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Sobre devoração, religiosidade e ócio

2017, XI Seminário Ócio e Contemporaneidade Interações entre psicologia e ócio Sobre devoração, religiosidade e ócio

Abstract

Resumo O mitologema da devoração, seja de caráter teriomórfico a exemplo de um lobo, uma baleia, um grande urso ou uma serpente que devora os heróis; ou de caráter ctónio, a terra que abre um acesso a suas entranhas, é um componente indispensável à mitologia épica, pois é nesse processo, estendido para a digestão e a expulsão, que o herói mítico é decomposto e reformulado, geralmente obtendo vantagens para seu desenvolvimento. Trata-se da imagem por Freud repertoriada como Complexo Edípico, embora nos estudos mitológicos e na psicologia analítica ultrapasse as questões de linhagem para revelar-se como cerne da dinâmica de maturação do sujeito. Entretanto, na lógica moderna, o medo da morte, o conforto tecnológico e o imperativo de ininterrupta produtividade adiam constantemente, pela frustração do tempo ocioso, a devoração e a digestão simbólicas, retendo o herói em seus estágios infantis e narcísicos e impedindo sua religação-ato religioso-com os mistérios da cíclica cósmica.