritor não há nada mais existencial que YOLANDA REYES E EvéLIO CABREJO-PARRA A leitura na primeira infância PATRÍCIA LACERDA (MEDIAçãO) * Transcrição e tradução valquíria Aparecida Pereira da Silva.

Key takeaways

  • O feto, o bebê, não é uma tábula rasa, como se pensava antes.
  • é por isso que um adulto nunca pode chegar a aprender uma língua como um bebê, porque o adulto já tem muito acento, porque não faz os mesmos gestos, ele se identifica secundariamente, trata de fazer como o outro e nunca consegue, enquanto que o bebê faz como o outro, permanecendo ele.
  • virando as folhas do livro, uma a uma; e está dizendo mais: 'veja, você e eu sabemos que esse menino de duas dimensões não é você que tem esse sorriso tão bonito, esse tem cabelo preto, porém nesse conjunto de linhas há algo que é como se fosse você, nesse cachorro há algo como se fosse seu cachorro, mas não é seu cachorro, porque não anda, não morde depois de puxar sua cauda e não lhe mostra os dentes; aqui é o gato, mas é um gato diferente'.
  • Há muita discussão teórica sobre a relação entre texto e imagem, no entanto, eu diria que o mais simples é pensar o seguinte: quando eu digo cavalo, a palavra cavalo não me dá a forma do cavalo, mas quando eu digo cavalo e está a imagem, a criança associa esse som à geometria de um objeto, pois o mundo exterior é um conjunto de geometrias e de processos.
  • Então, a família começa uma nova relação com os bebês, e isso é fundamental, e também a biblioteca, porque há muitas famílias que dizem: 'Os livros são caros' e não sabem que na biblioteca podem consegui-los grátis.