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Design, cena e luz: anotações

A recente tentativa de traduzir a expressão anglo-americana lighting design para a língua portuguesa, no ambiente das artes cênicas brasileiras, introduziu opções como "desenho de luz", "design de luz" e, em consequência, certos documentos podem apresentar profissionais com o título de "desenhista de luz", "designer de luz" e até "desenhador de luz", entre outros, interagindo com o processo dinâmico da linguagem falada. Pode-se identificar nestas denominações a intenção de qualificar positivamente a atividade. O objetivo deste texto é apresentar uma suspeita: a expressão lighting designer pode abrigar mais que abstrações como charme, glamour ou aparente sofisticação. Para formular de outra maneira, pergunto--me: se o programa de um espetáculo me reserva o título de lighting designer, ou qualquer outro termo ou expressão que dele sejam derivados, o que devo dar em troca ou qual deve ser a contrapartida? Aliás, não se observam no teatro brasileiro quaisquer tentativas de utilização de expressões como set designer (cenógrafo), costume designer (figurinista) ou make-up designer (maquiador), entre outros. A ausência dessas expressões desde o momento em que o termo design começa a ser relacionado com as artes cênicas no Brasil, provavelmente na década de 1980, pode ser compreensível, basta lembrar que denominações como cenógrafo, maquiador e figurinista já se encontravam em uso na nossa língua para caracterizar funções já estabelecidas no nosso ambiente teatral, dispensando a importação de quaisquer correspondentes estrangeiros.